Preconceito Racial
O pior julgamento que você pode fazer de uma pessoa que você não conhece, com base em ideias pré-concebidas sobre as primeiras impressões que a aparência, atos, gestos ou comportamento causaram nos seus sentidos chama-se racismo!
Somos todos iguais, o que diferencia uns dos outros é o caráter, uns tem muito, outros tem pouco ou nenhum. Preconceito é sinal de IGNORÂNCIA em todos os sentidos, TRANSCENDA!
Quando a gente nasce, as pessoas vão nos ensinando conforme crescemos o que elas pensam, se elas acham que todos tem que estar dentro dos padrões de beleza, de vida, ou de comportamento totalmente superficiais que elas criam, elas ensinam isso, e na inocência nós aprendemos. E se vermos alguém fora desses padrões é claro que vamos julgar porque nos ensinaram que isso é errado. Ou seja, sem nem saber ao menos o que é ser preconceituoso, racista ou xenofóbico, nós pegamos a lição para si e nos tornamos um deles... Porém isto acontece porque somos influenciados a acreditar nestes padrões e não poque nascemos assim.
E do mesmo jeito que aprendemos a odiar as pessoas que não se encaixam nos padrões impostos pela sociedade, podemos aprender a amá-las mesmo com tantas diferenças.
Não sei por que tentam excluir nossa cor,
se uma mão branca e a outra negra juntas
fazem sombras iguais como uma poesia de amor!
Não ousem pensar que estes obstáculos impedirão nossos anseios!
Nenhum passo atrás, carregamos o antídoto para todos os males, pois somos filhos daqueles que sobreviveram ao frio, fome e a dor...
Vivemos em um tempo em que vociferar suas convicções é o caminho para a leviandade de suas verdades. A todo momento encontramos com pessoas carentes de expor pensamentos tacanhos em prol das suas mais que absolutas certezas. Não há espaço para dúvida, ou é, ou não é. Fora o tempo em que nossas avós dizem meias verdades, hoje precisamos estar conectados com as verdades absolutas de um grupo que se deixou levar pelo medo, pelas inconsistências semânticas de discursos evasivos. Não há nada a ser dito, somente a ser reproduzido. A intolerância atingiu recônditos inexplorados e apoderouce-se dos discursos efusivos de fundamentalistas defensores da fé cega, de proporções homéricas. Como diria Fernando Pessoa: onde é que há gente nesse mundo? Então sou só eu que sou vil? Esse discurso de ódio nos aduz às mais insandices das hipocrisias humanas, revela-nos a fragilidade de uma cultura insípida, porém com todos os sabores dos pseudos racionais, paladinos de uma razão de proporção bíblica, contudo à margem da pureza do amor verdadeiro. Já dissera o grande mestre: amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Desculpa, mas não temos tempo mais para isso hoje, não com toda essa tecnologia que nos impele a ser nós mesmos, que nos lance ao abismo de nos tormentas e para sobreviver às tortuosas desesperanças, lançamos mão dessa nossa pureza. Afinal, quem vive de migalhas são os porcos e antes de você, existe o eu. Para dar força contrária a esse discurso, muitos dirão que minhas palavras são expressões vazias dentro do mundo de Alice. Não há mais um país das maravilhas. E não há por quê? Por que ao cantarmos nossas diferenças, isso lhe dá o direito de ser rude? Será que ninguém absorveu o que nossos pais viveram com a Woodstock? Onde foi parar aquela liberdade de amar? Vivemos em um tempo de guerra, em que matamos para podermos ser vistos. Sim, matamos não somente os outros, mas a nós mesmos, matamos em nós o nosso direito de ser amável, solidário, afetuoso; porque aprendemos paulatinamente que isso é para os fracos, melhor, para os fracassados. Saramago, brilhantemente, nos confessa (e faço das palavras dele as minhas) que a palavra de que ele mais gosta é o não, há um tempo em que é necessário dizer um não, pois o não é a única coisa verdadeiramente transformadora. Assim, diante de tantas desmesuras, de tanta desumanidade, é essencial que digamos não a tais censuras. Para que não nos acostumemos a essa fria realidade opressora, defensora da falsa moral e dos falsos bons costumes. Entretanto eu sei que a gente se acostuma, mas não devia.
Que as próximas gerações não cometam os mesmos erros que nos evoluam mentalmente e já saibam o significado da palavra igualdade.
