Leve como Passaro

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"Quando estás por perto, é como se fizesses brilhar um sol em céu de tempestade! Como se transformasses um pesadelo no mais lindo sonho! És como uma doce mágica pra mim."

Tudo isso me deixa com calafrios na barriga e uma certeza maluca de que o que realmente quero - como a gente é louco - é na verdade oposto de tudo isso, entende?
Estou cada vez mais bossa-nova, espiritualmente sentado num barquinho, com o violão no colo. Deus, como eu quero paz.
Com o baú da memória absolutamente repleto e o coração sabendo mil coisas de tudo. Ando apaixonado por viver, com tudo que isso implica, e espantado pela passagem do tempo.
Acho espantoso viver, acumular memórias, afetos. Ando assim descontínuo, exaltado, mas sempre com carinho enorme por você.

Nada podem teus olhos doces,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as faces.

Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.

Depois... Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.

Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.

O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar... E o outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.

E na noite imensa
com as feridas de ambos seguirei.

A loucura é a incapacidade de comunicar suas idéias. Como se você estivesse em um país estrangeiro, vendo tudo, entendo o que se passa a sua volta, mas incapaz de se explicar e de ser ajudado, porque você não entende a língua que falam ali. Todos nós já sentimos isso. Todos nós, de um jeito ou de outro, somos loucos.

“A Graça não nos segura como se fôssemos aviões ou foguetes guiados por controle remoto.”
O Homem Novo, Thomas Merto

Ser humano
“Jamais poderei encontrar-me se me isolar dos demais homens como se eu fora uma espécie diferente de ser.”

Para eu amar-te devias
Outra ser e não como eras.

Machado de Assis
Crisálidas (1864).

Nota: Trecho do poema Erro.

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Suas ideias são como fel, mas não posso fugir delas. Eu influencio seu mundo e sou influenciado por ele.

Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço...
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. As pessoas não debatem conteúdos apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos quero a essência, minha alma tem pressa.
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora e não foge de sua mortalidade.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena e para mim basta o essencial.

Ricardo Gondim

Nota: Adaptação do texto "Tempo que foge!", cuja autoria tem vindo a ser erroneamente atribuída a Rubem Alves e Mario Andrade.

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Em nenhuma parte do Brasil a formação da família se processou tão aristocraticamente como entre canaviais...

É como um poço sem fundo.
Voltamos a sentir o apelo do nada,
a tentação de cair,
de nos rejuntarmos
a uma obscuridade que nos convoca.

Ser poeta



Ser poeta é ser mais alto, é ser maior

Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!



É ter de mil desejos o esplendor

E não saber sequer que se deseja!

É ter cá dentro um astro que flameja,

É ter garras e asas de condor!



É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...

É condensar o mundo num só grito!



E é amar-te, assim, perdidamente...

É seres alma, e sangue, e vida em mim

E dizê-lo cantando a toda a gente!

Como è que Um OI........ pode representar tanto
Quando ouvimos de alguém mesmo sem encanto
Más com muito amor, podem nos deixar em pranto

O que é que uma pessoa diz à outra? Fora “como vai?” Se desse a loucura da franqueza, que diriam as pessoas às outras?

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica “Brain storm”.

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Humildade como técnica é o seguinte: só se aproximando com humildade da coisa é que ela não escapa totalmente. Descobri este tipo de humildade, o que não deixa de ser uma forma engraçada de orgulho. Orgulho não é pecado, pelo menos não tão grave: orgulho é coisa infantil em que se cai como se cai em gulodice. Só que orgulho tem a enorme desvantagem de ser um erro grave, e, com todo o atraso que o erro dá à vida, faz perder muito tempo.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Humildade e técnica.

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Por alguns momentos, apenas alguns momentos, é como se houvesse assim uma espécie de esperança, de possibilidade de esperança.

Como é que se explica que o seu maior medo seja exatamente em relação: a ser? e no entanto não há outro caminho. Como se explica que o seu maior medo seja exatamente o de ir vivendo o que for sendo? como se explica que eu não tolere ver, só porque a vida não é o que eu pensava e sim outra – como se antes eu tivesse sabido o que era! Por que é que ver é uma tal desorganização?

Clarice Lispector
A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Por enquanto estou inventando a tua presença, como um dia também não saberei me arriscar a morrer sozinha, morrer é do maior risco, não saberei passar para a morte e pôr o primeiro pé na primeira ausência de mim – também nessa hora última e tão primeira inventarei a tua presença desconhecida e contigo começarei a morrer até poder aprender sozinha a não existir, e então eu te libertarei. Por enquanto eu te prendo, e tua vida desconhecida e quente está sendo a minha única íntima organização, eu que sem a tua mão me sentiria agora solta no tamanho enorme que descobri. No tamanho da verdade? Mas é que a verdade nunca me fez sentido. A verdade não me faz sentido! É por isso que eu a temia e a temo. Desamparada, eu te entrego tudo – para que faças disso uma coisa alegre. Por te falar eu te assustarei e te perderei? mas se eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

O que me aliviava como a uma sede, aliviava-me como se durante toda a vida eu tivesse esperado por uma água tão necessária para o corpo eriçado como é a cocaína para quem a implora. Enfim o corpo, embebido de silêncio, se apaziguava. o alívio vinha de eu caber no desenho mudo da caverna.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Teu olho bate em mim e logo se desvia, como se em minhas pupilas houvesse uma faca, uma pedra, um gume.