Poesia Amor Nao Realizado Olavo Bilac
SONETO OCULTO
Tua poesia veio a mim. Donde viera?
Que canto? Que harmonia? Encanto
Rima doce: - tão sossegada quimera
De leve compasso verso sacrossanto
Inspiração de furiosa paixão sincera
Magnetizando os meus olhos, tanto
Em cada estrofe, que o ledor espera
A todo a leitura, e a todo o recanto
Ai! eu nunca mais consegui esquecer
A fleuma das trovas que ali exalava
E em cada linha o sentimento eleito
E a emoção subiu ao peito sem conter
Os suspiros, que cada verso provocava
Ah! versar: terno, amoroso e perfeito!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/04/2020, 22’32” – Cerrado mineiro
AME PRIMEIRO (soneto)
Quem quiser ter poesia, que ame primeiro
O poetar onde, total, caiba na haste da flor
Ai dos que trovam, e dele não é por inteiro
Se apartam das quimeras e do afável amor
Os versos sorriem, enfim, ao ser certeiro
No peito do poeta que está um amador
No sonho passageiro, da ilusão é herdeiro
O bardo romântico, um eterno sonhador
Ai de quem, gerando-os, nada lhes trouxer
Ai dos que tem o dom e não tem o afeto
Hão de ali perder-te o que a emoção quer
Aí, no silêncio do senso um rimar inquieto
Coração sofredor e da ventura sem saber
Então, redigi solidão no corpo do soneto!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/04/2020, 06’37” – Cerrado goiano
abajur
mesmo estando escuro
havia aquele abajur
mesmo sem poesia
havia o lusco fusco da lua
iluminando o teu olhar que luzia
na inspiração, com rima nua
poetando o que não dizia
a paixão... e onde era sua
a minha vontade, o meu amor
hoje, solitário pela rua
os meus versos sem sabor
vai... chora... calado
por onde for
e o abajur apagado...
aí que dor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/05/2020, Triângulo Mineiro
CHAMAMENTO (soneto II)
Este sentir puro, cuja o afeto derrama
Na poesia, no coração, em toda parte
Que a alegria com o celebrar reparte
E o meu peito apaixonado proclama
este sentir, cujo o olhar me inflama
que tem varia peculiaridade à parte
e no sentimento dourado baluarte
nos meus versos é belo panorama
e essa tal sorte, não é apenas acaso
é querer, sonho, que eu me abraso
nos teus abraços, e tua terna cama
és tudo do meu desejo, do querer
onde estava que não pude te ver?
Pois a muito meu amor por ti chama!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07/09/2020, 05’46” – Triângulo Mineiro
INDIGENTE POESIA
Quando o vazio se ocupa do nosso peito
E a solidão nos consome e nos invade
O pranto não tem um qualquer direito
De em seu nome nos dar uma saudade
Ingratidão, suplício da dor sem respeito
Que dorido dentro d’alma sem caridade
Adentra o sentimento de um tal jeito
Que não acalma e nós deixa na metade
Estes silêncios são dívidas da sofrência
Que na carência não tem uma alegria
E no desamor o sonho é só impotência
Então, quando o não o falto anuncia
E no sim o amor perdeu a cadência
Lágrimas causam indigente poesia...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25/10/2020, 06’53” – Triângulo Mineiro
FASCINAÇÃO...
Trovei, com quimeras, poesia inspiradora
Direto do coração, uma sensação tão pura
Manejando a inspiração, tão avassaladora
Do afeto aos pés da emoção, com candura
Uma sedução gemida e tão devastadora
E, poético, eu quis, num passe de doçura
Dar vida a ilusão numa poesia trovadora
Cantando meu sentimento com loucura:
- Cantei, cantei, loucamente, e dei duro
Em cada olhar, cada prova, cada querer
Cada ter, neste ansiar que eu procuro...
Porém, não se tem apenas no desejo
Sem saber a dor e a variação do ser
Pois, fascinação requer muito cortejo!...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12/02/2021, 12’55” – Triângulo Mineiro
BREVE ...
Vós que leste, um dia, minha poesia
com que eu nutria a gamada emoção
vós que sentia nos versos a melodia
do meu coração: amor e sensação!
Se foi, fugaz, assim, tal uma ilusão
versos em pranto, e a sede fugidia
do encanto a uma triste desilusão
para o suportar da gorada fantasia
Assim, vejo bem, que paralelamente
na troça, falou-se e ria muita gente
quando só queria um olhar risonho
Rude paixão que eu senti sonhando
longamente, agora eu vou vexando
pois, o engano é um breve sonho! ...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
15/04/2021, 13’30” – Araguari, MG
MINHAS SAUDADES
As minhas saudades! A todas elas fio
Na poesia, arrendadas da lembrança
Entre os dedos coando o sofrer vadio
Do falto, eis que me vou nesta dança:
- Não queria ver-me, assim, neste estio
De poética rimando o pesar em aliança
Hora por hora, em um sentimento frio
Sem quem me adore, sem esperança...
