Homenagem a uma Pessoa que Morreu

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Duas horas te esperei
Dois anos te esperaria.
Dize: devo esperar mais?
Ou não vens porque inda é dia?

"O homem mentalmente são não está certo de nada, isto é, vive numa incerteza mental constante; quer dizer, numa instabilidade mental permanente; e, como a instabilidade mental permanente é um sintoma mórbido, o homem são é um homem doente."

Às vezes, quando penso nos homens célebres, sinto por eles toda a tristeza da celebridade. A celebridade é um plebeísmo. Por isso deve ferir uma alma delicada. [...] O homem que se torna célebre fica sem vida íntima. Tornam-se de vidro as paredes da sua vida doméstica. [...] É preciso ser muito grosseiro para se poder ser célebre à vontade. [...] Todo o homem que merece ser célebre sabe que não vale a pena sê-lo. Deixar-se ser célebre é uma fraqueza, uma concessão ao baixo-instinto selvagem de querer dar nas vistas e nos ouvidos.

"Natal é renascimento...
é uma nova oportunidade de ser,
É mais significado, que festa.
É ver sacralidade na rotina de um jantar,
É quando Deus se limitou a um só lugar.
É prova que o finito, pode conter um Infinito.
É sentir Deus em um menino.
É repartir esse Deus, em fatias de pão.
Natal é época de se repartir, e sempre sobrar."

"Assim, a brisa nos ramos diz, sem o saber, uma coisa imprecisa - coisa feliz".

(Sem título - 09/05/1934)

Se um cão começasse a pensar como nós (hipótese impossível), esse cão seria mais perfeito do que os outros cães e, no entanto, muito provavelmente seria morto por eles, pois achariam que era louco. (tradução de texto inglês)

I say to you: do good. Why? What do you gain by it? Nothing, you gain nothing. Neither money, nor love, nor respect, nor perhaps peace of mind. Perhaps thou gainest none of these. Why then do I say: do good? Because you gain nothing by it. It is worth doing for this.

Digo-vos: praticai o bem. Porquê? O que ganhais com isso? Nada, não ganhais nada. Nem dinheiro, nem amor, nem respeito, nem talvez paz de espírito. Talvez não ganheis nada disso. Então por que
vos digo: Praticai o bem? Porque não ganhais nada com isso. Vale a pena praticá-lo por isto mesmo.

Eu Sinto Muito!

Deixe-me aqui, eu não quero ir há lugar algum! Não me digam o que fazer. Estou farto de tanta grandeza alheia! Daqueles que julgam estarem menos loucos que eu. Eu também não suporto a loucura de todos vocês que tentam me convencer de que tudo aquilo que sinto, um dia irá passar.
Vocês não sentem nada!
Eu Sinto Muito!


Óutrem Pessoa
17 de Dezembro de 2015

Sempre deixava a sensação de que ia fazer algo que não devia. E eu sempre ficava com medo

Dizem que as flores são todas
Palavras que a terra diz.
Não me falas: incomodas.
Falas: sou menos feliz.

Nem tudo é dias de sol

O Homem é um Animal Irracional

1. O homem é um animal irracional, exatamente como os outros. A única diferença é que os outros são animais irracionais simples, o homem é um animal irracional complexo. É esta a conclusão que nos leva a psicologia científica, no seu estado atual de desenvolvimento. O subconsciente, inconsciente, é que dirige e impera, no homem como no animal. A consciência, a razão, o raciocínio são meros espelhos. O homem tem apenas um espelho mais polido que os animais que lhe são inferiores.

2. Sendo assim, toda a vida social procede de irracionalismos vários, sendo absolutamente impossível (excepto no cérebro dos loucos e dos idiotas) a ideia de uma sociedade racionalmente organizada, ou justiceiramente organizada, ou, até, bem organizada.

3. A única coisa superior que o homem pode conseguir é um disfarce do instinto, ou seja o domínio do instinto por meio de instinto reputado superior. Esse instinto é o instinto estético. Toda a verdadeira política e toda a verdadeira vida social superior é uma simples questão de senso estético, ou de bom gosto.
4. A humanidade, ou qualquer nação, divide-se em três classes sociais verdadeiras: os criadores de arte; os apreciadores de arte; e a plebe. As épocas maiores da humanidade são aquelas em que sobressaem os criadores de arte, mas não se sabe como se realizam essas épocas, porque ninguém sabe como se produzem homens de gênio.

5. Toda a vida e história da humanidade é uma coisa, no fundo, inteiramente fútil, não se percebe para que há, e só se percebe que tem que haver.

6. A plebe só pode compreender a civilização material. Julgar que ter automóvel é ser feliz é o sinal distintivo do plebeu.

O homem não sabe mais que os outros animais; sabe menos. Eles sabem o que precisam saber. Nós não.

A realidade é cada minuto que vivemos, planeje o futuro mais viva o presente como se o amanhã não existisse.

Loucura de sonho naquele silêncio alheio!...
A nossa vida era toda a vida... O nosso amor era o perfume
do amor. . . Vivíamos horas impossíveis, cheias de sermos
nós. . . E isto porque sabíamos, com toda a carne da nossa
carne, que não éramos uma realidade. . .
Éramos impessoais, ocos de nós, outra coisa qualquer. . . Éramos
aquela paisagem esfumada em consciência de si própria. . .
E assim como ela era duas — de realidade que era, e ilusão
— assim éramos nós obscuramente dois, nenhum de nós sabendo
bem se o outro não era ele-próprio, se o incerto outro vivera.
. .
Quando emergimos de repente ante o estagnar dos lagos sentíamo-
nos a querer soluçar. . . Ali aquela paisagem tinha os
olhos rasos de água, olhos parados cheios de tédio inúmero de
ser. . . Cheios, sim, do tédio de ser qualquer coisa, realidade ou
ilusão — e esse tédio tinha a sua pátria e a sua voz na mudez e
no exílio dos lagos... E nós, caminhando sempre e sem o
saber ou querer, parecia ainda assim que nos demorávamos à
beira daqueles lagos, tanto de nós com eles ficava e morava, simbolizado
e absorto. . .

Gosto das loucuras da vida, é que elas me fazem pensar que não sou louco.

O meu desafio diário é pensar no existir das coisas, e posso dizer: Nem tudo que existe parece ser verdadeiro.

Tudo vale a pena

O amor verdadeiro é como um ser imortal, que mesmo nas dificuldades da vida, dor, desgastes e no tempo, ele sempre sobreviverá, trazendo na imortalidade, mais experiencia e mais dedicação ao próximo!

As ideias são prodigiosas — elas e a maneira como se associam. Num momento, descobrimos que atravessámos o mundo, e que transpusemos o infinito entre dois pensamentos.

Quem escreve para obter o supérfluo como se escrevesse para obter o necessário, escreve ainda pior do que se para obter apenas o necessário escrevesse.

Fernando Pessoa
Aforismos e afins. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.