Minha Mãe
— Minha mãe disse que a fada do dente não existe. E eu chorei e chorei.
Uma criança? Tinha um criança me ligando na rádio.
— Sua mãe sabe que está usando o telefone? — Perguntei.
— Ela está no banheiro, fazendo o número dois e chorando. Ela briga muito com o papai.
— Porque está me ligando?
— Eu já disse. — ele choramingou.
Fada do dente. Ok. Que merda eu sabia sobre fada do dente?
— Pequeno, acredita em papai noel?
Ele ficou em silêncio.
— E em coelhinho da páscoa?
— Acho que sim. — Ele respondeu.
— E no amor? — Perguntei.
— Amor? Mamãe acho que me ama mas acho que não ama o papai. Esse amor? Eu não sei.
Ele parecia em dúvida.
— Tem tanta certeza sobre coisas que não existem, mas o amor ele existe. Mas não podemos vê-lo e sim sentir.
— Ah não. — ele dava gritinhos. Afastei o fone do ouvido. — Papai noel e coelhinho da páscoa não existem? Não existe amor também. Não acredito.
Nem eu, eu quis dizer. Nem eu.
agosto 21, 2015
Pedaço da lua
Hoje o texto não é meu. É uma poesia da minha mãe, Lenir Mota:
Todos os dias, assisto, da varanda, sempre atento,
ela passando…sozinha…seguindo com passos lentos,
olhos vividos, perdidos, carregando suas crenças,
corpo cedendo, tombado ao peso de seu cansaço.
Passa trôpega…e os pés, que pouco a pouco se movem,
arrastados, me comovem…
com a lentidão de seus passos.
Quantas vezes já passou por esses mesmos caminhos!
Quantos passos caminhou, pra chegar devagarinho,
virando na mesma esquina…
Mas chega cedo demais !!
e ali, cansada, espera, encostada nas paredes,
que se abra o portão verde, pra entrar em seu refúgio.
Caminha mais e espia…a porta, ainda fechada !
Para, senta,e,conformada, aguarda a hora de entrar.
Vem de longe, vem andando…
sob chuva, sol ou vento,
vem a procura de alento em sua fé costumeira.
Oito décadas e tanto…
denuncia, sem piedade, seu ralo cabelo branco…
Mas ela passa, vaidosa, retocando-se no espelho
apoiado em sua bolsa, em cima de seu joelho.
E eu fico olhando, com espanto, a força, a garra, a coragem,
de fazer essa viagem parecer tão prazerosa…
Quanto tempo inda lhe resta?
Não sei…mas sinto que a vida
lhe abastece de sonhos, que ativam a esperança
dessa mulher corajosa, que na fé encontra forças
pra esse caminhar diário…
E quando as portas se abrem…
ela entra… resoluta… e abrindo então seu hinário,
senta…descansa…e…canta…!!
No final, revigorada, retorna pra sua luta.
E na varanda, espero, a volta com hora certa
dessa mulher cabisbaixa, que olhares sempre desperta,
quando passa em minha rua.
Quando chega, ainda de dia, com o sol brilhando em seu rosto,
vejo clara a imagem sua…
Quando volta, me enternece…esse rosto renovado,
cintilando toda a rua
e aos meus olhos parece, que seu cabelo de prata
é um pedaço da lua…
Vou me lembrar das vezes em que eu te visitava, as quais minha mãe sempre tinha algo pra que eu levasse pra você, algo que ela queria que você experimentasse, e sempre que eu chegava até você, você perguntava: E o filho da Lourdes é? E eu dizia que sim, passamos alguns minutos juntos, as vezes eram mais do que alguns minutos, passava algumas horas, fazia isso com uma boa frequência, era eu um adolescente na minha bicicleta indo te visitar, tinha tempo, e muitas outras coisas que a fase adulta nós leva.
Lembro de quando a Talita fazia alguma piada, você dava aquele sorriso sem a sua dentadura, e eu achava engraçado.
Eu pensei que ainda veria você, antes que esse dia chegasse, que te abraçaria mais uma vez, depois de mais de 5 anos sem te ver... Eu vou sentir saudades, muitas vó Izabel
Manda quem pode e obedece quem tem juízo! Lembro bem na adolescência minha mãe sempre pedia pra eu ter esse tal de juízo! Quer saber passei a vida toda ouvindo essa palavrinha, logo cansei! Meu ditado agora é assim, manda quem. .. obedece...
“Não foram as orações que minha mãe me ensinava,
Que me fizeram te a fé que hoje tenho,
Mas sim perceber que, apesar das dores,
Das infelicidades, das decepções,
Toda noite aquelas orações eram ditas na mesma voz.
Voz de mãe, que soava mais como uma canção de gratidão.”
A dor da perda...
Nada mais tem sentido sem você aqui minha Mãe!
O desejo de todos os dias é voltar no tempo...
Voltar naqueles momentos e que encontrava em ti toda alegria.
Que encontrava aquele olhar que não existe igual.
Que podia ter aquele abraço
que não existe mais apertado e mais sincero.
Que podia ver aquele sorriso cheio de energia.
Que ouvia aquela prece que acalmava
qualquer situação, qualquer dor.
Que sentia aquela companhia
que sempre foi um porto seguro.
Poderia descrever inúmeros momentos...
pois, descrever-te é sublime!
Eterna é minha gratidão por todo ensinamento
e tudo o que fostes e fizestes por nós.
O tempo passa, mas não leva a dor.
A saudade só aumenta.
A tua falta é diária.
A dor é muito grande
e o meu amor por ti é eterno.
