Frases de Mia Couto
A guerra nunca partiu, filho. As guerras são como as estações do ano: ficam suspensas, a amadurecer no ódio da gente miúda.
Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta comunicação. E nunca foi tão dramática a nossa solidão. Nunca houve tanta estrada. E nunca nos visitámos tão pouco.
E o tempo comeu o chão.
Sem terra, sem rio, sem céu, não me restou
senão o vislumbrar
de um sonho.
E o sonho
foi ave e peixe,
foi tempo e foi céu.
Depois, aos poucos, o sonho me devorou a vida.
E, assim,
em mim,
nasceram todas as vidas.
O vento foi um pássaro e fugiu para fora de si mesmo quando os homens o quiseram capturar. Deixou de ter corpo, fez ninho nas nuvens e viaja com elas para pousar quando se cansa. É por isso que o vento canta.
O mar é o habilidoso desenhador de ausências.
Era como se o mar, com seus infinitos, lhe desse um alívio de sair daquele mundo.
O amor é como o mar: sendo infinito espera ainda em outra água se completar.
Nesse outro tempo, o seu livro era o chão imenso por aí afora.
Quem lhe virava as páginas eram as estações do ano.
(Em "O outro pé da sereia". Lisboa: Editorial Caminho, 2006. Fonte: Templo Cultural Delfos)
Talvez minha voz seja um pano; sim, um pano que limpa o tempo.
(Em "O fio das missangas". Lisboa: Editorial Caminho, 2003. Fonte Templo Cultural Delfos)
" O homem sabe os segredos do mundo: o rio verdadeiro não mexe. Flui, deixado e desleixado. Quem faz mover as águas são os rabos dos peixes, inumeráveis leques que nunca pausam. Como nós. Deixemo-nos quietos como pedras e o tempo não anda".
(Na berma de nenhuma estrada - p.50)
Como ele sempre dissera: o rio e o coração, o que os une? O rio nunca está feito, como não está o coração. Ambos são sempre nascentes, sempre nascendo. Ou como eu hoje escrevo: milagre é o rio não findar mais. Milagre é o coração começar sempre no peito de outra vida.
"Conselhos de minha mãe foram apenas silêncios. Suas falas tinham o sotaque de nuvem”.
( em "O ultimo voo do flamingo". Lisboa: Editorial Caminho, 2000.)
“O amanhecer costumava ser um beijo no vidro de sua casa. Naquela manhã, porém, a luz era mais tensa do que intensa”.
(em "O outro pé da sereia". Lisboa: Editorial Caminho, 2006.)
"Eis o que descobri: as aranhas que observei sobre a mesa estiveram sempre dentro de mim. E dentro de mim fabricaram uma teia que me tolda não apenas os movimentos, mas toda a minha vida".
(in "Mulheres de Cinzas" página 236)
" Porque o amor é esquivadiço. A gente lhe monta casa, ele nasce no quintal". (in " Terra Sonâmbula ")
“A adiada enchente
Velho, não.
Entardecido, talvez.
Antigo, sim”.
(em "Idades cidades divindades". Lisboa: Editorial Caminho, 2007.)
“A uns satisfaz uma sombra,
a outros nem o mundo basta.
Uns batem com a porta,
outros hesitam como se não houvesse saída”
.
(em “Tradutor de chuvas”. Lisboa: Editorial Caminho, 2011).
“Amor se parece com a Vida:
ambos nascem na sede da palavra,
ambos morrem na palavra bebida”.
(trecho em "Idades cidades divindades". Lisboa: Editora Caminho, 2007.)
"Quero morar numa cidade onde se sonha com chuva. Num mundo onde chover é a maior felicidade. E onde todos chovemos”.
( em "Antes de nascer o mundo". São Paulo: Companhia das Letras, 2009.)
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