Poesia de Medo

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MEDO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

A coragem de temer,
muitas vezes nos convém;
tenha medo de não ter
medo de nada e ninguém.


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MEU PRECONCEITO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Não tenho medo e confesso,
sem artifício e pudor,
meu preconceito de cor...
E quem já quer me julgar,
condene, ofenda, constranja,
me surre até deixar coxo...
Mas ninguém vai me obrigar
a vestir cinza, laranja,
salmão, dourado nem roxo...

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GOSTEI DE VIVER

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Não é de morrer que tenho medo. É de não nascer de novo. Temo a treva do vácuo e da desexistência. Os domínios do nada. O fim que chega e pronto. Reina por todo o nunca. Tenho medo é do nunca mais. Do para sempre nunca mais.
E ao supor levemente que não nascerei de novo, dói a ideia de não repetir os amores vividos, as amizades conquistadas, os laços extras de afeto que fiz mundo adentro e me ajudaram a construir uma riqueza íntima que nada substitui.
Gostei de viver. Sofreria de novo as dores passadas. Os medos, angústias e privações. Todas as perdas, frustrações e perigos. Os baques. Os tombos. Desafetos. Desertos e solidões. Teria os mesmos vícios; defeitos; estranhezas.
Meu único pedido é ter de volta minha mãe. Meus oito irmãos. Minhas duas filhas. Os afetos reais e sinceros das pessoas especiais que jamais cruzaram meu caminho. Ficaram. Moraram em minha vida. possuíram meu coração.

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MEUS MEDOS

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Sempre tive um medo imenso de ficar grande sem crescer. De amadurecer sem ficar maduro. Curtir a vida, os lances, oportunidades, e não curtir minha essência.
Desde cedo não sabia como era isso, mas o meu coração girava em torno dos medos. Queria o corpo em sintonia plena com o espírito, para que o rótulo correspondesse ao conteúdo. Meu rosto, meu resto e minhas palavras não fossem a propaganda enganosa de quem não sou.
Tinha pavor de brilhar e mesmo assim permanecer no escuro de uma ignorância equivocada, com ares inúteis de sabedoria. Temia puxar um saco de filosofias hipócritas, bondades plásticas e religiosidades vãs, de conveniências e chaves que abririam as portas da sociedade. Da popularidade familiar. Do prestígio ao meu redor e os apupos externos de quem olha e pronto. Não importa ver, porque isso dá prejuízo; afasta os favores e subtrai prestígios com vistas a vantagens futuras.
Tenho muitos; muitos vícios, defeitos e desmandos. Bem maiores do que os que julgo, até condeno em terceiros, mas temia os vícios, defeitos e desmandos menores. De quem vai mas não vai. Finge que não, no entanto é. Finge que sim, porém não. Tudo sempre a depender das perdas e os danos; dos lucros e as cotas... ou até das sobras e as sombras que lhes restem ou não.
Tive medo imenso de aprender a fingir. A simular. Ganhar na estampa e levar a melhor na lábia. Ser quem não sou. Talvez até jamais ser; só estar. Fazer acordo com as rotações do mundo, as demandas da vida e as músicas conforme as quais devo dançar nas horas desconsertantes. Nos momentos em que não vejo saída, se não for pelas concessões.
Jamais deixei os meus medos. Eles me ajudam a ser menos pior do que sou. Não os troco pela coragem sonsa de abrir mão das minhas verdades para supostamente me dar bem.

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SENSATA ILUSÃO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Tive medo e tomei a coragem propícia
pra vencer os avisos do vazio em vista;
cada pista e seu dedo apontado pro nada;
solidão atraente para quem recua...
Foi assim que cheguei a quem chegou a mim
com um fogo nos olhos, um ninho nos braços,
no quintal do seu corpo a liberdade plena
dos espaços expostos à nova paixão...
Sem amar me lancei numa história bonita,
infinita em seu tempo, imortal pra que a morte
fosse bela e causada por muito viver...
Fiz de conta que fiz o que não foi amor,
mas amei sua farsa numa troca insana
bem humana e sensata nas grandes carências...

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AMOR DE SÓTÃO

Demétrio Sena - Magé

Tenho medo que a força de minha carência
e de minha fraqueza, do meu ponto fraco,
fique sem aparência de firmeza em mim
ou se forme um buraco na velha esperança...
Vejo a hora do medo enlaçar a coragem
pra gritar o tamanho do quanto sou só;
derreter a miragem da falsa frieza
e lançar meus sentidos no fim da razão...
É preciso manter este amor entre véus;
afagar o desejo como sempre fiz;
ser feliz pelo quase, como quem é mesmo...
Preservar a magia desse pelo menos,
possuir os teus olhos, o silêncio, a calma
e tu'alma discreta nas margens da pele...

