Poemas Bahia
SALVADOR
Salvador é uma cidade
com muitas
riquezas, belezas.
É divina por natureza.
Cidade de mares,
alegrias e cantorias.
Salvador, cidade
das artes, do
sorriso fácil,
do abraço amigo,
de gente que afaga
sem pedir nada.
Salvador rima com calor.
Daí nasceu o sol mais lindo
que chegou até mim,
fez minh'alma
se iluminar.
Salvador rima com amor.
Daí nasceu o amor
mais lindo,
que me inspira
à rabiscar
o pouco que sei.
Por causa de ti,
meu jardim floresceu!
Salvador rima com amor.
Rima com o brilho do
seu olhar que fez meu
coração enfim lhe
encontrar....
Na bruma perdida da madrugada
falo com a boca de poucas palavras.
As ruas estreitas,
as frases mal feitas
um radio a encher o vazio de som
e o frio soprando além da janela
o céu com límpidos pontos de luz e a lua prateando telhados
de prédios velhos e condenados
na antiga parte da cidade da Bahia
O odor das ruas
atiça meu olfato
lembra de um tempo
tão longe
porém me é familiar
O cais,o porto
as naus afundadas
cobertas, escondidas
sob as águas
jazem em sussuros
ecos de um passado glorioso
Dia tempestuoso
que as arrastou para o fundo
este mundo que a noite descortina
e se faz adormecer
nas retinas dos meus olhos
31/07/95
Eita Salvador, como você deixa saudade.
Salvador é pura energia, alegria, é magia.
Quando a gente tá junto é só felicidade.
Aí que saudade do meu acarajé, da minha água de coco, da minha moqueca…
Do cheiro de mar, e da paz que você me traz.
Salvador é meu porto seguro, é a minha casa.
No seu mar eu me renovo com as benções de Iemanjá, e lhe agradeço mais uma vez por ser soteropolitana.
Eu carrego esse “título” com muito orgulho por onde eu for…
e oh, não se preocupe não, viu?!
Porque um dia eu volto pros seus braços, pra te agarrar como nunca antes, e nunca mais soltar.
Baianinha
Uma moça como aquela
não se encontra em qualquer mar
Quando passa na areia
quem brilha é ela,
causando inveja às estrelas-do-mar
Aqueles olhos cristalinos
com as ondas a combinar
e quando te olha de voltar
faz você sorrir e sonhar
Uma moça feito ela
uma deusa, um luar
na noite quem uiva é ela
deixando os lobos
sob o seu cantar
Quando fala em seu ouvido
faz suas pernas bambear...
Enquanto os beijos dela
estão em sua boca a beijar...
Ai, como eu queria
que uma moça assim como ela
fizesse da minha janela
o cheiro das flores belas
a lua iluminante
e o sol a brilhar
se todo dia
eu tivesse com ela
... faria dos dias dela
um barco à vela
uma comida de dendê
e um prato de vatapá...
coisa linda essa minha preta,
uma baininha tão bonita, cientista
toda cheia de inteligência
e vivacidade a espalhar...
dança, brinca, encanta, baianinha
que meu canto que te canta
ainda não sabe a melhor forma de te encantar...
A menina que visita
Elevadores e templos
Em praias e momentos
Em vista deslumbrante
E desigual
Bah, tu ia?
Bah, ia
Usando cada Giga de sua memória cerebral
Valorizando o real
Para guardar as fotos
Na cabeça
Em prol da imersão
Antes que os tempos a levem de avião
E novos desafios
Surgirão
Do calor nordestino
Ao frio de rachar
Que em transformação
Nunca esqueça
De volta e meia se lembrar
A casa da vaidade anda cheia de gente viva que morre aos poucos. Que não se contenta com o que conquistou e quer trapacear as conquistas alheias. Que deseja o inviável aos seus próprios limites. Que nasceu pra voar, mas que prefere rastejar na floresta de lama com a intenção de sabotar o ninho dos outros pássaros.
É quem envenena a alma só para apagar a luz do outro. É quem se define. Quem se acostuma. E que poderia ser mais, mas prefere o mínimo. Pois não consegue ir além daquilo que pensa todas as manhãs. O dia todo.
E isso não tem nada a ver com conhecimento, com sabedoria, com intelectualidade ou inteligência. A vaidade, geralmente, é um sintoma desses todos.
Meu pai dizia: Filho, onde quer que você chegue e por onde vá, nunca esqueça de manter os pés no chão. Se policie, se vigie. Até que a humildade seja um hábito.
