Ja Chorei de tanto Rir
Ana Julia...
Ana Júlia já percebera em seu corpo alguns sinais do tempo, as mulheres são mais atentas, normalmente cuidam-se mais, mas suas mãos evidenciavam o que os afazeres de todos os dias vinham adiando, ter a consciência de que anos se passaram.
Sem saber ainda porque, em plena manhã de domingo, esse olhar mais atento para essa parte de seu corpo fez com que pensasse em como estava sua vida frente aos planos de sua juventude, quando imaginava para si um mundo sem limites e uma certeza de que poderia ser e fazer o que quisesse de sua vida.
Estava só, o esposo e as três filhas, jovens adultas, haviam saído para fazer algumas compras necessárias para uma pequena viagem de fim de semana numa casa de campo cedida por amigos.
Um pouco confusa com essa inquietação aparentemente sem motivo buscou em uma gaveta da cômoda uma delicada caixa de música, cuidadosamente guardada, ainda envolvida em tecido aveludado.
Mesmo sem acionar o mecanismo daquele relicário ouvia a suave música a tocar, lágrimas e uma intensa tristeza a envolveram no mesmo ambiente onde crescera e presenciara a lenta agonia de seu pai, época em que a tuberculose assombrava as famílias.
Nunca o perdoara pela vida boêmia e descuidada que o afetara e também à toda família, só não ficaram sem um teto porque a casa era fruto de herança de sua mãe, que mantinha o básico lavando, passando e costurando roupas para famílias de posse das redondezas, logo que aprendera Ana Julia também participava desse ofício.
O que mais a incomodava naquela época era a postura de sua mãe que, em muitas das noites que passara acordada preocupada com o marido, ficava em oração sem reclamar e de onde se abastecia de toda a energia de que precisava para continuar.
Ana Julia ainda mantinha vivas as lembranças das várias madrugadas quando, acordada e envergonhada, ouvia o pai entoar músicas ininteligíveis, enquanto era uma vez mais carregado pelos amigos da noite casa adentro, com as vestes sujas e cheiro forte de bebida, Ana Julia, observara incontáveis vezes daquele quarto sua mãe, gentil e resignada, o acolher e o acomodar como podia no surrado sofá da sala.
Durante anos e inúmeras noites em que a mesma cena se repetia sua mãe com o passar dos anos adoecera, e, enquanto seu pai estivera vivo, ela, com o que lhe restava de forças, dele cuidava sem reclamar.
Logo após o falecimento de seu pai sua mãe também se despediu de sua vida de entrega e amor, em seu leito Ana Julia a questionara uma única vez, porque permitira tanto sofrimento e humilhação sem reagir ou reclamar, em resposta ouvira, “sempre soube que você esperava uma reação minha, me perdoe, chegará o dia em que você entenderá”.
Ana Julia buscava ainda a compreensão de tanta abnegação, doação e amor em meio à doença, restrições e vergonha ao longo de tantos anos com o consequente afastamento da maioria dos familiares e amigos.
Finda em sua mente a música suave e delicada, com mais atenção olhava para a caixa de música e relia uma frase por seu pai gravada, “Meu amor me perdoe por todo o sofrimento que te causarei”.
Sua mãe fizera uma escolha consciente, sabendo o que enfrentaria na vida ao lado do companheiro que amava.
Iguais à ela quantas pessoas mais possuem essa força que, para quem está de fora observando sem compreender, beira à loucura, à baixa autoestima e ausência de amor-próprio?
Ana Julia, logo após a morte de sua mãe, decidira que não repetiria aquela história e hoje ainda busca a sua resposta, “...chegará o dia em que você entenderá”.
Histórias de amor...
Não tem início no tempo,
apenas já existiam,
afloram sem muitos porquês,
seguem um curso que suporta obstáculos,
não importa quão tortuosos sejam os caminhos,
a força que as move se revigora em
delicados sinais,
quando do sono agitado um único desejo,
um breve momento ameno e tranquilo,
quando da dor intransferível a presença
com o abraço e o colo que aliviam,
quando das crises naturais e humanas,
o recomeço ao amanhecer de um novo dia,
histórias de amor verdadeiro não se explicam,
nem sempre fáceis, são escolhas possíveis.
Já não há...
- Por favor, diz-me, agora, quanto você quer de felicidade?
- Ah, assim, do nada, sei lá...
- Por favor, diz-me, agora, quantas pessoas você quer bem?
- Tenho tantos amigos...
- Por favor, diz-me, agora, quando foi que disse amar alguém?
- Hoje mesmo, quando...
- Por favor, diz-me, agora, quando sentiu amor por alguém?
- Gosto de tanta gente...
- Por favor, diz-me, agora, dizer e sentir amor é igual?
- Acho que...
- Por favor, diz-me, agora, aceitaria não pedir nada em troca?
- Não sei...
- Por favor, diz-me, agora, quando foi que chorou de amor?
- Não me lembro...
