Quanto mais me Conheco Fernando Pessoa

Palavras que não reproduzem ecos
Na montanha em frente
Não servem para fazer os poemas

No jogo de xadrez
Os peões e os reis
São feitos da mesma madeira

A mente é uma roldana
Por onde passam
Os fios do pensamento

Os poetas são todos diferentes
Como as cores na paleta
Mas todos são filhos do arco-íris

Escrevo na areia da praia
Mas a libertinagem das ondas
Rouba-me as palavras dos poemas

O jornal imitando as aves
Cria asas e voo
Mas é apenas avião de papel

Até que o caruncho as faça em pó
As estátuas de madeira
Poderão vestir-se de santos

Talvez o calor das mãos
Possa moldar o metal duro
Ignorando a bigorna

Desenho um sol pela manhã
E fico seguindo a magia
Da sua mutação em lua

Ele é pior que o ladrão, porque o ladrão rouba o indivíduo, enquanto que o agente corrupto saqueia uma cidade inteira ou o Estado.

Caminho lentamente recolhendo
Os restos da minha sombra
Até que ela se esgote

Numa pedrada no charco
As olas divergentes
Diluem a pedra antes das margens

Os olhos só são olhares
Quando são capazes
De abrir caminhos no escuro

Os olhos só são olhares
Quando são capazes
De abrir caminhos no escuro

Quando pretender ajuizar alguém
Coloque-se em frente dum espelho
E verá que o vidro é frágil

Deus faz da minha fé a minha sorte, jamais vão me derrubar.

Jamais me culpo por algo dar errado,
Nada na vida acontece por acaso.

Acho que nesse mundo não passo de um zé alguém, o qual não sabe pra onde ir, mas deseja um lugar melhor, onde possa ouvir os pássaros cantando, e um belo por do sol à brilhar.

Os arquétipos são manequins
Que não são capazes
De se vestir a si próprios

Dispersando a voz nos versos
Construímos bocados de vento
E algumas sementes aladas