Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada

Cerca de 60177 frases e pensamentos: Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada

Aleppo

Havia uma cidade
E uma população
Padarias, doces e cores
Flores e odores
Famílias vendo televisão
Havia felicidade

Havia uma cidade
Havia um país
Casas, crianças e cães
Mas o ódio fincou raiz
Choram todas as mães
Pelo que restou da humanidade

Já não há cidade
Nem casas nem nada
Fez-se a destruição e o caos
Levando vidas pela metade
Já não há amor nem nada
Só ganância sem piedade

Inserida por purapoesia

É preciso

É preciso aparar os galhos para fortalecer a raiz
É preciso simplicidade para ser feliz
Só não cabe ficar calado
E, por medo, morrer parado

Inserida por purapoesia

A Despedida

seus olhos cortavam como uma espada
da sua boca nascia uma tormenta
me aquietei
como um velho na escuridão
era um barulho incompreensível
um zumbido de elefante
uma voz aturdida
talvez demente
a despedida
dor latente
ainda ouço cada gota
que pingou de sua boca
a descarga do vizinho
era noite
madrugada
em sua vida
sou mais nada

Inserida por purapoesia

Músicas para Amar

nada é pior do que sentir tudo
e não conseguir oferecer tanto
eu realmente amo você
queria dizer, mas são só palavras
me perdoe pelo atraso
me perdoe pela pressa
te viver é o que me interessa
não sei decifrar sonhos ou signos
nem traduzir o que suam seus poros
só te mostrarei o meu céu de meteoros

fundamos um país para coabitar
sem um hino para idolatrar
somente músicas para amar
e em toda estrofe achamos um lar
em toda garrafa inauguramos um bar
em toda amizade queremos estar
e só para você eu vou sangrar
meus versos

o vinho, a carne, o alho, as flores
o vento curioso nos visitando
a grama do quintal se acumulando
nos tapetes e nas quinas
a luz do sol nas cortinas
a mesa que eu tanto queria
e minha semana vazia
depois de domingo

Inserida por purapoesia

simultaneamente, vejo o sol, por lá se admira a lua.
dois astros poderosos, que quase nunca se cruzam.
uma longa distancia entre os dois, e ambos avistados ao mesmo tempo.
será mesmo que é possível se encontrarem em algum momento...
quando se encontram o eclipse é um espetáculo.
a lua beija o sol, algo tão lindo, só pode ser raro.
uma dicotomia perfeita, opostos que quando unidos provocam arrepios.
intenso como o sol, rara e lirica quão a lua, a distancia é tão grande,
mas um dia eles se cruzam, um dia eles se cruzam.

Inserida por Solrac28

Conte-me.

Se já perdemos a noção do tempo.
Se nada mais importava por um momento.
Conte-me como hei de esquecer.

Não, não hei de esquecer!
Barreiras rompidas.
Sonhos criados, meu universo de desvarios.
Foi real, não imaginado.

Um universo de noites singelas.
Travessuras, misturando pernas com pernas.
Sorrisos encantados, corações lado a lado.

No caminhar de uma paixão.
Entornaste minha sorte, metendo os pés pelas mãos.
Meu coração ao procurar o teu, meu sangue errou de veia e se perdeu.

Na desordem de um caminho.
Uma camiseta vermelha pode enlaçar seu vestido.
Sem nenhuma predicação, inda sentindo seus seios em minhas mãos.
Desfrutando o sabor de amor que os lábios podem oferecer.

Não, não há como fazer de conta.
Quando de um coração se toma conta.
Então conte-me como hei de esquecer.

Inserida por Solrac28

Talvez fosse melhor sair de fininho, desejando baixinho, continue assim sempre linda, bela sorridente, menina de ouro, um verdadeiro presente.

Talvez fosse melhor sair de fininho, lembrando baixinho todas as fragrâncias, perfumes mágicos, lindas lembranças.

Talvez fosse melhor sair de fininho, desejando baixinho, aqueles olhos lindos não despertam nenhum sentimento, a cabeça finge que é verdade, o coração não faz questão de estar em consenso.

Talvez fosse melhor sair de fininho desejando baixinho, esse ciúmes tolo não vire uma bobeira a beça, uma bobeira de um tolo, um coração que está bobo.

Talvez fosse melhor sair de fininho, desejando baixinho, aqueles momentos singelos se tornem momentos eternos, brincadeiras, sorrisos, marcas para uma mente, para um coração um elo.

Talvez fosse melhor sair de fininho, talvez fosse melhor ficar onde está quietinho, de longe se fazer presente, de perto transformar tudo em carinho, talvez fosse melhor aceitar uma força maior, talvez fosse melhor sumir e ficar só.
Talvez...
Carlos Alexandre C. Pereira.

