Ontem
Ontem perdi, hoje nada ganhei, porém, não me abalei.
Todo guerreiro luta com fé na esperança de dias melhores. Amanhã de pé estarei, para lutar incansavelmente por uma vitória.
Na vida tudo passa, principalmente o tempo
Ontem éramos crianças, hoje não mais
O rosto lindo envelheceu
Amadurecemos
Vimos pessoas queridas falecerem
Vimos corações duros amolecerem
Vimos pobre ficar rico
Vimos rico ficar pobre
Vimos amores que não deram certo
Vimos romances passageiros
Com erros e acertos o tempo passa
Ruiva
Ontem eu comemorava 33 anos a 5 dias antes da minha data oficial. Quando fui pegar um drink e la estava ela, de costas ruiva da pele branca, com as mãos finas e delicadas. Short jeans (fiquei surpreso pelo tamanho que nao era do seu feitio) e um sapato preto brilhoso que ela costumava usar, blusinha regata cavada. Formosa como ela sempre foi, um corpo de esculturas gregas, espetacularmente desenhado, com curvas exuberantes exatamente como me lembrava. Senti o coração forte, falta de ar e uma vontade repentina de ir embora daquela festa. Mas tive que me aproximar pra ter certeza. Certamente meus convidados iriam se chatear se eu me retirasse. Sem falar nada a ngm pior ainda! Me aproximei ao lado. E a vi de frente. E nao era ela. O alivio me tomou o corpo, junto de uma erupção de borboletas no estomago e o pensamento de Deus me livre mas quem me dera. Sentei, acendi um cigarro pra refletir sobre "e se fosse", "e se me ignorasse", "e se viesse comemorar comigo".
Quis deitar e olhar as estrelas, mas era tarde de verão ensolarada.
ONTEM
quando não for mais hoje,
quando não for tão breve,
me leve nessa brisa lisa desse teu sorriso,
eu não preciso de nenhuma teoria
que explique o tiquetaque do relógio,
nenhuma teologia que explique o que é divino,
eu sou menino e a paixão carrega na tormenta
o que me atormenta depois do que... foi ontem
eu posso ser melhor do que ser só,
eu posso ser solitário...
mas lugares comuns me afligem...
eu posso ser bonito,
contanto que manhãs ensolaradas
me lembrem ofegantes as tuas narinas;
como é belo fazer poesia
porque amor foi o que fizemos ontem...
MULHER
Eu te quero tanto agora
Como a aurora de ontem e anteontem,
Como a chuva de todos os invernos
Que alimenta o nordeste
Eu te quero como a tarde
Que arde de desejo
Sob o sol da primavera
Que as papoulas enrubesce
Eu te quero como as noites
Que alimentam os amante
Como as mães que seus filhos amamentam
Que amam seus maridos
E satisfazem seus homens
E se consomem nos partos
E morrem com seus abortos
Eu te quero como a vida
Que sai de suas entranhas
E sustenta a existencia da humanidade
Nesse ciclo que se renova
No teu beijo e abraço
Nessa essência de se dar e se fazer
MULHER
VOILÀ
Por que fugir o olhar e sorrir assim o desdém
se ontem me prometias alma e amor eterno
se poesias de amor nas linhas do teu caderno
seladas com um coração me dedicastes também
TODAS AS ESTAÇÕES
Ontem nos amamos tanto
Que nem os dourados ocasos
Sobre as colinas de mesquita
tinham tanto calor...
Ontem nem as mais coloridas primaveras
De Holambra com suas flores cálidas
Jamais demonstraram tanta paixão...
Ontem nos amamos tanto,
Que nem os mais extremos
Invernos da Amazônia
Se derramaram tanto...
Ontem nem os mais profícuos
Outonos de Florianópolis
Jamais se despiram tanto...
Ontem aconteceram todas as estações...
Ribombaram todos os trovões,
Caíram todos os raios,
Despiram-se todas as árvores,
Desabrocharam-se todas as flores...
E as metamorfoses estão a acontecer...
Então por que continuas ausente...?
