Poema Maos de Semeadora Cora Coralina
Fazendo pensar
As vezes eu penso
Como poderia deixar de pensar
Coisas bestas e inúteis
Que eu mesmo posso refutar
Mesmo pensando sem saber
Eu sei que posso dizer
Mas saberei pensando.
No silêncio da noite,
Eu pensava calado,
Onde estava a minha sorte,
Que ainda não tinha encontrado.
Fui de madrugada a dentro,
Conversando com meus botões,
Examinando meus sentimentos,
Explorando minhas emoções,
Logo senti um acalento,
Ao descobrir os meus dons.
Aí me conformei,
com a sorte que tenho,
Tudo que conquistei,
Fui com trabalho
ferrenho.
Nada caiu do céu,
De bandeja para mim,
Senti o amargo do fel,
Mas lutei até o fim
Em busca de um pouco de mel,
Para tirar o gosto ruim.
Cada passo que dei,
Pisei em muitos espinhos,
Em pedras tropecei,
Em todos os meus caminhos,
Pra chegar onde eu cheguei,
Eu sofri um bocadinho.
A sorte é nós que fazemos,
Assim damos muito valor,
Quanto mais sorte nos temos,
Maior é a nossa dor,
E para ter o que queremos,
Temos que derramar suor.
É ou não é? Quem mais?
Às vezes canso da poesia que capto no ar, seja pela brisa constante ou dentro de um colorido olhar. Deixo - a de lado por um tempo, em versos não a transformo, pesam as palavras e tremo, a mente não tem a força exata e tudo se dissipa como frágil fumaça...
Um amor de inverno:
A primeira vez que te vi
Senti um tremor no corpo
uma fisgada no coração
e borboletas no estomago
ali percebi que era o tão famoso
amor à primeira vista
você e tão primorosa
que pensei estar sonhando
E em primeiro momento
não tive coragem de falar contigo
Mas logo percebi que deveria
E quando criei coragem
Parecia que já nos conhecíamos de vidas passadas
Naquele momento em diante
percebi que te amaria até o fim
Mas infelizmente o destino não quis
e como um castigo cruel
fui obrigado a viver sem ti
Espero te rever além daqui em outras vidas
E espero te reencontrar algum dia
Amor, por favor!
Se não sou merecedor de seu amor,
Por que me usas? Enganas sem pudor.
Faz de mim um abrigo abandonado,
Sem chance alguma de ficar ao seu lado.
Fui seu suporte na dor,
Ajudei sem pedir por favor.
Desdenha-me sem pensar na dor que me causa,
Continua assim, indiferente e antipática.
Não quero mais te amar,
Não desejo contigo ficar.
Partiu-me ao meio e antes que pudesse ver,
Meu querer se quebrou, um pedaço que não irei reaver.
Me Engravatei
Os furos eu tapei
O colorido eu queimei
O cabelo eu cortei
A gravata eu apertei
Os olhos eu fechei
O sorriso obliterei
Normal eu me tornei
A morte eu aceitei
Hoje Eu Chorei
Idiotices me consumiram
Problemas desimportantes entraram
Mas, se algo for realmente importante,
por que se atentar ao insignificante?
Talvez seja porque somos seres medíocres
Enxergando reflexos de mártires
Portanto, nesse falso heroísmo,
talvez só exista o egoísmo
Porém, nada mais importa,
pois agora eu decifrei
Me escondi atrás da porta,
já que hoje eu chorei
Cova
Cavando a minha sepultura
Utilizando apenas a falangeta
Quebrando a terra dura
Banhando à lama o poeta
No meio do toró da meia-noite
E mesmo assim o sangue aparece
Nessa forma de auto-açoite
Em que a dignidade empobrece
Braços vermelhos e roupas escuras
Um homem na sua cova e nada mais
Será um importante com as suas nomenclaturas?
Ou é mais um de nós: Animais?
