Prosa Poetica Vinicius de Moraes
erros;
bastou um olhar e me vi preso
neste espelho ocular que banhei em lágrimas.
malditos olhos.
em frações de segundo, vi tudo que fiz.
a única coisa que não queria
era ver, em seus olhos, a minha imagem.
um sorriso amarelo, uma despedida,
mergulhado em remorso,
um lembrete de que eu erro.
queria gritar; gritei, por dentro.
queria chorar; chorei, por dentro.
queria morrer.
morri, por dentro.
para nunca mais nascer de novo.
reticências;
algum dia, em um supermercado,
vamos nos encontrar,
eu escolhendo um vinho,
e você, frutas.
comentaremos sobre a vida,
sobre como tudo mudou com o tempo,
como éramos imaturos,
e as chances que perdemos.
te olharei com um olhar triste
e um sorriso meia-boca,
feliz em saber que você está bem,
mas direi que preciso ir,
enquanto olho para baixo,
para o meu carrinho.
personificaremos reticências,
eternas reticências.
pra sempre...
...
armazenando lembranças;
passou-se o momento
de colocar tudo que me lembra você
na caixa de sapatos do esquecimento
e enfia-lá no fundinho escuro
do meu guarda-roupas.
só por tempo suficiente
para eu esquecer
essas memórias.
quando decidir organizar
as minhas coisas,
abrirei a caixa,
reviver cada fragmento,
cada riso, cada dor.
decidir se te dou
ou se te jogo fora,
pois você não pode morar
aí pra sempre.
talvez, um dia, eu consiga
libertar essas lembranças
e deixar que o espaço
se encha de novas histórias.
Um/Uma
Um Simples Gesto
Um Café da Manha
Uma risada sincera
Uma aventura na praia
Uma família à espera
Um jogo qualquer
Um almoço corrido
Uma noite de jogos
Uma surpresa agradável
Uma virada com fogos
Um abraço apertado
Um conselho gentil
Uma viagem inesperada
Uma sessão de cinema
Uma bela morada
Um rapaz tímido
Um paizão incrível
Uma pequena linda
Uma mãe perfeita
Uma família unida
A Girafa
Olhando para o horizonte
O tempo passa, muda a estação
Enxerga folha, arvore, bicho e chuva
Nada escapa sua visão
Alcançando tudo e todos
Com olhar sempre gentil
Observa as coisas boas
E até o amor que partiu
Defensora de si mesma
Sem atacar ninguém
Não precisa de presas e garras
Sua força vai muito além
Já não se incomoda mais
A não ser com sua família
Não se incomoda mais
A não ser com sua cria
Indo sempre adiante
Nada pode te deter
A Girafa sabe o que fazer
Cuide do meio ambiente
Para se sentir cuidado.
O mundo tá condenado
A viver com toda gente.
Pense e aja diferente,
Esteja mais envolvido
Em buscar a solução.
Se você tem poluído
E o mundo tem destruído,
Bote a mão no coração.
Seu filho fica e você não,
Então seja consciente:
Preserve o meio ambiente
Para a próxima geração!
Não existe mais amor nas ruas da cidade.
O asfalto é cinza e sem vida
As ruas são frias e solitárias
É todos os prédios espelhados que nos julgam, demonstram nossa maior fraqueza.
A vida parece não existir na metrópole
Ela fugiu ou foi roubada?
A cidade é o espelho do egocentrismo, de pessoas que carregam apenas seus corpos, pelas entranhas sem fim.
Se estou perdido, vivo na morada eterna de minhas piores memórias.
A metrópole suja a minha vida e rouba o meu amor.
A minha dívida vai ser paga, pois devo meu tempo, minha morte e minha alma a alguns Deuses.
