Poemas Nordestinos
A esperança do sertão
As vezes me lembro da última chuva
A maninha ainda tava na barriga da mamãe
Conseguia ver o sorriso de painho em seu rosto
Agradecíamos a Deus por cada gota de água que nos abençoava
Ainda tínhamos esperança
Gostava dessa época
Acordávamos bem antes do galo cantar
Miguel sempre resmungava das longas caminhadas até o poço
Ajudávamos papai até nossas mãos se enxerem de calos
Eu nem ligava, o importante era que nós estávamos juntos
Ainda tínhamos esperança
Depois que partimos de lá
Não se falava mais com vovô
Tentava chamá-lo, mas ele não respondia
Mamãe rezava mais uma Ave Maria, com os olhos cheios de saudade
Ainda tínhamos esperança?
Muito tempo se passou e a chuva no sertão não volta atrás
Olhando para baixo, vejo os registros das pessoas que já passaram por aqui
Olhando para frente, vejo a seca assombrar cada pedaço de vida desse nosso interior
Olhando para o lado, vejo a face de todos se apagando lentamente
Não temos mais esperança
Fim de tarde no sertão
O sol se põe em brasa lenta,
tingindo a terra de alaranjado,
o céu se veste de paz cinzenta,
e o sertão descansa, calado.
A seca faz poeira no vento,
levanta murmúrios de histórias passadas;
na aridez, o verde é um lamento,
mas a vida insiste, entre rachadas.
O gado marcha, já tão cansado,
as sombras crescem sobre o chão,
no horizonte, um vulto alado,
um pássaro, em lenta procissão.
A natureza respira profundo,
cada som, um som de oração,
na quietude, se encontra o mundo,
e a beleza bruta do sertão.
É um quadro de fogo e saudade,
um instante que o tempo retém,
o fim de tarde traz a verdade
de uma paz que o sertão contém.
Ontem de noite se ouviu
O estrondo do trovão
Anunciando ao sertão
Que o céu todo se abriu
Bastante chuva caiu
Adentrando a madrugada
E ao sinal da trovoada
O sertanejo agradece
O CARIRI AMANHECE
PISANDO EM TERRA MOLHADA
Soneto ÁGUA NO SERTÃO
Quem foi que disse que não existe
Abundância d'água aqui no sertão
A seca braba aqui até que persiste
Com este sol arretado de quentão
Mas a água com toda força resiste
E se espalhando nesta imensidão
De céu azul e de gente que insiste
Luta, labuta e ama ver esse verdão
Que é verdade dura só alguns dias
Mas é sinal que há água no Sertão
De chuvas que ainda que erradias
Caíram no sertão formando bacias
Aguando a terra que alivia apertão
Trazendo esperança e vidas sadias
Num reino distante, bem lá no sertão,
Viviam duas irmãs de grande ambição,
A tal Demagogia, esperta e astuta,
E a Burocracia, com sua face oculta.
Viviam brigando, em pura vaidade,
Pra ver quem enganava mais a comunidade.
Uma com promessas, cheia de emoção,
Outra com papéis e muita enrolação.
A Demagogia se fez a primeira:
"Eu sou a rainha da fala certeira!
Prometo o futuro com brilho no olhar,
Faço o povo sonhar, sem nem precisar dar.
Minha arte é o verbo, que engana e embala,
Conquisto corações com minha fala.
Dou risada e abraço, me faço tão boa,
Mas por trás dos panos, minha trama ressoa."
A Burocracia não ficou calada:
"Tu iludes o povo, mas eu tenho a estrada!
Papéis, carimbos, e filas sem fim,
Confundo as mentes e mantenho assim.
Quem tenta comigo jamais vai vencer,
Regras e normas pra tudo envolver.
Meu poder é eterno, bem mais do que o teu,
Pois quem cai nos meus laços nunca se perdeu!"
O embate acirrado logo começou,
E o pobre do povo no meio ficou.
Demagogia vendia um mundo encantado,
Enquanto a outra fazia o futuro atrasado.
Uma dizia: "Eu prometo progresso!"
Outra gritava: "Tudo é só processo!"
O povo cansado, com tristeza no olhar,
Perguntava quem poderia os salvar.
E assim, as irmãs seguiram brigando,
Cada qual ao seu modo, o povo enganando.
Mas a lição que fica, no cordel contado,
É que o valor do trabalho não está no falado.
Cuidado com promessas ou com o excesso de normas,
O que faz diferença são ações que transformam.
Que o povo se una, buscando a verdade,
Pra fugir dessas irmãs que só trazem maldade.
NORDESTE!
Terra de céu brilhante
que o mar vagueia ao redor
sertão que segue aflorante
está cada dia melhor
se no Brasil tem gigante
o Nordeste é muito maior.
