O poema Passarinho
O mais passarinho de todos
O mais passarinho de todos soprou o vento,
e o pardal achou onde ficar.
Até a andorinha, sem mapa nos olhos,
desaprendeu a se perder.
O mais passarinho de todos bordou os rios,
escreveu caminhos sem pressa.
Fez o tempo andar de pés descalços
e me ensinou a brincar de novo.
O mais passarinho de todos acendeu as folhas de verde,
e o chão se ajoelhou em raiz.
Até as pedras, duras de silêncio,
aprenderam a escutar o orvalho.
O mais passarinho de todos desfez a distância do céu.
Coube no voo, na seiva, no barro,
e até na palavra que eu não sei dizer.
Eu, pássaro de asa murcha,
com sua ajuda, encontrei pouso.
Francisco
Você tinha um quê de passarinho.
Não voou, mas havia um céu inteiro
dentro de si.
O céu cabia nos teus bolsos —
um céu de algodão-doce,
de nuvens que sabiam cochichar.
De vez em quando, abria a boca
e soltava um bando de andorinhas:
palavras de um certo Galileu,
um Latino Galileu.
Enquanto o mundo lhe exigia asas,
não precisou sair do chão.
Quem carrega um céu dentro do peito
não precisa provar nada ao vento.
Um passarinho na janela
Era uma manhã como tantas outras, quando minha atenção foi capturada por um pequeno pássaro que, com graça e leveza, pousou na janela de minha casa. O passarinho, em sua serena vivacidade, parecia trazer consigo um mundo de reflexões.
Suas asas delicadas tocavam o vidro com a leveza de quem afaga o próprio destino, e seus olhos, dois pontos brilhantes, refletiam a quietude de um espírito livre, como quem tem um céu inteiro dentro de si. A presença daquele pássaro revelou-se como um oráculo silencioso, sugerindo-me que a vida, em sua essência, é uma eterna contemplação do invisível.
Enquanto o passarinho perscrutava o horizonte, pensei nas vezes em que nós, humanos, presos em nossas angústias, deixamos de perceber as belezas simples que nos cercam. Ignorância é acharmos que pássaros, só porque têm asas, não caem ou que nunca descansam nos tapetes de Deus durante o seu percurso. Essa liberdade não tem nada a ver com invencibilidade.
O pássaro, em sua graciosa indiferença, ensinava-me a arte da quietude, a contemplação do instante presente, a sabedoria de viver sem pressa.
E assim, naquele encontro fortuito, compreendi que a janela não era apenas uma barreira física, mas uma metáfora da alma, uma passagem para a introspecção e para o entendimento do nosso lugar no mundo. O passarinho, ao pousar na janela, não apenas a tocava, mas convidava-me a abrir as portas do meu próprio coração para as sutilezas da vida.
Alguns seres são meros filhotes de passarinho,
apenas sobrevivem até idade adulta,
esperam tudo em seus bicos,
e a única coisa que fazem,
o único esforço,
é apossarem-se da espera,
Não sou místico nem metafísico,
sou de barro, holístico como
Aristóteles, como o passarinho
de Manoel...
Acredito que com o feitiço
das palavras se cria
anjos e demônios
bênção e maldição.
HOSPEDAGEM.
Uma vez, um passarinho pousou em um galho e passou a noite toda hospedado naquela árvore.
Ao amanhecer, ele partiu e passou o dia longe do velho galho. No entardecer, quando retornou à árvore, o velho galho já não estava mais lá.
O passarinho ficou muito triste, pois não poderia mais se sentar naquele galho, mesmo que a árvore fosse a mesma.
A vida não é diferente do velho galho, nós também não somos diferentes do passarinho.
Às vezes, passamos o dia ao lado de alguém que amamos, mas chegará o dia em que voltaremos ao mesmo lugar e não encontraremos as mesmas coisas, as mesmas pessoas.
Talvez elas já tenham partido e, mesmo que o lugar seja o mesmo, os hóspedes serão diferentes.
Aproveite as pessoas que estão ao seu lado aproveite cada momento, demonstre o quanto ama, pois chegará o dia em que voltaremos e não encontraremos as pessoas, apenas o lugar vazio.
E nesse dia restarão apenas as boas lembranças daqueles antigos hóspedes.
"" Água que passarinho não bebe
tem gosto de alvorada
e cheiro bom
ah!! mardita companheira
que sem eira nem beira
acaba com tudo da gente
tem gosto quente
parece cafuné
Cachaça minha querida
por ti entreguei a vida
e hoje vago sem rumo
pois até o prumo
acabei de perder
sou cabra da peste, bebo sem parar
a casa vai cair, tombar
só não posso dar uma de macho
pois senão eu acho
que vai rolar é lenha
a patroa é fera
e quando quer desempenha
sem falar ainda
na tal de Maria da Penha
É melhor afrouxar
e seguir sozinho
pinguço desaforado
dessa vida quero largar
partir pra um outro lado
mudar viver um renovo
mas ai lembro do boteco
da cachaça e do ovo
tudo cozido na melhor zoeira
mas tem uma coisa ainda minha nobre companheira
você que é feita da mais pura cana
fatal mundana
não me chegue de brincadeira
afinal ainda nem é outono
e o angu aqui ninguém come
é meu, tem dono
- Jesuíno Mandacarú
" Vou deixar partir
como um passarinho que deixa o filhote ganhar os céus,
sem o desejo de retorno, sem o medo de perder
e depois que for embora, vou pedir a Deus que zele por você, abençoando sua nova vida, lhe dando forças e desejos bons
vou deixar partir, quem sabe um dia, entenda meu gesto e até me perdoe se assim for preciso, mas quero desejar que você sobreviva e bem sem mim, porque é assim mesmo, não somos donos de nada, apenas ajudamos a desvendar caminhos. Hoje entendi que o meu, de agora em diante, será em uma outra história, sem a participação especial que era você...
