Poemas sobre Frio
'CHEGADA'
O inverno chega. Paisagens que não mudam: frio, tempestades, folhas mudas. Viagens por águas quebradiças. Abraços na rotina. E todos os dias, novos ímãs. A esperança no farol, uma nova loucura, tantas outras colinas.
E o verão infinito chega. Torna-se ardente, revigorando a vida no peito. Chegou tão pequenino abraçando-me com seu ávido olhar peregrino. Crescendo com os ditongos. Marca indissolúvel que torna-se forte com seus raios abrasivos e rudes.
Inverno e verão ficam homogêneos a cada chegada. E os pedaços ficam nas enseadas, falando dos raios inertes/refletidos. Cabelos brancos aportam misturas tênues. Inverno e verão não são fidos. E a vida, na sua jornada, não passa de metamorfoses, mutações, quase nada!
'NASCIMENTO'
Noite turva.
Frio na espinha.
À Pátria mãe clamava atalaias,
rondas.
Trabalho em círculo,
andar cansativo,
mas significante em épocas de chuvas...
Lembro-me o olhar de tubarão,
serras pontiagudas,
escorpião.
E as tantas palavras vãs.
Não eras soldado,
mas capitão,
metralhando hediondos adjetivos...
Ser eletrocutado no desprezível,
exímio de chorume,
fuligem nos olhos,
teve significâncias no tempo.
Acolhi o que dissestes para crescimento.
E cresci infindavelmente,
não sabes o bem que fizestes...
Sem asas,
mostrastes o infinito.
Sem forças,
nascera um gigante.
Houveram milhares de noites,
e inspirei-me apenas naquela...
Lembro quando verbalizavas 'desmerecimentos',
'fracassos'.
Não sabes o volume,
tampouco o tamanho da medida.
Mas me levantastes naquelas palavras bem arejadas,
tão bem colocadas...
Engraçado!
Teu nome de guerra era 'Nascimento'.
Mal sabias,
do renascimento a cada palavra mal adjetivada.
Eras grande no momento para que eu galgasse o meu mundo.
Obrigado pelo nascimento,
caro amigo 'Nascimento'...
Hoje,
vi tua imagem,
com mãos ainda em formato de 'descansar'.
Ainda há tempo no moinho.
A vida dá voltas,
e o tempo nos ensina maravilhas....
Indiferença.
Parece normal
Achar normal
Sentir calor no frio
Buscar o bem no mal
Estar em certos lugares,
Repletos de espaços vazios
As filosofias desta vida
Igualando demais
Aquilo que é desigual
Tempestades e estios
Na triste solidão de estrelas
Tão distantes e desertas.
Até o leito seco de um rio
Pode ser bem natural
durante alguns meses do ano
Mas é certo
Que mundos e gentes
Seguem ciclos diferentes
A graça da vida
Sempre subtraída
Atraindo pra junto de nós
Aquilo que nos faz
Irracionais
A seguir nos dividindo
Por corredeiras que se multiplicam
Sem criar raízes
Eu juro que pelo menos
Esperava um pouco mais
Que o nada ao quadrado
Mas essas simples frações reais
Jamais nos vem por inteiro
Aquelas coisas bonitas
Que a gente Infinitesimalmente crê
E, no fundo, acredita que não vem
Na angustiante efemeridade
desta vida que se vai
Naturalmente.
Edson Ricardo Paiva.
O Sol ainda brilha lá fora
Eu sinto que luz e calor
Não me pode alcançar
Corpo frio
Longe de tudo
Até mesmo da própria vida
Coração vazio
Nada mais prende mais atenção
Que a vontade de ir embora
Lá no fundo do quintal
O ruído, pouco mais que gemido
De uma alma chorando escondida
O desejo de orar me toma
Mas Deus não há
Há somente a vontade que implora
Com voz que ninguém pode ouvir
E agora?
