Falas do Texto a Caixa de Pandora

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Minha Mãe

Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Tenho medo da vida, minha mãe.
Canta a doce cantiga que cantavas
Quando eu corria doido ao teu regaço
Com medo dos fantasmas do telhado.
Nina o meu sono cheio de inquietude
Batendo de levinho no meu braço
Que estou com muito medo, minha mãe.
Repousa a luz amiga dos teus olhos
Nos meus olhos sem luz e sem repouso
Dize à dor que me espera eternamente
Para ir embora. Expulsa a angústia imensa
Do meu ser que não quer e que não pode
Dá-me um beijo na fronte dolorida
Que ela arde de febre, minha mãe.

Aninha-me em teu colo como outrora
Dize-me bem baixo assim: - Filho, não temas
Dorme em sossego, que tua mãe não dorme.
Dorme. Os que de há muito te esperavam
Cansados já se foram para longe.
Perto de ti está tua mãezinha
Teu irmão, que o estudo adormeceu
Tuas irmãs pisando de levinho
Para não despertar o sono teu.
Dorme, meu filho, dorme no meu peito
Sonha a felicidade. Velo eu.

Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Me apavora a renúncia. Dize que eu fique
Dize que eu parta, ó mãe, para a saudade.
Afugenta este espaço que me prende
Afugenta o infinito que me chama
Que eu estou com muito medo, minha mãe.

Vinicius de Moraes
Querido poeta: correspondência de Vinicius de Moraes

Para viver um grande amor

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.

(...)Os grandes relacionamentos que tive foram os que me renderam as melhores metáforas. Que me despertaram uma vontade constante de ser uma pessoa cada vez melhor e mais inteira. Que me deram colo e não conselho e beijo na boca quando o silêncio ainda era a melhor resposta. Algumas dessas pessoas se foram antes que eu pudesse lhes contar uma história bonita e eu chorei feito menina. Outras ficaram até descobrir que uma caixa de quiwís era o melhor presente que eu poderia ganhar no meio de uma tarde triste...Outras, ainda, me cobraram respostas demais e eu só sabia que nunca aprendi a andar de perna de pau porque tenho medo de altura (o que por um lado pode ser também resposta para várias outras coisas). Mas todas essas pessoas me desenvolveram e isso ficou comigo; são minhas porque faziam parte do meu potencial amoroso e elas vieram só pra me conduzir ao melhoramento do meu amor. Hoje o meu grau de exigência aumentou muito porque aprendi que dar amor não é a mesma coisa que dar carência. Por isso fico sozinha pelo tempo que for necessário para ter novamente essa sensação de "encontro". Abandonei um monte de certezas, recuso sem pudor algumas regras e desrespeito várias vezes as placas de aviso de perigo. Me divirto muito ou sofro, mas tenho cada vez mais faisquinhas nos olhos por viver as coisas em sua totalidade, sem recusar experiências e aproveitando diversas possibilidades. O que posso dizer é que existem na vida pessoas sedutoras e seduzíveis por quem nos apaixonaremos "definitivamente" todos os dias e que amaremos "para sempre"... hoje!

Agora, tem um lado muito romântico meu que diz que a "tal pessoa" virá e enroscará uma margaridinha nos meus cabelos cacheados, fazendo pousar no meu rosto o sorriso de um beija-flor... ;-) e plagiará Neruda sussurrando ao pé do ouvido: "Quero fazer com você, o que a Primavera fez com as cerejeiras..."

A T

No amor basta uma noite para fazer de um homem um Deus.
(PROPÉRCIO)

Amoroso palor meu rosto inunda,
Mórbida languidez me banha os olhos,
Ardem sem sono as pálpebras doridas,
Convulsivo tremor meu corpo vibra...
Quanto sofro por ti! Nas longas noites
Adoeço de amor e de desejos...
E nos meus sonhos desmaiando passa
A imagem voluptuosa da ventura:
Eu sinto-a de paixão encher a brisa,
Embalsamar a noite e o céu sem nuvens;
E ela mesma suave descorando
Os alvacentos véus soltar do colo,
Cheirosas flores desparzir sorrindo
Da mágica cintura.
Sinto na fronte pétalas de flores,
Sinto-as nos lábios e de amor suspiro...
Mas flores e perfumes embriagam...
E no fogo da febre, e em meu delírio
Embebem na minh’alma enamorada
Delicioso veneno.

