Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada
branco
Minha força vem de lá
O meu canto vem de Angola
Uma voz a ecoar
Os lamentos da Guiné
Arrastado pelo mar,
veio o sangue quilombola
Carregando a minha fé...
pérola
Quando a onda se aquebranta
em espumas lá na areia,
a jangada se alevanta;
quem é d'água não mareia!
Marinheiro que se encanta
não enjoa nem se espanta
com o canto da Sereia...
Conselhos
Se não foi tão bom, reclame!
Chame Deus no céu e clame!
Se você vencer, proclame!
Se for bem legal, me chame!
Pra quê medo de vexame?
Faça versos e declame!
Ou, então, apenas... ame!
Desequilibrista
Há equilíbrio na balança
a pesar, de tudo, um pouco
Há equilíbrio em cada dança
e em cada grito rouco.
Até quando o corpo cansa
e o equilíbrio nos balança,
apesar de tudo... um pouco!
Em um céu vasto e tranquilo
se levanta para o novo
um bater de asas suave.
Acompanha outro voo,
delicada e humilde ave...
É teu canto que entoo
o teu som, em mim, ecoo
delicada e humilde, Ave!
Familiar
Nunca diga que alguém
nunca disse que te ama!
Cada um - você também! -
tem seu jeito; não reclama!
Lá em casa sempre tem:
Boa noite, durma bem...
e não vai cair da cama!
Gol!
Tuas glórias brilharão
Nas estrelas posso ver
És eterno campeão
União te faz vencer
Pois é rubro o coração
Que entoa essa canção
Para sempre hei de torcer
Acessório
Passa o dia no Salão
e o cabelo despenteia
ou - pior! - um esbarrão
pode desfiar a meia.
Todo mal tem solução!
Pra qualquer ocasião,
leve uma amiga feia...
Beduíno
Quantas vezes eu me pego
a olhar os meus desertos
e parece que estou cego
Tantos vultos, tão incertos...
Não confirmo e não nego
Nas areias do meu ego
quantos eus estão cobertos?
AS POMBAS
Dez horas!
Sol quase a pino.
Pombas brancas voam em todas as direções.
Corpos seminus bronzeiam-se estendidos sobre esteiras.
Por toda a praia, contrastes com a espuma branca do mar.
Um colorido sem igual!
Crianças brincam e correm, chego a acreditar na bondade dos homens.
Busco o momento oportuno para arquivar esta cena numa foto sensacional.
Os guarda-sóis coloridos parecem em festa.
As pombas vêm e vão ou aproximam-se de uma criança que lhes atira migalhas de pão.
Este é o momento que eu queria!
Uma criança, o azul, o mar, as pombas, um quadro infinito de paz....
Corpo Alma
No meu coração há lugares desiguais;
Um horizonte, um mar sem porto
E nas profundezas abismais;
Um vulcão, quase extinto e morto.
Mas, quando você, tão frágil; emana,
Uma palavra que vence minha resistência,
Tornando linda a liberdade humana,
Uma palavra – “ amo” -, óbvio, a essência.
Os corações pulsam
sem controle
Quem me dera ser mais falso!
Em meus olhos marejados
Com esses nós,
Na garganta
Esses gritos em descompasso
No palpitar de palavras
Meu peito bate apertado!
Fujo da paixão?
Ou ela não me acha?
Talvez não queira ser encontrado!
Porque hoje meu peito
Não pode ser lançado
As asas estão podadas
Ganhei um peito desconfiado
Onde beijos não são promessas
E palavras podem ser mentiras
Quem me dera ser mais falso!
Ou mais inocente nas feridas!
Era Das Trevas
Salmodiam palavras vazias
Ao Deus que tanto chora
Das casas anjo nenhum lá mora
O pesadelo do qual não se acorda
Agora é o dia que jamais retorna
Ansiando dominar o mundo lá fora
Acovarda bem alto, rotulada maldita
Impedida de alcançar, nem da asa ela toca
De meu ser tristonho, até o mundo lá fora
Atrai tendenciosas almas moribundas
Ao meu som que nunca tarda
Por ser puramente expiadora
Minha canção melódica
Domina tudo, sem se importar
Destruindo tudo, ela busca salvar
Na macabra sinfonia, o ser renovar
Destinado as infinitas notas
O mundo até por mim chora
Chocados, os olhos se apavoram
Amedrontados na realidade
Desejam sem aversão
Uma possível redenção
Por um Deus que já não chora.