- Por favor, diz-me, agora, o que te faria renunciar?
- Abrir mão assim, sem...
- Por favor, ouça-me, agora, não tenho dúvidas, amo você desde sempre, não senti-la e ouvi-la, longe ou ao lado, por um minuto, por um dia, por toda uma noite, seria um desafio e nem quero pensar nisso, acredito que nada é por acaso, não podemos tomar posse de pessoas, mais ainda de quem gostamos ou, em especial e de verdade, amamos, quando pedirmos provas de amor ele já não há...
- Por favor, diz-me, quando puder...
- Ah...
017-"A Onisciência é como um filme de rolo: as coisas já estão gravadas na película e nada poderá mudar a historia do filme" (Jocax)
Se Deus fosse injusto já tinha castigo muita
gente cumprido ordem de religiosos
que se considera santo!
Damos graças, porque Deus não é
subordinado o homens!
Nunca tenha receio de ficar sozinho pelo resto de sua vida até porque o ser humano já nasce com a habilidade de viver na solidão.
Apenas um sonho, por si só já bastaria para
que a gente quisesse levantar e seguir em frente.
Eu sou portador de vários, então,
sinto como se pudesse voar...
Eu que já não tinha muita expectativa,
me vi recriando planos de vida...
casos de amor,
paixões em brasa,
voos rasantes,
muitos instantes
sagrados de nós dois...
Como se fosse possível merecer
alguém com quem ainda pudesse viver
a intensidade de um amor
que nunca mais fosse dor.
Que época mais chata!
Os jovens não pensam mais em revolução, as canções já não emocionam nem fazem pensar, os filmes mais legais são os que retratam histórias antigas, há um exagero de humor na TV que já perdeu a graça, no futebol um a zero é goleada e drible virou provocação, as roupas são caras e feias, os sapatos não duram muito, pede - se nudes ao invés de se mandar flores, os grandes nomes da literatura se foram... Uma época sem definição, de uma certa insensibilidade com ar de tudo perfeito e bom.
os dias estavam tão iguais
já não estão mais
será que é só ilusão
ou eu achei em você
o que eu nem acreditava mais?
sei lá, é difícil responder
quem é convicto demais
está totalmente cego
e nunca vai conseguir perceber
vamos esperar para ver
ver para crer
o tempo traz todas as respostas
só ele sabe responder
espero que minha intuição esteja certa
não quero estar equivocado
mas independente de tudo isso
me sinto tão bem
quando estou do seu lado
Se você já sabe ser flor...
Não ofereça seus espinhos
a quem ainda é broto e por isto
não compreende o amor.
Exale seu perfume e
deixe que inebrie quem
está para brotar...
Se assim for, outros serão também flor.
Seremos então um imenso jardim,
onde se podam espinhos e se plantam
somente brotos de amor.
Todo mundo tem uma estrada para percorrer, isso é fato ... contudo, os caminhos que já percorremos nos fizeram o que somos hoje, uns melhores outros piores e existem aqueles ( mais ou menos ), entretanto quando chegamos ao ponto de exaltar e agradecer pela magnificência em que nos tornamos, isso significa ter muita ousadia para ser pretensioso ou muita competência para ser insano e irracional ... mas a mídia social aceita tudo, e acaba por transformar comédia em drama ou vice e versa e tem gente que ainda aclama ...
Gotas de água, pequena nascente.
Vamos agora comigo refletir
Cada gota já é a semente
Um olho de água festejar
Nascente que brota valente
Carinho e atenção poder dar
Uma bica bem transparente
Muitas nascentes vão rumar
Para ser vivo, viver contente
Ajuntar-se e um rio formar
A chuva o ciclo vai completar
E cada nascente vai abastecer
Assim a água não vai faltar
Também vida abundante vai ter
O valor de cada nascente
Quem deseja água possuir
Ter uma grande vertente
Em suas terras ir observar
Algum olho bem transparente
Está no chão a gotejar
Brotando do chão clemente
É preciso cuidar das nascentes
Plantar muitas árvores e cercar
Para vermos um rio corrente
Manancial perfeito vai formar
É só o homem prestar atenção
Para uma nascente não matar
Ter no consciência no coração
E no futuro também pensar
Quero sair!
Quero sair pois o motivo é um, já dizia.
O coração não aceita, tamanha falta de amor. E na verdade, onde está o amor? O amor se resume às paredes de seu mundo? Aos vidros do seu carro?
Dê-me uma moeda, não um banho de água fria! Dê-me atenção, não uma sequência de palavrões.
Sinto poder observar pessoas vendo da janela a vida passar...
Sozinhas em suas bolhas, as protegem de modo agressivo, onde os seres humanos são os verdadeiros objetos.
Quero sair, pois lá fora é bem mais simples e eu não sabia.
Se o mal tivesse nome,
Se chamaria humanidade.
Pois não sei qual a diferencia de um e outro,
Já que um depende do outro!