Inserida por Solrac28

⁠Para esta minúscula aventura, escolhi Andrés Segovia como pano ou pane de fundo.
Um piano ao cair da tarde, era um programa antigo de rádio.
Procurei uma lapiseira, questão de gosto, compõe o modus operandi do tagarela que não vos fala, mas agora escreve.
A cena é de certa forma bizarra, no mínimo pitoresca
Numa avenida, uma mulher, feliz pelo semblante, humilde pela vestimenta, passa... empurrando um carrinho de supermercado, dentro dele um cachorro, naturalmente pouco a vontade e sem nenhuma ação em comum com quem o carreia mundo afora.
Parou no canteiro entre as duas vias e conversava animada e afetuosamente com um conhecido ou amigo dela sobre o que não imagino, não consegui prestar atenção.
Isso durou alguns minutos, uma dezena de copos de cerveja e uma coleção de interjeições verbalizadas.
A impressão que eu tinha é que ela literalmente não se conectava com o mundo que eu via, era o mundo dela que valia a pena e talvez nem existisse outro...
Sim, foi um alívio ver que não foi xingada nem atropelada, ela continuava feliz...
Me dei por satisfeito.
Sorri como outros tantos que ali estavam.
Não sabia exatamente se podia definir aquela demonstração de afeto e puro “non sense”, acho que continuo sem poder, continuo sorrindo.
Não a vi mais, nem o cachorro...
Preciso fazer umas compras no supermercado.

Inserida por Machadisses_ac

INDIFERENTE OU TALVEZ SEMPRE TRISTE

⁠A tristeza inventa sabores de doçura
E se o triste diz isso a alguém contente
Sempre de frente ou com ar diferente
O outro lhe responde ser loucura.

Tão triste é ser triste já sem cura
Aos olhos malignos de satânica gente
Que nunca sentiu e jamais sente
A alegria de ser triste com ternura.

Tantas vezes sonhei ser sorridente
Cantar e dançar nos palcos do mundo
No rir só por rir tão indiferente.

Arrependi-me logo em tom profundo
Do alegre de ser dessa obscura gente
Prefiro ser triste que alegre ser imundo.

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠Muitos poetas exaltaram
a beleza da natureza,
em toda a sua plenitude
e exuberância,
mas isso pode estar contido
na suavidade do movimento
de uma simples borboleta,
na luz que irradia
dos teus olhos,
no timbre da tua voz
ou apenas no teu cheiro.

Inserida por luizguglielmetti

⁠Leia, e não tente traduzir nada...
Leia, e exercite a mais ingênua e maliciosa fantasia,
que se refugia dentro de você.
Leia, e pratique o que imaginou!
Tente olhar para o decote, mas não tente saber o que tem além dele...! Isso é Decote Poético, e esse é meu livro!

Inserida por carlos_pires

⁠Até o mais fino brilho muda,
Como o sentimento de um amante,
Assim como muda o superficial,
Até o mais profundo,
Há mudança redundante.
Tenho um filho em outra terra,
Foi um amor sem passaporte,
Quando o suor fecunda o solo,
A semente não pergunta,
Brota e expurga a morte!

Inserida por carlos_pires

⁠Noite sem lua,
Chuva na rua,
A alma insinua,
A cobiça continua,
No leito extenua,
A arte que autua!
Ninguém desvirtua,
O que o lamento situa,
E se nada intua,
Meu sono conceitua!

Inserida por carlos_pires

Faça-me sorrir, fala-me de amor

Há raras coisas imutáveis e poucas verdades absolutas, o resto são apenas crenças espalhada ao vento, como se fossem aquelas.

Há outras verdades que a desilusão pode extirpar, como se nunca tivessem existido e quando pronunciadas, nos soa aos ouvidos como poesia, como a beleza das flores que murchamda noite pro dia, entre elas está o amor que por, às vezes, não ser correspondido como um simples sorriso, nos faz pensar que não existe.

Talvez não exista, tão real quanto o ar, o sol ou a luamas, mais sutil, como asflores que precisam ser regadas, quase todos os dias.

Há tantas outras coisas que não existem e seguimos repetindo, falando, curtindo, como um intervalo entre um ano e outro e tantas datas que, se não fosse pelo calendário do comércio, já teriam sido ceifadas pelo esquecimento.

Na letra da música "Joana Francesa", de Chico Buarque diz "Mata-me de rir, fala-me de amor", como um desabafo de alguém que perdeu a fé ao fazer tantos votos ou promessas e não alcançar o seu pedido.

O amor é tão inexistente quanto todas as formas de fé e ainda existe, embora seja mais falado do que vivido.

O amor é tão real quanto a vida que flui como um rio, independente dos nossos desejos.

O amor existe e brota onde quer, o que o faz perecer é o gênero humano, ao permitir que a descrença e o egoísmo transforme o solo fértil num lugar árido, onde não germina coisa alguma.

Inserida por luizguglielmetti

O POEMA ERRADO

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.

