Há Tempos
Eu tava feliz
Como há tempos não era
Eu tava feliz
Como a gente não cansa de ser
Eu tava contente como a fera mansa
Que a criança acalma, amansa
Livre como um sonho
Quando você sonha que a sua alma dança
Dança lá no céu de frente pro infinito
Eu tava satisfeito
Como algum poeta que tivesse escrito
Um poema bem bonito
Quando o coração ponteia uma costura
Posto isso
Eu tava bem feliz
Como eu nunca tinha sido
Eu tinha escrito um poema
E ele era bonito
Tinha sido escrito pra Deus lêr
Lá no escuro dos teus pensamentos
E Ele o tinha lido e gostou
Dito isso
Eu volto pra minha vida, pros meus compromissos
Pro meu dia-a-dia, que espera
O sonho, a fantasia, o rir lá na praça
O ponteio, as agruras do porvir
As risadas
Que um dia eu pensei
Que Deus quis que a gente desse
Nuns versos desenhados
E eu fiz só pra gente rir
Quanto tempo vão durar, não sei
Mas fiquei bem feliz
Como não sei se um dia tenha sido
De feliz que eu tava.
Edson Ricardo Paiva.
Vazio
Há tempos que não sinto nada ao me mover
Que estou inerte numa estranha ambição de me preencher
De encontrar algo ou alguém que traga-me à vida
De criar apreço por qualquer coisa que seja-me querida
Por vezes submeto-me à futilidade, por vezes a algum vínculo profundo
Mas ainda sinto-me só, incompleta, um poço sem fundo
O essencial falta-me, não vivo nada verdadeiramente
Como se não existisse passado, futuro ou presente
Algumas pessoas contentam-se ao molhar os pés, outras a cintura
Outras um pouco mais profundas mergulham de cabeça nessa aventura
À mim seria necessário o afogamento
Talvez eu fosse completa, por pelo menos um momento
Uma Supernova que passou a vida a buscar
Algo ou alguém para se afundar
Para dar fim ao vazio de dentro de mim
Explodi e parti, para um oceano sem fim.
Fascínio no olhar
Em teus olhos, encontro paz
Que há tempos eu procurava,
Sem saber por onde andavas,
Será que também me desejavas?
Na minha mente, tu passeias,
Deixando marcas, lembranças cheias,
Encontrei-te sem querer,
E sem querer, me encantei, mulher.
Há tempos que o homem desfruta da paz, porém há dias em que virão muitas guerras e sofrimentos, na qual não há lembrança do tempo de calmaria, o homem deve estar preparado para tais circunstâncias.
Há tempos em que um caminho se torna dois, e você deve escolher.
(Tom Bombadil)
Seja por insegurança
pública ou política
aqui na América Latina
há tempos que nenhum
de nós dorme mais,
tenho escrito versos
latino-americanos
com ambição de obter
a reconciliação e a paz.
O General está preso
há mais de três anos,
acusado de instigação
a rebelião injustamente,
não consigo entender
como tem gente que
se mantém indiferente.
Nesta América Latina,
da liberdade do General
ninguém ouviu falar mais,
para todos os pedidos
de liberdade merecida
não há sequer resposta,
e isso tem atormentado
a todos e sem pausa.
O General injustiçado
que há mais de três anos,
continua sem acesso
ao devido processo legal,
deixou como mensagem
o encontro, o perdão
e a reconciliação nacional.
Da tal Nova Era Judicial
não há uma só pessoa
que não esteja a espera,
e como quem deseja ver
o florescimento da cattleya,
peço a liberdade com toda a poética.
Há flores nos sótãos,
nos calabouços,
todas estão há
tempos aprisionadas,
Há intransigência
por todo o lado,
e de certa forma
é compreensível:
Se ninguém sabe
ou ninguém viu,
não quero
provocar alarmismo,
Não há como frear
o meu pensamento
que podem estar
todos desaparecidos;
Se o meu pensamento
estiver errado,
juro que me corrijo,
Sempre que for
necessário busco
o diálogo e me reconcilio.
O General foi preso
no dia treze de março
do ano de dois mil e dezoito,
ele continua preso,
contra ele não há provas,
ele sequer foi ouvido
nestes dois anos,
de alguém ele é preso político,
e sobre isso
o pensamento é inevitável...
O desastre já tá feito
e pelo vírus superpotencializado,
o General já deveria ter sido libertado,
a única coisa que posso
fazer é rezar para que ele
e outros em igual
situação estejam vivos.
