Ha mil Razoes para Nao Amar uma Pessoa
Paz
Onde te encontrar
Que tal quando eu comer um pratinho
Mas não tenho um centavinho
Ou quando eu ganhar minha mesada
Quando vou ver, ja foi gasta
Ou quando vou comer um açaí
A regra do pratinho se encaixa aqui
Ou quando entro em contato com a natureza
Sentir a brisa, o verde das plantas
Ah sim, paz, olá te achei.
o dinossauro caminhava
Comia umas folhas e descansava
Não tinha tela de celular
Para secar os olhos e perder tempo
O que acontece quando você tenta ficar bem e não consegue? Quando você insiste pro seu coração e sua mente entrarem em um acordo ?
Quando você mais do que tudo quer só respirar e não sentir o peito doer?
Quando você já não sabe mais o que fazer?
Quando não se tem mais a noção do que seria bom ou ruim?
Você simplesmente só quer poder gritar pra todos que não tá nada bem, um pedido de socorro tão silencioso, um pedido que não cabe no peito e você não sabe o que faz, só senta e chora.
O ar falta, seu peito dói, as mãos tremendo não conseguem mais fazer com que você se acalme, o coração a ponto de sair pela boca de tão rápido que as batidas se tornam, você se agarra ao seu corpo e sua mente te deixa ali, naquele pequeno espaço escuro e sem luz, te faz ficar cego e tudo piora quando a vontade de vomitar vem a tona. Você vomita até dizer já chega, e mesmo assim a dor continua ali… e então de tanto lutar o cansaço físico e mental te detona. E mais uma vez a guerra que você travou, simplesmente você perdeu.
Tamoatá
Tamoatá não é só um peixe,
é uma palavra que aprendeu a andar.
Inventou pés onde só havia barbatanas,
carrega no casco histórias que desafiam o seco
e planta memórias no fundo das lagoas vazias.
Quando a água foge, ele permanece.
Não se assusta com a ausência,
seu sonho o umedece.
Respirar fora d’água é a poesia do Tamoatá:
ele mastiga o ar como quem se alimenta de esperanças.
É peixe do mato, de água pouca e chão úmido,
veste o barro como quem carrega sua pele.
Faz-se rio onde só há poeira,
e, no silêncio das várzeas secas,
aprendeu a ouvir a fala das poças.
Tamoatá é peixe caipira,
conhece o mato como quem conhece o caminho de casa.
Ele não tem pressa,
faz do brejo um campo de repouso.
Com seus pés de peixe, planta passos na terra molhada,
ensinando ao tempo a ser lento, a ser raiz.
Ele prova que, fora da água, a vida também tem suas correntes,
mesmo que sejam mais lentas.
Ei, nega, teu coração é tão admirável, nele coube muita coisa, nele existe uma constelação de emoções e acontecimentos, mas guarda um espaço no teu peito pra mim, tá bom? Ainda vai tudo se acertar para nós, eu te amo, nega.
Será possível que, com aquela camuflagem, alguém poderia desvendar os mistérios daquele coração? Incrível como ele ordena quem deve ficar e te convence que está certo. Mesmo desentoado, tenta acertar. Ele se esconde. Não é bobo. Só é apaixonado, é um poeta. E mesmo sendo questionado perante a sociedade, Vive! Ora, pois, já dizia o filósofo Platão: "Uma vida não questionada não merece ser vivida." E eu sei. Sempre sei. É um sonhador, mas os sonhos estão em terra firme. Não há nuvens traiçoeiras que o derrubam. Não há
Se um dia eu te perder eu morreria por dentro, pq vc já faz parte de mim, e uma maquina não funciona com uma peça faltando.
"Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?".
(Poema em linha reta)
"Armaduras servem apenas para mascarar ao outro nossas fragilidades; por nós há muito já conhecidas."
Tenho a náusea física da humanidade vulgar, que é, aliás, a única que há. E capricho, ás vezes, em aprofundar essa náusea, como se pode provocar um vomito para aliviar a vontade de vomitar.