Autor
O livro o pertence, mas ao autor nunca se mostra
Como um ser de muitas faces
Possuindo vontade própria, da vontade não controla
Incompreensível, folheia as paginas em demora
Em passos penosos, perpassam as palavras
Manchando as paginas de sua revolta
No desencanto o seu livro ele joga
Da amargurada dor ele transforma
Em belas palavras para outrora.
Uma pétala sozinha não seria nada. Entende o conjunto e chegarás aonde precisas chegar com o secreto benefício de desfrutar do tempo que te borda as bordas e te colore de verde. Compreende. Ser folha é o mesmo que ser rosa e gotas e sol e lua e universo e cosmo e galáxia – logos. Dorme agora.
Que o amanhã é ignorar-se dele. Sem deixar de esperá-lo.
LABIRINTO DE UM SONHO
Estava num sonho e presa num labirinto de pedras fechado, era redondo e escalei essas pedras disformes em tamanhos medianos a muito grandes, encontrei umas tábuas com pregos enferrujados que obstruíam minha passagem por uma porta secreta... tirei as tábuas e abri a porta e do outro lado encontrei um caminho de chão batido, algumas casinhas estilo casebre com um varal fora a fora de roupas estendidas e uma luz que timidamente entrava vindo em direção à porta. Olhei para a Luz e vi o sol sorrindo para mim, amanheci e despertei com pingos de chuva que pareciam lágrimas que escorriam do céu nublado...
Amor Sufocado
Um coração cansado;
Castigado pelos pecados cometidos;
Poderia parar sem volta!
Perdido na paixão cega;
Desorientado pela ilusão;
Quase silencioso.
Guarda tantos segredos Contidos.
Paralisa-se pela amargura;
Comete um erro;
Desassossego;
Feito poesia sem leitura!
Bate, sempre repetidamente;
Desacelerado;
Acometido pelo quebranto dos ciúmes sem sentidos;
Essência da solidão;
Desvirtua o tempo!
Para pra a vida passar;
Quase como um relance!
Olhos turvados;
Lágrimas acumuladas;
Momentos guardados;
Suspiros sufocados!
Apenas o desejo silencioso;
Calado pela saudade;
Um amor forte;
Sem retoques!
Preso no norte d'alma;
Apenas cala-se!
Entrega-se ao silêncio.
Mentiras...
Me incomodam as mentiras disfarçadas de boas intenções;
As mentiras caladas apelidadas de omissões;
Por isso deixo-te ir mesmo que me doa o coração!
Melhor é tratar o mal ate a cura absoluta a alimenta-lo diariamente em um processo masoquista e doentio.
se perder durante a travessia é normal
o problema é que a dor vicia aquele indivíduo que nunca se encontrou.
Esperamos o outono chegar,
ver as folhas saindo em disparada
voando loucas, pelo vento levadas
e querendo junto aos galhos ficar,
O vento chega ousado dando beijos,
para uma, a uma, logo conquistar...
e a nossa alma tem os lampejos
de outros outonos, lembrar !
Outonos de beijos amorosos,
abraços que pareciam sem fim,
em tempos que eram mais ditosos,
nas manhãs em toques de clarins
Outros outonos de frias brisas,
mas que aqueciam o coração ,
agora, tudo rapidamente desliza,
já sem a mesma emoção
Despedidas do tempo, que, ingrato,
vai passando com muita pressa,
e a tudo leva quase de arrasto,
e deixa a saudade, o ontem, a promessa...
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp- Relacionados
- Poesias de Carlos Drummond de Andrade
- Poesia de amigas para sempre
- Poesia Felicidade de Fernando Pessoa
- Poemas de amizade verdadeira que falam dessa união de almas
- Poemas de Carlos Drummond de Andrade
- Poesias para o Dia dos Pais repletas de amor e carinho
- Poesia de Namorados Apaixonados