SERTÃO.
Shopping aqui não tem
não tem rua asfaltada
nunca vi metrô e trem
e nem casa conjugada
aqui nosso maior bem
é orar e dizer amém
pela terra abençoada.
TERRA.
Simplicidade não é pobreza
assim se vive no sertão
quem cultiva a natureza
na mesa garante o pão
e o trabalho é a riqueza
que engradece o cidadão.
Sertão de saudade
Ao ver o sol se desbotando, se escondendo do brilho da colina, a lua do alto das montanhas, lá de cima da serra branca, os pássaros escondem. O som que se ouve, é do vento assobiando as veredas da serra ,
O bule cheio de café e a varanda cheia de matuto, contando causos de assombro e mentiras engraçadas , ai que saudades do calor dos amigos e das conversas animadas, os mais velhinhos já dormem,
Por que às 4 da manhã ao romper os raios da aurora, e de novo no meu quarto ouço a batida do café no pilão e minha avó fazendo o quarentão com charque temperado, oh! que tem saudades da simplicidade das rotinas do meu sertão.
Sou do sertão minha gente
me orgulho desse lugar
em cada palmo pra frente
sinto o prazer em plantar
e nessa terra carente
o valor de cada semente
é Deus quem vem semear.
No calor do dia o ar pesado e seco...
O sertão parece pegar fogo...
Imagens ao fundo da ar de água...
O calor sufoca as nuvens dão um contraste bem ao longe...
O vento soprar um sotaque...
Alma brasileira é guerreira...
Num discurso ao longe margarida se despede do tempo que escolhi uma gota de orvalho...
CANTOS DE AMORES - RECANTO - 01/2024
Não chora amor pro sertão vou voltar
Que a tarde é bela tão serena rosada,
A terra adormece sigo na madrugada
Levo minha viola com saudades dela,
Em terra do sertão está meu coração
Sua dança o perfume e seu corpinho
Os ventos trazem os seus cheirinhos
Solidão minha rede só pensando nela.
Que em cada verso de minha melodia
E eternamente são cantos de amores,
E perfumados com aromas das flores
Meus sonhos em devoção lhe amarei,
Lindo luar anda beijando nosso ninho
Nos fios de amor minha vida é tecida,
Seu olhar é esperança em minha vida
Na magia dos sonhos pra ela cantarei.
Depois de um dia quente, quente que racha o chão,
Finalmente a noite mais escura do sertão chega e chega cedo
É a hora em que os nordestinos se acomodam em casa e suas esposas trazem o terço nas mãos e a fé no coração
À noite se deitam para descansar do trabalho no sol que assim que amanhece antes do galo cantar ali os sertanejos estão preparando o chão que é plantado e onde colhem o fruto da terra, seu próprio pão
Uma vida simples de mãos calejadas do cabo da enxada traz na beleza da esposa o sorriso alegre cheio de esperança e fé
Saber que cada oração valeu a pena porque ela chegou ao céu
E quem precisa tanto se até com o necessário o sorriso encanta
Afinal a felicidade não está nas coisas que sobram aos montes que ficam quando se vai
A felicidade está em cada coração que consegue sorrir e ser feliz em meio à simplicidade da vida só de respirar no abraço do pai e da mãe do filho que Deus abençoe todo o povo Nordestino, amém...
Numa vida tão simples e modesta
Fui vaqueiro nas terras do sertão,
Amansei burro brabo e alazão
Vez por outra de noite ia pra festa.
Gastava uns trocados na seresta,
No meu tempo não tinha a tal de senha,
Facebook fazia na resenha
De um jeito que a gente inventava,
Madrugada o leite nois tirava,
Hoje em dia se tira na ordenha.
Não nasci no sertão , mas tenho certeza que de lá eu vim de outrora .
Não nasci no sertão , mas me sinto filho da terra .
Não nasci no sertão mas amo sentir o sol o ar que entrelaça meus pulmões que só o sertão tem .
Não nasci no sertão mas amo o cheiro que as chamas trazem diante do braseiro.
Lugar onde encontro a paz e o sossego que minha alma precisa .
Júlia Botelho — Guerreira de Luz
No seio agreste do sertão amado,
Lá no Córrego da Fumaça ardente,
Nasceu com graça e brilho encantado
A flor mais pura, estrela reluzente.
Júlia Botelho, nome tão sagrado,
De alma nobre, firme e persistente,
Veio ao mundo com luz e valentia,
Feita de força, amor e poesia.
Filha do vento e das águas serenas,
Cresceu no campo em dança com o céu,
Na alma traz mil cores, mil antenas,
E ao sofrimento nunca se rendeu.
Déia de luz, que às trevas sempre acenas
Com doce voz, de timbres como o véu
Que a brisa deixa em tardes de verão,
Tem no olhar a paz de um coração.