Um dos meus passeios predilectos, nas manhãs em que temo a banalidade do dia que vai seguir como quem teme a cadeia, é o de seguir lentamente pelas ruas fora, antes da abertura das lojas e dos armazéns, e ouvir os farrapos de frases que os grupos de raparigas, de rapazes, e de uns com outras, deixam cair, como esmolas da ironia, na escola invisível da minha meditação aberta.
E é sempre a mesma sucessão das mesmas frases... «E então ela disse...» e o tom diz da intriga dela. «Se não foi ele, foste tu...» e a voz que responde ergue-se no protesto que já não oiço. «Disseste, sim senhor, disseste...» e a voz da costureira afirma estridentemente «minha mãe diz que não quer...» «Eu?» e o pasmo do rapaz que traz o lanche embrulhado em papel-manteiga não me convence, nem deve convencer a loura suja. «Se calhar era...» e o riso de três das quatro raparigas cerca do meu ouvido a obscenidade que (...) «E então pus-me mesmo dia nte do gajo, e ali mesmo na cara dele — na cara dele, hem, ó Zé...» e o pobre diabo mente, pois o chefe do escritório — sei pela voz que o outro contendor era chefe do escritório que desconheço — não lhe recebeu na arena entre as secretárias o gesto de gladiador de palhinhas [?] «... E então eu fui fumar para a retrete...» ri o pequeno de fundilhos escuros.
Outros, que passam sós ou juntos, não falam, ou falam e eu não oiço, mas as vozes todas são-me claras por uma transparência intuitiva e rota. Não ouso dizer — não ouso dizê-lo a mim mesmo em escrita, ainda que logo o cortasse — o que tenho visto nos olhares casuais, na sua direcção involuntária e baixa, nos seus atravessamentos sujos. Não ouso porque, quando se provoca o vómito, é preciso provocar um.
«O gajo estava tão grosso que nem via a escada.» Ergo a cabeça. Este rapazote, ao menos descreve. E esta gente quando descreve é melhor do que quando sente, porque por descrever esquece-se de si. Passa-me a náusea. Vejo o gajo. Vejo-o fotograficamente. Até o calão inocente me anima. Bendito ar que me dá na fronte — o gajo tão grosso que nem via que era de degraus a escada — talvez a escada onde a humanidade sobe aos tombos, apalpando-se e atropelando-se na falsidade regrada do declive aquém do saguão.
A intriga a maledicência, a prosápia falada do que se não ousou fazer, o contentamento de cada pobre bicho vestido com a consciência inconsciente da própria alma, a sexualidade sem lavagem, as piadas como cócegas de macaco, a horrorosa ignorância da inimportância do que são... Tudo isto me produz a impressão de um animal monstruoso e reles, feito no involuntário dos sonhos, das côdeas húmidas dos desenhos, dos restos trincados das sensações.
Por você? há,por você sim, eu voltaria no tempo só
pra reviver aqueles momentos tão nossos,e fazer diferente,quem sabe teria evitado tantas coisas ruins,
será? não sei.Mas tentaria fazer daqueles momentos sim,mais felizes,inesquecíveis,se tivesse em mente,que eles podiam ter um fim,porque depois de um tempo percebemos que o pra sempre,faz parte só da nossa imaginação.Já nem dói mais.Faz parte.
Mas não renuncio,me controlo e digo pra mim mesmo que não é assim.Que não pode ser,que se foi,e não volta.O tempo.
"Há em todas estas linhas preenchidas por poética,
algo de melancolia
De um amor ideal -
São quase notas musicais..."
FatinhaPessoa
Isto está tudo decadente: já nem decadentes há.
O que há de bom ou mau em qualquer crença, qualquer, é o modo como se crê. O bem ou o mal estão no psiquismo do crente, não na crença.
"Cada um tem a sua vaidade, e a vaidade de cada um é o seu esquecimento de que há outros
com alma igual. A minha vaidade são algumas páginas, uns trechos, certas dúvidas...
Releio?Menti! Não ouso reler. Não posso reler. De que me serve reler? O que está ali é outro.
Já não compreendo nada”...
(Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares
Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa)
