Perceber
Se você chegar lá
Vai perceber a diferença
Entre ter alguém
Que lhe acompanhe com o olhar
Até você sumir na curva, ou não
E me contar se você viu
O frio, a cara de riso
Na tempestade negra que caiu
E o momento em que foi preciso
Fazer a exceção tornar-se regra
São essas coisas assim
Que tem o valor do que são
Portanto, enquanto ainda houver
Cura para os cortes...use!
Porque
Um laço de fita, um olhar
Prende a alma pelo encanto
Se você chegar lá, vai entender
Que pra quem não sabe o que quer
Tudo sempre se encaixa
E qualquer coisa serve
Mas que nada preenche a vida
Pois a vida é breve
Então, enquanto existir atalho
Ao caminho da morte...recuse
Pois, é sim, sempre possível
Encontrar o que tanto procura
E depois deitar tudo fora
Quando você chegar lá
Finalmente, vai saber
A razão
da lição que dizia
Que um mais um, são dois
E outras coisas que não sabia
No dia em que descobrir
Que o vazio
Ocupa um espaço imenso
Penso
Que nesse momento
Teus pés vão pisar no chão
Pois, quando a alma apenas voa
É sinal que viveu à toa
E, que pena, voou em vão!
Pois a visão era turva
Se você chegar lá
E descobrir
Que ainda existe sorte...não abuse
Tomara que tenha ao seu lado
Alguém que te ame de verdade
Te olhando, até sumir na curva
Porque, se não existe igualdade
Todo dia é do mesmo jeito
E tudo é igual, tristemente.
Pois é preciso ter amado de verdade
Pra ter o direito a deixar saudade.
Edson Ricardo Paiva.
Fica tudo num bornal
É uma questão de perceber
A sutileza constante
O quintal é a vida da gente
E, ao que tudo indica
Pode até parecer diferente
Mas, semente semelhante
Gera sempre
Coisa igual a todo instante
Pois a vida nunca foi
Um lugar que fica ali na frente
Não lhe importa
O quanto a gente corra
Pois o tempo não descansa
Entre um sonho e uma lembrança
É tudo imagem somente
Onde a verdade
Está sempre dentro da gente
Num lugar que nada esconde
Porque sempre
Há de chover e fazer Sol
Só o presente interessa
Fica tudo em um alforge
É uma questão de olhar
Onde a vida da gente é o quintal
Não importa nunca a nossa pressa
Coisa que o tempo não tem
Nem precisa
Que, por ser portador da verdade
Sempre há pedras no caminho
O tempo nunca tropeça
E também não pisa em espinhos.
Edson Ricardo Paiva.
Por algum tempo
A gente ainda vai poder
Sentar-se à sombra da velha árvore
Talvez perceber
que as folhas do ultimo verão
Se foram no outono
A gente necessita somente
do bastante a abater a fome
Mas tem sempre uma sede
A que nada sacia
E lá se vai a alegria de viver
Troca tudo por sonhos
Briga pela prata que não leva
E quando encontra
Não percebe que a procurava
Aposta na sorte traiçoeira
E espera passar mais um tempo
Pra que as coisas fiquem no lugar
Quando o lugar de tudo
Era o tempo que se esvaia
A estrada onde o Sol se põe
Que compôs a vida
Meio cansada
e metade arrependida
Pois a essência da vida é indivisível
E a vida é sem graça, se não for dividida
Descobre que é possível
A viagem no tempo
Mas o tempo só corre pra frente
E corre mais e melhor que a gente.
Edson Ricardo Paiva.
