Poemas Reflexivos
A vida é fictícia, as palavras perdem a realidade. E no entanto esta vida fictícia é a única que podemos suportar. Estamos aqui como peixes num aquário. E sentindo que há outra vida ao nosso lado, vamos até à cova sem dar por ela. Estamos aqui a matar o tempo.
Sê alegre apenas depois de dares a volta à vida toda. E regressares então a uma flor, ao sol num muro, a um verme no chão. A profunda alegria não é a do começo mas a do fim.
Muito pouco se padece na vida, em comparação do que se goza; aliás, não sendo assim, como se viveria?
Agimos como se o conforto e o luxo fossem os requerimentos principais da vida, quando tudo o que precisamos para nos fazer felizes é algo pelo que ser entusiástico.
A vida é amarga e doce. Por isso não há outra forma de descrevê-la senão captando esses dois sabores.
Nós só vivemos contradições e para as contradições; a vida é tragédia e luta perpétua sem vitória e sem esperança de vitória; ela é contradição.
À medida que a vida e os anos nos maltratam, aprendemos finalmente a conhecer-nos. Mas, nessa altura, já não vale geralmente a pena estabelecer relações.
Essa outra vida que é esta vida desde que nos preocupemos com a nossa alma (...).
A vida é um movimento de assimilação progredindo sem cessar. No seu caminho suprime todos os obstáculos, assimilando-os. A sua essência é a criação contínua de desejos e de ideais.
A vida humana é uma intriga perene, e os homens são recíproca e simultaneamente intrigados e intrigantes.
A fortuna aumenta a vida, na medida em que aumenta a possibilidade, que é a própria vida sentida. A vida é a conservação do possível.
O que me interessa, é a vida dos homens que falharam visto significar isso que tentaram ir para além das suas possibilidades.
O amor e o seu reverso, o ódio, constituem o verdadeiro estudo da vida, porque só eles tiram as consequências dos outros indivíduos.
Esta vida humana, tão breve para as mais frívolas experiências, é para as amizades uma prova difícil e demorada.