PENSAVA
Ontem eu pensava que te amava
E te amava tanto
Que toda flor
Tinha a cor do amor
E toda rosa
Tinha um dedo de prosa
E todo poema
Tinha a ternura dos loucos
E eu te levava pro lago
Quando a lua prateava a minha ilusão
Ontem eu pensava que te amava tanto
E tanto te amava, que acreditava nisso
Vivia do teu sorriso,
Do que de ti emanava..
.Eu me guiava pelo som das tuas palavras
Com o teu sorriso eu me alegrava
Eu era a sombra da tua sombra
Eu era as tuas verdades
Ou o que eu imaginava que era verdade...
Ontem eu pensava que te amava
E te amava tanto...
ONTEM
Tudo era tão lindo,
Quando tudo era lindo,
Quando tudo era tudo
Que se resumia no indelével prazer
De achar que era tudo aquele querer
Era tudo que eu sonhava
Quando eu sonhava com tudo
De bom que eu pudesse ter
ENQUANTO HOUVER SONHOS
Ontem ela virou a esquina como se fosse dona do mundo, levou a lua e a estrelas com seu magnetismo, e eu fiquei ali com um copo e os meus fantasmas; éramos anjos do mesmo éden, ela seguiu com a luz e eu fiquei comigo mesmo e a noite; falavam de corrupção, insegurança, criminalidade; todas essas coisas que a gente vê diariamente na mídia, e particularmente eu tinha solução paratudo isso. para combater o tráfico e a fragilidade do sistema carcerário; estávamos todos ali diante de um jogo de dama e um dominó; de vez em quando uma o outra piada sobre as preferencias clubísticas de um ou de outro, sobre deslizes e infidelidades de alguma esposa e brincávamos com coisas seriíssimas, como se fossem banalidades; como se aquilo não abalasse nossas estruturas emocionais.
Tomei mais algumas doses e cantarolei alguns boleros, como se assim, ninguém percebesse como me abalou a sua altivez, a sua aura, sua indiferença. Ela passou como um cometa, como se fosse parte integrante do sistema planetário; como se sua presença fosse parte indispensável à harmonia etérea . fiquei ali doendo a minha insignificância, tolerando sorrisos fáceis e palavras levianas; um falatório gratuito sobre a essência corrupta e indolente do nosso povo; sem o idealismo nato por honra e dignidade; afinal era o que me restava; mudo fiquei com minha mágoa, jamais falaria dessa paixão, e então a vida continuaria insignificante... não, não; jamais a vida seria insignificante enquanto houvesse sonhos e paixões; mesmo aqueles estavam ali, ébrios e desesperados, amuados com suas crises e seus vícios; desesperançados, mas se houvesse sonhos e paixões... se houver sonho provavelmente há paixões. O sonho faz orvalhar em qualquer deserto; paixão e sonho frutifica em qualquer solo. Ontem ela virou a esquina como se fosse um sonho; orvalhou sobre a minha paixão... parecia indiferente, mas era só dissimulação, era um jogo; o jogo jogo que me trazia aquela ansiedade, o jogo irresistível e fascinante do amor.
COISAS INGÊNUAS
O que fizemos ontem
O céu azul, o vinho, o blue e a caatinga
A arder a seca, a derramar carências
Santa demência,
Poeira branca do que foi o Jaguaribe
Deus me livre daquele olhar
A inquirir os meus desejos
Chama ardente a queimar na alma
Que quanto mais olhava mais incendiava o meu olhar
Sempre acreditei no amor das coisas ingenuas
Sempre declamei a grandeza das coisas pequenas
Mas se desvirtuei foi por paixão,
Foi por paixão que derramei o meu querer
Foi por querer que perfurei seu coração
O que fizemos ontem nunca mais se fez
A caatinga ainda rasteja, arde esparsa
Parca, incendeia, mas se chove, floresce e viceja
Porque vicejar é da flor...
