Coleção pessoal de Machadodejesus

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⁠PEIXE QUE BOIA A ONDA LEVA


“Revirou os banco, amassou meu boné branco
Sujou minha camisa do Santos (...)”.
-Racionais Mc’s


Na Vila Belmiro, o raio já caiu várias vezes; desde Pelé, Pepe, Robinho, Neymar e Rodrygo. O Peixe “boiou” na noite de uma quarta-feira de 2023. 06 de dezembro, faltando quatro dias para o meu aniversário, recebo como “presente” a queda do Santos para a série B. Também já estava perto de completar um ano que o rei do futebol nos deixou. (Pelé não merecia isso. O ano em que toda partida do Santos, quando completava 10min, homenageava o rei.)
Mas, caro leitor, o Alvinegro Praiano já havia “boiado” há muito tempo... Com má gestão, jogadores, etc.
A humilhação foi mundial pelo rebaixamento; primeiro das torcidas rivais. E por último, no telão da Times Square. Mas os humilhados sempre serão exaltados. Aguardem!
Já era uma pedra cantada. Mesmo com prorrogação, o Santos Fc não permanecia na série A. Comentaristas de futebol já vinham alertando que o Santos iria afundar. 111 anos de história, de conquistas, de trunfos. Um time que nasceu no litoral paulista, lugar geograficamente pequeno, comparado a São Paulo. O Santos é gigante, porque o rei Pelé o tornou. O mundo conheceu o Santos de Pelé. (O time de 1960, Década de Ouro)
O Alçapão sempre ficava lotado. A torcida estava junto, entoando o hino: “Nascer, viver, e no santos morrer é um
Orgulho que nem todos podem ter (...)”. Todavia, o Santos Futebol Clube não foi recíproco. (O cair é do homem, e o levantar também é do homem.) Tiraram o rei da sua poltrona, e o puseram de escanteio. Arrancaram a torcida da arquibancada, e jogaram para o banco de reservas. A bola entrava, e o goleiro jogava a luva. 06 de dezembro, a cidade de Santos parou. As chuteiras de Neymar e Pelé, desamarram. Mas a torcida não vai pendurá-las Vamos jogar a bola pra frente.
- O narrador Jorge Iggor, narrou o jogo do Vasco, e narrou com um tamanho profissionalismo. Gritou o gol que rebaixava o seu time de coração: o Santos. Jorge Iggor é um grande poeta que narra a poesia que as imagens não é capaz de traduzir, mostrar. Ele recita com seu grito toante, os poemas nas entre linhas do campo.
O Santos FC voltará a nadar. Boiar, nunca mais. Como disse o Mano Brown: “o Santos é o retrato do Brasil”.

⁠PEDRO PAULO DESENCOBRIU O BRASIL


E aê, Mano Brown!
O maior poeta contemporâneo, e vivo. Um alvinegro... Com sua poesia marginal; fez o cântico dos loucos e dos românticos. Poeta por dentro e por fora. Santista de alma! Um negro drama de pele clara.

Um homem em reconstrução/ desconstrução na estrada.

Me inspirou, e me inspira até hoje a ser um sujeito homem! Pedro Paulo foi quem desencobriu o Brasil criado por D. Pedro, com suas crônicas cantadas.
Na moral, Caminha nunca iria lhe alcançar com seus rolês.

A rua lhe atraiu mais do que a escola.
Daí, Pedro Paulo virou educador: contra-hegemônico!
...Tem formado uma pá de gente.
Sem nunca ter “lido” Freire.
Se “Ivo viu a uva”,
O “Negro drama”,
Tenta ver e não vê nada
A não ser uma estrela
Longe, meio ofuscada!
Ele sintetizou à educação quando declamou: Da ponte pra cá antes de tudo tem uma escola.


Pedro Paulo, pedra negra, um homem no fim do mundo, que dá de beber as plantas,
Canta até o fim,
Recita os versos da periferia: és um poeta goat, diante dos cânones, de touca
Firme e forte, guerreiro de fé
Vagabundo nato!

Vida Loka!

