Mudar de Cidade
Saudade
Hoje é 21 de março
E a cidade entoava, em tom maior,
Os acordes de um futuro promissor.
Recorda os dias de luz? Ah, que saudade!
As ruas ressoavam igualdade,
Era como se a vida soubesse esperar.
Nossas promessas eram bem firmadas,
Nem notávamos o tempo em caladas,
Palavras que se perdiam pelo chão.
A mesma saudade era tão serena,
E além, despontava, na pequena
Janela, um horizonte de inspiração,
Um coração sem medo.
Meu amigo, ainda há uma esperança,
É preciso resgatar a confiança
E cantar para nunca se esquecer.
Se o mal fosse realmente um vencedor, em cada cidade haveria milhares de cemitérios e apenas uma maternidade.
FELIPHE DESIGNER BR
Felipe Designer mora em São Luís do Maranhão, Brasil. É uma cidade rica em cultura e história, conhecida por suas belezas naturais e patrimônio cultural. É um local que pode inspirar criatividade e talento!
Título: A Dança das Cicatrizes e da Lua
Na cidade de pedra onde os relógios governavam os passos, Amara tecia planos meticulosos como um ourives. Ela moldava dias em agendas de ferro, acreditando que a perfeição era uma escada para alcançar o céu de suas ambições. Até que um inverno, o fio de suas certezas se rompeu: o projeto que a consumira por anos desmoronou como castelo de areia sob um temporal. A rejeição veio em forma de carta seca, e Amara, ferida, fugiu para a floresta onde os lobos uivavam histórias antigas.
Parte 1: A Árvore que Guardava Segredos
Na primeira noite, sob um céu cortado por galhos retorcidos, Amara encontrou uma árvore cujo tronco era um mapa de cicatrizes. Cada sulco contava uma história, rachaduras de raios, marcas de machados, queimaduras de fogos passados. "Como você ainda está de pé?", sussurrou, tocando a casca áspera. Uma voz ecoou, rouca como vento entre folhas mortas: "As feridas não são fracassos, filha. São raízes visíveis." Era a Senhora do Carvalho, anciã cujos olhos brilhavam como musgo sob luar. "Venha. A floresta tem perguntas para suas respostas."
Parte 2: O Rio que Não se Domestica
A anciã a levou a um rio turbulento. "Faça-o parar", desafiou. Amara ergueu barreiras com pedras, tentando canalizar a correnteza. Quanto mais lutava, mais a água arrancava seus muros, inundando-lhe os pés. "Você quer controlar o que só sabe fluir", riu a Senhora, enquanto mergulhava nas águas escuras. "A frustração é um remédio amargo: mostra onde você insiste em nadar contra a maré." Amara, exausta, deixou-se levar pela corrente. Pela primeira vez, entendeu o sabor do descontrole era salgado, como lágrimas, mas trazia sementes de algo que poderia germinar.
Parte 3: A Alcateia que Dançava na Lua Cheia
Na terceira noite, lobos cercaram Amara. Ela esperava um ataque, mas em vez de dentes, viram convites: um lobo mancando exibia orgulhoso uma pata deformada; uma fêmea velha, sem um olho, liderava a caçada. "Nós caímos, caçamos, falhamos. E ainda assim dançamos", rosnou a líder, enquanto o grupo girava sob a lua. Amara juntou-se à dança, tropeçando, rindo de seus próprios tropeços. A alcateia não a julgou sua vulnerabilidade era um canto ancestral, não uma fraqueza.
Parte 4: O Fogo que Comeu as Máscaras
Na cabana da Senhora do Carvalho, Amara queimou os papéis de seus planos falidos. Cada chama consumia uma expectativa rígida. "A lua", contou a anciã, "já foi inteira, mas um dia se partiu em mil fragmentos. Em vez de se esconder, ela aprendeu a brilhar com suas próprias sombras." Amara olhou para as próprias mãos marcadas por quedas, mas ainda capazes de acender fogueiras. Entendeu: suas cicatrizes não eram fracassos, eram testemunhas de que sobrevivera aos próprios incêndios.
Epílogo: A Volta para a Cidade que Aprendeu a Respirar
Amara retornou à cidade, mas agora carregava a floresta em seu passo. Quando projetos desmoronavam, ela ouvia o rio rir em seu peito. Quando errava, imaginava os lobos uivando: "Dança, irmã!". E nas noites de lua cheia, ela subia ao telhado e mostrava suas cicatrizes ao céu não como troféus, mas como promessas. A cidade, aos poucos, começou a sussurrar histórias sobre uma mulher que ensinava os relógios a bater mais devagar, e as crianças a colecionarem pedras imperfeitas como joias.
