Poema de Sete Faces

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Poema de sete faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

Carlos Drummond de Andrade
Poesia até agora. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1948.

Assim Eu Vejo a Vida

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

Cora Coralina
Folha de São Paulo, 04 jul. 2001.

Nota: Poema inédito publicado na "Folha de S.Paulo" em 4 de julho de 2001.

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TUDO É AMOR

Observa, amigo, em como do amor tudo provém e no amor tudo se resume.

Vida – é o Amor existencial.
Razão – é o Amor que pondera.
Estudo – é o Amor que analisa.
Ciência – é o Amor que investiga.
Filosofia – é o Amor que pensa.
Religião – é o Amor que busca Deus.
Verdade – é o Amor que se eterniza.
Ideal – é o Amor que se eleva.
Fé – é o Amor que se transcende.
Esperança – é o Amor que sonha.
Caridade – é o Amor que auxilia.
Fraternidade – é o Amor que se expande.
Sacrifício – é o Amor que se esforça.
Renúncia – é o Amor que se depura.
Simpatia – é o Amor que sorri.
Altruísmo – é o Amor que se engrandece.
Trabalho – é o Amor que constrói.
Indiferença – é o Amor que se esconde.
Desespero – é o Amor que se desgoverna.
Paixão – é o Amor que se desequilibra.
Ciúme – é o Amor que se desvaira.
Egoísmo – é o Amor que se animaliza.
Orgulho – é o Amor que se enlouquece.
Sensualismo – é o Amor que se envenena.
Vaidade – é o Amor que se embriaga.

Finalmente, o ódio, que julgas ser a antítese do Amor, não é senão o próprio Amor que adoeceu gravemente.

Tudo é Amor.
Não deixes de amar nobremente.

Respeita, no entanto, a pergunta que te faz, a cada instante, a Lei Divina: “COMO?”.

André Luiz
Apostilas da Vida

Para conviver comigo
você só precisa fazer duas coisas:
conhecer minhas mil e uma faces,
e depois ter muita paciência para se acostumar com a rapidez
com que eu uso e mudo cada uma delas.

A VALSA

Tu, ontem,
Na dança
Que cansa,
Voavas
Co'as faces
Em rosas
Formosas
De vivo,
Lascivo
Carmim;
Na valsa
Tão falsa,
Corrias,
Fugias,
Ardente,
Contente,
Tranqüila,
Serena,
Sem pena
De mim!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...

Valsavas:
— Teus belos
Cabelos,
Já soltos,
Revoltos,
Saltavam,
Voavam,
Brincavam
No colo
Que é meu;
E os olhos
Escuros
Tão puros,
Os olhos
Perjuros
Volvias,
Tremias,
Sorrias,
P'ra outro
Não eu!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...

Meu Deus!
Eras bela
Donzela,
Valsando,
Sorrindo,
Fugindo,
Qual silfo
Risonho
Que em sonho
Nos vem!
Mas esse
Sorriso
Tão liso
Que tinhas
Nos lábios
De rosa,
Formosa,
Tu davas,
Mandavas
A quem ?!

Quem dera
Que sintas
As dores
De arnores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas,..
— Eu vi!...

Calado,
Sózinho,
Mesquinho,
Em zelos
Ardendo,
Eu vi-te
Correndo
Tão falsa
Na valsa
Veloz!
Eu triste
Vi tudo!

Mas mudo
Não tive
Nas galas
Das salas,
Nem falas,
Nem cantos,
Nem prantos,
Nem voz!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!

Quem dera
Que sintas!...
— Não negues
Não mintas...
— Eu vi!

Na valsa
Cansaste;
Ficaste
Prostrada,
Turbada!
Pensavas,
Cismavas,
E estavas
Tão pálida
Então;
Qual pálida
Rosa
Mimosa
No vale
Do vento
Cruento
Batida,
Caída
Sem vida.
No chão!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
Eu vi!

Pudesse Eu

Pudesse eu não ter laços
nem limites
Ó vida de mil faces
transbordantes
Para poder responder
aos teus convites
Suspensos na surpresa
dos instantes!

Queria realmente ser um anjo,
Ter a bondade nas faces,
A sabedoria no olhar,
Saber sorrir, saber confortar,
Saber entender os aflitos, saber ensinar.
Ir ao encontro de todos, e a todos amar...