FRONTEIRAS
Então eu olho no espelho do ontem e do hoje
Sem ter certeza de qual dos dois sou eu
A minha identidade usa fraldas ou próteses
Há um reflexo, um vulto, outras possibilidades
Um rio, uma terceira margem
A gente vai se multiplicando
Com o tempo sentimento e idade
E essa multidão passeia nas praças
Povoa as esquinas enche o coração
O coração da multidão
É movido pelos mesmos prazeres carências e fantasias
Com as mesmas incertezas
Rios margens e fronteiras
Elas conversam nas praças
Se pintam nos shoppings,
Se deliciam nas sorveterias
Imaginando o que suas almas escondem,
E o meu desejo diz que elas
Estão todas prenhes desse prazer
Mas tudo se dissolve num jogo de espelho,
Em margem de rios e fronteiras do tempo
Ontem, hoje, amanhã, todas prenhes deste meu desejo...
Prazeres órfãos porque o tempo dilui
Com a constante inconstância do que se abstrai na emoção...
SOBRE ONTEM, O ANTEONTEM E AMANHÃ
Eu tenho um olhar
Somente um olhar
Na manhã a passar na calçada
E os sonhos que eu tive
De um dia sonhar com a manhã
Já passaram
Ficou meu olhar
A olhar
O olhar da manhã a passar...
PARQUE DAS FLORES, DOS FRUTOS E DAS GENTILEZAS
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Ontem cheguei à minha rua em Parque das Flores, e me deparei com o 'seu' Roberto, vizinho de frente, aguardando com duas pinhas maduras na mão. Explicou que já me chamara duas vezes, lá no portão de minha casa, mas não havia ninguém. Agradeci com carinho, peguei as frutas e fui comê-las mesmo instante. Estavam duplamente deliciosas, pelo sabor natural das mesmas e pelo sabor, também natural, do afeto de meu vizinho, que logo depois ganharia livros.
A rua na qual moro alguns dias da semana é assim. Uma interminável troca de gentilezas. Acordo sempre ao som da voz amiga - e estridente - de seu Gerson a cumprimentar a vizinhança. Em outras ocasiões, com o rosto voltado para minha casa, esperando para perguntar se estou bem e se preciso que encha minha caixa d´água, pois sabe que a bomba de meu poço às vezes deixa a desejar. Não raras vezes, trocamos limão por jambo e tangerina por mamão.
No quintal de fundos para o meu, seu Hélio varre folhas, assessorado por sua esposa, e nunca deixa de cumprir o ritual de observar para ver se tudo está bem no meu pedaço. Quando saio às ruas, é um tal de bom dia; boa tarde; boa noite, a depender da hora. Muitos senhores ainda tiram o chapéu para cumprimentar quem para eles merece tal reverência, pelo simples fato de ser um professor. Coisa das antigas.
Tem ainda as velhinhas da rádio esquina, que assim batizei porque as mesmas estão sempre lá, pondo assuntos em dia, vendo se não falta ninguém na vizinhança e analisando os poucos acontecimentos do lugar. Elas têm sempre um sorriso, uma observação e um cumprimento alegre, despretensioso e cheio de calor humano.
Não sei descrever o encanto que é morar em Parque das Flores. O texto seria longo, e mesmo assim, precário para descrever esse meu recanto. Conheço muitos e muitos lugares onde os vizinhos recebem uns aos outros com pedras na mão, enquanto em Parque das Flores, especialmente na minha rua, recebemos uns aos outros com corações desarmados... e frutas na mão.
ETERNA VIDA EFÊMERA
Demétrio Sena - Magé
Pergunto ao ontem, que até há pouco era o agora, em que buraco se meteu o agora, que agorinha mesmo ainda era. Ele foi para lá? Está nos braços de um novo ontem? Caiu no escuro e no vazio de ninguém sabe o quê? Nunca tenho resposta e logo pergunto ao já futuro e logo passado agora: E o futuro? Cadê o futuro? Virou passado ou se renovou na linha do tempo? É tão clichê dizer que a vida é um sopro... mas é tão clichê dizer que é tão clichê dizer que a vida é um sopro. Porque é... e ninguém há de soprar nada mais original sobre a vida e sua eterna efemeridade.
... ... ...
Respeite autorias. É lei
