Poemas a um Poeta Olavo Bilac
Agosto do desgosto
Um não sei desgosto, de onde?
Um olhar na sorte e não se vê
A perspectiva não se esconde
O amor renasce para quem crê
Conquanto a lenda cisma, por quê?
Se os dias ressurgem no amanhecer
Trazendo luz, início a nossa mercê:
Se lamento, angustia, vem do viver!
Acreditar? se nada muda, aí invente
Que o dia há de boa esperança vinda
Tente! E na dificuldade seja irreverente
E quando chegar, aí a apertura finda
Então, se contagie de fé e alegria
Nos longos caminhos recomece
Tenha o otimismo em leve romaria
Agosto do desgosto, não acontece!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01/08/2014, 08’05” – Cerrado goiano
ONDE O CERRADO MORA
Uma secura à beira de um barranco
No entorno: ipês, buritis, e o pequi
Por todo lado o agigantado céu rubi
No horizonte, um devaneio franco
O dia acorda na alva, num só tranco
Onde ouve o canto da brejeira juriti
E o passeio do solitário macho quati
Ali, alvoraçando a vida num arranco
À tardinha, em romaria, o regresso
A melancolia deitada na rede, espera
O entardecer mais bonito, confesso!
Se crês na quimera, ela existe, porém:
É no torto do cerrado de falsa tapera
Onde mora, que há encanto também!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18/08/2020, 15’17” – Triângulo Mineiro
VELHO TEMA
Só a graça da poesia, em toda a sensação
Palia o engano de um amor, mais nada
Nem mais os soluços do infeliz coração
Disfarçam a dor da devoção malograda
A insistente quimera por ela estacada
No seu encanto, chora toda a emoção
Da desilusão: no canto, na rima falada
Criando outro sonho, de novo a paixão
E, nessa inspiração que supomos
Duma tal felicidade que sonhamos
Em cada versejar, a verdade somos
Assim, nessa concordância, sejamos
O olhar, o afago, se na prosa fomos
O sentimento, ai no amor estamos!
© Luciano Spagnol- poeta do cerrado
27, agosto de 2020 - Cerrado goiano
UM AMOR NATURAL DE SÃO PAULO
Ah, amor doído, me maltrata
Saber que fui apenas recreio
Que inda arde no peito, creio
Que a dor me teimará ingrata
Com o engano, verídica errata
Ardo na agrura e no devaneio
Mas com o tempo, tu, receio
Irá se calar na súplice serenata
Os teus olhos deixarão de ser:
A força e planos no meu olhar
Tudo gira, no eterno aprender
Nego-te o meu sofrer e pesar
Se lamento é para te esquecer
Nesses versos de amor e amar!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Agosto de 2020, 31 – Triângulo Mineiro
Vai um café aí?
[...]então pega está ideia
uma porção de amor
pão de queijo, geleia
e uma xícara de café... por favor!
Nas Gerais é uma “odisseia”
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Agosto de 2020, Triângulo Mineiro
CERTIFICADO
A velhice é um treco, dor e cansaço
O dia é um balanço, no vai e vem
o que resta, o mínimo que se tem
Se faço, com a dificuldade abraço
Devagar e no compasso, tudo bem
Se vou além? ... pergunte ao passo
Pois, da vagarosidade sou refém
No próprio eu não tenho espaço
Tudo me cansa, comove, maça
Se rio, o choro faz igualmente
E o tempo parece uma ameaça
Já, a própria inércia é ausente
Quase sempre sou sem graça
O reflexo não reconhece a gente!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/09/2020, 15’15” – Triângulo Mineiro
AMBIÇÃO
Eu quis versejar, pelo prazer pleno
de ser bardo, sonhador, arrojado
duma prosa um entusiasta sereno
ter minha trova daqui do cerrado
Quis dar a imaginação um aceno
bálsamo ao sentimento apaixonado
ao riso, ao choro, um efeito ameno
disfarçando a emoção num brado
E vi que a sensação apenas é, na vida
o dado entre a tragédia e a comedia
- a chegada, o centro e a despedida...
E, piegas que sou, em um castigo
fujo aos sonhos, e de alma tédia
taciturno, me assisto só, comigo!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
10/09/2020, 15’00” – Triângulo Mineiro
DISCORDE
Eu quitado estava e nada mais queria
O anseio ansiado a mim face a face
E como um outro alguém te amasse
Te amei, duradouro: - que bom seria!
Tinha cheiro, vontade, me parecia
Que nesse amor o querer, guiasse
E que só a força da paixão falasse
Se teve aperto, também teve alegria
Mas, temporão desmantelou o sonho
A ofuscante graça, era mais um engano
Se um dia compus, não mais componho
Vejo, enfim, que em um afeto profano
Se o dístico ao ardor não for inconho
Discorde é o desencontrado quotidiano
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02, outubro de 2020 – Triângulo Mineiro
SONETO SEM VOLTA
Vai-se mais um talvez pra outra parada
Vai-se um, outro, enfim decaídas cenas
Que dói no peito, na solidão, e apenas
A teimosia para essa pesada derrocada
Cá na quimera, quando a dura nortada
Bafeja, os devaneios em alças plenas
Ruflam a alma em emoções pequenas
No ocaso do horizonte atiçando cilada
Também dos silêncios onde abotoam
Os suspiros, um a um, não perdoam
E choram, lágrimas pelos olhos vais
Na perfídia imatura, ilusões escoltam
Os sonhos, que sempre ao amor voltam
Mas que ao poético não voltam mais...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Outubro de 2020, 20’20’ – Triângulo Mineiro
NATAL EM SONETO
Um menino, e aquela noite festiva
Noite cristã, natalício do Nazareno
Celebrando os dias do Filho, terreno
Mesa posta, a família, ternura viva
E nesse singelo canto doce e ameno
Minha consagração contemplativa
Pura, reza a confiança na fé ativa
Aos pés do presépio, o amor pleno
Presente em soneto, e em gratidão
Louvores dou, Paz e Bem ao irmão
Noite de confraternização, de luz!