Mulher de fogo, de ternura imensa,
Com mãos que curam, alma que conduz,
Semeia afeto, colhe recompensa,
Torna em abrigo o pranto que traduz.
Jamais se curva à dor que a vida pensa,
Porque reluz mais forte que a luz.
Do Mucuri, é chama, é centelha,
Veste coragem e nunca se espelha.
No Bela Vista, espalha esperança,
Levanta os caídos, ergue o oprimido,
É verso vivo, amor que nunca cansa,
É guia firme ao povo entristecido.
Na lida dura, em tudo lança
O dom da fé, do bem comprometido.
Júlia Botelho, mulher soberana,
Guerreira forte, estrela soberana!
Mas seu legado vai além da história,
De seu ventre surgiu nova canção:
Célia, a meiga flor da memória,
Jeferson, verbo em revolução,
Gilson, o pulso firme da vitória,
Gez, o farol de doce compaixão,
Gilcélio, luz que o tempo não consome —
Cinco pilares vivos do seu nome.
Oh, musa viva dos tempos modernos,
Rainha anônima do nosso rincão,
Teus feitos brilham como sóis eternos,
Teu nome é hino dentro do sertão.
Na eternidade, os campos mais fraternos
Ecoarão com tua inspiração.
És monumento à luz que nos irradia:
Júlia Botelho, amor e valentia!
Barra do Corda, Joia do Sertão
Barra do Corda, terra de encantos mil,
Entre rios que dançam sob o céu anil.
Corda e Mearim, em sagrado enlace,
Guardam tua história, que o tempo não desfaz.
Berço ancestral, de tribos primeiras,
Ecoam teus mistérios pelas ribanceiras.
Antes mesmo de seres fundada,
Já eras sagrada, já eras amada.
Manoel de Melo, em teu seio chegou,
E diante de ti, seu coração se encantou.
Viu nos teus rios um espelho do céu,
Na tua paisagem, um poema fiel.
Colinas te abraçam, chapadões te guardam,
Teus caminhos vermelhos memórias resguardam.
Tua cultura é viva, tua alma é forte,
Barra do Corda, és do Maranhão o norte!
Hoje, ao soprar teus cento e noventa janeiros,
Celebro contigo, entre cantos e festeiros.
És sertaneja, és centro, és raiz,
Terra que pulsa, terra feliz.
Que os teus dias sigam em paz e progresso,
Com teu povo altivo, firme e promesso.
Barra do Corda, orgulho e paixão,
Eterna estrela do meu coração!
Título: Amor que Vem do Sertão
(Verso 1)
Nasci no meio da terra e do sol,
Onde o vento canta junto com o arrebol.
Foi ali que encontrei teu olhar,
Um farol que me guiou pra sonhar.
(Pré-Refrão)
E quando o luar beijou o chão,
Eu senti no peito essa paixão.
Você chegou tão devagar,
Feito chuva no sertão pra acalmar.
(Refrão)
Meu amor, eu sou raiz desse chão,
E você é flor no meu coração.
Teu sorriso é o meu nascer do dia,
Teu abraço é o que me dá alegria.
Amor que vem do sertão,
Feito poeira e oração.
(Verso 2)
Tua voz é melodia do cantar,
Um acalanto pra minha alma descansar.
Cada toque teu, meu bem, é um trovão,
Que desperta e faz vibrar meu coração.
(Pré-Refrão)
E quando o cheiro da terra molhada vem,
Eu lembro do nosso amor também.
Forte, simples e verdadeiro,
Como o rio correndo em janeiro.
(Refrão)
Meu amor, eu sou raiz desse chão,
E você é flor no meu coração.
Teu sorriso é o meu nascer do dia,
Teu abraço é o que me dá alegria.
Amor que vem do sertão,
Feito poeira e oração.
(Ponte)
Se o destino tentar nos separar,
Vou lutar contra o tempo e o lugar.
Porque nada pode apagar,
O amor que a vida veio plantar.
(Refrão Final)
Meu amor, eu sou raiz desse chão,
E você é flor no meu coração.
Teu sorriso é o meu nascer do dia,
Teu abraço é o que me dá alegria.
Amor que vem do sertão,
Feito poeira e oração.
(Encerramento)
Amor que vem do sertão,
Eterna bênção da criação.
"Ô, mulher tão linda
Lá do meu sertão
Que me avistava
Lá sempre do seu portão
Com aquele sorriso
Lindo e encantador
Que pouco a pouco
Me conquistou."
Lá no sertão, quase ninguém tem estudo
Um ou outro que lá aprendeu ler
Mas tem homem capaz de fazer tudo, doutor
E antecipa o que vai acontecer
