Poemas de Vida Soneto

Cerca de 355 poemas de Vida Soneto

MURMÚRIO

Ao fim da minha vida, quem sabe
Quando frio estiver e profundo...
Sob a terra bendita deste mundo
Todo o calor do meu corpo acabe!

Vivem a vaguear as almas, em segredo
Sussurram-me as frases belas e frias
No ar gélido das tuas vozes, nos dias
Em que o meu sentimento é o medo!

Vagando ao igual penar nas tuas eras,
Sinto-me um ser dormente à espera
Das noites santificadas em um além...

Quem sabe quando chegar o meu fim,
Quando as rosas caírem sobre mim,
Aos ouvidos eu possa esquentar alguém!

Inserida por acessorialpoeta

ÚLTIMO PRANTO

Acaso torto! Hás d’eu, portanto, cumprir
Por esta vida de prantos e de amor:
Existência qual foi traçado o meu porvir,
E glória, qual me foi vista ao esplendor...

O firmamento, que me figura em exaurir
A maldição, o engano sedutor
Que me avaria, em promessas, induzir
A alma em displicência ao meu fulgor...

O qual me invoca em ilusão ao pecado,
Que sem razão, me complexa ao mundo,
Que sem esperança me intui elevado...

E consumado eu me vejo ao sol disposto,
A vencer todo chão de ardor profundo,
Que de triunfos, eu me vejo sorrir o rosto...

Inserida por acessorialpoeta

ORIGEM-SANTA

Sol altivo e quente. Bondade invulgar,
Imensidão de promessas, vida-além:
O anjo da luz, no primeiro luminar,
Em que habita ao mundo... — O harém!

Esperança e conforto. O amor e o luar:
Idólatras que dispersam o mal, o vivem
Aos jardins de sorriso, o despertar
Dos sepulcros dos sonhos... Amém!

...Que desejos fossem de astro-claridade,
Do mar azul a pureza e a verdade,
Ao sol o dispersar da ilusão e do medo!

Sangue e paixão: amplitude e afeto,
Que ensinaste ao coração o homem-reto;
O fulgor da eternidade... — O segredo!

Inserida por acessorialpoeta

INSANIDADE

Por que de vida estranha pôde o amor?
Que sentimento corrompe e engana
Em gume desejado, sem que o fosse dor
Numa vida ardente e de alma insana?

Por que de vida alheia a paixão profana?
Quais eloquentes vozes de condor
Ao brado de anseios duma alma humana
Pôde o coração sem que a fosse ardor?

Antes inspirados em desejos poucos
Os meus lábios ávidos e inconsequentes,
Que fosse a sofrer eu em sonhos loucos...

Móvel no qual me ponho a dormir
Sentindo os castigos das cobiças quentes,
E que nada de insano fosse a eu devir!

Inserida por acessorialpoeta

Lembranças de amizades curiosas
É neste humilde verso que as resgato;
É como a fonte que dá vida às rosas
Adormecidas pelo tempo ingrato.

Situações inocentes, carinhosas,
Da nossa infância no momento exato.
Imagens da lagoa, bichos, prosas...
Na memória, belíssimo retrato.

Relembro cada lance motivado
Pela saudade, no contexto puro
Da emoção e constante aprendizado.

Dez anos passam em segundos, juro.
Nossas cartas escritas no passado,
Nossas vidas, distantes no futuro.

Inserida por brunodecastrolima

TESTEMUNHO

Vida! Caminho deserto onde ando;
Agreste de sentimento amargo...
Vales e ondas, inútil, vai vagando,
Aos pés de mim o amor que trago!

Existência! Não sei eu até quando...
Advirá em águas o grande lago;
Baldadas lágrimas, rio dum afago;
Estrada infinita que vou rogando...

Balbucio demência, já a tanta dor...
Voz oculta em meio à sombra fria,
Já não me vale o temor dum grito.

Brado que não mais ouve o amor
Sob as rochas quietas à luz do dia,
Dentre à luz do sol, que já é mito!

Inserida por acessorialpoeta

LAÇOS

Tantos sentimentos me perseguem...
E nesta vida em que eu vou passando
Céus inteiros me clareiam, quando
Todos os de bom amor me seguem...