Edson Ricardo Paiva
Todo mundo já viu terra
Todo mundo já viu grama
E sabe o que é frio ou calor
Todo mundo já viu o Sol
E sentiu medo do escuro
Todo mundo já quis saber
O que tinha atrás do muro
Todo mundo, às vezes erra
Todo mundo, um dia se escondeu
debaixo de alguma cama
Todo mundo já sentiu dor
Todo mundo assistiu futebol
Todo mundo um dia
Teve medo do futuro
E nem todo mundo
se esqueceu de tudo isso
Todo mundo conhece a Lua
Mas nem todos sabem
que lá não tem ar
E de tantos sonhos que tem
que nem lhe cabem
Parece até que vivem lá
Não existe nada no vazio
Além do frio
Que faz arrepiar
Até a alma
Toda vez que foge a calma
Na mais pura paz da madrugada
Não faz mal
Cada qual sabe a dor que lhe cega
No calar madrugada
E ela traz
Uma dor de cada vez
Escondida, bem guardada
Pesada e desembrulhada
Não precisa assinar
Nem nada
Se ela tem que entregar
Ela entrega.
Edson Ricardo Paiva.
O sonho...a dor
O sonho saiu
Numa noite de frio
A dor o seguiu, por amor
Companheira de jornada
Na chegada e na partida
Partiu por sonhar
Toda dor também sonha
E todo sonho tem lugar guardado
Para a dor parceira...e ela chega
Em cada coração que um sonho abriga.
Todo bom sonhador
Tem no peito o sonho...a dor
Cada qual do seu lado
O sonho é perfeito
A dor é dor
Não faz mal
Sonho bom foi feito para ser sonhado
E quando não der certo
O sonho sonhador e a dor, eterna amiga
Estarão sempre por perto
Sonhador que é sonhador...nem liga.
Edson Ricardo Paiva.
E fez-se a primeira noite
E desde a primeira noite, o frio
E fez-se o arrepio e nascem os sonhos
Em algum momento perdido, o calor
Inventando um novo invento
E veio o rio das horas
E veio a demora
Com o tempo que passa depressa a flutuar
E a folha que cai e que vai-se à toa
Ao arrepio da hora boa
E nasceu assim a lembrança
E o medo do fim
Como receio da noite vindoura
E da dor a lição
Assim fez-se a pressa, a que cessa num momento
Que é coisa a aprender-se depressa
A vida que escoa entre os vãos
Mãos vazias que acenam
O sempre olhar pra trás antes da curva
Até o dia de não nunca mais se ver esse olhar
Assim fez-se a madrugada, a alvorada
O outono que chega
A bruxa do tempo que ri só pra si
E assim fez-se a noite e a escuridão
Tão negra quanto o coração que era
Esperar no portão pelos passos que não mais escuto
E assim se fez a última noite
O longo tempo, que afinal
No final se fez tão curto.
Edson Ricardo Paiva.
O inverno vem
E o frio trouxe uma versão profunda
das coisas invisíveis que essa vida tem
Pois, quando a estrada foi florida
Cada qual tinha as mãos dadas
Numa ilusão acompanhada
O inverno vem
E frio traz uma versão vazia em nossas casas
Os velhos bancos de madeira
Há muito se tornaram cinzas
No calor da fogo há companhia
Verdadeira e quase que tão passageira
Quanto as mãos que seguraram velhas mãos
Não tem mais quadros na parede
Não há porque encher os cântaros
O inverno carregou também a sede
Ainda resta alguma coisa
E ela só presta pra queimar
Dentro em bem pouco
Quando anoitecer no quarto morno
Do forno triste desse inverno interminável
Que existe sim, pra todos nós
Dentro de cada um
Esperando apenas pelo escurecer.
Edson Ricardo Paiva.
