Nao Chega aos meus Pes
Era paralisante aquela sensação de que um buraco imenso tinha sido cavado em meu peito e que meus órgãos mais vitais tinham sido arrancados por ele, restando apenas sobras, cortes abertos que continuavam a latejar e a sangrar apesar do passar do tempo...
ORAÇÃO DO AMOR..
Senhor!
Ilumina meus olhos
para que eu veja os
defeitos da minha alma.
E vendo-os para que eu não
comente os defeitos alheios.
Senhor!
Leva de mim a tristeza
e não a entregueis
a mais ninguém...
Encha meu coração
com a divina fé,
para sempre louvar
o vosso nome.
E arranca de mim o orgulho e presunção.
Senhor!
Faze de mim um ser humano realmente justo,
dá-me a esperança de vencer
minhas ilusões todas.
Planta em meu coração
a sementeira do amor,
e ajuda-me a fazer feliz
o maior número possível
de pessoas.
Para ampliar seus dias risonhos
e resumir suas noites tristonhas.
Transforma meus rivais
em companheiros,
meus companheiros em amigos
meus amigos em
entes queridos...
Não permita que eu seja
um cordeiro perante os fortes,
nem um leão perante os fracos.
Dá-me, Senhor,
o sabor de perdoar
e afasta de mim o desejo
de vingança,
mantendo sempre
em meu coração
somente o amor.
Amém!
Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR.
Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.
Não: devagar.
Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.
Devagar...
Sim, devagar...
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar...
Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima...
Talvez isso tudo...
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar...
O que é que tem que ser devagar?
Se calhar é o universo...
A verdade manda Deus que se diga.
Mas ouviu alguém isso a Deus?
Tenho medo de não conseguir manter minhas ideias, meus pontos de vista, minhas escolhas. A minha cabeça é como um guarda que não permite que eu estacione em local algum. Eu fico dando voltas e voltas no meu cérebro e quando encontro uma vaga para ocupar, o guarda diz: circulando, circulando. Você está me entendendo? Eu não tenho área de repouso. Raramente desligo, e quando isso acontece, não dá nem tempo para o motor esfriar.
Eu não preciso controlar a vida, meus hormônios, meu futuro, os outros, minha felicidade. Eu só preciso levar a vida, eu só preciso desfocar do sonho que me deixa míope e enxergar além, ou melhor enxergar o que esta na minha cara. Ver o quanto o resto todo já é perfeito e esta lá, eu já conquistei, é meu…
Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços, você cobre com a boca meus ouvidos entupidos de buzinas, versos interrompidos, escapamentos abertos, tilintar de telefones, máquinas de escrever, ruídos eletrônicos, britadeiras de concreto, e você me beija e você me aperta e você me leva pra Creta, Mikonos, Rodes, Patmos, Delos, e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo bem.
A mesma pessoa que ocupa meus pensamentos, ocupa também meu coração. Ocupa todos os espaços não-preenchidos, e até os inexistentes. O que a gente faz quando um sentimento não cabe mais em nós? Também não sei. Mas quer saber? Deixa transbordar, o amar se encarrega disso, vai. Isso que pra muitos é excesso, mas que pra mim é uma necessidade. Necessidade de amar mais e mais a cada dia. Por isso eu respiro amor!
Alguns amigos meus são os mesmos do passado e outros, não. Eu não tenho muitos, mas tenho bons amigos. Se eu contar, realmente, não devem passar de cinco. Mas têm outros.
Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu não possa olhar o rato enquanto não olhar sem lividez esta minha alma que é apenas contida. Talvez eu tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que "Deus" é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará.
descubro meus vícios assim
cheguei na cabana e pensei
sem têvê eu não fico
sem você eu não vivo
Não compreendo o que vi. E nem mesmo sei se vi, já que meus olhos terminaram não se diferenciando da coisa vista. Só por um inesperado tremor de linhas, só por uma anomalia na continuidade ininterrupta de minha civilização, é que por um átimo experimentei a vivificadora morte. A fina morte que me fez manusear o proibido tecido da vida.
É proibido dizer o nome da vida. E eu quase o disse. Quase não me pude desembaraçar de seu tecido, o que seria a destruição dentro de mim de minha época.
Vou adiante de modo intuitivo e sem procurar uma ideia: sou orgânica. E não me indago sobre os meus motivos. Mergulho na quase dor de uma intensa alegria – e para me enfeitar nascem entre os meus cabelos folhas e ramagens.
Não me chameis sábio nem mestre de nada
porque em meus passos fui errante e muito tropecei,
tal modo que minhas palavras são apenas fruto da experiência que tive.