Com a voz do infinito eu vou cantando
As melodias dos que não temem,
Dos que, nos louvores, prevalecem
Nos maus das noites dispersando...

Eu anseio qual se afia prudentemente,
O que não se firma em mau intento,
Que não se deixa amar secretamente.

Pois que os sentimentos nesse mundo,
Não inquire tudo o que se vai vendo...
Mas anseia o coração, que é profundo!

Inserida por acessorialpoeta

AFETO

O tenho porque a vida me deu, portanto,
Para mantê-lo altivo e forte
Sem que o tenha de repente à morte,
O complemento de essência um espanto!

Sempre o mantendo de perfume infanto!
Sempre o ouvindo de inteira sorte!
Que morrer não fosse nunca a norte
Cantando... e sorrindo... chorando e tanto.

Ao sol alto e de infinito o ando viver...
De sorrisos largos, complexo, equivalente;
Que o tenho a propósito de encontrar...

Que no mesmo recesso e ao mesmo querer
O sobressalto, portanto, a toda gente,
Que o amor nos seja a vida, o som, o ar...

Inserida por acessorialpoeta

SUBSTÂNCIA FLUIDA

Eu só queria ser o que nunca fui;
Vida, som, ar... não sei o quê.
Queria ser a tua fragrância que dilui...
E, nos ares do amor, amar você!

Eu só queria ser o que inteiro flui...
Na alma, brotar o que não vê.
Queria ser o teu amor que não deflui
E dentro de mim, o teu por quê!

Queria ser a tua substância fluida,
Jazer em tua alma numa outra vida
E ser inteiramente o teu querer...

Mas se me ponho em outras esferas,
Neste presente que são as tuas eras
Cairia no abandono o meu ser...

Inserida por acessorialpoeta

PAGÃO

A vida segue-me andando
Sem que o destino possa-me compor...
Qual sol? Qual luar? Ando
Sem saber onde encontrar o amor...

Qual chorar? Qual mágoa? Pecando
As sombras desse caminho... Nem dor
A mimh’alma desdenhando
Possa-me servir qualquer vigor...

Lágrimas encontram-me à cadência...
Qual sofrer? S’em nada pensa
A esse falsando que ninguém viu...

A essa vida, eu respondo:
Vai andando... e cantando... compondo
A encontrar quem lhe sorriu!...

Inserida por acessorialpoeta

O MEU ÓDIO

A minha vida é d’uma saudade imensa...
Daquele que em mim pouco sente,
Num profundo notar, de toda a gente,
Daquele que vagueia e nada pensa...

Ando a desventura do que me intensa...
Ao meu falsado, sem que a frente
Eu consiga enxergar o que há contente
Nesta altiva agonia que me extensa...

Olhando por este mundo toda desgraça,
Do sentir que eu sinto, só por graça,
É o viver deste anseio dentro de mim...

E por este sentimento, por esta vida,
Do amor é o meu ódio, é a lida,
Que de saudade eu vivo sem ter um fim...

Inserida por acessorialpoeta

O CAMINHO

Eu vou andando assim, sem rumo...
Procurando-me se manter na vida...
Não vejo elevação, apenas vejo descida
Neste caminho tortuoso e sem prumo...

Mas a fumaça do cigarro que fumo...
Deixa pra trás os rastros da estrada cedida,
Mostrando-me que não haverá subida
Se matar em mim a fé que não assumo!

Um caminho é traçado a cada ser vivente!
Seja árduo, simples ou que seja figurado,
Não cabe, a mim, ser um tanto coerente...

Eu só quero agora um tabaco desfilado
Para voltar pela estrada entre tanta gente,
Quem sabe vejo, o caminho a ser traçado...

Inserida por acessorialpoeta

RESPOSTA

Nos meus dias de tristeza, nesta esfera,
Neste globo santo de vida e de morte,
Pareço-me uma praga vinda do norte,
Qual uma folha seca que o frio dilacera...

Uma alma bendita, mas posto numa era
Em que nos dias todo sofre tão forte,
E que vive a buscar as mantas da sorte
Do Deus que te veste, e voltar te espera!

Estão longe de mim às frases benditas,
As que aos meus olhos são infinitas...
As que no meu coração só rogam amor!

As minhas noites são frias, são mortas...
Será que a mim Deus fechou as portas?
“Espero-te, meu filho”, respondeu o Senhor.