Nota da Senhora do Carvalho:
"Nenhum fruto nasce sem que a flor se despedace. Nenhuma loba lidera sem antes ter perdido uma caçada. E nenhum ser quebra sem deixar rachaduras por onde a luz entra para que, um dia, possa também sair."
Quem mora no interior
não quer saber da cidade
em terra de plantador
não se fala em vaidade
aqui se diz sim senhor
e quem oferta o amor
jamais entrega a metade.
Brasília, a cidade elitista, tem formato de avião; se fosse uma cidade pobrinha, teria formato de trem.
Benê Morais
Guarda tua mente como se fosse cidade fortificada, e o inimigo não terá por onde entrar; pois o verdadeiro trono está no espírito que se dobra diante da Luz.
Enquanto Houver Migalhas
Enquanto estava repousada em um banco no coração da cidade, observava atentamente um pombo que, em seus movimentos ansiosos, ciscava pelo chão à minha volta, buscando algo para se alimentar.
Sem pensar nas consequências, lancei-lhe um pedaço generoso de pão — sem hesitar, ele se aproximou, aceitando o que eu oferecia com uma gratidão imensa. Mas aquilo não foi o suficiente, pois sua fome era insaciável, ele desejava mais.
Continuei alimentando-o, até que a exaustão me tomou, e os pedaços que antes eram grandes, começaram a se reduzir, tornando-se migalhas insignificantes.
Apesar de já não ter mais o que oferecer, o pombo retornava todos os dias, em busca do que não poderia mais dar, esperando algo maior, porém apenas me calei.
Eu cansei, não quero mais sustentar uma esperança vazia, não posso continuar alimentando essa busca incessante por migalhas — por algo que deveria ser completo, mas que se contenta com tão pouco.
Enquanto a cidade dorme
Eu acordado.
A madrugada é minha companheira
A mente repleta de pensamentos
Que fervilham
Como um vulcão,
Não durmo desde terça-feira
O corpo cansado
Tudo é tão difícil
Se pelo menos você
Tivesse aqui comigo.
O que me resta é só a poesia
E nela te escrevo
Como uma última lembrança.
Jardim Fechado
Te procurei na madrugada,
Cidade vazia, alma apertada
Sonhei com tua voz no vento
E acordei com o peito em tormento
Teu cheiro ficou na camisa
Teu gosto ficou no meu copo
O tempo parou na lembrança
Do beijo que virou sufoco
Você é jardim fechado
Mas quando abriu, foi tempestade
Deixou perfume no meu corpo
E sumiu com a minha vontade
Cê é toda formosa, minha flor sem defeito
Entrou no meu peito, fez morada e partiu
Me deixou num pedaço, me levou por inteiro
Teu amor foi brasa viva, mas depois virou frio
Agora eu bebo lembrando do toque
Do vinho, do abraço, do cheiro na noite
Foi céu, foi pecado, foi bênção, foi sorte
Mas no fim você virou o silêncio da noite...
Teu corpo era poesia viva
E eu me perdi em cada rima
Tua pele, a estrada do sonho
Teu olhar, promessa que eu componho
Chamei o vento sul, pedi o norte
Pra soprar teu cheiro de volta
Mas só ficou essa saudade torta
E um coração pedindo resposta
Você era jardim fechado
Mas eu fui chuva que te abriu
Agora sou só a terra seca
Que implora pela flor que sumiu
Cê é toda formosa, minha flor sem defeito
Entrou no meu peito, fez morada e partiu
Me deixou num pedaço, me levou por inteiro
Teu amor foi brasa viva, mas depois virou frio
Agora eu bebo lembrando do toque
Do vinho, do abraço, do cheiro na noite
Foi céu, foi pecado, foi bênção, foi sorte
Mas no fim cê virou...
o silêncio da noite.
No silêncio frio da madrugada, Ana caminhava pela cidade vazia com os fones nos ouvidos e a cabeça cheia de perguntas que não sabia responder. O céu, encoberto por nuvens pesadas, parecia sentir o mesmo peso que ela carregava no peito. Era como se até as estrelas tivessem desistido de brilhar para ela naquela noite.
Trinta e dois anos. Era isso que diziam os documentos, os espelhos, os olhares que ela cruzava pelas ruas — e ainda assim, parecia que sua alma tinha séculos. Uma existência em preto e branco, onde os tons de cor vinham apenas quando cantava. A música era a única coisa que ainda a fazia respirar fundo, mesmo que cada nota saísse carregada de dor.
Veio uma lembrança de tempos em que sentir dor parecia romântico. Agora, doía mesmo — e não havia poesia nisso.
Porque talvez, pensou Ana, o sentido da vida não fosse encontrar um propósito. Talvez fosse apenas seguir em frente mesmo, cantando para as sombras, até que alguma luz decidisse voltar.
