Nós dois

Onde não estamos é que estamos bem. Já não estamos no passado, e então ele parece-nos belíssimo.

É-nos possível viver sozinhos, desde que seja à espera de alguém.

O beijo fulmina-nos como o relâmpago, o amor passa como um temporal, depois a vida, novamente, acalma-se como o céu, e tudo volta a ser como dantes. Quem se lembra de uma nuvem?

As paixões, quando mandam em nós, são vícios.

A verdade é como o Sol. Ela permite-nos ver tudo, mas não deixa que a olhemos.

Aquilo que para nós faz a felicidade ou a infelicidade da nossa vida constitui para qualquer outro um fato quase imperceptível.

As pequenas coisas parecem insignificantes, mas dão-nos a paz.

# 288

Não sou Ninguém! Quem és?
És tu - Ninguém - também?
Há, pois, um par de nós?
Não fales! Não vão eles - contar!
Que horror - o ser - Alguém!
Que vulgar - como Rã -
Passar o Junho todo - a anunciar o nome
A charco de pasmar!

O ritmo tem algo mágico; chega a fazer-nos acreditar que o sublime nos pertence.

Quando se diz às pessoas que a felicidade é uma questão simples, querem-nos sempre mal.

Todos nós temos talentos diferentes, mas todos nós gostaríamos de ter iguais oportunidades para desenvolver os nossos talentos.

Nós fazemos os nossos amigos, fazemos os nossos inimigos, mas Deus faz o nosso vizinho.

Apenas uma coisa tem que mudar em nós para conhecermos felicidade em nossa vida: onde focar nossa atenção.

Nós somos criaturas de tal modo volúveis que até acabamos por sentir os sentimentos que fingimos.

Escrever é ter a companhia do outro de nós que escreve.

Tudo em nós é mortal, menos os bens do espírito e da inteligência.

O belo é uma manifestação de leis secretas da natureza, que, se não se revelassem a nós por meio do belo, permaneceriam eternamente ocultas.

Não há perda maior do que apartarmo-nos de Deus, nem maior ganho do que voltarmos para Ele.

Qual o melhor dos governos? Aquele que nos ensina a governarmo-nos a nós próprios.

Não conseguimos livrar-nos de uma coisa evitando-a, mas apenas atravessando-a.