Patinho
Patinho lindo, patinho assado
Filhote da Dona Pata, nunca foi amado
Seu sabor eu senti
Parece até que eu nunca menti
Me saboreei naquela gostosura
Como se nunca tivesse errado
Minha imperfeição se tornou formosura
Enquanto empanturro-me do coitado
Pato que já fez quaque e já fez bico
Me aproveito desse raquítico
E ceifo-lhe o resto de sua vitalidade
Sentindo-me o rei da cidade
Tão Pouco a Dizer, Tanto a Aprender
Com tão pouco a dizer, vou buscar
Crescer na vida, e a cada desafio encarar
Quedas e obstáculos me encontrarão
Mas ergo-me, ciente que o fim ainda não chegou.
Minha vida, uma corrida incessante
Almejo grandiosidade saber onde será meu abrigo constante
Cada surpresa... a vida me reservar
Seja boa ou ruim, será chance de aprender e superar.
Aprender e ensinar, trilhar meu caminho a percorrer
Mostrando ao mundo que o crescimento é meu destino a viver.
A alma vem olhar pelos olhos a doce paz do seu corpo.
Ela é muito mais feliz a te olhar de quê se viesse a tocar-te.
Pois tocando-te se desfaria o encanto daquele desejo de sonho.
É ela
Ela sabe que é dela
Há um barco a vela
Na imensidão do olhar dela
Ou seria o mar nela?
Deveria eu ter cautela?
Nossa vida não é uma novela
Ela é bela
Eu fico olhando-a da janela
E tudo reflete aquarela
Se ela está longe me sinto numa ruela
Mas sempre a encontro na tela
Do porta retrato até a cartela
Sim é ela
Sempre foi dela
Sabe...
É complicado
Uma porta se abre
Com um destino selado
Ah, o tal do destino
O que muito me desespera
Um tal que eu abomino
Mas sei que ele me espera
Sabe, às vezes eu procuro
De toda forma, achar uma saída
Desse total escuro
Em que se encontra a minha vida .
Eu só queria que
Eu encontrasse uma solução
Tudo isso para que
Eu não perdesse meu coração
Eu gosto do jeito que eu vejo o mundo mais eu não gosto do mundo
Eu não quero morrer mais também não quero viver assim
Eu odeio todo mundo mais não desejo mal a ninguém até tento ajudar
Eu gosto de estar só mais não gosto de me sentir sem ninguém e eu...
Eu gosto do frio e da lua mais rezo pro sol voltar logo pq não gosto do escuro.
Tempo
O tempo cura tudo
Não
O tempo
Destrói
Apodrece e
Definha tudo
O amor vira
Tédio e repulsa
A paixão vira
Arrependimento
O tempo seca
Um oceano de
Sonhos
O tempo adoece tudo
Poesia Silêncio
O trauma de te encontrar
E Não poder te amar...
Daí o meu silêncio.
O meu silêncio sempre será...
Uma mensagem da sombra..
Que atravessará os limites de vida e de morte... Trará a sorte.
O meu silêncio será sinal....
De que a palavra errou permanentemente
Seguiu inacabada, sem bem nem mal...
O silêncio ainda será um céu com jardim...
Que contemplará minha oração,
Em forma de paisagem
Levando ao Universo tudo o que a vida fez pra mim...
Segue o silêncio, sendo uma questão
Casa onde vive o poema
E voa, toma forma... sai do coração...
Só é onda de mar quebrado, em canção...
Este meu silêncio é música cujas notas...
Moram em outros planetas e estrelas
É um tempo,quando o fruto amadurece
um poema sem letras...
Onde a gente esquece...
silêncio é uma vibração estacionária
Uma canção para nascer na poesia...
Vogais em forma de pássaro...
Modo errante...
discretamente indicando o caminho
No meio do caminho
Dizendo que o amor não nasceu.
O silêncio é a mão que abre o poema
Voz trêmula da alma que surge
Que são e não são
O silêncio é a noite de um que se foi...
