Liberdade Borboleta Fernando Pessoa
"A verdadeira liberdade é um ato puramente interior, como a
verdadeira solidão: devemos aprender a sentir-nos livres até
num cárcere, e a estar sozinhos até no meio da multidão."
Porque temer meus irmãos se o que nos espera é a simples e a completa e verdadeira Liberdade jamais sentida pela humanidade? Estamos a caminho da grande festa, da festa cósmica onde deixamos de sermos um para sermos todos. O quão maravilhoso e PERFEITO é esse encontro. A festa mais brilhante, mais repleta de reconhecimentos eternos e de explosões de puro amor, onde só caberá felicidade absoluta. Deixaremos de ser pequenos lagos, para tornarmos definitivamente um só e imenso OCEANO. Esqueça as dúvidas e receios, aquiete sua mente e apenas escute seu coração... Vamos Aceitar a plenitude de apenas sermos quem realmente somos e nos entregarmos ao Uno. Eu aceito, eu confio, eu sou grata, e tomo aqui e agora a minha decisão: Eu me entrego ao colo de Deus... E você?
A nossa liberdade não é absoluta. Quando viemos ao mundo, ele já existia, com as suas leis, as outras pessoas, etc. Temos uma liberdade condicionada por tudo o que existe além de nós.
Compreendemos melhor o valor da liberdade quando já estivemos em cativeiro, tenha sido ele físico ou psicológico...
Enquanto isso...
fico imaginando surpresas, e improvisos.
Imagino sorrisos, a liberdade de ser, de sentir.
Fico imaginando a minha vida sem escolta, sem perguntas, sem por quês.
Imaginando um dia- sem sentir medo.
Enquanto isso...
aposto na delicadeza, no aqui e agora.
Sinto-me como um pássaro colorido fingindo que voo. Carrego desejos que eventualmente doem.
Mas, mesmo assim, sou puro desejo e intenções.
Eu sei que existe um céu, e ele é azul. Eu sou feito de som, de palavras e sabores. É isso, eu sou os diversos tons desse azul.
Enquanto isso...
respeito a lágrima- a estrada, mesmo que sinuosa.
Enquanto isso...
escapo por algum lugar, ora pelos poros, ou escorrendo pelos olhos- num abraço atrapalhado, ansioso, tímido.
As vezes sou grito, outras vezes, silencio.
Enquanto isso...
faço as pazes com o Deus que vive em mim, que brinca- e segura a minha mão.
Vou experimentando o mundo, mostrando minha poesia, recitando versos rabiscados nos muros.
Enquanto isso...
procuro o lirismo intrínseco, tornando suportáveis os meus dias, principalmente os nublados.
Enquanto isso...
sou caos, e sou bonança.
Pouso das Borboletas
Para que propagar a liberdade exterior se a verdadeira se mostra somente quando a alma passa a trilhar o caminho da simplicidade?
A questão não é tirar a liberdade, mas viver de maneira certa...
aproveitar o que a de bom e superar o que há de ruim.
o que pode ser bom hoje amanhã será ruim, e o que é ruim hoje amanhã pode ser tarde
Continuo andando naquele carro velho
Que cruza com total insensatez a cidade
Vem da Liberdade e vai até o que ultimamente penso de liberdade
Aquela de poder sentir novos versos ebulindo
Em antigas Antígonas, segundo Mário, antigonas
Ou meu andar caricato e trágico
Carrego pesos como o Fausto, não o do Goethe, o daqui
Só que os meus não me dão velocidade
Como erros, meus pesos, não estão a serviço dos acertos
Lido com a dor sem domesticá-la
Apenas não sou por ela aniquilado
Pois primitivo me privo de ser íntimo de deuses e tebanos
Mas sem a ilusão é impossível atuar, como dizem
E não sou belo,
O trágico, também dizem, é alegre
Apenas caminho com essa solidão sem espelho
Em seu todo perfeita, plena, repleta de erros, pesos, e acertos
E sonho este desejo insano de completude
Molhado de sêmen e risco
Pela insônia das horas
Se o amor tem asas que viva a liberdade se é doce que provamos do seu mel, assim vivamos a cada dia a felicidade, amar é ser feliz apreciando a estrela que brilha lá no céu.
Meu espírito preza pela liberdade e meu corpo corresponde, tanto que eu não consigo dormir de conchinha, não gosto de me sentir sufocado.
Pássaro meu, dou-te a liberdade.. deixo para ti a porta da gaiola aberta, e se algum dia quiseres voltar, terás a tua espera, Ñ uma gaiola, mas um nimho... Um caloroso ninho!
Eu já tentei a liberdade algumas vezes.
Já brinquei de voar e fui tocada pelo vento –
Já abri os lábios para comer nuvens de algodão doce
E sentir o sabor tênue de lágrimas de chuva.
Mas o que faz meu coração ser realmente livre
É estar aprisionado ao teu som, impaciente pela casa;
É estar colorido dos matizes do teu riso, mesmo riso de mau humor depois de um dia cansativo no trabalho;
É saber-me tua, de algum modo.
É ter a lua bem debaixo dos pés no teu céu estrelado
– olhos semicerrados cantando-me cantigas de embalar o sono.