Como deve ser apertado o espaço de quem precisa apequenar o outro para se sentir grande. Como deve viver o mundo das ilusões de que é maior, sendo que se rebaixa tanto.
Como deve ser triste saber que, sem a maldade, a vida não anda. E como deve ser tenso saber que, ao lado da maldade, um empurrão nunca é pra frente. Mas pra derrubar o ego.
E preste atenção: a vaidade não tem mãos para levantar ninguém.
É Fato, e Não Fake
Sempre na pindaíba
Ele não tinha necas de pitibiriba
Sob o lume da lua
A calçada era a cama
Com o pé atolado na lama
A morada era a rua.
Mas era um boa-praça
Fumando bituca ou bebendo cachaça.
De repente correu a notícia
Boca a boca pela vizinhança
Para uns era fato
Para outros era fictícia,
Aquela história de herança.
Mas o fato é real
O baiano voltou pra Bahia cheio do cacau.
Mas é fato e não fake
Na Bahia hoje em dia,
Ele até que parece um sheik.
Quando te encontre pela primeira vez me apaixonei…
Depois voltei e percebi que não era paixão
Não era desejo
Não era afã
Não era serventia
Não era quereres
Mais sim era amor Ilê Aiyê.
Tenho fome
Nunca vai passar,
a fome que me devora
e só é saciada em teus braços.
Tenho fome de tua negritude,
de teu corpo quente.
Tenho muita fome.
Sou eu
Se tem que ser que seja logo....Dinâmica?
Apressada? Sim sou. Defeito grave, de quem não consegue "esperar acontecer". Eu faço acontecer.
Eu sou a banda que passa.
Não sou a moça na janela que só assiste.
Nem sou aquela que nem soube que a banda passou. SIM. Sou eu
"Conheço muitos há tanto tempo, que nem sequer tive tempo ou oportunidade de apertar-lhe as mãos. Quanto a ti, Me conhecestes ontem, e já me chamas de amigo.
Carlos Silva
Poeta Cantador
Itamira BA.
"Andei procurando sentidos que pudessem levar-me do náufrago ao porto.
Desembarquei em ti Bahia.
Solo que me era pouco conhecido.
Pisei na tua terra, banhei-me em tuas águas, abracei teus nativos e respeitei tua mata.
De ti não quero distância, quero teu mel, tua pimenta, dançar com os Pataxós e fazer eternas lembranças.
Agradeço teu conforto, teu zelo, teu alvoroço,
que sem nenhum esforço faz de mim um todo".
SALVADOR-DE-MIM
Baía de Todos os Santos
como o cheiro do dendê
os mosaicos de Bel Borba
o vulto de salitre
saudade em toda a Orla
PAULO SÉRGIO ROSSETO nasceu no Município de Guaraçaía/SP, no dia 11 de Abril de 1960. Filho de Paulo e Celestina Demori Rosseto, desde a infância adotou a poesia como seu modelo principal de arte para toda a vida. Em 1966 a família mudou-se para Selvíria/MS e em 1970 passaram a residir em Três Lagoas/MS. Aos 12 anos de idade foi para o Colégio Salesiano Dom Luis Lasagna - internato em Araçatuba/SP. Fez o segundo grau escolar na capital Campo Grande/MS e o noviciado salesiano em São Carlos/SP. Retornou para Três Lagoas/MS com 19 anos de idade. Em 1987 mudou com esposa e filho para Porto Seguro/BA, onde reside hoje.
