Machado de Assi Poema a Carta
Maquiavelico, psico, confuso, é o fim do mundo,
Varias contradições, siga o cego e escute o mudo.
Parece absurdo, mas o normal me incomoda,
Eu vejo faces de anjos e ouço chocalho de cobras.
Geração perdida, estamos no barco a deriva, quem diria ?
O padre mentiu, o pai errou, o pastor estava enganado,
Deus nunca te odiou pelos seus pircings, sempre te amou mesmo tatuado.
Não sou blase pascal, muito menos immanuel kant,
Tenho muito de suntzu , pouco de ghandi.
Se não sabe aprende, e se sabe ensina, esqueceu aprende outra vez,
E o mais importante de tudo, faça rápido, só se morre uma vez..
ROTEIROS
Em meus devaneios
Vou rasgar os roteiros da peça escrita pra mim
Mudarei todas as falas
Sentarei em outro banco de praça
Mudarei de calçada
Vestirei outra cor
Hoje vou desligar a TV pra assistir as estrelas
Deitarei do outro lado da cama
Adormecerei com o sol
Vou passear com a lua
Hoje deixarei a rotina
Virarei do avesso
Conhecerei outra de mim.
FILTROS DE BARRO
Em meu tempo de criança
Bebi água em filtro de barro
Gostava de ouvir seu lento gotejar
Demorava pingar a gotinha
Acho que queria nos dar seu melhor
Por isso demorava a filtrar
Coitado do filtro de barro
Foi descartado
Trocado
Já não cabe nas casas modernas
Pensando bem...
Hoje tudo parece descartável
Nada pode dar trabalho
Prefiro relacionamentos
Que sejam como filtros de barro.
GARRAFA VAZIA
Encontrei uma velha garrafa vazia jogada na areia
Trazida pela maré
Aquela garrafa um dia trouxe felicidade a alguém
Talvez tenha participado de uma festa
Comemorado um nascimento
Ou alegrou boas conversas entre amigos
Agora desprezada
Triste
Sem serventia
Em minha utopia resolvi tirá-la daquele triste fim
Escrevi um poema em um papel
Enrolei
Coloquei dentro da infeliz garrafa
Lancei-a ao mar
Quem sabe um dia ela chegue em alguma praia
Presencie novamente o sorriso de alguém.
VAZIO
Das muitas e muitas andanças
Das mais variadas paisagens
Dos desvelos recebidos
De todos os atropelos que se pode dar
A alma quer sempre mais
Nada lhe basta
É fome que não se sacia
Trilha que nunca termina
Gotejar incessante em cavernas vazias
Seu buraco é do tamanho de Deus.
Elis Barroso
JÁ NEM SEI
Não sei se sou eu que grito
Ou roubei a voz de alguém
Se a dor que sinto é minha
Ou sofro por outra pessoa
Já nem sei se sou dona dos versos
Ou eles são donos de mim
Como é duro ser poeta
Que se afoga nos próprios versos
Ora chora
Em outra ri
Se esvai em grãos de areia
Renasce da folha morta.
TECITURAS
Eva tecia em folhas de figueira
Penélope seu longo bordado
As vozinhas costuravam em máquinas onde brincávamos de dirigir
Época em que agulha e linha da vida faziam parte
As mãos teciam
Enquanto a gente fazia arte
Ah! Pena que quase tudo isso acabou
Deixe eu terminar de tecer essas palavras
Vou aliavar esse poema
Antes que nos roubem isso também.
Hoje
Abrigarei soluços no peito
Afogarei o travesseiro
Direi adeus sem palavras
Sem abraços
Sem seu reflexo em meus olhos
Hoje
Dividirei o copo com a tristeza
Tomarei um porre de saudade
Beberei do vazio que ficou
Só hoje
Amanhã passarei batom vermelho
Darei novos sorrisos
Se não der...
Viverei de improviso.
