Coleção pessoal de suellenmaracouto

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Minha vida nas redes sociais

E que dane-se que eu me exponha tanto assim! Talvez é melhor que vocês realmente me conheçam, como eu sou, como me sinto. Porque na realidade, nem eu mesma sei como sou. Sei poucas coisas sobre mim, me descubro a cada dia. Gosto de escrever, de música, de pessoas. Gosto do silêncio, também aprecio um bom barulho. Gosto de mudar, embora eu tenha bastante de um Hobbit. Canso muito de coisas chatas, sou fácil para encontrar o tédio. Gosto de dança, embora seja péssima nisso. Gosto dessa rede social, embora eu sempre tenha vontade de conversar com as pessoas que nem me conhecem. E depois dessa semana, de tantas tristezas, de saber que disponibilizei minha força de trabalho de graça, de ter me sentido furiosa, decidi descontrair esse, e se possível, todo fim de semana. É, amigas, não se assustem. Não fiz nada do que eu tinha que ter feito. Preciso de um intervalo para minha cabeça, ela fica tensa durante a semana. Gosto de rir sem compromisso. Gosto de me sentir, mesmo que alienada, totalmente “livre”, embora as aspas atrapalhem um pouco. Sei, às vezes nada tem nexo. E não, não estou sóbria. E sim, gosto disso. E sou uma boa pessoa, tentando viver nessa vida louca, toda injusta e desconexa. Não gosto daqui. Mas, existem pessoas por quem temos que lutar. E você é uma delas. Bom, assim, um pouco louca, minha língua fica solta, falo de tudo o que eu quero, e pronto. Mãe, você ficaria orgulhosa. Eu também estou.

Sou isso, o que escrevo, e pronto.

Sou eu mesma, a doença que corrói,
Que dilacera, que derrota,
Essa casca que restou.
Que a contaminação seja mais rápida,
Que finde essa tortura,
Que eu seque e caia como as folhas,
Que piso nessa rua...

Não quero existir para tentar ser aceita, eu quero mais. Estou morrendo sufocada aos poucos pela insanidade que me cerca. Talvez o sentido seja esse: viver para sofrer e encontrar prazer na morte. De alguma forma, a liberdade tem que existir, em algum lugar, ou fora dele.

Queria eu, que morro lentamente, viver um dia de verdade.

Cada ser é um livro, repleto de suspense, ação, aventura, romance. Capas totalmente diferentes, histórias deliciosas e trágicas. Não há tempo de edições. A vida corre depressa demais. Conforme o tempo vai passando, o relógio parece estar mais rápido, o calendário insiste em lembrar que não é possível voltar atrás e que se está cada vez mais distante de momentos que foram vividos, deixando as pessoas prisioneiras daquilo que foram um dia, ou do que poderiam ter sido.

E essa é a geração Marco. Dos que crescem sonhando e morrem se arrependendo do que não conquistaram. Dos que mesmo contra as ideologias e sistema desse mundo, contribuem para ele continuar da mesma forma, e não fazem nada para mudar. Dos que querem algo melhor para seus filhos, que acabam por se tornar escravos do capitalismo. Dos que tentam viver, e morrem sem ter conseguido.

Mas vou lutar pelo que acredito,

Pelo meu sonho, pelo meu riso.

Quero aprender a viver,

A ajudar a construir um mundo bom.

Ser mais uma louca onde tantos acreditam ter razão.

E avisa pras pessoas, que me olham com desprezo,

Que eu sou humano, não sou bicho,

Sou apenas mais um que pela cidade

Foi destruído.

Vou criando meu mundo de mentira

Com paredes bem sutis

Assistindo a propagandas,

Fingindo que sou feliz.

E eu, ora vivo,
Ora morro,
Em cada verso que deixo escapar de mim.
Vou fazendo meus riscos de giz,
Marcas que a chuva insiste em apagar.
Mas eu escrevo de novo, e de novo,
E sempre, enquanto giz ainda me restar.
E mesmo que ele acabe, haverá pedras,
E terras, e sangue,
Só para eu poder sentir-me viva
Nessas marcas que, pouco a pouco,
Me consomem.

Quanto mais o tempo passa, mais eu compreendo o quanto posso ser infinita em meu espaço limitado, como consigo ser tantas coisas, sendo apenas uma, e assim, consigo entender mais as pessoas e o que elas carregam dentro de si.

Modo automático


Olha senhor, aqui jaz o corpo demente, fique tranquilo, já não mais pensa, já não mais sente. Um robô, com sangue e pele, controlado, obediente. Que não se expressa, que só cumpre regras. Hoje, como é do seu conhecimento, ele entrou em crise, o cérebro se agitou, e muitas coisas aconteceram ao mesmo tempo. Ouviu muitas vozes, sentiu tristeza, dores, e a cabeça, diz ele que pensava sozinha, tinha vida própria. Mas ele continuava a delirar, conversava com quem não via. Apliquei mais uma dose do sistema, já voltou a funcionar. Pode levar esse corpo, nenhum sentimento nele habita. Coloquei-o ainda mais obediente, parecerá feliz para o cliente, mas no modo automático está. E se precisar de manutenção, tenho mais doses para aplicar. Mais vou lhe ser sincero: se ele falhar de novo, descarte, pegue outro, existem muitos ainda que podemos utilizar.

Queria tanto dizer
Da falta que me faz!
Mas quando te encontro,
A primeira coisa que vejo,
São letras grandes, que dizem: “Aqui jaz”...

Vento


Ontem um vento bobo

Entrou pela janela,

Derrubou meu enfeite de vidro,

E o fez ficar em cacos.

Eu também fiquei como os pedacinhos

Perdidos pelo chão

Não era porque era meu enfeite favorito,

Não era por ter que juntar os vidros,

Não era por ter que varrer o piso,

Ou me ver assim,

Prostrada, com as mãos no chão.

Foi porque eu deixei a janela aberta,

Porque quis deixar algumas brechas,

E esqueci-me do enfeite no balcão.

Mas hoje, depois que juntei os cacos,

Resolvi a janela não abrir.

Ainda não sou capaz,

De deixar algumas brechas,

De juntar os cacos que surgem,

De aceitar que os vidros quebram,

De saber sentir o vento.

E olhando meu reflexo

No espelho trincado do banheiro,

Vejo que sou como aquele enfeite quebrado

Que o vento derrubou.

Despedaçada, desfigurada, desfeita,

Incapaz de me recompor.

Não sei o que enfeite sentiu

Quando se quebrou.

E o que senti? Também não sei...

Quando o vento me atingiu?

Não recordo, mas me ajoelho

E fico em prantos.

Não por estar quebrada,

Não por estar desfigurada.

Mas porque me lembrei

Da janela que abri,

Do vento que deixei entrar,

E que quis me destruir.

Hei! Olhe pra mim!
Sou apenas uma criança crescida,
Ainda nem sei como se cura as feridas
Que estão se abrindo em mim.

E eu apalpo a terra molhada,
Que se esparrama pelos meus dedos,
Que esfola meus joelhos,
Que me nega,
Que me maltrata.
Mas eu só peço que ela me devore,
E mais nada.