Sentado ao frio, de madrugada
observava extasiado, o Céu noturno
visão celeste em versão celestial
inacreditável panorama Leste-Oeste
flutuando muito além
da linha imaginária
que limita meu quintal
o imaginário, de repente
transportou-me a um lugar
totalmente inesperado
talvez fosse a imaginação
sempre latente
um sonho, uma esperança
ou pesadelo
ou quem sabe
apenas desprendimento
que me torna não fixo
a lugares ou momentos
contemplei os poderes da Lua
que molhava as mãos nos mares
distante de olhares mais atentos
e a dança ilusionista das estrelas
o tempo, deus atrapalhado
que não sabe e nem consegue
passar sem causar atropelos
sem precisar de ajuda, tudo muda
desde a vida da gente
até a cor dos meus cabelos
o vento que sopra suave
se alia ao seu amigo tempo
e juntos, montanhas esculpem
o limite de linguagem
não permite explicar a imagem
se eu fracassar, me desculpem
de repente
eles percebem que eu olhava
e o tempo fecha a cortina
então a Luz do Sol meus olhos lava
a noite assim termina
quando muda a paisagem celeste
tudo isso acontecendo
e você, com quem queria dividir
tudo isto
dormindo
sem lembrar
que
eu
existo
Hoje
Meu coração amanheceu
Tão frio quanto este dia
E não sei
Quanto tempo eu vou viver
Sem saber se novamente
Haverá nele calor
Eu pensava que o amor
A gente levasse com a gente
Não percebi que ele morria
Pois nele eu vivia absorto
Não via que estava morto
E vivia em mim somente
Nem sei se existiu de fato
Ou foi coisa da minha mente
Amor, algo assim, abstrato
Verdadeira mentira
Pura ilusão
Concreta agora
É somente a ira
Que me congela o coração.
Amor solitário
Eu abracei o meu amor e mesmo assim ela sentiu frio;
Eu a beijei e mesmo assim o olhar dela não brilhou;
Eu a amei mais uma vez com intensidade e mesmo assim ela não mudou;
Logo! O que me restou, foi ir embora sem olhar para trás.
Situações
Sinto frio na barriga, afinidade;
Dou muitas risadas, intimidade;
Reconheço as causas e me perco nos efeitos, engraçado;
Me trata bem, me faz um bem é a minha reabilitação, diária;
Tudo muda, tudo acontece, a minha vida é mais leve, me sinto dentro de uma camada protetora quando estou ao teu lado, obrigado por você resistir e existir na minha vida, te amo!
Eu já procurei um amor-perfeito encontrei um vazio frio no peito.
Já imaginei uma felicidade percebi que e raridade
Querê e um pensamento. Vago no tempo envolve tristeza esperança sentimento envolve-te por pouco ou muito tempo até cai no esquecimento
mais se o amor e a cura eu ainda estou a procura.
Mas Tomé, ausente, não viu,
e na dúvida se rendeu ao frio.
“Só crerei se eu tocar”, ele diz,
e o Amor responde com graça e não por um triz.
Jesus volta, só por ele,
“Vem, toca-Me, e crê, filho tão querido.”
Tomé cai de joelhos, quebrado e inteiro:
“Meu Senhor e meu Deus verdadeiro!”
Inverno mais frio para mim
O sol não está brilhando mais
A única coisa que eu sinto é dor
Causada pela sua ausência
O suspense está controlando minha mente
Eu não consigo encontrar o caminho para sair daqui
Eu quero você do meu lado
Para eu nunca me sentir sozinho de novo
Assim como não existe a escuridão, sim a ausência de luz.
Assim como não existe o frio, sim a ausência de calor.
Pode ser que não exista a tristeza, sim a ausência de alegria. Portanto, acenda a luz, se aqueça e se alegre.
Mesmo que a noite esteja longa,
E o frio toque a alma em silêncio,
Ainda há uma canção guardada
No lugar onde habita o
Espírito Santo.
Leve na sua memória aquilo que lhe dá esperança
O que passou já era
Resista ao frio
Refresque no calor
Viva com prazer de viver
Viva com amor
Pois como diz Bob Marley
O Coração humano pode destruir o sentimento de uma flor, mas jamais vai destruir a beleza de uma primavera.
Rai Mota