RIO, SONHOS E PEIXES
Eu gostaria de segurar os sonhos
Pena que sempre escapam
Parecem a truta a brincar com o pescador
Dança à sua frente
Parece até que sorri
Foje faceira por entre as águas do rio
Quando sonho com você é assim
Parece estar ao alcance das mãos
Some de repente em meu despertar
Fecho os olhos novamente
Tento voltar a sonhar
Lá se vai mais um sonho
Sorrindo de mim
Saltando no rio.
FLOR DA PERIFERIA
Se eu fosse flor
Queria ser flor do caminho
Daquelas que não se vende
Ninguém se preocupa em molhar a raiz
Cresce fincada à terra
Entre espinhos e pedras
Se eu fosse flor
Não gostaria de ser rosa, orquídea
Ou um frágil lírio
Queria ser flor que nasce em ruelas
Em becos
Flor de periferia
Daquelas que passam despercebidas
Rejeitadas
Quando se percebe já se espalhou
Tirou forças da terra seca
Cresceu sozinha
Espalhou sementes
Já não adianta arrancar.
CHÃO E MESA
Não gosto de amores assim
Comidos de garfo e faca
Pelas beiradas
Degustados em pequenas porções
Muito menos de amores frios
Que ficam no canto do prato
Já não descem na garganta
Nem pode ficar pra amanhã
Gostosos são aqueles comidos como fruta
Arrancados do pé ou pegos no chão
Mordidos com vontade
Que escorrem pelo canto da boca
Existe um olhar diferente,
A tudo e á todos
Não imagino uma pessoa ínfera á outra,
Somos pedaços,
E nada nos leva a pensar
Que não exista...
Pessoas distintas a cada olhar,
Pessoas distintas a cada pensar,
Pessoas distintas a cada andar,
Pessoas distintas a cada falar,
[...]
Sem dúvidas,
realmente somos diferentes,
Por formas e pelas variáveis feições,
E ao mesmo tempo somos iguais,
Por dentro,
E essa igualdade não nos
fazem pensar que não exista...
Momentos distintos a cada pessoa,
Atitudes distintas a cada pessoa,
Personalidades distintas a cada pessoa,
Cada pessoa distinta a cada pessoa,
[...]
Nem somos forçados a existir,
Muito menos a resistir a essa oposição,
Se não consideramos o Deus
Nossa grande salvação,
Não seremos diferentes,
Não seremos distinção
[...]
A saudade é a ponte pro passado que se faz presente.
É o olhar pra trás, pra quem se fez ausente.
É o não mais ter, mas que se sente.
É o incansável buscar de boas memórias, criando novas
Que Não aconteceram antigamente.
A saudade é o sentimento das lembranças
A morada da esperança
Que de tanto pensar nela, talvez
O passado se faça presente novamente.
A saudade é o que te aproxima do amor correspondido
Do que foi dito e do que não foi.
Do que foi vivido e se foi.
Saudade do que viveu, saudade do que nem foi seu.
A saudade é tua amiga
Companheira do dia a dia
Insistente necessidade de sentir
O que o passar do tempo levou de ti.
Mas a saudade é tua inimiga
Te pega, consome e te afligia
É o que te cega pro presente
E te torna inexistente
Por só saber viver por quem está ausente.
Ouvi qualquer voz dizendo: “não sangre tanto”.
e outra, engasgada, que desconfiada de mim
tapava a minha boca com a exausta lama das lamentações.
Ouvir – estou vendo a alta cúpula do Desejo
que minha mão não toca por cansaço.
Deixo-me porque pisar determinada é artifício,
um soluço na câmara lacrada -
toco o vidro e ele se ergue imutável.
Contenho bem pouco em mim
e em redor só vejo o que exalo
um semblante circular em espiral
de uma voz
- só para mim -
sempre incógnita.
Feliniana
Agora penso
Qui boca é essa?
Qui mata a sede e beija Flores
É a porta perfeita dos desejos indiscretos
Iscondi sorrisos di infância
Agora penso
Qui boca é essa?