"Quando a igreja se fecha no templo e espera a eternidade para agir, ela abandona a cidade e deixa de refletir o Reino aqui e agora."
Cratera Marginal
Das profundezas da grande e exausta cidade, retalhada pelo descaso, pelos maus tratos e pelos desvios de caminhos, a vergonha re-rompe-se a cada instante. Essa vergonha co-rompe e figura como os baldios terrenos, ruas, avenidas e estradas viscinais ou arteriais de uma pulsante e safenada metrópole.
Enquanto isso, paradas, desvios e rodopios são executados diariamente para escapar das rasteiras e dos tropicões que todos estão sujeitos, seja no início, meio, do trajeto ou no seu final. Um final que nunca cessa a paranóia de estar prestes a cair em uma nova ou qualquer outra velha cratera marginal.
...e naquela noite vi as chamas consumirem aquela cidade inteira e tambem a minha alma...naquele dia eu nao sabia, que meu mundo tbm seria destruído...
...e naquela noite vi as chamas consumirem aquela cidade inteira e tambem a minha alma...naquele dia eu nao sabia, que meu mundo tbm seria destruído..
...me tornei alguem mal desde cedo,o q eles chamam de vilão sera q sempre será assim?Já q sou um vilão deve estar se perguntando, pq doeu tanto quimar...
...queimar uma cidade qualquer?eis a questão, ela estava lá,a única pessoa q coloriu meu mundo q antes era sem cor, ela trouxe alegria a minha vida...
...ela foi meu unico amor a pessoa de quem jamais irei me esquecer. sem saber q ela estava ali. ela me tratou bem, foi legal cmg, gentil,e calorosa...
...porém no final eu a afastei, fiz ela ela desaparecer deste mundo. EU A MATEI E COM ELA MORRI TAMBÉM...
Sair da pressão da cidade, não pensar em nada (ou pensar em tudo, mas com leveza na alma), não olhar para o relógio, sentir o sol, ouvir cada barulho por perto, principalmente o barulho da água ou o canto dos pássaros, respirar se permitindo sentir cada aroma ao redor…
Ah, que riqueza! Uma riqueza única, pessoal e que não se traduz em uma batalha insana para “deixar para alguém como herança”. É um presente de Deus para nós. É um carinho de nós para nós mesmos.
Quantas vezes, no nosso dia a dia, notamos que nem estamos respirando direito, comendo, dormindo direito, tomando água, nutrindo corpo e alma? Quantas vezes…
Quantas vezes fazemos refeições em pé, monitorando cada segundo para dar conta de tudo. Quantas noites passamos virando de um lado para o outro, pensando em problemas cuja a solução não está ao nosso alcance…
Quantas vezes nos percebemos com a mandíbula dolorida, tensa, a língua presa e a respiração quase que escassa(apenas o suficiente para existir).
Em meio a isso tudo, uma vida (no sentido literal). Um coração, um corpo, uma mente, um espírito; todos exaustos e prestes a parar, afinal, nem um recebe os cuidados mínimos.
Mas antes que essa vida pare, paremos nós! O trabalho, onde vc será substituído em um ou dois dias após não existir mais, continuará lá, funcionando. Sua cadeira será ocupada por outra pessoa.
Suas contas logo serão esquecidas. Suas conquistas serão engavetadas e talvez lembradas por alguns. Seus filhos, é certo, chorarão, mas em breve também seguirão suas vidas e, talvez, em dias específicos, lembre-se de você . Seu marido, sua esposa, também precisarão seguir em frente. E talvez essa nova pessoa seja o seu extremo oposto, alguém que tem mais tempo.
O fato é que, a gente precisa normalizar o silêncio. Respeitar nossos limites e impô-los a quem quer que seja. Precisamos aprender a sair da presença de alguém e deixar aquela conversa dificil por lá. Sair do trabalho e deixar lá, todo e qualquer assunto que diga respeito a aquele local (afinal, já vendemos diariamente inúmeras horas das nossas vidas para um CNPJ. Não precisamos vender a alma também).
É preciso cultivar relações e hábitos que ficarão, mesmo quando chegar a hora de partir. É preciso ser mais que lembranças na parede de alguém e ser a recordação de momentos em corações diversos. É preciso ter o prazer de dormir uma noite inteira e de acordar no dia seguinte ouvindo a grandeza de Deus à nossa volta. E compreender o quão rico somos se pudermos ver OU ouvir OU falar OU andar OU sentir OU pensar. E se pudermos tudo isso então, somos MILIONÁRIOS. Muito mais que muita gente…
"Você bem que podia vir comigo
Para além do final dessa rua
Do outro lado da cidade
Ou algo parecido"
