Poemas e Poesias
Busquei a felicidade
No teu amor
Mas, ele acabou.
Achei que fosse para sempre
E foi num piscar de olhos
Que tudo se apagou.
Mais uma vez...
Amar é igual a
compartilhar a vida;
simplesmente
compartilhar e
vivê-la.
Márcia A. Prazeres
QUEM ME OLHA HOJE
Quem me olha hoje não vê o que Namarroi fez.
Namarroi é um espelho partido. Mas calma aí, estrangeiro — aqui também há progresso. Entendeu?
Uma antena nova;
Mais uma estrada bem cavada;
Uma estação de rádio sem emissão;
Duas selfies ao lado do tribunal;
E um lindo discurso de quem nunca cozinhou numa panela de barro.
E daí?
Daí tive mais ensinamentos: ensinaram-me a ter orgulho da terra.
Só faltou uma coisa — não me avisaram que o orgulho também dói,
e que até o silêncio protesta.
Mas não, meus amigos,
Namarroi não nos deve nada.
Mas devia-se a si mesma.
Teus olhos
Observando a ausência
Do amor,
A lágrima
Que passeia teu rosto,
Cada detalhe da dor
Em uma pintura triste.
Pássaros
Meus pensamentos
são como pássaros sem dono:
voam sem direção,
pousam sem avisar.
quando se aninham na minha cabeça,
ficam ciscando,
caçando caraminholas...
depois desaparecem
como nuvens
deixando apenas
poesias.
A florada de outono.
Ah! Aquela flor, dentre todas foi a mais especial, com um aroma sem igual.
Quando não vejo ela dentre todas as outras, sinto um diferencial, diferencial que eu chamaria de algo sem igual, como uma coisa que me deixa passando mal, que, ao mesmo tempo faz-me sentir um líquido lacrimal.
Lembro-me de seu rosto perto do meu, de seus braços me aquecendo como uma mãe acaricia sua vida. Quando ela se foi, senti-me num breu e ao momento que fui percebendo dei-me conta que nada passou de uma lembrança atrevida.
Se fosse para eu descrever ela, diria que seria uma margarida, como daquelas que não vemos em qualquer lugar, afinal, ela carrega aquele aroma sem igual, lembrando-me sempre que quando não a vejo, dói me a ferida.
Neste momento, estou a lembrar-me deste grande amor, que por não tê-la dito o que eu sentia, deixei a ir. Quando me lembro do que deixei acontecer, só consigo sentir dor, porque afinal de contas, não é todo dia que perdemos uma flor que estava por florescer, essa flor só pode receber um nome, Amor.
É necessário em alguns instantes da vida
Parar e descansar
Para depois continuar.
O cansaço é a exaustão
Que abala tudo,
Ficamos sem condições de prosseguir
E se nao tiver descanso nessa intensa jornada,
Não suportarmos.
Prometemos eternidade com lábios feitos de vento.
Corpos que se desfazem no tempo sonham com o sempre,
como se a areia pudesse segurar o mar.
Mas é na brevidade que mora a liberdade.
Quando aceitamos a morte como vizinha,
a vida deixa de ser prisão e vira dança.
Ser é ser por instantes —
e isso não é pouco, é tudo.
Pois quem abraça o efêmero
conhece a eternidade que cabe num agora.
Teus olhos, meu abrigo
Teus olhos são meu mundo, meu sossego,
me perco neles sem querer voltar.
É só olhar e já me desintegro,
num fogo manso, só pra te amar.
Têm cor de café forte, madrugada,
quentinhos como abraço em dia frio.
Me olham e eu esqueço da estrada,
só quero o teu olhar como meu guia.
Tu nem precisa dizer uma palavra,
teu jeito de me ver já me desfaz.
Acende em mim a chama mais suave.
Se eu pudesse, amor, sem mais demora,
vivia em teu olhar, ficava em paz...
Perdido ali, pra sempre, sem ter hora.
A inspiração
No coração
É tudo que tenho de você
Teu beijo, teu abraço,
Teu amor
Tudo é poesia ao seu redor.
A ORQUESTRA DO INÚTIL
Às vezes, tento querer escrever o que esta sociedade pretende dizer, mas logo descobro que ela mesma já se perdeu na vontade de enunciar-se. Não há verbo que a represente, nem sujeito que se assuma. Há, sim, um murmúrio colectivo, um desejo de parecer pensamento. E escrever o que a sociedade quer dizer é como tentar traduzir o silêncio de um homem que aplaude porque os outros já o fazem. É tentar dar nome ao abismo quando o abismo, educadamente, nos pede um autógrafo. E depois só contamos. Contamos quantas horas restam até o próximo.