Quinú fala com palavras
Essa boca é danada ficou mal acostumada
Nú pensava em ouvir nem amá-la
Mas essa boca é encarnada na linha doci du beijo
Constelação di Zúria
A Estrela pousou em meus versos
Em Alma Alumiou
Ouso insinuá qui é Amor
Aparecesti Suave vestida di Coragem
Arrebanhou Magnólias
Arodiou o meu Oiá
Nu Vão entre o Céu e a Terra
Tu és Trampolim di Bem-Querê
Disnorteia Peli
Arrepia o Riso
Oh Musa Estrelar!
Discansa em Mim seus ternos Beijos
Assim Transcendemos a Vida
Para Imprimir Colores
Guarulhos, minha cidade.
Aqui cresci, nas ruas empoeiradas,
Ou em tempestuosas chuvadas e ruas enlameadas,
Em brincadeiras despreocupadas,
E nos sonhos de menino, construí o meu destino.
Vislumbro com o cair da noite, as pessoas e as andanças,
O ar que ainda exala o perfume da esperança.
E às árvores recurvadas na Serra da Cantareira,
Em visitas com os amigos,
Apreciei tanta beleza,
Que jamais caberia na imaginação de um antigo.
Em 8 de dezembro de 1560, Guaru "indivíduo que come",
índios barrigudos, segundo a língua tupi, pelo Padre Jesuíta Manuel de Paiva.
Nascestes Guarulhos, de Nossa Senhora da Conceição.
Da minha cidade nasce o norte ladeirento,
indócil e o sol, quando chega, penetra-a delicadamente,
carinhosamente, depois de vencido o nevoeiro...
Ao sul do Tietê, a oeste o Cabuçu...
Sua riqueza primeira, de ouro e mineração.
As minas foram descobertas,
segundo Afonso Sardinha, a denominação ,
o progresso então chegou e a Maria Fumaça, que passa com a produção...
Em 1915, os atos da Câmara já diziam,
contra o desmatamento,
a implementação do esgoto,
a poluição da água,
o abastecimento.
Três autoestradas chegaram, a população superou 1 milhão,
Quanta magnitude, mais educação, mais emprego e mais saúde;
o aeroporto, o progresso agregou-se, quem preocupou-se?
E a questão ambiental, mercantilizou-se?
Tornou-se uma cidade importante,
onde a paisagem verticalizou-se em torres de concreto, tão de perto.
E ainda temos o viaduto “Cidade de Guarulhos”,
refletindo por um momento, tornou-se um importante monumento.
Minha cidade é linda...
Tem suaves montanhas.
O amanhecer é sorridente,
qualquer alma doente se cura com as nascentes.
No passado bastaria lançar os olhos ao horizonte...
E com familiaridade e doce intimidade,
a natureza de pertinho nos blindava a mocidade.
Ter olhos sagazes no presente, ao ser...
Para ir reconstruindo todas as belezas,
É preciso ter visto antes, para reconhecer.
Crescidos, estamos eu e essa grande metrópole,
Hoje ainda observo o espetáculo do por-do-sol,
Que brilha no céu, tornando-o mais azul, mas não vejo o horizonte,
Do clima a transformação, avisto a poluição.
Essa cidade de todos,
os direitos e os deveres,
os versos e adversos,
te amo minha metrópole,
Guarulhos cidade progresso.
Fala baixinho.
Amor, ninguém vai saber.
Seremos apenas eu e você dessa vez.
Vamos viver sem nos preocuparmos com o que vai acontecer.
Fala baixinho.
Sempre vai ter alguém querendo nos derrubar
Vamos caminhar devagar.
O nosso amor dessa vez não pode escapar.
Fala baixinho.
Temos toda uma vida juntos pra vencer.
Me de sua mão, que assim nunca vamos perder.
Eu prometo, o nosso amor tem muito a florescer.
Fala baixinho.
Não quero que escutem o que você tem a me dizer
Ninguém precisa conhecer o lado que me faz tanto te querer
Eu só quero a todo momento te ter.
Fala baixinho.
No meu ouvido diz que ficarás pra sempre independente do perigo.
O teu abraço é o meu abrigo
E eu só quero sentir você comigo.
Psiu...
Fala baixinho, amor.
