Poesia Toada do Amor de Carlos Drumond
"Escute, escute, sabe o que eu ouço? Ouço minha razão conversando com meu delírio e eles estão num bar em algum neurônio por aqui."
Mas se ilude quem pensa que o amor não é ambicioso, a ambição do amor está em ver a pessoa amada crescer por meio do sacrifício feito pelo “eu”, por isso o “eu te amo” é pouco, é hipocrisia, é chula se não for expressão do “eu me dou para que você seja..."
O Amor não tem cor, mesmo assim pode ser comparado fácil a uma cebola. Assim como uma cebola, você está repleto de camadas, elas escondem a sua verdadeira essência. Você é um ser de Amor que nasceu para amar.
Quando eu penso em uma criança eu penso em um ser tomado por júbilo, que levanta da cama no dia mais frio, no dia mais quente, no dia mais chuvoso sem qualquer preguiça. Ela ama, não julga e vive o reino que é furtado dela por paradigmas. No momento em que ela descobre quem verdadeiramente é, ela enche o seu coração de compaixão e a mágica acontece.
Você está em um banquete divino, agora você se alimenta entre os lírios, até que amanheça e fujam as sombras, você será como o sol do meio-dia, não lançará mais sombras. Aquece o bem e o mal. Quem o vê, sente-se como se se admirasse, o narciso de “Saron”. Agora você é um pastor entre os lírios e você verá o mundo com olhos de pomba.
Assim como a Branca de Neve, você estava dormindo, cheio de preconceitos, crenças limitantes, paradigmas e tabus. Você está sendo convidado para um casamento sagrado. Entre no salão com a bandeira do Amor, pois o Amor só é bom para quem ama.
O melhor poema de amor não é efêmero e superficial como as palavras vazias, e está na maturidade elongevidade dos relacionamentos que sobrevivem as inconstâncias e adversidades, e não se lê nos formatos comuns, mas é imortalizado na memória mais sólida e perene.
LIVRAMENTO (soneto)
Leia-me! O meu verso árido e nefando
Que queima o meu peito, e dá arrepio
De quando teu paleio vem me cevando
Nos embustes sorrateiros, vis e tão frio
Olha-me! Não temas, pois, sou brando
Já não busco o poetar num belo feitio
O meu ser ainda permanece, radiando
Já o senso, é tal qual um céu sombrio
Fala-me! Verdades, não simule pranto
Pois, as flores do cerrado têm candura
As agruras, não vão ser, minhas pupilas
E se escrevo este soneto, enquanto
Escorre nos versos a minha tristura
O meu amor, desobriguei das quizilas...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25/01/2020, 17’33” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
MASMORRA (soneto)
A vida expira assim como os ventos
Tal a dor e alegria do pensamento:
Fugaz, vagos clarões, sentimentos
Nas venturas, ausentes, eu invento
Vidas que não tem vida, lamentos
De pó, para o pó somos momento
Em vantagens e em detrimentos
Num sopro espalhado a portento
Mas, as sensações sem ter vida
Desengana, extermina e alucina
São almas vazias, e com rancor
Calam as quimeras, põe de saída
A ilusão, numa inércia assassina
Expropriando o coração do amor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/01/2020, 09’35” – Cerrado goiano
Olavobilaquiando
FIRMAMENTO (soneto)
Por tantos amores, desvairado e descontente
O teu, eu reconheci naquele exato momento
Pois, o meu coração, ficou aflito e diferente
E, que estaria no meu constante pensamento
Que ainda agora mesmo, no peito, és presente
Em um arfar, infinito, suspirante e tão violento
Que sei que ali, havia amor, que a alma sente
E que aquele “oi”, seria para gente, portento!
Piedoso Bragi, que a minha solidão sentiste
Na poesia deste bardo, que havia sofrimento
Agora, inspirai as boas sortes não pungentes
E que então o poeta seja alegre, e não triste
E que caia sobre ele a ventura do firmamento
Com as rimas apaixonadas e beijos ardentes
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10 de janeiro de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
MY BLAME (soneto)
Imagino às vezes diferente, os amores
Que deliciei atado em trabalhoso laço
Penso no que fiz e o que não mais faço
Levado pela brisa do avezar com dores
Penso nos tão verdadeiros sofredores
Dos quais, eu, sou apenas um pedaço
E no abraço dos que deixei por cansaço
E nunca mais pude mandar-lhes flores
Imagino os que fiz ter momentos infelizes
Onde não tive raízes, e então tão dispersos
E, no peito deixei-lhes com ásperas cicatrizes
Penso nas escritas, ditas: - exclusivos versos
Se na verdade eram sentimentos aprendizes
Com lados de bondades e quinhões perversos
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
11 de janeiro de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
TEU NOME (soneto)
Deixa a vida com sua sina, enfim devasse
A tua solidão que é o teu maior lamento
Que tem a dor calada no teu sentimento
Todo a angústia que sente se mostrasse?