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⁠POVO GADO

Demétrio Sena - Magé

Há um medo servil das diferenças;
um eterno esconder-se nos padrões;
umas crenças bizarras no engradado
de contextos; ideias; ideais...
Muita gente medida e carimbada,
muito sonho engessado por comando,
pela farda imbecil das tradições
que não valem pras rotas do futuro...
Não se tampa o país feito conserva;
gente serva não serve pra sonhar,
povo gado não tem a própria vida...
Quero ser expressão de resistência;
reticências, avanço e teimosia
numa terra vazia de horizonte...
... ... ...
#respeiteautorias. Isso é lei

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⁠QUEM TEM FILHA TEM MEDO

Demétrio Sena - Magé

Desde que passei a ter filhas, olho pras filhas de outros pais e penso nas minhas. Não quero para elas, o mesmo sofrimento que não quero pras minhas. Quem tem filha tem medo. O mundo está muito machista, misógino e truculento pras mulheres. E muita gente que tem filho, mesmo que tenha filha, incentiva o machismo, o menosprezo e o tratamento abusivo de seus filhos com as filhas de outros pais, sem nem pensar na própria filha, que pode ser também vítima do filho de um pai qualquer, por aí, que também não exige que seu filho seja homem de verdade. Só machão. Se eu tivesse filho, não importa a idade, não aceitaria de modo algum, que esse filho fosse abusivo com a namorada, esposa, nem com uma amiga. Exigiria que ele tratasse bem, com dignidade e cavalheirismo, ou deixasse em paz. Tenho certeza que eu pensaria em minhas filhas, ao ver meu filho agir assim. E pensaria também nas consequências, inclusive penais, que meu filho poderia sofrer.

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⁠ACHE COMO ME ACHAR

Demétrio Sena - Magé

Por favor, elimine o medo em mim
e me faça entender que não lhe perco;
ponha fim ao desfoque dos meus olhos
que percorrem abismos; miram caos...
Quero crer que restou alguma corda,
uma tábua, quem sabe algum farol,
qualquer borda na qual encontre cais,
um restinho de sol na escuridão...
Dê sinais ou sussurre umas palavras
com que possa chamar os meus botões,
irrigar meu sertões emocionais...
Ache como me achar neste conflito,
porque já me perdi; me dispersei;
já nem sei se consigo esperançar...
... ... ...

Respeite autorias. É lei

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⁠DIGNIDADE PESSOAL

Demétrio Sena - Magé

Olhe; não tenha medo de se misturar com um amigo, por causa de um patrão, ex-patrão ou qualquer pessoa que você bajule por posição social - real ou fictícia -, que não goste desse seu amigo. Pense que, a pessoa que você bajula não tem medo de ser vista com você e com qualquer outra pessoa que você ame ou deteste, pois sabe que não perderá sua bajulação por nada nem por ninguém deste mundo. Além de ser uma questão de afeto e de sinceridade, é também uma questão de foro intimo e de um dedinho de dignidade pessoal. Pense nisso.
... ... ...

Respeite autorias. É lei

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AMOR E MEDO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Meço a voz, a palavra, os olhares que fluo,
tenho todo o cuidado pra não te afastar,
meio vou mas recuo de minha investida,
volto e volto a voltar, é meu quase constante...
Sonho tanto acordado quanto quando sonho,
depois durmo pro sono que tento dormir,
pois não sei se me ponho, me tiro do ar
que respiras e prendes em minha presença...
Caio em mim onde sobro na tua verdade,
logo tenho saudade, me chamo e respondo
para dar o que tenho aos temores de sempre...
Sei que sabes que sei que sabes o que sinto,
mas exponho e desminto, porque sinto muito
por mostrares tão pouco do que sou pra ti...

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SEM MEDO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

A luz expõe meus enredos;
revela os sonhos; segredos;
por ser assim custa caro...
Se pago a conta com juro,
não é por medo do escuro
e muito menos do claro.

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TEMPOS DE SUPERPROTEÇÃO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Se é por seu filho, tenha medo do mundo. Faça isso, para que o medo não tenha que ser dele, quando chegar a hora jamais prevista por seu medo insano, instituído e massificado, de superproteger. Para que a falta de medo e o desaviso não guardem sua ruína entre o silêncio da passividade que permite o voo com asas incompletas.
Mesmo a águia, quando solta no espaço o seu filhote para testar as condições de voo, tem os olhos atentos sobre ele. Não o deixa escapar de sua mira, e ao perceber a inércia desse filhote, quando o chão já está próximo, precipita-se no ar e o resgata bem antes da concretização do perigo. Não aposta na sorte, muito menos na necessidade pedagógica de um tombo que possivelmente apenas o machucaria. Machucaria bastante.
A considerar os tempos que atravessamos, meio termo é disfarce de abandono. É preciso, mais do que nunca, perdermos o próprio sono para que o nosso filho sonhe, confiante no alcance de nossos olhos e na força de nossas garras. Filhos eventualmente mimados terão sempre a chance de se recriar e seguir. Filhos gravemente marcados pelo abandono do meio termo que não prevê as desgraças inerentes às brechas da criação fria e desatrelada, nem sempre.
Refiro-me aos filhos em formação. E se não há formação, não haverá formados. Formar é apontar caminhos, ensinar a seguir, mostrar o mundo, corrigir, mas estar sempre lá. Só deixar que o filho voe sem a supervisão de nosso amor presente, ocular e de garras atentas, quando ele se sentir pronto e puder, ele mesmo, decidir no que pode ou em quem pode confiar. A partir daí, os tombos e sucessos, as dores e as alegrias serão de sua inteira responsabilidade.
Sobretudo, é protegendo com a força e os critérios da possibilidade máxima de nosso amor, que podemos ensinar nossos filhos a proteger nossos netos. Nossas futuras gerações.