Livros publicados:
* 1981 - O SOL-DA-DOR DA TERRA
* 1982 - ATO DE POEMA E UMA CANÇÃO
* 1984 - AMOROSIDADE
* 1985 - MEMORINHA
* 2018 - CRÔNICAS ABERTAS - Poesias
* 2018 - DOCES DOSES DE POESIA - Aldravias
* 2019 - VERSOS DE VIDRO E AREIA
* 2019 - POEMAS QUE VOCÊ FEZ PRA MIM
* 2019 - LÁ PELAS TANTAS DA VIDA
PROCURA
Passo por tantas portas durante o dia
Entro e saio vou e venho nada me segura
De um cômodo a outro buscando o futuro
Penso que nada me surpreende
Porem insatisfeito com a estrutura
Desse indescritível labirinto
Reclamo tua ausência
A essa troça que arde o peito e angustia
Necessito-te ávido
Acima de todo escrúpulo
Desprendido de alicerces
Longe dos parâmetros
Apesar do acúmulo dissimulado
Dessa tosca aventura
Andarei a eternidade
Indecifrável à tua procura
SEM NINGUÉM SABER
Não gosto de fazer poemas que remetam à morte
Porque detesto que os meus amigos lembrem-se
Que um dia também poderão morrer
Prefiro que cantem as melodias alegres
E leiam sobre amores e saboreiem as dádivas da vida
Instigo para que brindem as alegorias
Mergulhem na fantasia de que são todos eternos
Infinitamente abençoados pela eternidade
Em resposta ao zelo existente que para comigo têm
Os meus amigos e a fraterna amizade que nos convêm
Não tem tamanho nem cabem dentro de covas
Por isso jamais extirpa nem deteriora
E na minha hora em que sozinho eu partir
Sairei à francesa em silêncio enquanto festejam
Para que ninguém note a minha dor por ir sem querer
Partirei calado sem ninguém saber
TEMPORAIS
Toda vez que perco o horizonte
Creio haver um mar a minha frente
Tão longe de mim equidistante
Como as rosas de um jardim
Ou uma nuvem passante
Que se desmancha insana
Por entre respingos de lama
Ou alvas fronhas de algodão
São aguas verdes revoltas
Remexidas pelos mesmos ventos
Que soltos conduzem minhas barcas
Serenas cada uma a seu porto
E as nuvens aos seus tantos
Destinos e encantos
Revestindo travesseiros
Sobre as camas da paixão
Todos esses travessos romances
Atravessam-me intensos
Ainda que de mim jamais saibam
Porque nunca mais retornam
Porque se tornarão propensos
A viajar outros céus e mares
Esculpindo suas torres imensas
Apesar dos temporais
INCAUTO
Minha santa ordem quase sem mãe
Que jamais permita com teus poderes
Carcomer as pétalas das tuas flores
Depois fingir infinitamente apiedado
Chorar copioso as tuas dores
Deixar borrar os aventais de giz
Mofar os rituais dentro do peito
Decompor as ferramentas de aprendiz
Tornar impuras as brandas mãos
Obsoletas inférteis comprometidas
As ideias discorridas dos ideais
Por negar-me a mim diante do espelho
Trincado de ingratidão
O REFLEXO DO LOUCO
Não sou louco!
Perdi apenas a alma da minha criança.
Não tive infância.
Sou história da pele com cor.
Para que uns possam agora ser livres,
Eu sou dos que entregaram as suas vidas,
Para que o futuro desfrute dessa liberdade.
De dia, sento-me nesta bahia,
para ver o meu reflexo no céu.
Aos poucos vou perdendo o medo de partir.
Fui abençoado por Deus.
À noite, desperta a minha alma encurralada,
Presa nesta cabeça de memória farpada.
Sou monumento vivo de um conflito armado.
Mas eu não sou louco!
Sou dono para decidir o momento da minha viagem.
Vou ser uma estrela bonita e vou-te visitar!
Sem ordens de ninguém.
❤️
Filipa Galante in
Conversas com o "Louco" da Bahia de Luanda (2011)
Urandi
Em urandi tem poesia
Tem gente cristã
Que vive com harmonia
Como se não houvesse o amanhã
Nas estradas tem umbuzeiro
No lajedo tem cabeça de frade
No morro tem o Cruzeiro
Que abençoa toda a cidade
Cidade pequena pacata
Onde há sossego e tranquilidade
Nas pessoas bem amadas
Tem-se belas amizades
Na serra tem nascente
De uma água maravilhosa
Desejada por tanta gente
Essa água tão famosa
Aqui tem belos carros antigos
Tem museu do século XX
Tem poemas dos bonitos
E a beleza natural está no verso seguinte
Tem pinturas na garganta do impossível
Pura beleza na cachoeira do Dedinha
Sem falar do poço do infinito
E do sítio arqueológico lajedo de tapuia
Não poderia deixar de falar
De um médico que muitas vidas salvou
Dorivaldo Dantas foi e sempre será
O nosso melhor doutor
Aqui só se ver gente formosa
Nas festas de tradição
E nas famosas festas religiosas
Tem Santo Antônio e São João
Urandi me faz feliz
Me faz ver o mundo com amor
Urandi flor do país
Beijada por um beija-flor
Só de contar as belezas da minha cidade
Me dá orgulho de morar aqui
Eu só quero a prosperidade
Para os cidadãos de Urandi