⁠MEU FALAR: PRETOGUÊS


Não me submeto à gramática normativa.
(O papagaio de Mainha não aprendeu também.)
Mas, respeito quem a criou.
Ei!
Minha fala é potente,
Meu linguajar é fluente: meu pretoguês.
A negona Lélia Gonzalez gritou,
E a metade do mundo não ouviu.
Se meu R soa ruim pra tu,
E eu com isso!?
Meu irmão é Cráudio, e ele ama meu jeito de chamá.
Pois, meu pretoguês é assim!
Guarda pra tu teu preconceito linguístico.
Que eu não sou menino.
Porque com dialetos, eu me comunico.
Sou herdeiro das diversas línguas lindas, ricas do meu povo africano...
Sou poeta marginal, sou do cordel, sou do verso livre: Sou arte moderna!
Minha língua é culta: tu, véi, noíz, vú mermo, etc. Não me deixam à míngua.
A outra língua é elitizada.
Eu sou antigramático:
As minhas palavra não são, e não voltam vazias.
Deu errado para o português:
Tentou vestir o indígena,
Que pena, guri!
Tentou confundir
O Africano na senzala com diversas línguas,
Mas o aquilombamento resistiu, moleque.
Portanto, não existe a linguagem errada, manos!
Minha língua africana/ indígena: abrasileirada também é cheque!
Sou poliglota na minha língua, camarada.
Meu verso faz o cântico dos loucos e dos românticos.

⁠Ode ao 2 de Julho.

O sol não nasceu em 7 de setembro na Bahia.
Pega a visão!
Conta-se a história
Que o verdadeiro povo heróico
Surgiu no solo do recôncavo baiano
com grito de poesia:
"independência independência ou morte", que até hoje soa em nossa memória.
O povo que botou o português pra se picar com uma boa rasteira.
O sulista conta essa história de outro modo. Ó paí ó!
"A canoa virou marinheiro, no fundo do mar tem dinheiro."
Só que Maria Felipa, Caboclo, Cabocla e João das Botas foram barril dobrados,
E botaram os portugueses para descerem a ladeira...

O sol para noíz despontou em 2 de Julho mermo vú?!
Nunca mais, nunca mais a escravidão.
Regerá, regerá nossas ações
Com baianos não combinam
Brasileiros, brasileiros corações
Com o "zoto" não combinam
Brasileiros, brasileiros corações

⁠Um poeta não pode ser um político partidário.
Porque o poeta escreve as dores do povo, denuncia o ódio, a miséria e declama o amor.

⁠MINHA CIDADE: SANTA BÁRBARA

Existe uma cidade
No interior da Bahia,
Onde o sol nasce sobre uma Igreja Matriz.
E se põe sobre a belíssima praça Fonte Luminosa;
É tão poético; é como se um poeta estivesse escrevendo uma poesia...
Seu jardim compõe o belo Cartão Postal.
Onde os passarinhos no topo das belas árvores cantam canções de alegrias.
Onde as moças recebem flores colhidas do seu jardim.
Onde os velhos contam histórias sentados nos bancos antigos de madeira.
Onde as crianças no anoitecer jogam capoeira.
Terra linda no sertão;
És minha cidade do requeijão.
Linda, linda: és minha cidade.
Glorifico-a! Descrevo-a!
Se fosse de pintá-la numa tela, tinha que ter vários Picasso.
Pois, sua beleza não caberia em um só quandro.
Suas escadas nos levam a esse encanto que é!
Nossa Santa Bárbara.
Nossa Pacatu.
Que cavalga sobre muito amor e fé.

⁠MINHA OUTRA METADE

Você veio como chuva de verão;
Me surpreendeu, encheu meus olhos de lágrimas e encharcou o meu coração de amor. De repente você foi crescendo...
E o berço já não mais lhe coube. Mas nos meus braços você ainda cabe. Assim como Deus tirou Eva da costela de Adão; você foi tirado de mim: minha outra metade. Como água; você ocupa cada espaço daqui de casa, e vai ocupando do meu peito também. Quando vejo já é noite, e você está dormindo. Nem parece aquela criança agitada de durante o dia. Você é o sonho de Deus, e eu passei a sonha-lo também.
Enquanto o mundo está se acabando lá fora, você dorme como se nada estivesse acontecendo.
Você foi crescendo e o tempo da vida foi tirando você de mim. Logo ficarei velha e voltarei a ser uma criança como tu também. E você cuidará de mim. O tempo é danado: a cada dia vai esculpindo na minha faça rugas, deixando meu cabelo da cor das nuvens. Meus olhos um dia já não mais verá você tão bem. Mas imaginarei teu sorriso gostoso sem nenhum dente...
Eu sentirei teu toque, teu cheiro, o cheiro da minha criança linda. Quero sempre ter meu rosto molhado com teu beijo...