Chega de engano! Revela-te o ferimento
Ao universo, defrontando-a sem repasse
Ao coração, que já lágrimas tem na face
E suspiros nas noites num pesar sedento
Olha: não suporto mais! Ando cabisbaixo
Deste sofrer, que o meu amor consome
De senti-te sozinho no peito tão imerso
Ouço em tudo o silêncio, golpe baixo
Do desejo. Que vive a calar o teu nome
E insiste em recordá-lo no meu verso
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23 de fevereiro de 2020, Cerrado goiano
Olavobilaquiando
O Rio Paraíba cobre uma grande extensão
Com suas águas e caminhos que preenchem nosso coração,
Ele pode não ser ser tão grande como o mar,mais é um artefato que nós temos que preservar,porque se ele acabar,muitas consequências teremos que arcar,e a fauna e a flora presentes nesse lugar se romperam,deixando mais uma vez os seres-vivos na mão e logo logo provavelmente faleceram.
REDUNDÂNCIA (soneto)
Por que me vens, com a mesma rima
Por que me vens, sofredora na trova
És porque vive assim querendo prova
Ou, então, lembrar-me da autoestima?
Por que levanta a tua voz, que sova
O coração, já amassado. Me anima!
Pois é tu, que do amor me aproxima
E não o contrário, a que me reprova
Vens acordar o que repousa fagueiro
O que de melhor há no poético raiar
O que vive romântico, assim, faceiro...
Ah! esqueçamos o que possa tardar
Nas tuas linhas eu sou o seu cavaleiro
E de minh’alma a doçura quero poetar
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06 de fevereiro de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
ECLIPSE (soneto)
Sei de uma saudade, tapera escura
Onde meu coração anda penitente
Memória de uma dor, que perdura
No peito, cheio de suspiro pendente
Ó paixão, só me quer na sepultura
Da solidão, amarrado em corrente
Da agonia, me privando da ternura
De ter-te... me tiranizando a mente
Por que? Bates a porta do querer
Quer me ver sofrer e em prantos
E de sentimento rude e sem valor
Arranca de mim este vazio a prover
Versos toscos e tão sem encantos...
Tal qual a quem... desluziu o amor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19 de março de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
CARTÃO DE NATAL
Busque um galho de sua existência
Nas forquilhas enfeite com determinação e coragem
Não se esqueça das bolas de diligência
Dos cartões amigos de boa mensagem
Aqueles envelopados no amor, carinho, reverência
Ilumine com lâmpadas de esperança
Pisca... Pisca... na malícia, advertência
Colorindo cada canto com detalhes de alegria e confiança
E no topo do galho a estrela guia da fé
Afinal é a razão da comemoração da lembrança
O nascimento do Deus Menino filho de Maria e José
O que veio para a aliança...
Feliz Natal e Próspero Ano Novo.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Dezembro, Natal 2015/2016
Cerrado goiano
RECOMEÇO
Não há tempo de suspirar saudade
Tenho muito à sentir, querer ainda
Prosas na ventura, quimera infinda
Pois, no amor eu tenho imensidade
Toda sensação é mais e bem vinda!
Em cada emoção uma sublimidade
Felicidade do coração com vontade
Há tanto afeto e tanta ternura linda
Já andejei em dezenas de direções
Tropiquei em vacilos e nos senões
Tive a solidão, e a lição da vaidade
E, agora com o sentimento consolado
Vivo o momento, não mais o passado
A saudade, decorrida, a deixo de lado!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31, outubro, 2021, 08’40” – Araguari, MG
ALVOR DE SAUDADE ...
A noite se vai e vem o dia regressando
Com seu manto cintilante do rebento
Todo suspiro passado vou lembrando
Aperta o peito, a vontade, sem alento
Solevo o olhar pro horizonte olhando
Encontro o sol, grandioso e tão atento
Que no alvorecer ele vai no comando
Causando agrura no meu sentimento
Ó estrela reluzente, guia, tem piedade
Leva toda está minha bruta ansiedade
No teu mando, me faça assim, alegrar
Envia o teu esplendor a tua claridade
Pra essa tristura na alma, de saudade
Deste amor que não deixei de amar!...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08/03/2021, 08’39” – Araguari, MG
VELHA PAIXÃO
Enfim, depois de tanto ido no cerrado
Tantos arredores, e dores no coração
Eis que ressurge noutra a velha paixão
Nunca perdida, e ao desejo amparado
É bom sentir o teu perfume ao lado
Com o sussurrar brando e, sensação
Antiga. É bom estar tão apaixonado
E ter-te comigo nesta doce emoção
Se tive no caminhar aquele engano
Tive também o olhar de um querer
Sem disfarçar, burlar ou ser insano
Paixão: sentir que a vida não explica
Que só vai ter, tendo no vário viver
E quando tem, o amor se multiplica!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/06/2021, 08’20” – Araguari, MG
SONETO VICIOSO
Horas pequenas de o meu poetar
Eu nunca senti quando vos tinha
Que amargurasse a poesia minha
Em tormento e nostalgia de amar
Pensamentos ao vento, a cutucar
Versos soltos, a rima tão sozinha
Soluços nos sonetos, pobrezinha
Sensação, que o peito põe a trovar
Poética de amor, emoções acontece
Escoa no papel saudade alva e pura
Do dantes, insiste e não se esquece
Estranha inspiração, tão desventura
Por um amor, que no amor desfalece
Viciando o coração em dura candura...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10 setembro, 2021, 18’47” – Araguari, MG