O sonho de estar sonhando
nascimento antes do nascimento
O primeiro grito calado do abandono, o momento.
O meu silêncio será eterno, um espelho que lava o chão
A água aberta da palavra
Jorra energia do coração,
O meu silêncio ´é dedicado especialmente à você!
Será sempre um milagre sem dor...
Que se constrói o meu amor próprio, como sinto e penso...
Não te darei meu sublime amor...
Apenas o meu... eterno silêncio.
É o seu merecimento!
As horas caminham,
Os minutos correm,
Os segundos voam,
E os lindos dias marcham
Para a nossa morte,
Dia final, momento inesperado
Data em que todos seremos finados.
A vida pré-existente é completamente ignorada,
O que fica, por sua vez, continua normalmente.
As flores nascem e os cães latem de madrugada,
Tudo normal como se fosse antes da gente.
Somos, na verdade, insignificantes
Poeira cósmica, como dizem
Minúsculos como uma formiga
E às vezes, gigantes, em vida
Mudamos o mundo,
Destruímos o mundo.
É que as horas caminham,
Os minutos correm,
Os segundos voam,
E os dias se rastejam
Para a nossa sorte,
Para a nossa morte,
Dia final, momento esperado
Data em que todos somos finados.
E tudo recomeça,
Para mais gente morrer.
O BOTÃO
A cada botão que reforçava
tentava colar o taco solto
fechar as goteiras da casa infatigável
em sua alma de mãe.
O amor às vezes precisa de reparos
a madre colheu o botão do baixo da camisa
e o serziu no tecido que cobre o peito
feito bordar a bata do batizado.
No frescor da mente, encontro teu olhar,
Um refúgio de amor que me faz sonhar.
No RESFRIAMENTO MENTAL , nossa conexão se revela,
Um laço eterno de carinho que acalma e consola.
Em cada suspiro, sinto teu calor,
No RESFRIAMENTO MENTAL, és meu melhor sabor.
Teu amor me envolve como um doce afago,
Em cada pensamento, és meu mais puro encanto.
No silêncio da alma, nosso amor floresce,
No RESFRIAMENTO MENTAL, a paixão se aquece.
Teus gestos de carinho são como brisa suave,
Em meio à tempestade, és meu porto seguro, meu enclave.
Na tranquilidade do momento, te encontro em mim,
No RESFRIAMENTO MENTAL, és meu jardim.
Teu amor é a chama que aquece minha alma fria,
Em cada respiração, és minha melodia.
Natalirdes Botelho
Melodias desafinadas.
Um piano desafinado,
rústico,
mal-tratado,
odiado,
esquecido pelo tempo,
injustiçado,
porém, esplêndido.
Cada nota, cada tecla,
sussurra, grita, geme, lamenta, declara
filosofias, verdades, mentiras, qualidades, angústias e bravuras no interior de seus ouvintes.
Mesmo com seu desarranjo, ele ainda ressoa na alma daqueles que se permitem ouvir o seu canto.
Os seus erros o fazem pior do que um piano afinado?
Não; suas imperfeições é que o fazem esbelto.
Minuciosamente, entre todas as teclas brancas e pretas, mora um segredo.
Em meio aos sons sem sentido, há arte.
Em meio aos erros, há acertos.
Em meio aos sons vívidos, há o silêncio que faz parte.
Em meio aos desejos, há os medos.
Em meio aos dançares dos dedos do pianista, há sonhos que cintilam e brincam nos céus do consciente, assim como astros, assim como crianças.
Ignorantes são aqueles que buscam a perfeição,
ignorando os cantares e significados que desafiam e brincam com suas verdades.
Você realmente é tão ruim assim ou apenas não se permite apreciar o timbre de suas teclas desafinadas?
Um piano desafinado não deixa de ser o que é devido às suas irregularidades; são elas que o fazem único entre milhares.
As notas imperfeitas não o tornam desconforme; é a maneira como ele as maneja que o torna forte.