⁠MEU DIÁRIO DE BORDO

Bença, Mãinha!
O mar continua com ondas.
Mas foram elas que criaram o surfista.
Maior onda!
É... O choro só durou até esta noite,
Hoje estou alegre.
Sem o sorriso no rosto.
Mas com à alma feliz.
Eu não estou conseguindo respirar direito... senhor!
Não prestei atenção na aula de história,
Agora estou aqui com várias coisas na memória.
Eu aprendi a escutar ouvindo o livro.
Mas ninguém quer lê minha Poesia Marginal.
Mas às ideias do Presidente borçal, vários estão engulindo.
Senhor, sou trabalhador!
Deixa meu cavalo andar.
Pra minha preta, não tirarei ele nunca da chuva.
Eu descobri que amar é um ato de revolução!
Estou navegando, sem vela numa escuridão.
Eu creio que meu Salvador não soltará minha mão.
Minha âncora está no verso livre,
Na poesia concreta, no poema líquido,
Como dizia o filósofo... As vezes, me chamam de poeta.
Eu não dependo da Academia de Letras
Para ser lido.
Ela quem precisa de mim para não ficar esquecida.
Saí da caixinha, não sou mais uma tala de fósforo.
Aí, Platão, para Caverna não volto nunca mais!
Agora só ouço o Racionais!
"Ratatatá";
Vou pegar um trem, e para Santo Amaro vou voltar.
Não sou professor mas todos os dias estou ensinando os racistas.
Eu já disse também que não sou escritor, sou teimoso! Só faço poesia, tem pessoas que gostam.
Eu estou vivendo como um rico: comprando livro.
E a vida? Vou namorando-a!
Sei que ela é um sopro, no entanto,
estou assobiando ela...
Estou igual o Michelangelo:
Tentando tocar meu dedo no de Deus.
Amém!

⁠Deixe-me ir até a páprica dos teus lábios e confessar meus desejos lascivos por ti...







Texto extraído do meu livro: Dom Amaro.

⁠A BIBLIOTECA


A biblioteca muda o sentido da vida.
Ela nos faz viajar sobre às asas do livro.
A biblioteca me deu à liberdade de sonhar através da escrita.
O livro que nela li;
Não acabou até hoje: está dentro de mim!
A biblioteca fez o poeta tirar o poema do papel.
A biblioteca tem alma, aliás, várias almas.
Nela tem um pedaço da sabedoria do céu.
Ela é o próprio remédio da alma do homem.
E é a única parte do mundo onde se pode o silêncio encontrar.
A biblioteca é minha segunda casa.
E a visita que nela vem, é servida com arte!
Ela me armou com livros. E me desarmou de armas.
Acredite: a biblioteca é a única que mesmo eu partindo, me faz ficar.

⁠SE MACHADO DE ASSIS FOSSE BAIANO

Seria barril velho, tá ligado não?!
Capitu seria uma piveta barril dobrado.
E viveria numa quebrada.
Ela também seria pagodeira... Dissimulada.
Sua cara seria de ressaca de serveja.
Bentinho seria um vacilão,
Por achar que foi traído.
E Capitu que não come reggae de ninguém, mandaria ele vazar.
Machado não falaria "Decerto que sim"!
Ele diria: "É isso mermo!" "Tô ligado, véi!" "Tá valendo..."
...Poesia seria uma Swingueira...


Machado de Assis é tudo, e, em todos dialetos!

⁠A BETHÂNIA

Maria Bethânia
deixa nossa pátria mais amada.
Sua voz é consolo para alma.
Seu cântico é oração.
Ela é a própria expressão da poesia,
Deixa o coração de minha Santo Amaro cheio de alegria...
É o livro que nós devora.
É a flor a desabrochar....
Maria Bethânia não é padroeira,
Mas é a nossa deusa!

POEME-SE

⁠Eu sou um poema que virou a página do livro, e se libertou.
Daí, descobri que; a arte de viver: é você sendo seu próprio leitor!!

Machado de Jesus

Há uma mulher linda por detrás dos óculos; Que guarda um brilho nos olhos, da cor da noite. E um sorriso exótico!!! Onde achará tal mulher?

⁠O amor platônico me deixa perdido,
Por não ser achado por quem eu amo.
Meu peito dói tanto
Pelo fato de não ser correspondido.

Não é uma dor que me mata.
É uma dor que me abraça,
Que me arde por inteiro,
E eu ao mesmo tempo, sinto-me bem.
Por saber que, mesmo sendo ser humano
Eu consigo amar alguém.


