Nós dois

Odiarmos alguém é preocuparmo-nos tanto como se o amássemos.

Quem muito nos festeja, alguma coisa de nós deseja.

O receio aumenta-nos os desgostos, tal como os desejos os prazeres.

É indispensável conhecermo-nos a nós próprios; mesmo se isso não bastasse para encontrarmos a verdade, seria útil, ao menos para regularmos a vida, e nada há de mais justo.

Nós só pensamos quando nos defrontamos com um problema.

Ter firmeza de caráter é havermos sofrido o efeito dos outros sobre nós próprios.

O costume é o principal moderador dos atos humanos. Esforcemo-nos por adquirir e conservar bons costumes.

O meio mais eficaz de nos vingarmos dos nossos inimigos é fazendo-nos mais justos e virtuosos do que eles.

Aquilo que é estrangeiro tem sempre uma aparência aristocrática para nós.

Nós, poetas, na nossa mocidade começamos com alegria, / Mas daí passamos finalmente ao desalento e à loucura.

A melhor maneira de sermos enganados é julgarmo-nos mais espertos do que os outros.

Cansamo-nos de tudo menos de compreender.

Aqueles que repudiaram o seu demónio importunam-nos com os seus anjos.

O costume reconcilia-nos com tudo.

Os grandes espíritos são seguramente aliados da loucura, separam-nos finas paredes.

Todos nós devemos muito a Thomas Edison. Se não fosse por ele, ainda estaríamos vendo televisão à luz de velas.

Uma forma de nos educarmos a nós próprios é desafiarmos uma pessoa que para nós tem autoridade a pronunciar-se sobre um assunto em que sabemos que ela tem uma opinião diferente da nossa.

Saber é ver dentro de nós.

Esquecemos facilmente os nossos pecados quando só nós próprios os sabemos.

A razão manda em nós muito mais imperiosamente do que um senhor; é que, desobedecendo a um, é-se infeliz, desobedecendo a outro, é-se tolo.