Sábio, mesmo, é quem ouve estas palavras e tira bom proveito,
usando-as para desviar-se dos caminhos que eu mesmo trilhei...
Por um Ai
Se me queres ver rendido,
De joelhos, a teus pés,
Por um olhar que me deites,
Por um só ai que me dês;
Se queres ver o meu peito
rugindo como um vulcão,
Estourar, arder em chamas,
Ferver de amor e paixão;
Se me queres ver sujeito,
curvado e preso à tua lei,
Mais humilde que um escravo,
Mais orgulhoso que um rei;
Meus olhos sobre os teus olhos,
Meu coração a teus pés;
Por um olhar que me deites,
Por um só ai que me dês;
Ouça, feliz, dos teus lábios
Esta só palavra - amor! -
Estrela cortando os ares,
Abelha sobre uma flor.
Então verás dos meus olhos,
Que o pesar me não cegou,
Ebentaram de alegria
Prantos, que a dor estancou;
Então verás o meu peito
Como outra vez se incendia:
Era a folha verde e fresca,
Onde o sol se refletia!
Murcha e triste pende agora;
Caiu, jaz solta, está só:
Exposta ao fogo, arde em chamas,
- Deixai-a, desfaz-se em pó!
Hei de sentir outra vida,
Outra vez meu coração
Escutarei palpitando
De amor, de fogo e paixão.
Lascado tronco sem graça,
Tal fui, tal me vês agora!
Mas venha o orvalho celeste,
Venha o bafejo da aurora;
Venha um raio de alegria
Dar-lhe às raízes calor;
Revive de novo, e brota
Folhas, galhos e verdor.
Do cimo erguido e copado
Outra vez se dependuram
Mil flores - ali mil aves
Nos seus gorjeios se apuram.
Não quero palavras falsas,
Não quero um olhar que minsta,
Nenhum suspiro fingido,
Nem voz que o peito não sinta.
Basta-me um gesto, um aceno,
Uma só prova, - e verás
Minha alma presa em teus lábios,
Como de amor se desfaz!
Ver-me-ás rendido e sujeito,
Cativo e preso à tua lei,
Mais humilde que um escravo,
Mais orgulhoso que um rei!
A IMPORTÂNCIA DO PERDÃO.
O pequeno Zeca entra em casa, após a aula, batendo forte os seus pés no assoalho da casa.
Seu pai, que estava indo para o quintal para fazer
alguns serviços na horta, ao ver aquilo chama o menino para uma conversa.
Zeca, de oito anos de idade, o acompanha desconfiado.
Antes que seu pai dissesse alguma coisa, fala irritado:
- Pai, estou com muita raiva. O Juca não deveria ter feito aquilo
comigo.Desejo tudo de ruim para ele.
Seu pai, um homem simples mas cheio de sabedoria, escuta calmamente o filho que continua a reclamar:
- O Juca me humilhou na frente dos meus amigos. Não aceito. Gostaria que ele ficasse doente sem poder ir à escola.
O pai escuta tudo calado enquanto caminha até um abrigo onde guardava um saco cheio de carvão.
Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o
acompanhou, calado.
Zeca vê o saco ser aberto e antes mesmo que ele
pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propõe algo:
- Filho, faz de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu amiguinho Juca e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu, endereçado a ele.
Quero que você jogue todo o carvão do saco na
camisa, até o último pedaço.
Depois eu volto para ver como ficou.
O menino achou que seria uma brincadeira divertida e passou mãos à obra. O varal com a camisa estava longe do menino
e poucos pedaços acertavam o alvo.
Uma hora se passou e o menino terminou a tarefa.
O pai que espiava tudo de longe, se aproxima do menino e lhe pergunta:
- Filho como está se sentindo agora?
- Estou cansado mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa.
O pai olha para o menino, que fica sem entender a razão daquela brincadeira, e carinhoso lhe fala:
- Venha comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa.
O filho acompanha o pai até o quarto e é colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo todo.
Que susto! Zeca só conseguia enxergar seus dentes e os olhinhos.
O pai, então lhe diz ternamente:
- Filho, você viu que a camisa quase não se sujou;
mas, olhe só para
você.
O mau que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, a borra, os
resíduos, a fuligem ficam sempre em nós mesmos.
Cuidado com seus pensamentos, eles se transformam em palavras;
Cuidado com suas palavras, elas se transformam em ações;
Cuidado com suas ações, elas se transformam em hábitos;
Cuidado com seus hábitos, eles moldam o seu caráter;
Cuidado com seu caráter, ele controla o seu destino.