Passarinho que se foi
E conheceu o mundo
Lembre-se que sua árvore
Seu porto seguro
Ainda tem raízes que te ama
E te protegera da escuridão
Que conheceu
Tem gente que carrega o aroma das manhãs,
como o canto suave de um passarinho em liberdade,
trazendo vozes que dançam nas brisas,
a magia que se infiltra no peito e cura a dor.
Nesses seres, o condão da paz se revela,
como uma luz que atravessa nuvens densas,
e ao ouvir sus falas, o coração se aquieta,
encontrando alívio nas notas da sua presença.
viver sem dor
é o mesmo
que uma rosa
sem espinho
um passarinho
sem ninho
amar sem se apaixonar
apenas impossibilidades
NO JARDIM DA PRIMAVERA
Tem flores despertando
Tem o amigo passarinho
Ainda dormindo no ninho
Tem o sol acordando...
Tem nuvens chorando no céu
Gotinhas molhando o jardim
Sugando na flor do jasmim
Tem abelha fazendo mel...
Tem a primavera aplaudindo
O jardineiro apressado
Precisa deixar preparado
Quando o dia vai surgindo...
Irá Rodrigues
A BRISA
Voa feito passarinho
Vira ventania
Pousa faz redemoinho
Bagunça gravetos
Na beirada do caminho.
Sobe em árvores
Bagunça as folhas
Derruba raminhos
Que protegem os ninhos.
Mergulha no lago
Faz acrobacia
Espanta os peixinhos
Ah! Que folia.
Autoria- Irá Rodrigues
passarinho da Amazônia, eu conto ou tu conta?
Na moda da cidade você não existe, morra na queimada.
De longe não vejo o indio, nem a sua cenzala.
PRESO NO PARAÍSO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
O passarinho está livre na gaiola. Mas está preso... na gaiola. Está livre do gato e do gavião. Do sol... da chuva. Livre até de ser preso em outra gaiola. Livre da liberdade.
Tem alpiste, água e remédio. Tem um senhor... um senhor que lhe dá o alpiste, a água, o remédio e a garantia de que o gato, o gavião, a chuva e o sol não o pegarão... muito menos a liberdade o pegará.
E o passarinho canta. Canta para o seu dono e senhor, que além de prover suas necessidades, garantir o socorro e as libertações, ainda lhe dá o direito de olhar o mundo e sentir o ar, mesmo sem poder explorá-los... avançar os limites das permissões espremidas. Ele apenas olha, e sabe que deve agradecer por tudo, esse tudo-nada, para não ofender seu dono e senhor, que sempre sabe o que é bom.
Hoje, o passarinho entende que esse é seu livre arbítrio. Não é livre... nem é arbítrio. Mesmo assim é seu livre arbítrio, depois do medo que aprendeu a ter das consequências de não ter medo. De ser livre. Ter arbítrio. Correr os riscos de ser quem é por natureza ou pelo pecado original de haver nascido.
Essa é a sua casa. Seu mundo; seu habitat. Sua prisão no paraíso... longe do seu ninho. A gaiola é o templo... a igreja do passarinho.
Manifesto de um pássaro
Um dia, um dia qualquer, eu quero me tornar um passarinho, voar de janela em janela, tomando cuidado com os gatinhos, e de lá em cima das árvores, cantar no meu ninho, apenas um assobio, um simples elogio, e dizer para as pessoas, que a vida ainda é bela, mesmo sendo tão dolorido, que o mais puro coração, não sofre por um amor reprimido.
Um dia, quando me tornar passarinho, quero poder ao vento minhas assas bater, olhar para o sol nascendo e dizer, que la vem de novo a calorosa estrela guia, aquecer minhas assas me levando para os montes rochosos, de onde eu vejo toda a vila, cheia de vida, de pessoas de bem, querendo apenas amar uns aos outros.
Meu sonho, neste pequeno universo, e poder fazer por todos, apenas aquilo que espero, que seja bom, com amor, sendo carinhoso.
JURUNA no PLENÁRIO
O passarinho te viu tão sozinho,
Que se fosses passarinho
Jamais serias um bem-te-vi,
Tão triste, que se fosses
Rouxinol, jamais terias alpiste,
E se fosses um pardal, jamais estarias tão mal
E se fosses um canário, não sairias do armário
Se fosses corrupião, morrerias de paixão...
O passarinho te viu tão só,
Que jamais serias um curió,
Tão aflito que jamais serias um periquito
Tão jururu que, jamais ouvirias um uirapuru,
E nesse mundo de penas,
Tanta pena tenho de ti,
Que te trago do cacique, um cocar guarani,
Te trago penas de pavão,
Pra te lembrar da paixão,
Te trago tons de lilás, tons celestiais
De um mundo colorido de araras e tuiuiús
Te trago lembranças do pajé,
que cuida de bichos de pena...
De todo índio com fé...
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