Pranto e choro! Ó solidão, triste prece
Um poetar no morto papel de fatuidade
Num aperto, que tudo inda estremece!
Ó inspiração, tu que sopras estas dores
nos poemas onde só queria suavidade?
Assim, só trama saudade dos idos amores!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Maio, 12, 2021, 20’46” – Araguari, MG
SAUDADE ANTIGA
Há qualquer coisa de saudade antiga
na poesia que suspira e chora agora
alguma coisa tal uma sensação amiga
na trova o brilho de sol posto, outrora
Há a razão de toda a agonia, que diga:
pesar que estrangula e vai noite afora
no sentimento, pensamento, ó urtiga
que pinica, intriga e não vai embora
É dor com alma, é dor humana, dor...
ó Senhor, preenche este verso incolor
com mais agrado e agrado possa ter
Ah! aflijo sem nome, ah! aflijo infrator
que o fado verse com cuidado e amor
prosa suave e, assim, sossego no viver!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Araguari, MG – 24/07/2021, 18’58”
POESIA ETERNA
Poesia és dona de mim, prosa me pertence
E, nesse poético cativeiro, deliro por inteiro
Cá nos versos sinto sussurrar tão verdadeiro
Que nada me cabe no pensar, ou algo pense
Cada trovar meu, o versejar me convence
Que cada canto no seu canto é passageiro
E que num piscar o devaneio é tão ligeiro
E o destino, uma ilusão na arena circense
Mas, então, se tem sensação, então tem aba
Do desejo, a velha afeição, emoção sentida
Que em uma poesia, o poeta, então se gaba
Sonhos, as lágrimas, a chegada e a partida
Ah! se existe no coração fusão, nada acaba!
Pois, o amor que eterniza a poesia da vida...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17 setembro, 2021, 15’18” – Araguari, MG
ROTA
Há tanto desejo, há tanta poesia lá fora
E de que serve, ah paixão, tanta riqueza
Se aqui ao meu lado não te possuo agora
E na solidão: distância, aflição e rudeza
Na lembrança a dura saudade do carinho
De grudar-me nos teus beijos molhados
Atar-me ao teu cheiro suave e mansinho
E juntos, em um só suspiro, enamorados
Os dias vão, e vai cada segundo embora
No alvoroço palpitam as emoções vazias
Tudo se arrasta, e a aurora tanto demora
Mas, de que presta essa sensação remota
A incitar o doce afeto com cruéis utopias
Quando o nosso amor está em outra rota
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27/09/2021, 19’27’ – Araguari, MG
TOMO
Tão longe me leva a poesia
Alevanta a alma e o desejo
Só emoção, donde me vejo
Inspirando agrado e alegria
Vezes me perco na porfia
Da ilusão, outras me rejo
E sempre afeto eu almejo
Criando na prosa fantasia
Vós, poesia, cá no cerrado
Meu alento, minha fiança
Do coração o meu assento
Se haveis, amor postulado
Dar-lhe-á para a confiança
Pra assim, eu ser sentimento...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03 outubro, 2021, 17’17” – Araguari, MG
EM SENDO ASSIM...
Em sendo assim, apenas a poesia, mais nada
recolho os apertos meus num silêncio sonoro
em cada verso, sussurro e o terno que imploro
tristuras, pesares e olhares na aflição deixada
A tortura, lágrimas, na imaginação foi apagada
minha alma está quieta e o meu canto inodoro
as rimas abafadas e pôr está poética eu choro
em sendo assim, valseiam numa página virada
A minha poesia que aplaudia sem suspensão
cada qual do teu mimo versado na inspiração
e agora sem emoção não mais versa pra mim
Mas, o sentimento, ainda importuna e balbucia
ao ouvir aquela antiga canção, pra ti. Contagia
a sensação. Ó dura saudade, em sendo assim!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 fevereiro, 2022, 15’06” – Araguari, MG
ENTRELINHAS
Se o ledor pudesse ler as entrelinhas da poesia
Minha, que cada surpresa do fado me reservou
Entenderia os suspiros, a dor e toda a antinomia
Dos versos agridoces, que no meu versar chorou
A desdita está em cada poética, tanta a agonia
Imbuídas naqueles perdidos sonhos que sonhou
Cada desejo, num gesto que não era de alegria
E sim, apertos no peito, que o causar idealizou
Poeto sentimento, o sentimento inteiramente
E nunca indiferente, e tão pouco eternamente
Devaneio, amo, idealizo, busco ir sempre além...
