Fios
Vem, deixa o vento
Desarrumar você
É tão lindo você não saber
Quão lindos os fios caem
Na testa
Eu nem sei mais o que dizer
Pra te manter perto
Fico aqui a observar, discreto
Meu medo é ser muito
Direto
hoje ela é grande, uma adulta
não come mais doces, só frutas
os fios de ovos da padaria
estão em silêncio na memória
dela e minha, guardados
devem estar misturados
com outros fios, elétricos,
químicos, líquidos
mas não tem importância
que fiquem assim na lembrança
ainda não sei fazê-los
nem quero; chega lembrá-los.
Mãe tem um significado grande e não cabe dentro do coração, ultrapassa os fios que nos mantém ligado ao ventre, ao inicio, a vida que estamos conectados.
Os fios do tapete
A realidade formando,
Os próximos pensamentos.
Em um caldeirão de ideias,
Fervilhantes.
Obrigando tudo que é ser,
mexer-se em forma de massa.
Desejando ou não.
Aperfeiçoando.
O todo conhecido.
Ad eterno. Antes de linha;
da compreensão. Para depois.
Tecem-se os fios,
E destinos pessoais e coletivos.
E o lugares reconhecidos por todos.
Que sempre estarão no meio da fila.
Inexistindo outro lugar,
Para chegar. A não ser;
A do próximo momento.
Sendo trabalhado pelas mãos,
do próprio criador.
Marcos fereS
FIOS DO LUAR
Pelos fios do luar
No sossego outono
Anda de efémeros sons
Os juncos de lama negra
Pelo plutão perdido no espaço
Charco de vales sombrios
Nos lençóis quentes da cama
Poesia de caído véu
Poeta purificado em urano
Essa lua brilhante da noite
De beijo dado no escuro
Abraço de espasmo cego
Num enxame de leitura efémera
Armadura de giz em Vénus
Pelos versos feitos de raiz
Alma de mercúrio vermelho
Na fogueira de velho centeio
Prendo-me
Prendo-me, nos fios
do teu cabelo.
No modo enigmático do
teu sorriso.
Esses lábios, que em
silêncio falam de amor
e carícias.
Esse corpo deve ser
diferente, imagino-o
macio cheiroso e quente.
Te guardo em meu pensamento
meu pedaço lindo de gente.
Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista de Letras. R/J
Membro Honorário da Academia de Letras do Brasil
Membro da U.B.E
Estamos conectados em fios invisíveis, um emaranhado de laços e nósque costuram uma história na outrae juntos bordam a teia da nossa existência.
"Eu conheço cada detalhe teu..
Da ponta dos pés até os fios dos teus cabelos..
Do teu coração até a tua alma.
E eu devo dizer...
Me apaixono por você em cada um deles."
No calor do amor,
as mãos do vento movem
fios invisíveis no ar,
que unem as ondas,
os cabelos e
os pensamentos.
Na vida há os rasgos de desenganos
Foram dando espaço e tricotei com fios brilhantes os caminhos da Vida...
Se tirar o V, teremos só a ida...
Tecendo e bordando
Colori a túnica humana emprestada...
Com luzes a saltitar
Acolhedoras de dias ensolarados e cinéreos
Um contraste que há no tempo...
Colorindo os dias...
Adornado as noites com estrelas a brilhar...
Na vida há os rasgos de desenganos
Definindo as alternativas por nós escolhidas
Neste instante é que entrelaço minhas mãos
Que rezam sem terço...
Palavras que sobem aos céus
Levadas pelos anjos e arcanjos do Infinito
A carta entoada por mim
Em que Deus lê...
Minhas emoções, meus receios, minha oração sem palavras decoradas
Aprendendo a conviver com tantas túnicas humanas
Em que a lição, não é agravar
Somente, ser mais uma semente
No jardim que irei plantar...
Entre os colibris e as borboletas a bailar
Seguindo nesta túnica humana
Na humildade de evoluir e melhorar...
Tenho muito tempo para pensar. Olhar para os fios do passado que se entrelaçam nos nós do presente e imaginar como o futuro pode se desdobrar a partir deles. Tantas possibilidades. Como um jogo de xadrez.
Pode o tempo voltar para trás?
O que pode, é reviver algo inacabável!
A vida uni os fios que embaraçou no caminho.
Quando se da conta,
as pontas se uni!
Shirlei Miriam de Souza
Ode pela morte de uma gata querida.
Pessoas, flores, gatos.
Planos e danos!
São como aqueles fios delicados no tecido emaranhado das nossas vidas que “miam”;
Esperanças, vontades, ódio, amor; fogo que desvanece!
Entre outonos que se desprendem, rosas de outubro que sopram…
Os “miados” do meu jardim, que cá na alma padece.
O que sabemos sobre o real, o profundo, o duro da vida.
Do cru sentimento vazio, de corações calorosos e outros tão desumanos.
Engatinha ainda pelo chão frio, como se (rocha) entorpecida.
Entre praças, ruas e avenidas, pelo rugido faminto de um leão soberano.
Ó!? Pessoas, que nenhuma injustiça nos sobrevenha!
Não interpretem mal as cordas mais (sutis) das nossas felinas vidas.
Nem nos abandonem ou nos culpem pela covardia dos atos mundanos.
Lucy, ó amargura!
Minha pequena querida.
Com o seu bigode de neve e a sua calda lunar abanando.
Toque-me com a sua pata de veludo - flor
Amor! Amor!
Ouço os sinos que vem das ruas como um sinal de choro, miando.
Eles ainda estão a nos machucar…
Eles ainda nos estão machucando…
Assim, lamentamos também “miar” nossas dores, frustrações e sonhos em silêncio.
Como se pesadas pérolas pelas marés afundando;
Eletrônicos quebrados, conflitos, cálculos, preocupações, ressentimentos, grama malcuidada, mobília empoeirada, expectativas desmoronando…
O que isso importa?
Lucy, já lá no céu;
Com o seu bigode de neve e a
sua calda lunar acenando.
Até breve!