Morro
LIAME
Se teu laço, me laçar...
Eu morro, morro enforcado,
pelo nó d'essa paixão.
Sem ar sem dor...
estrebuchando de tanto amor
sim, sim! Eu corro, eu morro.
Sem querer escapar, corro para você me laçar...
sabendo que você me quis, morro feliz, por te amar.
Antonio montes
A poesia invade
o meu poetar. Se não vem,
morro de saudade.
Sou metade de um ninguém...
Luciano Spagnol
poeta do cerrado
O TOPO
Estrondo no topo
olhares para o morro
é chuva apagando poeira
é agua despencando na ribanceira
Os bêbados...
Estão todos encharcados
Os relâmpagos...
Com seus pontos e encantos,
correm costurando as nuvens
tudo sempre foi como esta.
Maria pra que falar mal...
Corra, corra! Corra...
Vá recolher as roupas do varal.
Antonio Montes
Quando eu fechar os olhos
E o meu sangue parar de correr
Leve-me para o mais alto morro
Para onde entao eu possa morrer
Vou ver as velhas infancias
Que toda herança impediu falar
Dançar toda mocidade que a sociedade
Ja nao quer mais ousar
Ouvir de todos os berros loucos
Das favelas do alto do porto
O eco dos gritos roucos
Dos abortos ao mendigo morto
Morri na escadaria da catedral
Com uma facada e um punhal
A morte é mesmo assim natural
Ja estou pronto pro funerol
O som vai acabar mais uma vez
A espera das nossas grandes sensações
Será que tu curtirás minha viuvez?
A partida será nossa todo dia
É o juizo final
Eis o meu ponto final
DE MARIA
Enquanto a ladeira do morro descia
Maria crescia, Maria corria,
saltitante saldava o povo e dizia
bom dia! Bom dia...
Maria dava bom dia e sorria
Ladeira abaixo descia
toda feliz a cantar
o povo do lugar aplaudia
... Maria vai encantar.
Maria já bem crescida
aos passos.galgando o declive
as luzes do morro acendiam
e os olhos com risos nos rostos
alegria, alegria... Alegria.
Maria fazia folia
Maria dançava de dia
era samba no pé era bamba
de salto e do alto olhava
por cima do ombro sem tromba
Maria agora namorava.
Um dia...
Maria virou mulher
cresceu o ar de sua graça
dava passadas na praça
Maria toda empinada
até parecia uma garça.
Amou e casou por amor
tão logo teve a sua cria
cheia de alegria e dor
o conforto desconfortou
Maria na chuva tremia.
O morro molhado desabou
e passou reto pelas curvas
e o povo gritando... Que horror!
Meu Deus, meu Deus nos acuda!
O sol raiou no amanhecer
em seu clamor, Maria entristecia
Maria então chorou
com lágrimas de chuva que corria
pelo quinhão,
pela vida que não tinha
Maria sabia, Maria sabia...
Que viver, todavia valia.
Sou eu
Eu sou o desigual do cerrado
torto
árido
de morro lascado
pelo fogo queimado
rebrotado
na menor das chuvas.
Sou descampado
só tenho nas mãos as luvas
que escrevem o traçado
das rimas em melancolia
iguais a do cerrado
poetadas na poesia
de um plebeu.
O cerrado sou eu...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
►Do Alto do Morro
Escrevo aqui neste pedaço de papel pensando em ti
Saibas que para te fazer sorrir eu iria até os confins
Aqui olhando para sua foto, eu sofro, consegues sentir?
Sua falta é imensa, que preenche minha casa
Mas como já escutei antes, não basta apenas palavras
Meus sentimentos se completam em várias cartas
Desta vez quero dizer como és amada
O que sinto por você não faz sentido
Assim como a noite ensolarada
Não possuo uma hora exata para te reencontrar
Meus olhos querem ver como você está
Desejo, para sempre, seu bem estar
Acima daquele pequeno morro é onde fica o nosso lugar
Me responda quando iremos pra lá, vou te esperar
Mas os ponteiros estão de complô contra o nosso amor
Cada minuto que demora a passar provoca-me dor
Desejo tão intensamente rever seu olhar sedutor
E, como discípulo que sou, resta-me escrever no computador
Aquele esplendor que completava os meus dias
Tu és a minha preciosa, e querida ninfa
Tão linda, de todas as formas, única
Não existe a possibilidade de não seres escolhida
Sem você, a trilha seguida será perdida
Sem você, a vida torna-se deprimida
Estou feito um cãozinho esperando sua vinda
Retorne logo para a sua "terra prometida"
Por mim, você serpa recebida com abraços e alegria
Mas a pergunta de repente aparece
Consegue entender tudo que estou a dizer?