Estrela de mistério! em tua fronte
Os céus revela e mostra-me na terra,
Como um anjo que dorme, a tua imagem
E teus encantos, onde amor estende
Nessa morena tez a cor de rosa.
Meu amor, minha vida, eu sofro tanto!
O fogo de teus olhos me fascina,
O langor de teus olhos me enlanguece,
Cada suspiro que te abala o seio
Vem no meu peito enlouquecer minh’alma!

Ah! vem, pálida virgem, se tens pena
De quem morre por ti, e morre amando,
Dá vida em teu alento à minha vida,
Une nos lábios meus minh’alma à tua!
Eu quero ao pé de ti sentir o mundo
Na tu’alma infantil; na tua fronte
Beijar a luz de Deus; nos teus suspiros
Sentir as virações do paraíso...
E a teus pés, de joelhos, crer ainda
Que não mente o amor que um anjo inspira,
Que eu posso na tu’alma ser ditoso,
Beijar-te nos cabelos soluçando
E no teu seio ser feliz morrendo!

Dezembro, 1851

Gosto de Comunicação e Filosofia. Amo muito os dois. Adoro relacioná-los, estabelecer insights que nenhum outro comunicador ponderou. É um amor visceral que já me custou bons empregos em escolas de comunicação que idolatram técnicos americanos e condenam qualquer tipo de reflexão crítica. Tornar-se um reprodutor acéfalo de discursos vindos de além-mar é o componente indispensável na formação da elite brasileira. Um amor platônico por aquilo que vem do norte do planeta e não do que pode ser feito aqui.

Amor por Filosofia, amor por Comunicação, amor por estrangeiros. Amor, amor e amor. Amar é tudo de bom. Não só por ele mesmo. Mas porque torna tudo mais interessante. Assim, se alguém preferir falar de futebol, de política ou de dinheiro é porque os ama.

Por isso escrevo e falo sobre o assunto. Mas a que afeto corresponde esta palavra tão recorrente?

Amor pode ser desejo. Quando estamos apaixonados. Gostaríamos que a vítima da nossa paixão permanecesse ao nosso lado todo o tempo. Como não dá, pensamos nela sem parar. Amamos o que desejamos, quando desejamos, enquanto desejarmos. E podemos desejar quase tudo. Desde uma pessoa até uma groselha bem gelada. Para desejar, basta não ter. Sempre que desejamos, é porque algo nos falta. Desejamos o que não temos, o que não somos, o que não podemos fazer. Assim, o desejo é sempre pelo que faz falta. E o amor, também.

Claro que você se deu conta das consequências deste entendimento. Ou você ama e deseja o que não tem, ou tem, mas aí, sem desejo, sem amor. Paradoxo platônico da existência. Ora, se a felicidade para você e para mim implica ter o que se quer ter, então, o amor não será feliz nunca. Aragon é poeta. Não há amor feliz para ele. Eu sou professor de Ética na Comunicação, ou seja, um pobre desgraçado na definição afetiva daquele filósofo e do Estado que me paga.

Mas Platão e seus tristes seguidores não têm sempre razão. Porque amor pode ser também alegria. É o que nos propõe Aristóteles, seu mais conhecido aluno. E alegria é diferente de desejo. Porque sempre acontece no encontro, na presença. O mundo alegra quando está bem diante de você. Não é como o objeto do desejo, confinado nos seus devaneios. O amor aristotélico é pelo mundo como ele é. Não pelo mundo como gostaríamos que fosse.

