Poesia Curta
Marcha fúnebre
Quem será o responsável
Pelo meu olhar acabrunhado?
Quem carregará
O fardo de puxar o gatilho?
Quem vai embalsamar
O meu corpo para a hora da partida?
Quem trará uma lágrima,
Ao menos uma, para o meu funeral?
Quem?
Eu, que guardei tantas dores,
Acumulei desilusões
E chorei tantos dissabores,
Agora sei rir sem motivo aparente.
Tudo que sofri acabou com apenas um toque.
Vi que toda névoa se dissipou
E agora tudo faz sentido.
Na luz dos teus olhos
Nos teus olhos
eu quero encontrar
a luz para
os meus caminhos;
nos teus braços
eu quero achar
aconchego;
nos teus lábios
eu quero saciar
os meus desejos.
Em ti o meu coração
encontrará abrigo,
e a minha alma
terá paz.
Espelhos inertes
Os homens são apenas espelhos inertes,
superfícies planas, apáticas, estáticas e mortas,
até que neles reflitam uma poesia,
cheia de vida e arte em movimento,
ou apenas o brilho do olhar de uma mulher.
Muitos poetas exaltaram
a beleza da natureza,
em toda a sua plenitude
e exuberância,
mas isso pode estar contido
na suavidade do movimento
de uma simples borboleta,
na luz que irradia
dos teus olhos,
no timbre da tua voz
ou apenas no teu cheiro.
Minha filha não conheceu meus pais
mas eu conheci meu neto
Por isso faço versos
para que ele saiba
o que meus retratos sentiam por dentro
CORDÃO UMBILICAL
Quando nasci
cortaram-me o cordão umbilical,
só esqueceram de cortar
o fio que me deixou atado ao tempo
Perdi tempo perdendo tempo
em olhar o relógio com pressa de chegar
e nem me dei conta da paisagem
em que havia canteiros de jasmins
que não levarei comigo na memória
Sempre fui curioso, abelhudo e bisbilhoteiro. Por isso ando pelo mundo cascavilhando no chão da vida versos que ainda não foram encontrados.
Todo poeta é um garimpeiro do invisível e do abstrato
Se nos tempos de Drummond houvesse Waze, no meio do seu caminho não haveria uma pedra, não teria uma pedra no meio do caminho.
A poesia agradece o século XX
DOMINGOS
Ruas deitadas sobre o chão dos domingos
descançam do pisotear das multidões
que no atravessar corrido das esquinas
são indiferentes aos seus sentimentos
Sou psicólogo porque sou poeta.
Sou poeta porque sou psicólogo.
Quem não consegue ler ou tentar entender um poema, não conhece a alma humana
Passei algum tempo na chuva
interceptando o fluxo da água
que escapa da sarjeta danificada
A rodada temperada
gotas suspensas no jardim
Aquelas que se ligam num momento solto
no final dos ramos
ao longo da planta
olhos que capturam e transformam
imagens sob campanulas azuis
Estirpes no final do campo
madeira morta
folhas de hera entrelaçadas
musgo, cogumelos
cheio de água, solo
deixa.
Pântanos inconstantes
Em torno dessas cepas,
eu sonhava
em fachadas de edifícios pequenos
pernas elegantes
garras, mezaninos
asas de pássaro.
Eles te virão oferecer o ouro da Terra.
E tu dirás que não.
A beleza.
E tu dirás que não.
O amor.
E tu dirás que não, para sempre.
Eles te oferecerão o ouro d’além da Terra.
E tu dirás sempre o mesmo.
Porque tens o segredo de tudo.
E sabes que o único bem é o teu.
GARI
Catador de lixo.
Aqui e ali.
Lixeiro, sim, senhor.
Cheiro de suor.
Trabalhador.
Onde está o desprezo?
Logo ali,
Vem um gari
É isso aí.
Não me defino como poeta,
pois não me vejo como tal.
A meu ver, poeta é um pessoa
que tem pleno domínio,
sobre um vasto vocabulário.
Eu, no entanto,
sou apenas um sujeito
que se deixa dominar
por um determinado número de palavras.
Ninguém perde nada
Não somos um do outro
Ninguém se perde mais
Já não somos um do outro
E o que sobra é simplesmente
Nada
Não te amarei para sempre,
Porque o para sempre, sempre acaba.
Te amarei até que minh'Alma desvaneça.
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