Consegue compreender?
Quero te ver, quero te completar, te entender
Estou te esperando no nosso morrinho
Traga consigo o seu lindo brilho.
Penso tanto que nem sei
Se viveria tanto tempo
Porque de tanto pensamento
Morro de medo do que já pensei
" Morro quando passo a não viver o que sonhei e quando acabo vivendo o que não me faz sonhar"
LCS__ENJ
Morro e Renasço
Eu a amo
E não é segredo
Eu a amo
E morro de medo.
Ela é o sol
Das noites de tempestade.
Ela é a lua
Das manhãs nubladas.
Outras não têm a cor
e a luz que somente ela
Emite sem cessar.
Findo de amor por ela
E renasço a cada vez
Que provo dos seus beijos.
Edson Luiz
Junho de 2016
Morro e Renasço
Eu a amo
E não é segredo
Eu a amo
E morro de medo.
Ela é o sol
Das noites de tempestade.
Ela é a lua
Das manhãs nubladas.
Outras não têm a cor
e a luz que somente ela
Emite sem cessar.
Findo de amor por ela
E renasço a cada vez
Que provo dos seus beijos.
Edson Luiz
Junho de 2016
Chego em casa. Quase as oito. Exausto, morro no chuveiro. Penso que devia economizar água, inevitavelmente o pensamento voa para outras causas, o comportamento apático do governo para o desperdício dos grandes donos de industrias. A fadiga do corpo permanece. Esqueço de esquecer de pensar. Saio do banho. Sonolento, visto uma roupa limpa, ainda pensando, agora no ódio indecente em um comentário que li no facebook sobre uma greve estudantil. Tomo um café e me sento em minha cadeira dura, na verdade muito dura. Abro o sistema escolar e vejo todas as tarefas pendentes, a nota baixa em física me relembra o quão ruim sou nas matérias exatas. Levo as mãos à cabeça ao me lembrar que quero cursar letras ou filosofia, mas ambas não garantem qualquer segurança financeira. Volto-me para a tarefa escolar, uma lista de matemática, não consigo fazer sequer uma questão, nem sei o nome da matéria. De fato me disperso em todas as aulas, o assunto não me é interessante. Amanhã tem prova. Queria escrever um poema, mas isso não vale ponto. Tudo precisa valer algo para ser feito. Queria ver um filme, porém me forço a estudar quando me lembro de outro comentário no facebook e percebo que, caso eu não passe em uma faculdade federal, mas um aluno do Bernoulli sim, alguém pode dizer que não me esforcei o bastante, afinal a meritocracia não falha. Passou uma reportagem no fantástico, sobre um menino pobre que está cursando medicina. Tento fazer mais um exercício. Apago. Acordo alguns minutos depois, assustado, um pouco desesperado. Preciso de pontos na matéria, não sei nada. Deixo tudo para última hora sempre. Não tenho todo tempo do mundo. Em dias como hoje, eu peço um pouco de paz, de calma. Uma ambição tola: poder levar a vida no meu ritmo sem preocupações. Sem lembrar que ainda ontem vi um menino catando comida em um lixo de praça e sua mãe estava do lado. Em dias como esse, eu adoraria não ter esse incômodo por tudo que me parece errado. Apenas me bastaria não ser visto como outro comunista preguiçoso de conversa fiada. E se esse texto não servir para nada, amor me perdoa.
Do topo do morro
Uma vista maravilhosa
O sol iluminando
E eu cercado de rosas
Daqui vejo tudo
Mas ninguém me ve
Respiro um ar puro
Folhas verdes por todos os lados
Cenas que não mostram na tv
Aqui no topo não tem luta pela sobrevivência
Só natureza e natureza
E me pergunto
Com tanta beleza pra que optar pela violência?
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