Queria realmente ser um anjo
Sorrir ao ver a ventura do vencedor,
Se emocionar com o desespero do perdedor.
Beijar a face daquele que suplica
E aplacar a raiva do inimigo cruel.

Por fim, queria realmente ser um anjo
E poder quebrar todas as regras celestiais
Sentir o amor único, e exclusivo,
E chorar por todos os demais

Queria somente ser um anjo
Que ama você e nada mais.

Das sete faces do desprezo
A Carlos Drummond de Andrade

Quando eu nasci, não teve sequer um anjo torto
Que me dissesse que a vida não é
Tão fácil o quanto parece ser
Disse: Vai, Valter, ser baiano na vida.

Ladeiras faz bem ao coração
Jovens apaixonados na esquina
Dizendo que não se apega a ninguém.
A tarde de puro sol, o perigo
É imprevisível mesmo que o dia
Seja azul.

O ser vestido de uniforme
Vai trabalhar no ônibus lotado
Sequer sabe se vai ser assaltado,
Acha que tem muitos amigos
No fim de semana.
O ser vestido de uniforme,
Mal sabe quando vai quebrar a cara.

Meu Deus, que sociedade de muita fé,
Que muito chama pelo Senhor,
Pessoas de muita fé e pouco amor.

Mundo mundo vasto mundo
Se eu me chamasse Carlos,
Eu seria outro poeta (?)
Nesse mundo vasto
Que maltrata meu coração.
Mundo mundo vasto mundo
Chega de ilusão?

Eu bem que vou dizer,
Esse mundo cheio de gente eu solitário
Em meu ego e vaidade
Vou me afogando
Sem sequer um abraço!

Valter Bitencourt Júnior
LiteraLivre, São Paulo, v. 4, n. 21, p. 215, mai./jun. 2020.

Que monstruosidades poderiam andar nas ruas, se as faces de algumas pessoas fossem tão inacabadas como suas mentes.

Eric Hoffer
HOFFER, E., Reflections on the Human Condition, 1973

Nada podem teus olhos doces,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as faces.

Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.

Depois... Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.

Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.

O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar... E o outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.

E na noite imensa
com as feridas de ambos seguirei.

‎Mulher‬ simplesmente mulher
mil e tantas faces e fases
crenças e desejos
sonhos e realizações.
É guerreira, tem alma versátil
as vezes ri, outras chora
se decepciona e se alegra
não desiste nunca
é sempre #mulher.
Tece seus dias
na simplicidade de quem
desconhece os limites
na ousadia de quem
jamais se deixa vencer.
Tem beleza na alma
força de leoa
riso clandestino
sabedoria que encanta
que desenha e faz rima
no silêncio de quem de repente
sofre,se despedaça, se reconstrói
se refaz inteira e da vida
quer apenas ser reconhecida
valorizada e amada
todos os dias.

Segundo Platão, originalmente, os seres humanos tinham duas faces, quatro braços, quatro pernas... e eram felizes assim, completos! Porém, desafiaram os deuses, que os puniram dividindo-os em dois. Separaram os humanos, que eram andrógenos, de suas metades. Ele diz que cada um de nós, enquanto separados, está sempre buscando a outra metade. É a natureza humana.

"É então de há tanto tempo que o amor de um pelo outro está implantado nos homens, restaurador da nossa antiga natureza, em sua tentativa de fazer um só de dois e de curar a natureza humana. Cada um de nós portanto uma téssera complementar de um homem, porque cortado com os linguados, de um só em dois; e procura cada um o seu próprio complemento" (Platão - O Banquete).

Quando as duas metades se encontram, eles se perdem mergulhados em uma explosão de amor... amizade... intimidade... Sensações tão extraordinárias, que eles não querem mais se separar, sentem a vontade de se fundirem novamente em uma só carne. É assim que se deseja quando se encontra a cara-metade, porque éramos completos... e essa busca pela totalidade se chama amor (eros).

Contudo, Platão nos adverte que só se ama o que não se tem. O objeto do amor sempre é solicitado, mas está sempre ausente. Quando julgamos alcançá-lo, escapa-nos entre os dedos. Essa nossa inquietude na origem do que se busca, o amor... amor daquilo que nos falta, pois o "que deseja, deseja aquilo de que é carente, sem o que não deseja, se não for carente" (Platão - O Banquete).