E você, andando na rua, declara sem medo de errar: gostei mais desta mulher do que gosto da minha. Afeto carnal. Inclinação erótica. Tesão. Eu prefiro um amor na alegria pelo que tenho do que no desejo pela mulher de capital estético exuberante e apetecível que me falta. Eu, no seu lugar caro leitor, teria cautela. Porque se seu cônjuge for adepto da mesma concepção, amará sempre o que encontrar. Na mais estrita presença. E aí, de duas uma. Ou você ocupa todos os seus espaços e se torna onipresente para ele, ou ele te amará só de vez em quando. Nos instantes de encontro. No resto do tempo ele amará a secretária, a copeira, o personal, o zelador e o que mais lhe alegrar pelo mundo.

Por isso, é melhor que os dois tenham razão. Para que o amor seja rico. E possamos amar na falta, desejando o que não temos, e também na presença, alegrando-nos com o que já se encontra à nossa disposição. É como dar aulas e sustentar uma família, um conflito afetivo entre minha alegria e a responsabilidade orçamentária com meus entes queridos. É bem verdade que não desejamos tudo e que nem tudo nos alegra. Mas não é nenhum problema, pois nossa capacidade de amar não é mesmo tão grande. Amemos no desejo e na alegria, e isto já nos converterá em grandes e refinados amantes.

Espero que nesse ano você, leitor, cultive mais inclinações amorosas do que suas obrigações ordinárias. Rotinas desagradáveis muitas vezes são importantes, mas não são fundamentais. O amor não é tão ruim como nos faz ver Platão. É possível ser prudente, sábio, e, mesmo assim, cultivar amores na vida. Optar pelo amor em detrimento da estabilidade já conhecida pode ser bom. Ser um pouco mais afetivo e um pouco menos racional. Pense nisso.

Anjos do Céu

As ondas são anjos que dormem no mar,
Que tremem, palpitam, banhados de luz...
São anjos que dormem, a rir e sonhar
E em leito d'escuma revolvem-se nus!
E quando de noite vem pálida a lua
Seus raios incertos tremer, pratear,
E a trança luzente da nuvem flutua,
As ondas são anjos que dormem no mar!
Que dormem, que sonham- e o vento dos céus
Vem tépido à noite nos seios beijar!
São meigos anjinhos, são filhos de Deus,
Que ao fresco se embalam do seio do mar!
E quando nas águas os ventos suspiram,
São puros fervores de ventos e mar:
São beijos que queimam... e as noites deliram,
E os pobres anjinhos estão a chorar!
Ai! quando tu sentes dos mares na flor
Os ventos e vagas gemer, palpitar,
Por que não consentes, num beijo de amor
Que eu diga-te os sonhos dos anjos do mar?

Aula de piano

Depois do almoço na sala vazia
A mãe subia pra se recostar
E no passado que a sala escondia
A menininha ficava a esperar
O professor de piano chegava
E começava uma nova lição
E a menininha, tão bonitinha
Enchia a casa feito um clarim
Abria o peito, mandava brasa
E solfejava assim:

Ai, ai, ai
Lá, sol, fá, mi, ré
Tira a não daí
Dó, dó, ré, dó, si
Aqui não dá pé
Mi, mi, fá, mi, ré
E agora o sol, fá
Pra lição acabar

Diz o refrão quem não chora não mama
Veio o sucesso e a consagração
Que finalmente deitaram na fama
Tendo atingido a total perfeição
Nunca se viu tanta variedade
A quatro mãos em concertos de amor
Mas na verdade tinham saudade
De quando ele era seu professor
E quando ela, menina e bela
Abria o berrador
Ai, ai, ai,
Lá, sol, fá, mi, ré

Vinicius de Moraes
Álbum "A arca de noé"

Nota: Música composta por Vinicius de Moraes e Toquinho

...Mais

ABRINDO O MEU CORAÇÃO...
.
Com 10 anos de idade eu era engraxate, carregava minha caixa nas costas e também uma cadeira, aos domingos de manhã, ficava esperando a missa terminar, para assim vários pares de sapato poder engraxar, com batidinhas de escova e sambinha no pano, estava feliz, ganhar várias notinhas, este era o meu plano... Também com essa idade, vendia sorvete e pirulito no campo, em outra ocasião, juntava ferro-velho e também vendia alface, este era o meu trabalho, eu valorizava o meu trampo...