E, ainda que se perca, se inquieto
O coração. O crer sustenta o afeto
Feliz Natal! União em Cristo Jesus!
RESETAR
Na minha paixão otimista e inocente
eu nunca soube pra onde foi... um dia
a sorte que me preferiu tão prudente
ao sonho perguntei, e ninguém sabia
E numa fúria, manou-se, de repente
duma quimera expansiva e correntia
para uma áspera ilusão sem cortesia
e a vida suspirou lerda e descontente
E o andejar se foi... e vai distante
mas o silêncio, um outro instante
chora, mas vai em frente, teimoso
E eu sinto, a emoção, sem tê-la
De um algo especial e desejoso
É. E nunca é tarde para havê-la!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
10/10/2020, 10’10” – Triângulo Mineiro
TORNAR
Agigantado cerrado, quão alterado
te vejo e vi, e ainda assim, resiste
te vejo a ti, em um suspirar triste
e tu no rogo suplicante e calado
A ti foi-te na quentura devastado
teu chão sugado, no penhor caíste
a mim o olhar aflito em que consiste
os teus dias, sufocado e tão mirrado
Já que somos no azar participantes
sejamo-los na mansidão, na espera
do suave, e tuas relvas verdejantes
Que venha a revirada da atmosfera
aí, tu será a ser quem eras dantes
e eu, quiçá serei quem dantes era.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10/10/2020, 19’53” – Triângulo Mineiro
paráfrase Francisco Rodrigues Lobo
ANTÚRIO
Se belo, o teu belo á alguns é espúrio
no murmúrio da vaidade de um olhar
és tu, variada cor, ó flor do antúrio
no vermelho da paixão a celebrar
é natureza em esplendor purpúreo
flor do antúrio como não poetar!!!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
outubro de 2020 – Triângulo Mineiro
TEIMA
Retratar o amor em vão procura
quem na vida dele sentir não teve
porque um rasto na alma obteve
pois, longo ou breve, há ternura
Todavia eu, ideando, na ventura
a mínima sorte o destino deteve
sentir o que sinto, nunca leve
no vazio, minha solidão figura
E nestas paixões de boas alianças
poética redigiu só sofrido pesar
e uma, foi, dentre as lembranças
E, porém, neste suspiroso causar
do único, nas turronas esperanças
vou amador que cobiça mais amar!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13, outubro, 2020 – Triângulo Mineiro
POÉTICA
A poesia na rica imaginação voa
lançando à terra de um criador
no encanto de encanto povoa
o ilusório de quem é um ledor
No escrito a doce prosa entoa
o coro de fantasias ao dispor
é a ilusão que a poética doa
ao poeta que vive sonhador
Por ti, devaneio, tudo é certo
do cascalho grosseiro ao rubi
se o amor, ali, está por perto!
Por ti, inspiração: - se senti
no prazer, num leve aperto
eclodido num grato frenesi
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13, outubro, 2020, 13’13” – Triângulo Mineiro
RIMAR DUMA SAUDADE
Teve um tempo que mandava
Nas poesias que eu escrevia
Cada versar uma companhia
E em cada linha festa bordava
Com emoção, assim, andava
Nas mãos a imaginação ia
E em toda a obra que fazia
A ventura, ao lado, ajudava
Pobre a poesia, sem aquarela
Sem fantasia, um dia tão bela
E hoje, pedinte de qualidade
E, no amor, sem substância
Sobre o vazio da distância...
Só o rimar duma saudade!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18/10/2020, 09’29” – Triângulo Mineiro
ATANAZAR
Viste-me abatido um dia no caminho
em devaneios de que, nem eu o sei
ó aperto no peito, assim, eu lhe falei:
Cara poesia. Na jornada indo sozinho
Trovei, e rimei, foi por entre espinho
E em nenhuma postagem descansei
Em cada uma loa que por ela passei
Saudei! Umas até degustando vinho
E neste poetar pedregoso, solitário
Os pés deplorando em um calvário
Imolado. Eu num canto, no entanto
Ao chorar o prazer em um dejejum
Tu e eu poesia. Em drama comum
Versejamos com o mesmo pranto
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18/10/2020, 14’13” – Triângulo Mineiro
[...]mais um pôr do sol...
...mais um dia que se vai e é a sombra que agora cai, trazendo a lua pra confortar, o cerrado, na Imensidão do escuro da noite... a vida em continuação!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Sertão da Farinha Podre
Um bule cheio de inspiração...
café com leite em ebulição,
ao tomar com poesia...
amor e emoção!
Luciano Spagnol - poeta do cerrado
CARREAR
O silêncio, origem de um final
Conhece o caminho do suposto
Lágrimas correndo com tal gosto
Em uma sensação de dor visceral
Que lacera a alma tão brutal
Na fúria de qualquer desgosto
Como sombras dum sol posto
E uma avalanche descomunal
Do desejo, ali sentidos e cego
E nesta escuridão submerso
A emoção é arrancada do ego
Que maltrata, e deixa disperso
Na ilusão, e então as carrego
No olhar, no peito e no verso!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25/10/2020, 10’33” – Triângulo Mineiro
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