Sendo assim, porque sou carente do seu amor é que te desejo! Uma vez que não é completamente minha, serei para sempre seu! Te amo!

Nuvens passam e se dispersam.
São essas as faces do amor, pálidas irremediáveis?
É por tanto que agito meu coração?

As coisas mudaram
As nossas faces estão envelhecendo, mas nos antigos retratos tão jovens, vivendo um amor imediato, apenas recordações daquele antigo retrato...
O céu azul, o gramado verde, nós dois caminhando como se não houvesse mais nada ali...
Dias perfeitos de curtas férias de verão...
Dias perfeitos, hoje perdidos entre lembranças de uma antiga jovem ainda apaixonada.

FACES DO SILENCIO

Para os místicos o silencio leva a integração com o Universo, é o momento de elevação da alma para escutar a Força Maior que rege o Cosmo. Para os religiosos é fundamental tentativa de ouvir e sentir o Criador.
Intensifica as preces, oculta desejos, junta as mãos sobre os lábios.
Para os céticos nada mais é do que a ausência de sons.
O silencio conecta almas através de olhares.
Silencio pode ser a recuperação de uma semana atarefada.
com um sorriso pode ser sim, com o baixar da fronte pode ser não.
Com brilho nos olhos pode ser felicidade, com sarcasmo pode ser inveja.
Ele pode dizer: -Me leve com voce.Ou: - Me esqueça.
Faz do abraço de um reencontro algo muito mais apertado.
Silencio multiplica as magoas, alimenta rancores,destrói relações.
Silencio,...a mais complexa forma de expressão humana,a mais particular, como decifra-lo ?
Quando guarda segredos,aguça a curiosidade; quando encobre arrependimentos persegue-nos por toda a vida.
Silencio traz duvidas e expectativas, pode fazer da ansiedade algo avassalador.
Mas também pode ser o segredo do sucesso, a carta na manga para uma grande vitória.
É a defesa da presa e a arma do predador. Está no suor do medo , e é o tempero a coragem.
É próprio para ouvir o coração ou convencer a mente.
O silencio macula os covardes e enobrece os heróis.
É o manto de invisibilidade para aqueles que não querem tomar uma decisão. É a atitude pétrea daqueles que já decidiram.
Silencio é forma de expressão legitima, mas sem plena compreensão. Seu significado muda para cada cultura, crença, desejo, estado de espírito, para cada alma.
O que significa o teu silencio ?

⁠Não sou de faces, mas tenho fases. Como a lua vivo os meus ciclos.

Tenho asas coloridas de borboleta, e não podo minhas asas para me adaptar ao mundo de ninguém.

Não mutilo meus valores, minhas ideias para parecer a boa moça que se encaixa bem, dentro da caixa.

Perfeita ou não, essa sou eu.
Abraço minhas, sombras porque sombras... Também fazem parte dos dias de sol.

Distantes... estão nossos corpos...
nossas faces... nossos lábios...
mas nunca distantes..
estarão nossos corações.
Val Francis

É preciso estar pronto
para mudar de opinião
a qualquer momento,
pois a Verdade tem várias faces
e quem fica preso a uma delas...
Fica cego, ou enxerga
em branco e preto!

AS FACES DO AMOR

O Dever sem AMOR AVALIATIVO te faz mal humorado...
A Responsabilidade sem AMOR LÚCIDO te faz imprudente...
A Ciência se AMOR RERFLETIDO te faz arrogante...
A Gentileza sem AMOR OBJETIVO te faz hipócrita...
A Honra sem AMOR PONDERADO te faz cruel...
A Justiça sem AMOR REALISTA te faz duro...
A Ordem sem AMOR SIMPLES te faz complicado...
A Riqueza sem AMOR JUSTO te faz avarento...
A Fé sem AMOR INTERROGANTE te faz fanático...
A Vida sem AMOR AUTÊNTICO é vazia e sem sentido...
Mas a vida vivida em AMOR A DEUS é permanente fonte de harmonia,
Criatividade, Paz Alegria e Felicidade...

A anarquia ostenta duas faces. A de Destruidores e a de Criadores. Os Destruidores derrubam impérios, e com os destroços, os Criadores erguem Mundos Melhores.