Eu quero ir para a Lua
Como posso chegar lá
Não sei o caminho, posso tropeçar
Uma viagem eterna
Tenho medo de me perder
Uma linha reta talvez, não, talvez não
Uma estrada esburacada, sim isso parece correto
Talvez eu me perca muitas vezes
É mais difícil do que fazem parecer
Perdi o meu guia
Não me esqueço desse dia
O Pescador disse
Astronauta você vai vencer
Ganhei um novo guia
Não me esqueço da alegria
O super herói disse
Levante a cabeça e volte a correr
Assumi o papel de guia
Mesmo não sabendo chegar
Incrível o que o tempo faz
O Astronauta está a envelhecer
Subam a bordo tem espaço
Literalmente tem espaço meus amigos
No que eu puder ajudar eu vou
Só me diga o que fazer
Não abandone a nave Capitão
O Astronauta está mais velho
Mas não se engane por favor
Ele ainda precisa de você
A quem foi abandonado no caminho
Esta trajetória teve muitos altos e baixos
Um dia feliz o outro triste
Não sei o que te dizer
Tinha um gato gordinho nessa nave Astronauta
Deixei ele pular
Esqueci o caminho
Esqueci o que queria ver
E como posso chegar lá
Voltamos para o início
Talvez tenha me esquecido da tripulação
Vi sua memória morrer
Mas vou celebrar as pequenas vitórias
O caminho esta mais claro
A escada para a lua está a minha frente
Eu preciso me mover
Oi Pescador
Não te esqueci
Eu quero ir para a Lua
Não tenho mais medo de me perder
O corpo da mulher é dela e cabe a ela decidir o que se deve ou não fazer com ele.
Todavia, se a mulher considera que o outro envolvido em uma gravidez não tem o direito a nem uma conversa sobre a decisão da mesma de fazer um aborto. Essa mulher assume toda a responsabilidade também.
Não carregue uma culpa que não é sua. Isso vai te matar, eu bem sei.
Abandono
A dor do descarte é inevitável
Ela vai, ela volta
Sem sucesso e paz de espirito
Passam-se anos, ela volta
Não à amo mais
Não a motivo algum para sentir amor
O que sobrou foi raiva
Um sentimento que corrói e desfaz
Eu dei tudo de mim
Tudo o que tinha
Até não sobrar nada
Nem na mente, nem no bolso
Hoje me reconstruo
E me pergunto até quando vou ter que faze-lo
O reboco vai ao chão, os tijolos trincam
Porque hoje ela voltou.
Profundezas
Eu tô cansado de águas rasas,
de passos curtos na beira do mar,
de conversas que evaporam no vento
sem nunca chegar a um lugar.
Quero mergulhar em oceanos,
sentir a correnteza da alma,
descobrir segredos guardados
onde a superfície se acalma.
Quero pessoas inteiras,
com luz e sombra a brilhar,
com histórias que falam de vida
sem medo de se revelar.
Não me venha com meio sorriso,
com frases feitas, vazias no ar.
Quero a verdade nos olhos,
um mundo inteiro num simples olhar.
As coisas mais simples da vida são, de fato, as mais bonitas. As mais extraordinárias, as mais desejadas.
Um beijo, um abraço, uma gentileza. Saudade, vontade. Lembrança.
O irônico é que em tudo nessa vida existe uma complexidade infinita.
Em um beijo, existem duas mentes extremamente complexas, e, por vezes, bagunçadas, atraídas uma pela outra, dentro de corpos que se unem com os lábios.
No ronronar de um gato existe um cenário, um contexto, no qual o animal se sente confortável para fazê-lo.
Para existir uma saudade também é preciso existir a angústia de um tempo ruim, assim, valorizamos o tempo bom e a consequência é saudade.
Que demos valor as coisas simples da vida mas sem sermos ignorantes a sua absurda complexidade.
Mude posição para ser valorizado!
Às vezes, a gente não se sente valorizado porque estamos no lugar errado. Pense em uma garrafa de água: no supermercado, ela custa R$1,00; no sinal, R$2,00; e na praia, R$7,00. O valor muda conforme o lugar.
Na sua vida profissional, é igual. Se você não se sente reconhecido, talvez não seja por falta de habilidade, mas por estar no ambiente errado. Mudar de lugar pode fazer toda a diferença.
Você tem valor. Às vezes, tudo o que precisamos é ter coragem para mudar de posição. Lembre-se: você merece ser valorizado. Se valorize e busque o lugar que reconheça isso.
Eludir-se
Das vinhas enraizadas
Corria o sangue,
fruto do pecado original,
Sangue corruptível e devasso.
Na gestação, concebeu discursos,
Justificando os vis atos
A seu modo apologético.
Das causas semeou,
Das consequências colheu
Perenes infortúnios.
Baldado o coletivo,
apelava à autocomiseração.
De si lograria, ao menos,
nem que ínfima simpatia.
O paraíso não está aqui.