Há quem, por ofício ou desvario, destile notas como se o tempo coubesse inteiro numa só melodia. E fá-lo com tamanha urgência que o silêncio. E depois morre afogado na enxurrada de compassos. E assim, entre a batida e o aplauso comprado, ergue-se o trono de um Rei, não por virtude mas por volume, não por arte mas por frequência.
É nobre, sim, o timbre. E há talento disso ninguém duvida, mas até o ouro, quando em demasia, perde o espanto e vira moeda. E a sociedade de ouvidos embotados, aplaude por reflexo. Confunde constância com génio, e quantidade com legado. Ora, família, o excesso também é uma forma de desperdício.
Uma tendência ao fracasso
Pensamento escasso
Sem expectativas
Nas muitas tentativas,
A realidade que faz doer
E o corpo se corroer
Por não atingir o objetivo.
TRAIÇÕES JUSTIFICADAS
Não dá para entender teu novo jeito
de demonstrar-me amor. Ele não tem
qualquer sentido dentro do conceito
do que é, a meu ver, amar alguém.
Quando contigo em nossa cama deito,
sempre espero o carinho que não vem,
e em conjunção carnal fico sujeito
ao básico, privado de ir além...
Sinto-me insatisfeito, mas me aguento,
fingindo crer ainda em teu amor,
e apesar desse teu comportamento
frígido, poucas vezes te traí
para buscar em outras o fervor
que não me deixas mais achar em ti.
MELHOR SE EU CHORASSE
Acompanhei-lhe todo o sofrimento.
Vi-a morrer tranqüila, como santa
Que entrega a Deus a alma, no momento
Em que a força da vida se quebranta.
Tentei chorar. Foi vão o meu intento...
Muito embora a vontade fosse tanta,
O choro não me veio, e um nó cruento
De dor ficou-me preso na garganta.
E se manteve assim por várias horas,
Até que, bem baixinho, ao meu ouvido,
Alguém me perguntou: - Por que não choras?
- Ah! Bem melhor seria se eu chorasse,
Pois dói bem mais o pranto reprimido
Do que o que jorra, em lágrimas, na face.
MEU PAI
A despeito da física fraqueza,
Era meu pai um sábio, de alma mansa,
Sempre pronto a levar luz e esperança
A quem visse entre as sombras da incerteza.
Nunca foi homem de juntar riqueza.
Mas, onde agora está, em paz descansa
Por haver nos deixado, como herança,
Seus exemplos de honra e de pureza.
Se ele viveu num mundo corrompido
Por vícios, desamor e falsidade,
Seus atos de virtude foram tantos,
Que Deus o recebeu, já decidido
A deixá-lo passar a eternidade
Ensinando bondade e amor aos santos.
“Amar é virtude dos fortes.
Só os que carregam a alma firme sabem permanecer mesmo quando não são vistos, nem valorizados.
E por isso eu amei sem jamais ser amado.
Cuidei de corações que jamais cuidaram do meu.
Fiz morada onde fui apenas passagem.
Fui ternura, mesmo quando só recebi dureza.
Fui leal, mesmo quando me ofereceram mentiras e traições.
Sabe por quê?
Porque o verdadeiro amor não depende do retorno — ele nasce da grandeza de quem sente.
E só os fortes sabem amar, mesmo quando isso significa sangrar em silêncio.”
— Maycon Oliveira – O Escritor Invisível
Esse poema foi escrito por Maycon Oliveira – O Escritor Invisível, autor do perfil ‘O_Escritor_Invisivel’ no site Pensador.
"Fui ficando em pedaços…"
por Maycon Oliveira – O Escritor Invisível
Fui ficando em pedaços,
mas ninguém notou.
Sorri pra não assustar,
mas por dentro… já era só dor.
Falei que estava tudo bem
mil vezes,
e em todas,
esperei que alguém ouvisse o silêncio
por trás da mentira.
Ofereci o melhor de mim
a quem mal sabia lidar
com o pior de si.
Fui abrigo pra gente
que nunca me deu teto.
Colhi espinhos
de flores que reguei com fé.
Chorei noites inteiras
por amores
que dormiram em paz sem mim.
E mesmo assim,
eu continuei…
remendando meu coração com esperança,
na esperança tola
de que amar valesse a pena.
Esse poema foi escrito por Maycon Oliveira – O Escritor Invisível, autor do perfil ‘O_Escritor_Invisivel’ no site Pensador.