Inserida por acessorialpoeta

⁠EXPLOSÃO ...

Se o cerrado é imensidão, seja então
Mais vida, e a diversidade fomento
Ao diferente, inclusão em comunhão
Um só instante de puro sentimento

Ele hoje morre ao sabor do contento
Progressiva a sua leviana destruição
Se em combustão ou não, violento
Quando a mão do avança é em vão

Açula-se, a tristura em um dolo frio
É destruição que provoca arrepio
Choro e pesar, tal chaga duma dor

Que na extinção que se olha aqui
Os versos enturvam e não mais ri
É uma explosão de vil desamor! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07/01/2021, 17’39” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠VELHO ....

O tempo, e com ele a trôpega velhice
Vai se indo como a vida vai mandando
Gritando, calando, caindo, levantando
Hora austera, e também de sandice

É lenta, silenciosa e cheia de chatice
Ou não, cada qual com o seu mando
Se ainda for viável estar no comando
É o ápice do homem na sua meninice

E no espelho, o cabelo branco, a ruga
Pesando na idade, amadurado fruto
É a juventude numa derradeira fuga

A rua mesma, o sonho outro, apatia
Tudo é frágil em um cuidado bruto
Na chance de velho, madura poesia! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25/01/2021, 14’11” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TEIMA

Retratar o amor em vão procura
quem na vida dele sentir não teve
porque um rasto na alma obteve
pois, longo ou breve, há ternura

Todavia eu, ideando, na ventura
a mínima sorte o destino deteve
sentir o que sinto, nunca leve
no vazio, minha solidão figura

E nestas paixões de boas alianças
poética redigiu só sofrido pesar
e uma, foi, dentre as lembranças

E, porém, neste suspiroso causar
do único, nas turronas esperanças
vou amador que cobiça mais amar!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13, outubro, 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠O MEU PESAR

Tenho pesar da solidão numa vida
Da sensação que o carente sente
Dum amor que assim de repente
Sai do querer, e vai de partida...

Da ilusão que da alma é fugida
Do olhar ingrato frente a frente
Dos que ostentam toda a gente
E os que não aquietam a ferida

Tenho pesar do senso dividido
De não estar sorrindo à revelia
Contente de um dia ter nascido

Pesar de mim, de quem sofreu
De não ser mais e mais alegria
E, de ter posposto o meu eu!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/10/2020, 09’36” - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠MELODIA

Os filhos são quais notas musicais
de uma canção que na vida tocamos.
Mas como os sons, depois que os libertamos
não há maneira de prendê-los mais.

E quando vão ao mundo, é que notamos
que nossa "afinação" deixa sinais,
os filhos são espelhos de seus pais,
nos bons e maus exemplos que ora damos.

Por isso o nosso orgulho mais profundo
é ver um filho, nos "palcos" do mundo
viver sua "canção" com harmonia.

Sempre que um filho, em sua caminhada,
escolhe a trilha honesta e afinada
a nossa vida ganha melodia.

Inserida por gersoncesarsouza

⁠QUESITO

Ao ver-te, saudade, na dor em glória
Altiva, tristonha, dando à vida pesar
Eu lacrimejei todo o meu festo olhar
... também sou parte nesta memória

Engasgada e atada toda essa estória
Tão frios breus, guardado a me sugar
Quem sabe donde saltar desse lugar
Se já ido cada tom, cada dedicatória

Agora sós, e a vaguear por lembrança
Ao léu, somos passados sem o porvir
Trovados na ilusão sem ter esperança

Então, fico detido sempre a refulgir
O olhar, a nossa promessa, a aliança
Por que então tivemos que partir?

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/maio/2021, 13’34” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠REMOINHAR

Fui no destino um amador exaltado
Tudo era pra vida um bem ovante
Ser, o haver, uma sensação cintilante
Do desejo, um sentimento sagrado

Fui apegando ao amor arrebatado
A vida se importava com o instante
A alegria no peito mais penetrante
Este um afável e amante passado

Sei bem o ruim de se achar solitário
Na eloquência dum triste cenário
Singular, então, não seja tardança

Ó emoção tão enigmática, talvez agora
Gire, e seja contagiante como outrora
Diz-se que o amor é eterna esperança!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/11/2020, 08’22” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

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