Conflituosa escrita
Seguro em minhas mãos um cilindro afunilado vermelho. Com ele percorro as alvas páginas listradas de um diário anônimo, lançando mão de palavras alvejadas de valor. Seu comprimento se estende para além do alcance de minha mão, embora metade do corpo cilíndrico afigura-se circundado por esta, cuja pegada firme não é possível testemunhar, salvo os momentos de afetada intencionalidade: o montante que permanece da vontade subjugada pela mente, que flui sob luz de pensamentos descomedidos.
Flor de lótus
Envolto por uma redoma percebo estar.
Refratam-se os raios de luz que,
ao tocar a borda,
se voltam para os materialistas que aqui vivem,
e cuja visão meu espírito deixou-se apegar,
pois, contrário ao que era aparente,
não havia livre arbítrio, e eles sabiam,
pois assim o desejavam.
Tudo isso, que jaz dentro da redoma,
me acorrenta, iludindo-me,
mas algo me transcende, mesquinho tempo,
para fora dessas paredes cristalinas,
cingindo-me de sensações estranhas,
das quais não me é possível nomear
nem apreender pelos sentidos.
Tudo isso, que jaz dentro da redoma,
turva minha visão, desnorteia-me,
como uma flor de lótus,
mas em guarda me ponho,
ávido por mais uma vez
pôr os pés naquele mundo das ideias,
pois apenas lá meu espírito edifica-se
e permite-se enxergar
aquilo que de belo nunca pôde ver.
Da caverna quero sair,
em busca da verdade.
Ô cólera
Por que razão te compraz sentir tanto ódio?
Tão facilmente mergulhas em águas ociosas
perambulando por cenários de descomedida cólera,
onde anseias por justificar,
em meio a razões inóspitas,
o seu ódio infundado.
Deixas, por fim, este caminho sinuoso,
assim como um rio que,
a todo momento,
já não é mais,
pois tudo passa, efêmero que é,
e deixa de ser.
Sensações
Arrebata-me a visão
tonalidades infinitas de cores.
Destas, meus olhos
captam a mais pura essência de sua forma.
Não obstante, os sentidos se cruzam,
como se atrelados uns aos outros estivessem.
Assim, uma visão ou cheiro particular
são passíveis de evocar
memórias esquecidas no tempo,
e dessa forma, nos vemos possuídos
por sensações variadas,
cujo caos não nos permite distingui-las.
Imiscuem-se, por conseguinte,
todos os sentidos possíveis,
reavivando memórias, como se,
ao abrir a janela do quarto,
testemunhássemos o desenrolar
de eventos inteiramente alheios a nós,
revelando-nos memórias de um passado
longínquo e nostálgico.
Ter memória é bom e ruim.
Porque você sempre vai lembrar da pessoa que propositalmente te enganou e usou.
E mesmo tendo ciência do que te aconteceu, mesmo com o aprendizado, você vai ficar triste.
O que era real pra você, e foi, pro outro não passou de um jogo que você não tinha como ganhar nada.
Você mais uma vez se sente usado, enganado.
Você jura pra si mesmo que é a ultima vez... Nunca é.
Mas você segue sua vida. Se fecha à novas pessoas. Até se sentir preparado para novas aventura.
O engraçado é que é uma experiência gradativa.
Você vai se especializando no próprio ser, se entendendo melhor.
Um dia.. um dia.
Essa história de que amor acaba é pura insanidade.
Dizem isso por pena, ou simplesmente pura maldade.
Infelizmente algumas pessoas não conseguem viver com o saber de que vão carregar pro resto da vida um sentimento do qual não vai embora.
Então, talvez, seja melhor que acreditem que um sentimento tão verdadeiro e doente quanto amor pode acabar. Ter saúde e se manter são é mais importante no final das contas.
Agora dizer que acaba, ou que o tempo tudo apaga por puro prazer. Não é só de uma maldade desumana, é um desrespeito com o sentimento de quem uma dia sofreu por alguém.
Amor verdadeiro não acaba.
Ele pode até se transformar, pode virar carinho sem desejo, boas lembranças, uma boa amizade e esperança de que aquela pessoa tenha uma vida satisfatória mesmo estando longe.
Ou se transforma em raiva, amargura, nojo. E não tenha medo de sentir isso, faz parte da sua experiência de vida.
Mas nunca, NUNCA, se transformará em apatia ou indiferença.
Se for caso, essa pessoa nunca amou.
Respeite sua memória. Respeite sua história. Respeite seus sentimentos.
Pelo pouco que eu entendo da vida, não à melhor caminho para se curar de um amor.
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