Poema Velhice
Lembrei especialmente hoje do meu avô. Quando contava sobre as ilusões da sua vida, fama, “pra cada esbanjamento uma carência”, dizia. Sabe, assim como ele também escolho ser como os simples cata-ventos que indicam apenas a direção do vento. Se existe algo bom na experiência da maturidade deve ser isso; ser como meu avô: um cata-vento orientando a direção do vento para os mais novos nos campos de pouso dos aviões.
Sua mente ainda funcionava, seus pés ainda se moviam, ela podia andar, embora apenas com a ajuda de um andador, mas ela o fazia, e ela era um ser humano que sabia com certeza que o feijão fica melhor melhor na salada e que a velhice é uma terrível calamidade.
Enquanto meu corpo realizar os anseios de minha mente, farei coisas de gente jovem, me sentindo jovem!
Queremos ser adolescentes para experimentar as novidades que a vida traz. Queremos amadurecer para ter autonomia, segurança, liberdade. Mas quem quer envelhecer? Depois que a velhice chega, o que vem?
Temos a idade que sentimos que temos e ponto final, o resto nada mais se trata do que uma convenção social e de quantas voltas completas já demos ao redor do sol nesta nossa vida.
Um mundo onde pelo menos uma vez por dia é preciso se ir ao banheiro, não é um mundo espiritualmente avançado.
Melhor que me amem num asilo, do que me tratem como um saco de entulho dentro de casa. Pois abandono é abandono e, quem não se importa, abandona até quando mora junto.
Quando eu envelhecer. Eu quero ficar mais velha assim como sou. Bem humorada, cheirosa, maquiada de bem com a vida e melhorando o espírito. Não me vistam com calcolas, não me coloquem roupas sem cor. Não me encostem numa janela. Quero continuar vendo a chuva, vendo o sol, vendo gente. Quero viver até o último suspiro, lutando pra ser melhor. Pra ser eu, pra ser feliz.
Compro um bilhete de loteria toda semana há 30 anos. Acredite se quiser, mas nunca ganhei nada. Eu não sabia que Deus havia reservado um prêmio para a minha velhice.
A alegria de viver torna a alma leve, diminui o peso insuportável que os anos colocam sobre as costas do idoso.
Não desperdice sua juventude enquanto jovem e nao desperdice sua sabedoria quando for velho.
04/08/2020
Ver a fera avançando em babas de fome acreditando que ela irá devorar somente o inimigo é tornar-se a isca mais apetitosa. As bestas preferem os mansos.
Mas, por fim, vocês devem se importar porque são velhos o bastante para saber que devem. Esse é um dos motivos pelos quais as FCD selecionam idosos para se tornarem soldados. Não é porque vocês todos estão aposentados e são um peso para a economia. É também porque vocês viveram o bastante para saber que há mais na vida do que a própria vida.
Mesmo durante a maturidade seguindo os bons conselhos, necessitamos prudentemente faltar a certos compromissos e tirar um tempo para falar "abobrinhas" para não se envelhecer prematuramente, ficar chato e não perder a sanidade e ainda alguma austeridade de vida, perante toda esta desordenada e desinformada nova geração.
Você deve viver lúcido e produtivo até o último dia de sua vida, e queimar assim como lâmpadas quando estão muito gastas.
A beleza vem com o tempo...quando os anos passam e as rugas tomam conta de nossa pele, emerge a nossa verdadeira essência, esta sim, impossível de ser reparada pelo bisturi do cirurgião. Quando olho para meus pais, vejo o quanto são belos, carregam com eles as marcas na pele do que viveram . Estão com idade, estão enrugados, estão mais frágeis, mas são lindos, pois agora, desprendidos da beleza física, podem manifestar o verdadeiro eu. Quem tenta continuamente adiar a vivência desta fase, ou não vivê-la pode no fundo não ter percebido que nesta idade, estar com a alma leve, a espiritualidade em alta, e o coração mais brando, é muito mais valioso que estar com a pele lisa. Não é mais de peles, neste momento que se conquista e cativa alguém, mas sim com a sua verdadeira essência.
Aninho os meus sonhos no peito, e envergo minha alma para que se encaixe em meu corpo que aos poucos vai perdendo a elasticidade da juventude, e na penumbra do quarto saem pensamentos borrados que pintam vitrais disformes do tempo...