Apenas um segundo
Foi naquele minuto que eu soube
Que não poderia mais te amar
Foi naquele minuto que eu soube
Que ao fechar meus olhos não poderia mais sonhar
Foi naquele minuto que eu soube
Que aquele abraço seria o ultimo
E que seu sorriso de esperança
Com o tempo se dissolveria
Seria apenas uma doce lembrança
Foi naquele minuto
Que cada dia da minha vida
Veio em mente
Cada sentimento, cada sensação
Estilhaçando como um copo de vidro
Caído contra chão
Mas foi naquele segundo
Que meu olhar se chocou contra o seu
Perdida em meio aquele falso mar
Confortada em seus braços
Parei de me preocupar
Ali, mesmo que por um milésimo
Seria meu lugar
Um dia vendi meu cavalo.
Foi num domingo, nessas voltas de rodeio...
Eu garboso bem faceiro vinha com pingo a lo largo....
Me ofereceram um trago e seguimo ali proseando...
Logo vieram ofertando uns troco no meu Picasso...
Era lustroso o bagual, calmo como chirca em barranca...
Mansidão não hay quem compra, disse um velho paisano...
Largaram uns peso no pano de primeira refuguei...
Depois logo pensei, hão de cuidar do pingo...
Eu nunca fui de apego, meu rancho é a solidão...
Ainda dei o xergão e vendi o meu velho amigo...
Quando voltava pras casa, a pezito curando o trago...
Fui lembrando das andanças que fizemos pelo pago...
Lembrei até duma noite, que quase se fomo nas barranca...
Por causa de uma potranca o Picasso enlouqueceu...
Depois obedeceu e voltou a compostura...
São coisas da criatura, da natureza do bicho...
Eu sei bem como é isso comigo se assucedeu...
Mas eu já tinha vendido, de nada mais adiantava...
A vida continuava, quantos já venderam cavalos...
Uns bons outros malos, mas é coisa da tradição...
Depois pegamo outro potro...
Domamo e mais um tá pronto pras lides de precisão...
E assim se passaram os anos, e nunca mais vi o Picasso...
Mas ainda tinha a lembrança daquelas festas campera...
Debaixo de uma figueira nos posando prum retrato...
Eu virado só em dente, tamanha felicidade...
E ele bem alinhado, com pescoço arrolhado, mostrando garbosidade.
E o tempo foi passando, eu segui domando potros...
Mas um deu pior que outro nunca mais tirei pra laço...
Lembrava do meu Picasso, manso, bom de função...
Trazia ele na mão, nunca me refugo...
Desde do dia que chegou potranco bem ajeitado...
Se acostumou do meu lado vivendo ali no galpão...
A vida é cerca tombada, quando se sente saudade, dói uma barbaridade...
O coração em segredo as vezes marca no peito, qual roseta na virilha...
Não fica bem pro farroupilha ter saudade dum cavalo...
Que jeito se vai chorar, são coisas de índio macho...
Sentimento é um relaxo difícil de aquerencia...
Mas o tempo vem solito, não trás amadrinhador...
Num dia desses de inverno, juntando geada no pala...
Eu vinha nos corredor pensando nas cosa da vida...
Foi quando vi um cavalo magro ali atirado junto a cerca caída.
Fui chegado mais perto daquele coro jogado
Os olho perdido e triste, me perguntei qual existe gente mala nesse mundo.
Pra atirar assim um crinudo, pra morrer a própria sorte
Pedi licença pra morte em me cheguei sem alarde.
Não creio em divindade, mas o milagre aconteceu
Ali na beira da cerca, quando me olhou com tristeza...
Na hora tive a certeza que aquele pingo era o meu.
Levei ele pro rancho, tratei e curei os bixado...
Dei boia e fique do lado, até ele melhora...
Perdão meu Picasso amigo, agora ficas comigo...
Não te vendo nunca mais...
Por mim pouco importa se já não serves pra lida...
Aqui será tua vida até o dia que morrer...
Talvez não tenha perdão, sofresse em outras mãos...
O que fiz naquele dia?
Te vendi por alguns trocados, um amigo não tem preço, o que fiz foi judiaria...
Nunca mais vendo cavalo.
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