Ora
Eu estou em constante e estrondosa ebulição, ora furacão, ora sou liquefação; liquidificando os meus medos; untando fartamente a minha imaginação. Saboreando o maná regado com discrição. Ação executada, sem me descuidar, conversando com primorosa atenção com o meu anfitrião.
Ao parecer, mulheres escondem seus quereres e sentimentos em esconderijos como cofres de banco. Ora quer ser misteriosa, ora quer ser descoberta. E como sempre a lerdeza dos homens as deixa malucas, não querem pressionar os pobres machos indefesos que não sabem desvendar os grandes mistérios que se escondem dentro de um coração feminino. É simplesmente complexo descobrir o que fazer pra ele perceber o que falta e o que precisa fazer pra alegrar a mocinha. No fim descobre que só falta um diálogo sincero, um poema no fim do dia, um torpedo no meio da noite, uma flor rancada na rua na hora do almoço, um bombom pra acalmá-la na TPM... Enfim, é necessário simplicidade e cumplicidade, uma parceria que vai além de um encontro físico, mas sim um encontro de alma, onde os corações se tocam e mandam para o cérebro a informação de que nada é mais difícil do que a dificuldade de amar.
Seres-humanos são extremistas; ora bons demais, ora maus demais. Felizes os que doutrinam o meio-termo. Sobrevivem mais e melhor.
Dormi agora, tem alguém te vigiando velando seu sono.
Esse alguém é teu anjo.
Ora seus pensamentos melhores e dormi, dormi que tem alguém te esperando....
Bom noitear, que num galho de sol a manhã te anuncia
E eu, ora vivo,
Ora morro,
Em cada verso que deixo escapar de mim.
Vou fazendo meus riscos de giz,
Marcas que a chuva insiste em apagar.
Mas eu escrevo de novo, e de novo,
E sempre, enquanto giz ainda me restar.
E mesmo que ele acabe, haverá pedras,
E terras, e sangue,
Só para eu poder sentir-me viva
Nessas marcas que, pouco a pouco,
Me consomem.
Ora, você que inventou a beleza
Tenha a nobreza
De se redimir
Me deixe achar algo feio
Pois tudo, tudo que rodeio
Acho beleza, me faz sorrir
Tanta beleza
Também faz sofrer
No ato de ver
Preciso sentir
Preciso morrer
Vejo poesia em cada canto
No meu sorriso
No meu pranto
No espaço livre
No papel em branco
Esse papel em branco
Me incomoda
Cato filosofia e poesia
Tudo que tenho em volta
Essa beleza perturbadora
Me faz cuspir poesia
Limpa como tua camisa
E suja como uma vassoura.
Pode parecer...
mas não existe tristeza em meu olhar!
O vazio que ora me atormenta
abastecerá a minh'alma para, em algum momento
não mais te ver chorar!
Ora até que enfim..., perfeitamente...
Ora até que enfim..., perfeitamente...
Cá está ela!
Tenho a loucura exatamente na cabeça.
Meu coração estourou como uma bomba de pataco,
E a minha cabeça teve o sobressalto pela espinha acima...
Graças a Deus que estou doido!
Que tudo quanto dei me voltou em lixo,
E, como cuspo atirado ao vento,
Me dispersou pela cara livre!
Que tudo quanto fui se me atou aos pés,
Como a sarapilheira para embrulhar coisa nenhuma!
Que tudo quanto pensei me faz cócegas na garganta
E me quer fazer vomitar sem eu ter comido nada!
Graças a Deus, porque, como na bebedeira,
Isto é uma solução.
Arre, encontrei uma solução, e foi preciso o estômago!
Encontrei uma verdade, senti-a com os intestinos!
Poesia transcendental, já a fiz também!
Grandes raptos líricos, também já por cá passaram!
A organização de poemas relativos à vastidão de cada assunto resolvido em vários —
Também não é novidade.
Tenho vontade de vomitar, e de me vomitar a mim...
Tenho uma náusea que, se pudesse comer o universo para o despejar na pia, comia-o.
Com esforço, mas era para bom fim.
Ao menos era para um fim.
E assim como sou não tenho nem fim nem vida...
Gratidão ao Pai pela chuva que ora cai.
Molhando o solo, lavando a alma,
Florescendo as flores e inovando o ser.
Ser!!!
Seja...
Deixa ser a semente.
Ser eu, ser teu, ser solo molhado, abrindo as flores...
pássaros.
DIÁLOGO
Eu converso com Deus só uma vez no ano.
E Ele fala comigo a cada segundo repetido.
Ora!... Se Ele é o Criador do ser humano,
Não precisa escutar, e sim, só ser ouvido.
Os melhores anos de minha vida?
Ora, aqueles em que ser Eu não dependia do que os outros esperassem que Eu fosse!
Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do Homem que está no céu.” (João Cap. 3, 1-13)
"Nunca nunca vai te amar como eu te amei". Sério mesmo dizer isso? Ora, se demonstrasse de verdade o amor que dizia ter, a pessoa não estaria te trocando por outro, ou sozinha. Menos conversa, mais ação.
Eu era calmaria e ele era vento, sendo ora brisa e ora tempestade . Não havia monotonia, só rock e poesia , sendo ele o rock eu ,naturalmente, a poesia. E havia toda aquela minha louca vontade de citar Rita Lee cantando "meu bem você me da água na boca " .