Com 13 anos trabalhei como auxiliar de serralheiro, cortando aço e manuseando solda, era arriscado, mas eu queria ganhar o meu próprio dinheiro...

Com 14 anos acordava às 04h00 da manhã e pegava em uma enxada, assim fui com vários amigos para a colheita de batatas, eu não era tão bom, eram sacos de 60 quilos, mas eu conseguia colher de 10 a 15 sacos, o eito era pequeno, mas eu dava enxadada, quem é fera no assunto, vai achar engraçado e dizer que isso era nada...

Com 15 anos comecei a trabalhar em um posto de gasolina, fazia limpeza interna dos carros e também fazia serviço de frentista, às vezes até lavava algum automóvel, dependia da gorjeta, esse era o meu negócio...

Com 18 anos tirei minha esperada habilitação, um mês depois eu já estava dirigindo um caminhão, viajando por todo Brasil sozinho, vivendo uma e outra emoção, fiz mais de mil viagens e conheci o Norte, Nordeste e Sul de nosso país, com tantas aventuras na estrada, escrevi o que passei, sem me esquecer, contei cada detalhe...

Daí com 34 anos, lancei meu primeiro livro, com essa idade, me tornava oficialmente um escritor, continuei a minha saga, precisava me adaptar, parei o caminhão e voltei a estudar, me aperfeiçoei na área que escolhi, com 41 anos de idade e descobrindo uma e outra novidade, me tornei Professor...

Passando a limpo a minha vida bem rapidinho, percebo que foi muito bom começar a trabalhar ainda menino, assim pude aprender a dar valor ao dinheiro recebido, pois como dizia meu pai, nada me foi dado de "mão beijada", a vida é feita de desafios, de conquistas almejadas, tive momentos incríveis, mas também decepcionantes, nada disso me fez desistir, ao contrário, estou mais empolgado do que antes...

Estou aqui e quero ainda muito mais, pois sou na vida, apenas mais um integrante...

Quem dera que me escondesses Numa caixa escura.
Que me fixasses um limite de tempo e te lembrasses de mim! Que me mantivesses secreta até que o teu desprezo recuasse,
Morrendo o amor, pode ele viver novamente?
Esperarei todos os dias do meu trabalho compulsório,
Até vir a minha substituição.
Tu chamarás e eu mesma te responderei.
Terás saudades do amor que um dia te dei.

Inserida por Zayle

⁠ Pense fora da "caixa" para se destacar da multidão, para progredir e fazer coisas extraordinárias para o seu bem- estar e para o bem- estar de todos. Pensar fora da "caixa" é questionar tudo, é pensar diferente da multidão, é pensar de forma inteligente e criativa, é seguir um caminho diferente da maioria. Pense fora "caixa", não para ser melhor do que a multidão, pelo contrário, pense assim para ajudar a multidão a pensar igual à você e crescer também.





Data:09/07/2021

Márcio de Medeiros

Inserida por marciodemedeiros

⁠LARGA ESSE HOMEM

Por Nemilson Vieira (*)

