Nao Vou Mentir
Um dos méritos da poesia que muita gente não percebe é que ela diz mais que a prosa e em menos palavras que a prosa.
Se as pessoas soubessem o quão duramente eu trabalhei para obter a minha habilidade, ela não pareceria tão maravilhosa depois de tudo.
Não há cura para o nascimento e para a morte, a não ser usufruir o intervalo.
A experiência não permite nunca atingir a certeza absoluta. Não devemos procurar obter mais que uma probabilidade.
A alma é uma coisa que a espada não pode ferir, o fogo não pode destruir, que as águas não podem maltratar, que o vento de meio-dia não pode secar.
Querer saber - o que parece tão difícil - se não é errado, entre tantos seres vivos que praticam a violência, ser o único ou um dos poucos não violentos, não é diferente de querer saber se seria possível ser sóbrio entre tantos embriagados, e se não seria melhor que todos começassem logo a beber.
Sou
Sou o que sabe não ser menos vão
Que o vão observador que frente ao mudo
Vidro do espelho segue o mais agudo
Reflexo ou o corpo do irmão.
Sou, tácitos amigos, o que sabe
Que a única vingança ou o perdão
É o esquecimento. Um deus quis dar então
Ao ódio humano essa curiosa chave.
Sou o que, apesar de tão ilustres modos
De errar, não decifrou o labirinto
Singular e plural, árduo e distinto,
Do tempo, que é de um só e é de todos.
Sou o que é ninguém, o que não foi a espada
Na guerra. Um esquecimento, um eco, um nada.
O coração ingrato assemelha-se ao deserto que sorve com avidez a água do céu e não produz coisa alguma.
O amor não mata a morte, a morte não mata o amor. No fundo, entendem-se muito bem. Cada um deles explica o outro.