Morno
“Há quem lhe prepare um banho frio porque gosta, há quem lhe prepare um banho morno em uma banheira com sais aromatizantes do jeito que você gosta. Banho frio ou quente? A escolha é sua.”
MORNO
Depois que o carvão esfria
Não vira cristal o morno
Pois lhe faltou energia
E já não há mais socorro.
Eu até tolero café morno, mas pessoas não. Pessoas precisam ser quentes.
[Café também, pensando bem.]
A utopia representa o medo do homem de residir no morno, de ficar sem o seu tão doméstico drama, a sua cômoda tragédia.
A arte provoca, instiga nossos sentimentos seja de que jeito for. Nos tira do morno, nos motiva.
Para mim, sem ela, não há vida.
Chega de normalizar o morno. Amar com medo não é amor, é sobrevivência emocional. A intensidade que tanto assusta é justamente o que falta no mundo: presença de verdade, sentimento bruto, entrega sem ensaio. Se você é daqueles que sentem demais, que vivem no limite entre o amor e o caos então fique. Porque só quem tem alma entende a beleza de ser inteiro. O resto… Que fique com seus joguinhos de desapego.
Eu posso ter tido muitos defeitos na vida
e ainda tenho muitos
Mas eu nunca amei
mais ou menos
Nunca uni amor e cobardia
Amor de forma fácil não existe. Sendo assim não se engane. Pois o que vive por facilidade não é amor e sim uma oportuna transitória convivência por conveniência.
Entre o grande amor. Felizes são aqueles que por medo e sanidade conseguem administrar o gostar entre os seguros limites.
Nada!
Horas e horas neste ponto morto
Onde caiu agora a minha vida...
Nem um desejo, ao menos!
Só instintos pequenos:
Apetite de cama e de comida!
Nem sequer ler um livro
Ou conversar comigo, discutir...
Nada!
Neutro, morno, a dormir
Com a carne acordada.
Recomece, recomece todos os dias, recomece quantas vezes forem necessário, só não se contente com o pouco, com o morno, com o medíocre. Não aceite café ruim, amizades falsas, abraços frouxos, beijos frios e amores mornos.