O Galdino Caixa carregava a fama de ser preguiçoso, por não querer levantar uma palha. Estava difícil sobreviver na cidade daquela maneira…
Serviço havia, mas o homem não corria atrás do lucro.
Os filhos é a alegria da casa: primeiro veio Rita, Maria, José Caixinha como era conhecido.
Pelo jeito ia longe nessa procriação, mas havia de pisar no freio. Ainda moravam de favor numa casa velha arruinada, cedida por um conhecido, em Estrela do Indaiá.
A esposa Leonôra com dificuldades, segurava as despesas da casa como podia… Os meninos só ajudavam em alguns poucos serviços domésticos.
Até que Zé Sérgio, fazendeiro caridoso da Serra Boa, soube da vulnerabilidade social da família e se prontificou em ajudar. Convidou o Galdino a ser um caseiro seu, na fazenda.
Por lá poderiam criar os seus animais, plantar as suas lavouras… Tudo o que fizessem seriam da família.
Para Galdino o serviço de roça não lhe não dava ânimo…
Leonôra achou ser uma ótima proposta. De fome propriamente, não morreriam; disposição para o trabalho, não lhes faltava…
O Galdino para agradar à mulher e os filhos, não os ver em apertos, faria qualquer negócio… Aceitou a proposta.
Estabelecidos na propriedade, Leonôra logo deu de criar galinhas, porcos — coisa que não o fazia desde que fora morar na cidade.
Organizou um canteiro desativado que havia no quintal e começou a cultivar a sua hortinha caseira.
Logo já estava a morrer de saudade de Zé Caixinha, o seu único filho homem, que ficara a estudar em Estrela com a madrinha. Tempos depois, fora para a capital mineira; não havia mais estudos para ele no interior. A madrinha custeava os estudos e as despesas do garoto. — O tinha como um filho.
Galdino vivia num repouso quase
absoluto: a embalar-se numa cômoda rede armada na varanda da casa, o dia inteiro.
Leonôra não parava um só instante dos trabalhos domésticos. Cuidava das filhas, lavava as roupas, fazia o ‘mastigo’ do dia, num fogão velho de lenha. Ainda labutava na roça nas horas vagas.
Tudo dando certo conselheiros não faltavam à Leonora:
— Larga esse homem! Procure uma pessoa mais esforçada que lhe dê valor… Ainda tem homem bom no mundo…
Leonora só dizia:
— Sou feliz assim. Foi Deus que me deu ele; já temos três filhos maravilhosos. Às vezes ele arma umas arapucas, uns laços, e pega umas aves, umas caças, e nós comemos com os filhos e nos alegramos em volta da mesa. Serve para olhar a casa; vigiar a roça… Ainda me faz um carinho por vezes,…
Com as voltas que o mundo dá…
Galdino deu para fazer chapéus de cambaúba, uma taquara muito comum em mata de transição, abundante nos terrenos de Zé Sérgio. Aprendeu o ofício nem se sabe como!
Preguiçoso podia ser, mas, muito inteligente!
Fez o primeiro chapéu e o pendurou num prego na sala; aquilo era um sinal de respeito: havia um homem na casa.
Fez o segundo para o seu uso pessoal. Só o retirava da cabeça para dormir.
Outro para o dono da fazenda que o amou. Idealizou também versões femininas de chapéus, e as presenteou a esposa, as filhas, a patroa.
Gastava quatro dias para fazer um chapéu; que era vendido por dez cruzeiros na época.
Não parou mais com a sua fábrica de chapéus. A boa notícia espalhou-se por entorno da fazenda, distritos e cidades, estados. Além de uma beleza encantadora a durabilidade dos seus chapéus também eram algo extraordinário. Dizem que Galdino dava uma garantia de 40 anos ao freguês que lhe comprasse um chapéu. — Coisa nunca vista no mundo comercial.
Zé Sérgio dava-lhe toda a liberdade para que colhesse a matéria-prima necessária para a produção dos seus chapéus, nos seus terrenos. Os fregueses vinham de todos os lados para comprar e levar aquelas preciosidades.
Abriu pontos de vendas em algumas cidades e a demanda por seus produtos iam bem. Até dos outros Estados da Federação haviam encomendas.
O negócio crescia numa velocidade astronômica… O volume das vendas garantia-lhe uma boa receita.
A Rita filha mais velha do casal, não teve boa sorte: casou-se e foi-se para uma terra distante. Grávida do primeiro filho uma das paredes internas da sua residência, desabou sobre ela. — Numa briga do esposo com o sogro. Não resistiu os ferimentos e veio a falecer, com o seu bebê na barriga.
Maria aprendera a profissão com pai, e o ajudava na fabricação e vendas dos chapéus; no atacarejo na cidade.
José Caixinha graduou-se e passou a administrar os negócios da família.
Ao acompanhar o marido nos eventos que realizava Leonôra falava da garra, da determinação e da paciência que se deve ter com o esposo…
Se tivesse dado ouvidos aos conselhos de alguns, teria perdido um marido de ouro. — Dado com os burros, n’água.

