Nós dois

Tudo o que amamos profundamente converte-se em parte de nós mesmos.

Certos amigos dispensam-nos de ter inimigos.

O prazer visita-nos muitas vezes; mas a mágoa agarra-se cruelmente a nós.

A duração das nossas paixões depende tão pouco de nós como a duração da nossa vida.

Além das aptidões e das qualidades herdadas, é a tradição que faz de nós aquilo que somos.

É sempre assim. Morre-se. Não se compreende nada. Nunca se tem tempo de aprender. Envolvem-nos no jogo. Ensinam-nos as regras e à primeira falta matam-nos.

Imaginar é o princípio da criação. Nós imaginamos o que desejamos, queremos o que imaginamos e, finalmente, criamos aquilo que queremos.

Enquanto protelamos a vida passa por nós a correr.

O progresso dá-nos tanta coisa que não nos sobra nada nem para pedir, nem para desejar, nem para jogar fora.

O destino é severo. Sejamos nós indulgentes. O que é preto talvez não seja escuro.

Com o dinheiro podemos comprar muitas coisas, mas não o essencial para nós. Proporciona-nos comida, mas não apetite; remédios, mas não saúde; dias alegres, mas não a felicidade.

Quando a obra dos melhores chefes fica concluída, o povo diz: fomos nós que a fizemos.

Meu Deus, se errarmos, faz-nos querer mudar; se tivermos razão, dá-nos força para vivermos com isso.

A virtude vem de nós mesmos. É uma escolha que só a nós pertence. Quando um homem perde a capacidade de escolher, deixa de ser homem.

Ou nós encontramos um caminho, ou abrimos um.

Um pouco de filosofia afasta-nos da religião; muita filosofia faz-nos voltar a ela.

A idade não nos protege contra o amor. Mas o amor, até certo ponto, protege-nos contra a idade.

A serenidade e a vitalidade da nossa juventude baseiam-se em parte no fato de que nós, ao subirmos a montanha, não vermos a morte, pois ela encontra-se do outro lado da encosta.

Se Jesus Cristo chegasse hoje até nós, as pessoas nem pensariam em crucificá-lo. Iriam convidá-lo para jantar, ouvir o que ele tivesse a dizer, e zombariam dele..

Estamos habituados a julgar os outros por nós próprios, e se os absolvemos complacentemente dos nossos defeitos, condenamo-los com severidade por não terem as nossas qualidades.