Nella città III - A cor da carne
Há dores que nascem antes do grito.
Não do corpo, oráculo por vezes calado,
nem da alma, que cedo se curva ao pranto.
Mas da identidade, lançada à sombra, à face do repúdio,
antes mesmo de saber-se ser.
Nasce, então, a dor sem nome,
antes que a luz do mundo pudesse tocar a pele — nua.
É o peso de um tom que destoa,
aviltado pela violência do olhar.
A cor da carne, que não é da alma,
não é identidade,
mas adorno passageiro —
incompreendido por olhos de cárcere,
que desferem o açoite mudo da ignorância,
a face vertida.
Vê:
a cor sublinha o corpo,
e não pede perdão pelo que é.
Aqueles que esperam que a cor se renda
não entendem o enigma da pele — nua,
que nenhuma voz pode enunciar.
As pessoas que mais precisam de auxílio terapêutico são aquelas que se dizem intolerantes a preconceitos. O preconceito está tão forte dentro delas que elas começam a ver preconceito em tudo.
Na sociedade contemporânea já não há mais espaço para capitães do mato, e negar-lhe espaço de crescimento é responsabilidade de cada um de nós.
Índio selvagem na floresta que cortam
Morto e isolado mas nunca se importam
Deciso e sofrido faz uma excursão
Da mata ao mundo com flores na mão
Veneno amargo que toma na ida
Achando que cura, achando que é vida
Não estamos sozinhos,
Temos a liberdade,
Guardada no coração,
Dentro da mente,
Revoando nas ideias,
Formando caleidoscópios,
Com tantos nomes,
Belas etnias,
Todas as crenças,
Com fé na vida,
Construindo caminhos,
Estrelas na orbe.
Todas brilhantes,
Comoventes,
Tão espetaculares,
Exatamente iguais,
Perfeitas para que nos ama,
Imperfeitas para quem não nos conhece.
Não somos solitários,
Temos a igualdade,
Estampada no sorriso,
Na gentileza,
Segura nos afetos,
Gentis e concretos,
Existimos,
Não desistimos,
Persistimos,
Insistimos,
Porque temos a arte,
De fazer,
De crer,
De amar,
Para que tudo possa,
E que um dia aconteça,
O nosso Sol aqueça esse planeta.
Racismo?
Desigualdade!
Racismo contra a própria raça,
Mal da Humanidade,
Que atenta contra si mesma,
Que se destrói,
Que se perde,
Que se desencanta,
Que se renega,
Que se exila,
Que se diferencia,
Que se aliena,
- Atentando
Contra a própria identidade,
Espezinhando a liberdade,
Se dissociando,
Matando,
Morrendo todos os dias,
- em quantidade e qualidade
Do que se vive, e como se vive,
Aprendi a resistir,
Com Martin Luther King.
*Nocivos*
É, ser preto não é fácil... Na sociedade em que os pretos são os invisíveis mais visíveis que existem. Onde a bala perdida, coincidentemente, sempre acha a pele preta. Somos indivíduos "altamente perigosos", e a cada nova reflexão nos tornamos mais "nocivos".
Lutamos e lutaremos sempre pelo direito que temos, na esperança de andarmos sem "sombras" em um supermercado. Esperançoso que acabe a hipocrisia, pois pregam a igualdade racial na internet, mas pessoalmente ridicularizam o negro.
Preto, você presta! Não esqueçam uma coisa, se hoje desfrutamos de boas coisas, agradecemos ao "preto".
(Ao Pedro Henrique, morto em um hipermercado)
*André Ferreira*
Não toleraremos sua intolerância
Nem ao menos comentários depreciativos
É era de evolução, é preciso!
E faremos revolução
Desintegre do seu âmbito
Pensamentos ultrapassados
Onde branco tem lugar de fala
e o negro que fique calado
Se limita minha capacidade
Visando como viveram
nossos antepassados
Se vire do avesso
Veja que a carne cara
No fim também apodrece
O dinheiro te faz rico
Mas o seu preconceito te empobrece.
A mesma paixão que salvou o Fonny fez com que ele se encrencasse e fosse para a cadeia. Porque, veja bem, ele havia descoberto seu centro, seu próprio centro, dentro dele: e isso era visível. Ele não era o preto de ninguém. E isso é um crime na porra deste país livre.