Porém, do calvário não se pode ficar sem nada
Cada qual com seu traçado e com a sua estrada
Tudo passa! E do destino aquele servo e refém!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04 agosto, 2022, 20’22’ – Araguari, MG
DURA PARTICULARIDADE
Sinto um suspiro forte que percorre
Por toda entranha da minha poesia
Quando nos versos vejo a analogia
De amor e dor, se fé qualquer acorre
Sinto cada poética quando morre
E rouba do espírito a farta alegria
Se nem da esperança tem tutoria
Se de abandono se tem um porre
Sinto não ter a inspiração valorosa
E sim, a severa, rude e tola escrita
Quando só quer ter prosa amorosa
Sinto aperto, uma sensação ermita
Cá no peito, duma solidão teimosa
Ah! dura particularidade, sem dita!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17 setembro, 2022, 12’10” – Araguari, MG
UM DIA VIRÁ
Um dia a poesia virá, tão poeticamente
Vibrante, luzidia, contente e fascinante
Ao ter um romance na prosa da gente
Ateando o coração, aquele de amante
Há de ser duma maneira tão diferente
Repente nos versos, inteiro no instante
Tendo na redação o tal afeto que sente
Sussurros, ao ledor, então, alucinante!
A poesia narrada com toda a emoção
Com cânticos de sensações a compor
Contendo rimas de prazer, tão assim!
E, nessa suave e tão afável inspiração
A flor do verso a saber o que é o amor
Na qual, a poesia, um dia, virá, enfim!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25 setembro, 2022, 17’16” – Araguari, MG
SEM CULPA
Na poesia se alivia o estado de pecador
Com os versos molhados em um pranto
De uma paixão, do ciúme, dum amargor
Completando a alma com prazer, tanto!
Tivesse a poética o afago, o dado amor
E tudo mais de um olhar, o seu encanto
Se fosse a prosa perfumada, com ardor
A sensação seria e não mais entretanto
No alívio no cântico, a arte e a fantasia
Que transborda em uma rítmica magia
De sentimento sem qualquer desculpa
Então, pulsa na poesia um lírico sonho
Imaginado... Com aquele valer risonho...
Doando ao poeta, calmaria sem culpa!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29 setembro, 2022, 11’46” – Araguari, MG
PROCURANDO
Eu procurei, no íntimo, aquela poesia
Devotada para ti, sôfrego, procurava
Queria encontrar cada sabor, tentava
Nos achar em um verso cheio de valia
Corri fantasias, sonhos, perguntando
A toda a inspiração que me inspirava
Indagava, onde foi parar, investigava
E, assim, aos poemas fui mendigando
E nada deparei, e nem me respondeu
Quase chorando, caminhando no breu
Da saudade, senti minha alma perdida
Então, nesta sensação que eu bem sei
O sentimento disperso não encontrei
Mas, uma nova poética achei na vida!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16 janeiro, 2023, 19’51” – Araguari, MG
A VELHA POESIA
Modificou o tempo meu, está distante
Mas a velha poesia teima na saudade
Guardou cada rima dante e o instante
Daquele tempo, de poética felicidade
E agora, a velha poesia, claudicante
Passada... poetisa tudo sem vaidade
O sentimento, nos versos, arquejante
De tanto que penou e tanta soledade
Acho a velha poesia, então, tão igual
Mesmo envelhecida todos estes anos
Não perde aquele suspiro n’alma, real
De sensação cheia, cheia de fantasia
Ela peleja, ela nubla, tem desenganos
Mas, glorifica o amor, a velha poesia!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18 fevereiro, 2023, 18’46” – Araguari, MG
ALÉM DA POESIA
Se outrora, no princípio, a prosa foi talvez
Num sentimento que pelas mãos escorria
E, a alma em poética e sonhadora nudez
A doce ilusão permanece além da poesia
Quando floresce, latejante, mais uma vez
Sinto que o amor existe com vária fantasia
E, dando carinho e sensação sem timidez
Cria-se os versos tão lotados de ousadia
Se do profundo ardor ergue-se o momento
Não pode ser fim em eterno esquecimento
Pois, o poetar tem movimento e sensação
E sinto, ó deidade, a farsa que então seria
Um verso sem cor, sabor, cheiro e cortesia
Estaria vazio de olhar, toque e de emoção...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12/03/2023, 10'50" – Araguari, MG
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