Um dia você vai perceber
Que viveu a maior parte do tempo que havia
Sem se dar conta ou prestar atenção
Ao alcance do seu passo
Quantos lances de escada você galgava
E nunca se preocupou
Com a firmeza do seu traço
Era tão natural pra você
Não atentar para o tempo que corria
Que nem percebia
A alegria que causava
Com o calor de um simples abraço
Tudo era normal
Força, beleza, atitude
Você não desperdiçou
Seu precioso tempo pensando
E o tempo corria
Lento, vagaroso
Mais dia, menos dia
Você acaba prestando atenção
Que assim como sopra o vento
E a chuva cai
E ao final do dia
A chuva cessava
O Céu se abria
Ingrata vida
Que ainda há pouco lhe sorria
Lentamente te derruba
E você, sem chão
Desaba, como nunca imaginou
Você pode até dizer que sabia
Mas no fim
Há de também reconhecer
Não esperava que fosse assim.
Edson Ricardo Paiva
O Sentido da Vida
Certa vez, quando era criança
Eu pisei na areia
E ao perceber
a marca dos meus pés
Primeiramente pensei
Que elas não estariam mais ali
No dia seguinte
Mas logo em seguida eu pensei
Que antes que o dia terminasse
Poderia ocorrer
um desenlace qualquer
E eu também não estar mais aqui
Antes que sumissem
As marcas dos meus pés
Em pouco tempo
Não restaria nada de mim
E foi assim, desse jeito
Que ao invés de sentir-me triste
ou com medo
Percebi o quanto era feliz
Pois eu havia acabado
de desvendar um segredo:
Eu fazia parte de um todo
Eu era um grão de areia
deixando marcas da areia
Fincando as estacas
Que se tornariam os alicerces
do meu próprio entendimento
Pois, aquele momento
Foi quando eu me senti
Muito próximo Daquela Inteligência
Que Exerce, por Excelência
Todo o Poder de movimentar
Este Universo
Meus passos
Eram iguais a todos os passos
Se deixamos marcas ou não
Essas, tem que estar no coração
daqueles que vão estar aqui
depois de nós
Pois
No dia em que partirmos
Permaneceremos
de alguma forma
Na areia, que marca o tempo
No vento que carrega a areia
Na luz do Sol
Que nos entrega a vida
E a energia que alimenta esta Terra
Pois a vida é uma bela história
Que não faz nenhum sentido
Quando nascemos
É preciso que a gente
Pise antes na areia
Pra dar um sentido à vida
Pois ela terá o sentido
Que a gente der à ela
Edson Ricardo Paiva
Há momentos
Que valem uma vida
Como andar na chuva
Olhar pra cima e perceber
Um raio de Sol que a invadiu
Chove dentro de você
É preciso uma miragem
Uma fagulha frágil
Um sonho em forma de mensagem
Num milagre, a lucidez
Era preciso uma visão
Que talvez não te venha jamais
Não dessa forma sucinta
Veja, chove no papel
E o presente é uma tinta que o borra mais
É querer ouvir a própria mente
Enquanto a mente, propriamente, não se cala
Há momentos
Que podem valer uma vida
Um pensamento que te aguarda há muito
Paciente, lá no fundo do quintal
Até que a mente se aquiete
E pense até ser ouvida
Por enquanto é tudo que lhe resta
No entanto
Esse momento vale uma vida.
Edson Ricardo Paiva.
Um dia
A gente há de acordar
E perceber
Que o Mundo esta melhor
Um dia
Você vai notar
Que a tristeza
Que parecia não ter fim
Não se senta mais à mesa
Não mais adentra a sua porta
A tristeza
Finalmente se foi
Pode ser até
Que esteja morta
Ninguém sabe
Ninguém viu
Fugiu sem pedir desculpas
Tornou se uma roupa
Que não mais te cabe
A tristeza finalmente
Foi embora
Olhe pros lados
Consulte o relógio
Pois pode ser que seja agora
A hora daquele momento
Tão profundamente
Acalentado.
Pode ser até que perceba
Que ela nunca esteve aí
E que aquilo que te fazia
Sentir se triste e solitário
Sempre a consultar o calendário
Nunca tenha deixado de ser
Somente um amigo imaginário.
O que mais me impressiona
É perceber que nesta vida
Nada mais me pode impressionar
Deixei meu viver de lado
Parei de sonhar acordado
Eu, que tanto quis saber
Agora acho tudo assim...
