Fantasmas
ode aos mortos
brindo-lhes
as memórias
de todos
que se foram —
fantasmas
que habitam
meu passado,
bebendo
minhas lágrimas
como vinho
barato.
aquilo que foi
construído
seu legado,
desmoronado:
ruínas
que carrego
no peito,
pedras
que nunca
viraram pão.
momentos únicos,
fincados
na carne da
memória —
feridas,
sangrando,
abertas,
como portas
que não levam
a lugar
nenhum.
na infinitude do tempo,
no deserto da vida,
imensidão de areia.
enterro ossos,
perguntas
e vestígios.
levanto o copo
aos que se foram,
mas não estão mais aqui:
espectros que
bebem meu vinho
e deixam
o copo vazio.
sussurram promessas
que não se cumprem,
como flores que
murcham
antes de brotar.
que seu jazigo
perpétuo
lapide o futuro
daqueles
que morreram
em vida —
e que eu seja
seu fardo mais
pesado,
um monumento
ao não-dito.
um brinde a mim:
o coração bate,
ossos doem,
alma seca
como um rio
que nunca vai
ao estuário,
arrastando consigo
tudo
o que sobrou de mim.
o legado póstumo
deixou um véu
de sau-dade
e pálidas perguntas,
como lápides sem nome
em cemitérios esquecidos.
a todos
que desfalecem,
letárgicos amigos:
desejo-lhes
saúde — a vida,
ou, ao menos,
um túmulo
onde
eu também
possa
descansar...
enquanto devoramos
a nós mesmos
e o tempo
nos devora a todos.
Os fantasmas se soltam do sótão
As borboletas e as flores da primavera somem,
As noites se alongam e o que é real
Além do que é real e além do que não é
Os loucos construíram o paraíso e criaram os deuses
Tentando entender a dor
Eu criei um hospício onde os loucos arremessam estrelas
Escorregam do arco-íris e voam com as borboletas
Sobre uma plantação de alfazema
Não quero nunca mais entender o amor,
Não devo nunca mais acreditar nos deuses;
E as manhãs, deverei vivê-las sempre,
Mesmo que sejam sempre só uma utopia
E amar com toda dor que eu suportar
E suportar a dor com todo amor do meu querer
Os deuses inventaram o amor
Os loucos inventaram os deuses
E eu invento eu mesmo pelos corredores de paredes úmidas
Dos que já choraram, ou pelos que, das esquinas sombrias
Contemplam a lua na ilusão do perfeito amor
Fantasmas do passado
Às vezes parece que o passado está voltando para nos assombrar no presente, é como um longo fio preso em você,mesmo depois de tanto tempo, você percebe que aquele fio ainda existe e te puxa de volta, e você revive tudo aquilo que já viveu, medos, lágrimas e traumas.
Chega o momento em que você precisa saber como enfrentar os mesmos fantasmas de antes.
Todos na minha família acreditavam em fantasmas e minha avó dizia que não eram apenas as pessoas más que se transformavam neles, as más ações também.
Armando Nascimento, Meu olhar não para de lhe admirar, uso eles pra poder sonhar, e os fantasmas da solidão deixaram de existir, mas a insegurança permanece em mim, por isso deixo lhe ir, sem dizer o que quero de comedo de lhe ferir
"Procuro-te nas noites, e vejo-te nos fantasmas atormentadores que roubam o meu sono e aniquilam a minha paz."
Não alimente os fantasmas do medo irreal, que te faz acreditar que você não é capaz.
Todas às vezes que você dá poder a eles, você deixa de existir.
Adriana C.Benedito
Esperança
Onde foi que nos perdemos?
Nos labirintos dos desassossegos?
Nos fantasmas que nos assolam?
No que foi, com seu peso,
Nós desviou da trilha,
E seguimos caminhos paralelos,
Mas tão perto que as linhas
Muitas vezes se cruzam,
Se tocam, se unem.
A força dos demônios
Que nos perseguem,
Sempre nos afastando.
O universo com seus mistérios,
Como uma imã, nos atrai.
Junta-nos, e recompõe os pedaços perdidos.
E seguimos entre encontros e desencontros.
A esperança sempre a espreitar,
Às vezes lágrimas teimam lavar a alma,
Outras vezes sorrisos nutrem os dias.
Mas o amor está lá, não desiste.
Quem sabe o que será?
Amanhã, quem sabe?
Os sentimentos sociais constituem a segunda causa dos fantasmas religiosos
Cuidado com os fantasmas do passado, eles não querem lhe ver sorrindo, muito pelo contrário, eles querem arrancar isso de você...
Nesta cidade velha, eu saio na rua e posso ver nossos jovens fantasmas dançando sob a luzes fracas dos postes, como se tivéssemos todo o tempo desse mundo.
Nós tínhamos.
Achamos por um momento que o amor era a melhor sensação do mundo.
Pensamos que a paixão que queimava dentro de nós era a vida.
Mas foi só por um instante.
Quando o sol apareceu não acreditávamos mais nessa paixão ardente.
Estúpidos. Éramos jovens demais para saber que tínhamos tudo.
E só depois de uma vida inteira que
percebemos que o amor era de fato a melhor sensação do mundo.
Que era a única coisa nessa existência vazia que realmente valia a pena.
Mas agora é tarde.
Você partiu e restou apenas nossos jovens fantasmas apaixonados, dançando em uma noite de verão, em um looping infinito.
Espero que em outra realidade não cometamos os mesmos erros.
E que na próxima vida sejamos mais do que dois estúpidos jovens.