Trecho de um poema do meu livro: Dom Amaro.

⁠Sobre Mãinha escrevi: SOMOS UM
Meu olhar é o dela.
Meu cabelo crespo é o dela.
Meus lábios carnudos é o dela.
Até meu sorriso!
A cor da pele é dela.
O nariz esparramado é
o dela.
O rosto, é o dela.

Se tivermos distantes, a alma não se desconecta;
Somos uma alma, só dividida em dos corpos.
Nem a morte pode nos separar.
Pois até depois de mortos, a vida faz questão de nos juntar.
Somos a beleza do continente africano;
Eu sou seu poeta,
E ela, meu poema que declamo.
Mãe é um pedaço de Deus:
Porque é uma vida que gera outra vida!


Fragmentos do meu livro: Dom Amaro.

⁠CAETANIANDO.

O sol não nasce em Santo Amaro
Sem que o poeta Caetano
esteja com os versos cantando;
Poesia com samba de roda, meu caro.

Dança criança, velho e a moça morena.
Com isso faz o lindo recôncavo baiano se alegrar.
O tempo é um deus generoso que deixará
Caetano Veloso como um eterno poema.

A ditadura tentou lhe ditar,
Mas Caetano nunca andou só.
Ele é protegido pela força do orixá.
E abençoado pela reza de de Dona Canô.

Caetano é uma ladainha.
Sua amizade com Gil,
É como o berimbau e o capoeirista;
Que a capoeira da vida os uniu.

Caetano é filho da terra sagrada,
Que é filha da mãe África.
Que a pariu no fundo do navio.
A Bahia é a poesia
e Caetano Veloso é o poeta que a canta com muita alegria.

⁠SB


Quem tem boca, vaia Roma.
Conheci a cidade de: Santa Bárbara
Que coube no meu poema.
Mas eu não queria, camarada!
Cidade do requeijão.
Cautela, nem só de pão
Vive o homem.
Ouvi barrigas rugindo de fome.
Enquanto a burguesia fazia ceia.
Não, não existe amor em SB.
Eu como poeta,
Passeando por ela,
Encontrei: Poeta e Poetisa sem inspiração pra
recitar poesia.
Crianças amontoadas numa sala,
Porque sua escola tinha sido fechada.
E o professor com seu diploma na mão.
Esperando a próxima eleição.
O político Judas passando na casa do povo: abraçando e beijando,
E comprando seu voto com cesta básica, ou com um trocado.
O ferreiro, o vendedor ambulante; só ganha o de comprar o
seu pão.
O sambista com a coluna entrevada, pois não pode mais sambar.
O cantador de viola,
Agora passou a cantar arrocha.
Não encontrei um museu.
E a biblioteca que tinha, com os livros empoeirados.
Já vi que o artista nela não é valorizado,
E nem a cultura popular!
A censura aqui é disfarçada.
Fui no hospital, e vir a saúde na fila de espera.
Vi também; homens lavando carro, na beira da pista, por não terem emprego.
Na praça Donato José de Lima,
Encontrei vários artistas, vários;
Sem poderem exercer sua arte.
E esperando o São João para vê
um artista de outra cidade.
Coitada da Santa Bárbara,
Terá que fazer mais milagres.
-Agora, aonde se encontra o dinheiro público?
-Está guardado para o mês de outubro.
-Quando eu acordei, tudo isso não se passara de um sonho.

⁠"SÓ PODIA SER BAIANO MESMO"

Dizem que todo Baiano é
preguiçoso.
Olha só o que aconteceu:
Caetano Velloso deitou na rede
em Santo Amaro, e virou MPB.
Maria Bethânia virou poetisa.
Gostaram tanto do Jorge,
Que virou Amado.
E o Castro Alves "viajou no Navio Negreiro" e se tornou o poeta dos escravos.
E sem falar na "preguiça" do Gregório de Matos.
No samba de Dorival Caymmi.
E na bela voz Gal Costa!
O Mestre Bimba com sua preguiça;
Criou a capoeira regional.
Lázaro amarrou uma redezinha nos Ramos, e sonhou sendo ator e escritor.
Olha só meu rei, tu deixa de ser preconceituoso,
"Nois" baiano é barril,
e não preguiçoso!
Preguiçoso é
folclore!

⁠Deixei um beijo meu
Na esquina do teu rosto.
Só pra avisar: estou voltando para buscá-lo. Se não me devolver, roubarei!