Sem graça
As emoções me abandonaram
Eu não sinto mais falta de nada
Coração oco
Alma vazia
Não entendo como foi que um dia
Eu pude gostar da vida
E querer bem a este mundo
Que me esqueceu
Assim
Pra mim tanto faz
Por favor, vida
coisa abandonada
Me esqueça no meio da estrada
me deixe sumir em paz
Com o tempo aprendi
A ouvir o que me dizia
O silêncio das estrelas
O cheiro da terra
e perceber o quanto custava
cada lágrima que reprimi
Naquelas bravas horas de tristeza
Que a ninguém mostrei
A vida sempre envia sinais
Mas tem horas
Que é inútil procurar respostas
Longe de mim
Quando parece que simplesmente
O mundo me vira as costas
Há momentos em que é tarde
Muito tarde
E só teu coração poderá te responder
Se nesse momento
Brilha a Lua
Cai a chuva
Ou arde o Sol
Esse momento existe em você
E não no Universo
Há coisas que estão longe
Há coisas ao teu lado
E há coisas
Que não estão longe e nem perto
Estas coisas estão em nós
São o que somos
Estão antes, estão após
São o durante
São o agora
São e não são
Assim como estamos juntos
e eternamente sós
Vivemos, choramos e rimos
sem nunca saber de verdade
Se realmente existimos.
Aline
Margeando a sombra das lembranças
Sombreando as margens daquilo
Que te faz perceber a chegada
do vulto que divide tudo
Entre aquilo que ainda existe
e aonde a esperança não há mais
Um dia, numa linda tarde
haverás de olhar
As roupas coloridas balançando
ao sabor dos fortes ventos
que chacoalham seus varais
Esse vento haverá de trazer-te
Um longo, triste e doído lamento
E te fará lembrar
Coisas que fizeste e que disseste
e que deixaste cair no esquecimento
Perceberás então
Que a mágoa que sentias
Não possuia simplesmente
Fundamento ou razão de ser
Talvez tenhas nessa hora
Vontade de pedir perdão
e segurar um pouco a mão
de alguém que desprezaste
e deixaste partir
Sem pelo menos
poder se despedir
Enxugue suas lágrimas
Esqueça suas mágoas
Essa mão estará
Como sempre esteve
à sua disposição
Embora nesse dia
Não possa mais vê-la
Basta lembrar-se
dos motivos que a levaram
A não te balançar
nos primeiros anos
Assim como hoje
O vento balança o varal
Vindo de muito longe
Sentirás um beijo
Um carinho
E novamente
Outro pedido de perdão
Quem sabe outra estação
Um dia vai
Permitir que sejamos finalmente
Filha e Pai.
Um dia irá perceber que
partilhamos o mesmo querer
Que a distância que nos separa
nos mantém conectados
Que mesmo diferentes
temos muito em comum
"Em fim, espero que um dia
você encontre a mesma paz
e segurança que senti
quando estive com você
envolvida em meus braços"
Pare e observe as crianças e você vai perceber que a inocência delas é uma espécie de conselho para os adúltos.
Somente quem se importa verdadeiramente com outro assim como consigo mesmo, consegue perceber o que deve ser mantido e o que deve ser mudado na forma de se relacionar!
... penso
não ser mais tão difícil
perceber o quanto temos trocado
a 'arte de viver' - suas nobres
sutilezas;tão distintoslegados -
por umpunhado de descortesias,
abusos - refutando seus
vastosbenefícios
eporquês!
... perceber-me
seguro, confesso ser uma
experiência de quase morte
para mim, diz o dramaturgo
americano Tennessee Willians...
Porquanto, sempre foi a bisbilhoteira
adrenalina do risco e incertezas
o que me fez e ainda me faz
renascer e desafiar-me
todos os dias!
O melhor de não ter o mínimo de instrução
é não perceber a vergonha que se passa perante aos mais instruídos