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MEDO E PREGUIÇA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Um país perde a força quando acaba o brio;
perde o sonho, a coragem de sonhar de novo;
faz o povo calar seus anseios mais seus
e se torna sombrio para quem quer ver...
Uma pátria destoa da canção dos tempos,
quando perde o desejo de gritar bem forte,
crê na sombra e na sorte ou na mão permanente
que se doa e dá tudo pra quem obedece...
Não há céu pro futuro de uma terra vaga;
nem o céu ilusório que as greis disseminam;
doce praga nos olhos dopados de medos...
Ao tragar a preguiça que os poderes servem,
a nação mais potente se desbota e brocha
feito rocha que cede aos açoites do mar...

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CRIAÇÃO À MODA ETERNA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Os nossos filhos pequenos merecem todo o medo real do mundo que nos cerca. Não só merecem, como precisam desse olhar extremado que não abre a guarda e vai lá no fundo. Mesmo quando não há fundo. Mergulha intempestivamente no caos das verdades farpadas do tempo em que vivemos.
Tenhamos medo por eles, para eles não o terem depois do tempo nem nos contextos equivocados que de nada valerão. Apostemos o nosso couro, quantas vezes quisermos, mas nunca suas essências, no que não é de nosso alcance. Evitemos as ausências disfarçadas; as distâncias amenizadas por presentes; as terceirizações em nome da independência precoce. O sossego prático e frio de nossa confiança nos corações externos.
Eles tanto precisam do nosso exagero, quanto sentem profundamente a falta do excesso desse amor, quando nos rendemos ao descanso de respirar sem culpa e susto... à paz da consciência adquirida por conceitos modernos de criação menos vinculada. Só no passar dos anos, os filhos percebem todo o abandono que lhes demos com belas nominatas contemporâneas embrulhadas em bonitos discursos profissionais.
Sejamos os pais de que a inocência filial precisa. Logo a vida privará os nossos filhos dessas loucuras de amor, mas essa perda tem cura. Ela virá na saudade sempre terna e risonha do que não lhes faltou no tempo em que tiveram a proteção - ou superproteção - de tantas preocupações afetivas.

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PLENO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Não teve medo nem grades;
jamais poupou predicados
ao rasgar todos os véus...
Viveu as suas verdades,
ou cometeu seus pecados
e foi pro quinto dos céus...

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MORRENTES

Demétrio Sena, Magé - RJ.

A gente vive morrendo.
Se não de medo, é de raiva;
se não de raiva, cansaço.
Quase de verdade,
se morre até de saudade.
Gente morre de fome
(de fato e de nome),
às vezes morre de rir,
de frio e calor
e tanto esperar.
As mortes passam por nós,
como despejo;
também se morre de susto,
ciúme ou inveja;
paixão ou desejo.
De não saber extrair
o bom dos fatos;
o bem do mal.
Por ter preguiça de achar
bem lá na frente,
um pouco atrás,
melhor saída...
o mundo vive doente,
a gente morre demais
pra pouca vida.

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MEDO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Agora sei me vencer;
e há de ser sempre assim;
não brigarei com você,
pois tenho medo de mim.

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MEDO DO SEM FIM

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Vida cansa e começo a pressentir
a tristeza, o ranger do não chegar,
só seguir e saber que não há porto
nem um ponto em que pouse os olhos baços...
Uma vida sem fim seria o fim
rastejado; insistente; sem sentido;
um pedido inaudível por socorro,
de quem sabe que o tempo já parou...
Tudo cansa e se perde sob o nada,
minha estrada revela o que seria
caminhar à deriva para sempre...
Horizonte; horizonte; nada mais;
não há paz na ilusão da eternidade;
comecei a temer que jamais morra...

Inserida por demetriosena

PREVENIDO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Tijolo tem medo;
saiu da calçada
e foi pro acostamento...
Eu sei o segredo;
areia lavada
tem marido cimento.

Inserida por demetriosena

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