Drummond


Vou ao reino das palavras com a tranquilidade de quem trouxe de lá uma ou duas páginas valorosas. São minha permissão. Entro quando quero, extraio as palavras de onde repousam em estado de dicionário, e as acomodo para viagem na forma de poemas perfeitos. Todos se corrompem na passagem, alguns irremediavelmente. É por esse motivo que tantas linhas imprecisas são escritas. Tenho impulsos de retornar ao reino das palavras e vasculhar incansavelmente pelo poema certo. Ele ainda está lá. Mas desse já não tenho a chave, e ninguém mais a poderá ter. Perdeu-se. Olho para o poema embaralhado que possuo, sentenciado à inexistência, e me compadeço do seu destino. Sorrio. A inexistência é uma condenação impossível.


O poema errado

Com a vida diante dos olhos
Escrevi minha história
Manchei os campos com meus passos
Maculei a água com minha sede
Julguei merecer que me sorrissem
Um sorriso puro e ingênuo
Que já não sorri sem tristeza
Fui amado com um amor perfeito
Que hoje tem a marca da minha estupidez
Quisera ter entendido o que é ser humano
O que é ser imperfeito
Quisera ter entendido o propósito de todas as coisas
Segundo o qual nada existe em vão
Não se vive sem culpa
Mas não se existe sem razão
Se em tudo eu tivesse errado
Não choraria por não ter tocado
A flor que deixei morrer no jardim
A flor não temia a morte
A vida era o seu fim

Inserida por CarlosAlbertoSilva

⁠Impreciso

Os navegadores modernos já não temem a viagem:
não é sobre mar que navegam.
E ainda que existam os piratas, os monstros e os abismos,
não há glória em demovê-los da aventura.

Queria para mim o espírito do grande poeta,
reduzida a forma para caber em quem eu sou,
para explicar esse temor que eu sinto
de uma evolução em que não haja a essência anímica do sangue
e cujo combustível seja o meu corpo e a minha alma.

Não conto gozar a minha vida;
só temo torná-la pequena
em um mundo sem o calor das afeições humanas,
onde não haja piedade, não haja paixão.

Cada vez mais assim penso:

Nas estranhas águas que nos levam adiante
e anunciam a obsolescência da nossa Raça,
navegar é impreciso, e viver é uma necessidade.

Inserida por CarlosAlbertoSilva

⁠Seguir em frente

É preciso seguir em frente
Não há outro modo de acontecer
Qualquer coisa que se faça
Resulta em seguir em frente
Desistir
Ainda é seguir em frente
Voltar atrás
Ainda é seguir em frente
Estagnar
Ainda é seguir em frente
Desesperar-se
Ainda é seguir em frente
É preciso portanto
Fazer a escolha inteligente
De todas as formas de seguir em frente
Apenas escolha
Seguir em frente

Inserida por CarlosAlbertoSilva

⁠Ìngreme

O justo pesar do exato conluio
do verso e do tema: luzir!
A expressão que se estampa na tensão da vida
em cada dia a sua eloquência desesperada.
Sucumbe o delírio num centésimo olhar
que me invade o existir
Sou eu, ainda sou e já sou e nem vi!
Olhar de miçangas e glitters, strass!
Que brilhos fatais, sou eu, é demais!
Tu, burilas atroz as sardas e os nós
E irrompe a fusão de sangue e energia
Mutilas a paz e esqueço o verniz,
te entrego então a raiz do ventre
que umbilical me fecha os olhos
a este sono que não vem
por que não sei, talvez eu tenha que esperar
outra vida

Antonio Carlos Machado
@machado_ac

Inserida por Machadisses_ac

⁠É leveza sobre aspereza
É paciência sobre aspereza
É acalanto sobre aspereza
É vida sobre aspereza
Os corações ásperos carecem
de leveza, paciência, acalanto e vida.
Falta-lhes poesia...

Inserida por caca_carlos_gomes

⁠COMPREENSÃO
A rua onde nasci era larga e extensa de vozes.
Nela havia uma velha casa de espera e de descobertas.
Minha mãe me ensinava a brincar de ver.
Ficava ao meu lado e com suas mãos me entregava seus olhos.
Dizia-me: O que vens?
Eu menino, com zeloso brio elaborava narrativas não aparentes.
As vezes via um pássaro falando com o vento.
Ora, era um arco-íris despontando no anoitecer.
E até eu voava, buscando palavras com asas.
Lembro-me quando lhe disse:
- Estou vendo uma dança no céu.
E ela pediu-me para tomar cuidado com os instrumentos, marcar os passos, ouvir a sinfonia.
E asseverou: Veras na vida aparências e essências.
Mas não tenha receio de vislumbrar.
No fim o que fica é o que se olha para dentro.
Antes de saber ler e escrever compreendi a ver poesia.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Crianças Crescidas

Inserida por carlosdanieldojja

✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.

Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.

Entrar no canal do Whatsapp