O coração fica em pedaços, fragmentado...
Vivo cada dia com pressa de alcançar-te para o reencontro.
Um pedaço de mim se foi.
Outra metade de mim busca entendimento.
O mistério só cresce.
Vida, Morte, Mundo é mistério,
pois, não sabemos o próximo instante...
Quando eu era pequeno
A minha mãe me insinou a marcar os meus primeiros passos a cair e a levantar
A chorar e calar ensinou-me que o homem tem que ser forte, e capaz de suportar certas coisas
Ensinou-me muitas cosas do mundo mas não me insinou como lutar com as garras do coração e como domina-lo por que ele age como quer e escolhe sempre pessoas erradas e impossiveis
“Eu já amava minha mãe como amo a minha alma, sentia um desprezo e distanciamento enorme pelo meu pai e descobri que momentos importantes nascem de gestos pequenos.”
Você é meu sonho
Hoje eu abracei minha mãe
diante a lua
enquanto você gritava com a sua
eu te amo pai
e sai para rua
pai você não me entende não me muda
eu preciso dormir
para pode sonhar
eu vi umas garotas sorrindo
por estarem se vendo de novo
igual você diante a mim
mas você não tem ninguém
está no fundo do poço
para pode sonhar
só consegue dormindo
deixa eles de lado
esquece
me abraça agora
enquanto a tempo
porque não quero ir para aquela casa
não lá de novo
não lá dentro
Só sonha de verdade
quem consegue mesmo dormir
ela vai embora em lágrimas
e eu vejo duas garotas contando o tempo
sem para porque acordadas elas
não tem tempo de sonhar
A minha mãe ensinou-me desde pequena a nunca desistir dos meus sonhos, mas nem ela própria acredita em sonhos.
Lembro-me que, na minha infância, minha mãe sempre me dizia: Filho! Vá a farmácia e me compre tal remédio!
Via de regra, ao chegar lá e pedir o tal remédio, eu era sempre questionado pelo farmacêutico: Mas, você quer em comprimido, bálsamo, spray, creme, sublingual... E eu que vou saber. Rs rs rs. (Quanta saudade sinto de minha querida mãe!)
Odôiá, minha mãe, Odôiá
Hoje vesti braço
Hoje vou ao mar
De alma leve
Vou te saldar, Odôiá
Te levo flores
Te levo amor
Um filho humilde
Um pecador
Me guia, me rege
Com teu canto, Inaê
Seu povo, sua cultura
São pedaços de você
Te bendizer
É tudo que quero
Rainha do mar
Ô Iemanjá
Odôiá, minha mãe, Odôiá
(Edson Patrick Vasconcelos Pereira)
Vejo nos dias de hoje pessoal de pouca fé
Já dizia minha mãe o primeiro infiel
Que blasfema contra Deus
Será muito castigado e muito já não percebem
O que está acontecendo tomaram um outro rumo
Aqueceram da promessa e de tudo que foi dito
Pelo meu jesus querido,não olhe para direita
Nem tão pouco pra esquerda
Siga firme no caminho
Que vou limpando os espinhos
Se sentir fome ou sede olha pro alto e clama
Lembre-se desse versículo
Fui moço, e agora sou velho;
Mas nunca vi desamparado o justo,
Nem a sua semente a mendigar o pão",
Embora existam muitos justos
Que morreram sem terem acesso à bênçãos
Porque Deus enxerga as coisas em termos de eternidade
Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o SENHOR
Ama o juízo e não desampara os seus santos;
Um homem bom são confirmados pelo SENHOR,
E deleita-se no seu caminho.
E pela fé eu verei os meus sonhos realizados
Então compadece-se sempre, e empresta,
E a sua semente é Abençoada e trás retorno garantido
maria de fatima
Agora eu sei….
Quando eu era garotinho, minha mãe dizia, desce daí garoto, você vai cair….E eu dizia….já sei….já sei….
E na juventude, lá pelos dezesseis anos, meu pai dizia….
Garoto vai estudar…. Você precisa estar preparado para a vida e eu respondia….Já sei….já sei….
Foi quando eu arrumei a primeira namorada, dei o primeiro beijo, senti as primeiras dores de amores, e muitos diziam….não sofra….não chore….sorria….e eu dizia….Já sei….já sei….
Ano após ano, as conquistas e os amores vinham, alternadamente, dores e amores, vitórias e derrotas...era a vida me ensinando a não me desesperar, a superar, e às eu vezes chorava, outras vezes sorria, sempre dizendo agora eu sei….eu sei….eu sei….
E vieram os primeiros cabelos brancos, os amores inconsequentes se foram, e uma vez mais eu dizia….agora eu sei….eu sei….eu sei….
Mas eu sofria e de verdade, ainda não sabia, que o frio, a chuva e a solidão sempre aparecem mesmo depois de muitos dias de sol.
E na solidão da meia idade, vizinha da velhice, em alguns dias ainda havia sol e com ele esperanças reapareciam e eu continuava dizendo, agora só para mim mesmo, eu sei, sim, agora eu sei….
Mas agora que até mesmo os cabelos brancos se foram, que o sol não tem aparecido tanto, finalmente percebi que a gente nunca sabe de verdade.
Vou continuar aprendendo a cada dia, todo dia, até o último dia.
Agora eu sei.
Preparando para mudança lembrei- me do que minha mãe sempre dizia serem necessárias ter na nova morada antes de entrar:
Poço d'água
Lenha seca para o fogão
Varal esticado
Lampião com querosene
O fósforo no bolso...
Muito sábia era a minha mãe!!!
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