Frases de Mia Couto

Cerca de 134 frases de Mia Couto

"A morte se tornara tão frequente que só a vida fazia espanto."

"Agora sou velha ,magra e escura como a noite...Escuro que não vem da raça, mas da tristeza. Mas tudo isso que importa, cada qual tem tristezas que são maiores que a humanidade”.

(in "A Varanda do Frangipani “

Acendemos paixões no rastilho do próprio coração. O que amamos é sempre chuva, entre o voo da nuvem e a prisão do charco. Afinal, somos caçadores que a si mesmo se azagaiam. No arremesso certeiro vai sempre um pouco de quem dispara.

(do livro em PDF: A menina sem palavra)

Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.

Milagre...
É o coração começar sempre no peito de outra vida.

Não quero o primeiro beijo:
basta-me
o instante antes do beijo.
Quero-me
corpo ante o abismo,
terra no rasgão do sismo.
O lábio ardendo
entre tremor e temor,
o escurecer da luz
no desaguar dos corpos:
o amor
não tem depois.
Quero o vulcão
que na terra não toca:
o beijo antes de ser boca.
"Mia Couto"

- Dói-te alguma coisa, filho?
- Dói-me a vida, doutor.

Um homem pode ter barba ou não barba, mas um filho e uma exigência pelo respeito.

As ossadas são nossa única eternidade

"Não durma perto da estrada que as poeiras irão sujar seus sonhos. E aconteceu. Mas eu..., eu sempre gostei de poeira porque me traz ilusão dos caminhos que não conheço".
(Na berma de nenhuma estrada)

Um abraço para Manoel
“Dizem que entre nós
há oceanos e terras com peso de distância.
Talvez. Quem sabe de certezas não é o poeta”.

19/dez/2013

" Em África tudo é outra coisa: a mansa crueldade do leopardo, a lenta fulminância da mamba, o eternamente súbito poente.
[...]
Se o silêncio é sempre um engano: o falso repetir do nada em nenhum lugar. Em África tudo é sempre outra coisa”.
( in "O fio das missangas")

Beijo
Não quero o primeiro beijo:
basta-me
o instante antes do beijo.

( em “Tradutor de chuvas”. Lisboa: Editorial Caminho, 2011.)

"Aquele vento, pensou ele, iria varrer a terra por inteiro, atingir por igual os fracos e os poderosos. E os grandes aprenderiam que há um poder bem maior que o deles. O vento os ensinaria a saberem ser pequenos”.

( em "O outro pé da sereia". Lisboa: Editorial Caminho, 2006.)

Precisamos reencantar o mundo, tomando por empréstimo o olhar das crianças.

Os vindouros, esses que aguardam por corpo, são quem mais deveríamos temer. Porque deles sabemos o quase nada. Dos mortos ainda vamos recebendo recados, afeiçoamo-nos a suas familiares sombras.

Inserida por Filigranas

Nesse outro tempo, o seu livro era o chão imenso por aí afora.
Quem lhe virava as páginas eram as estações do ano.

(Em "O outro pé da sereia". Lisboa: Editorial Caminho, 2006. Fonte: Templo Cultural Delfos)

Inserida por portalraizes

Talvez minha voz seja um pano; sim, um pano que limpa o tempo.

(Em "O fio das missangas". Lisboa: Editorial Caminho, 2003. Fonte Templo Cultural Delfos)

Inserida por portalraizes

" O homem sabe os segredos do mundo: o rio verdadeiro não mexe. Flui, deixado e desleixado. Quem faz mover as águas são os rabos dos peixes, inumeráveis leques que nunca pausam. Como nós. Deixemo-nos quietos como pedras e o tempo não anda".
(Na berma de nenhuma estrada - p.50)

Inserida por portalraizes

Como ele sempre dissera: o rio e o coração, o que os une? O rio nunca está feito, como não está o coração. Ambos são sempre nascentes, sempre nascendo. Ou como eu hoje escrevo: milagre é o rio não findar mais. Milagre é o coração começar sempre no peito de outra vida.

Inserida por portalraizes