*Nemilson Vieira
Acadêmico Literário
(15:06:17)
Fli e Lang
Texto baseado em fatos reais, com adendos do autor.

Inserida por NemilsonVdeMoraes

⁠A VELHA CAIXA DE SAPATOS!

Uma velha caixa de sapatos,
atada com um cordão desbotado
repleta de papeis e retratos,
me levou de volta ao passado.

Comecei a olhar com carinho
cada um daqueles documentos,
partes do meu longo caminho,
registros dos meus sentimentos.

Uma carta, de setenta e três,
me jurava um amor infinito,
que terminou no outro mês,
me deixando triste e aflito.

A foto de um pavilhão,
me lembrou uma namorada
para quem fiz uma declaração
as quatro da madrugada.

Um convite de casamento,
de um amigo do passado
me lembrou que no momento,
ele encontra-se divorciado.

Uma poesia rebuscada,
num guardanapo escrita,
me recordou da namorada
que era muito bonita.

Um poema de adeus
e um cartão de Natal
me trouxeram os olhos teus,
achados num carnaval.

Um bilhete amassado,
escrito com mão tremida,
vestígio de um fracassado
amor, na minha vida.

E quando a noite chegou,
na caixa de novo guardei,
tudo aquilo que restou
de tanto por que passei,
amarrei de novo o nó,
soprei da caixa o pó
e no armário tranquei."

⁠Caixa de pó

Seguro a caixa de pó de arroz
Como se guardasse prata, ouro e só.
Na falta do cheiro que inexiste
Ficou triste o tempo agora.
Apesar de as nuvens fazerem
No céu os mesmos desenhos
Tingem em nossas mentes
Momentos felizes de outrora
Em que os rostos pintávamos
De juventude
Mas o tempo e sua amplitude
Vai apagando nossas glórias
Fazendo da memória uma caixa
Vazia de pó e só.

Inserida por joanaoviedo

Sensatez




⁠Olhar antes fora da caixa é um movimento que pode definir se sua tentativa de escolha foi vitoriosa ou será um erro continuado,

Tentar viver as próprias fantasias no mundo da realidade é um ato de coragem ou uma fraqueza protegida pela soberba,

Uma erupção sanguínea acontece a cada vez que eu penso em você e as flores, o campo, as montanhas e a noite profunda são testemunhas de uma única vítima,

Da lua nova a lua crescente minguante o mais sensato a dizer é que eu continuo observando você.

Inserida por Ricardossouza

Caixa de correio

O correio está vazio
Estou aflita
O correio está vazio

Não consigo me concentrar
O correio está vazio
Minha carta não chega

O correio está vazio
Não compreendo este atraso
O correio está vazio

A preocupação me domina
O que acontece?
O correio está vazio

Inserida por MorganaRubi

Minha visão
Realmente a vida é uma caixa de surpresas
Quando você menos espera a pessoa te lesa
E nessa vida eu sou mais um na rela


As vezes é necessário apenas uma gota
Para tudo ir para os ares de pressa
E tudo que construímos ser jogado fora
Mais rápido do que VC perceba

E por aqui deixo minha dica
Temos que passar por isso.

Inserida por Gabrielsantosdebrito

Quantos bandidos Jesus adotou e levou para casa?
O cobrador de impostos, que fazia caixa 2;
A mulher que traiu o marido;
Os mendigos, que viviam jogados na entrada da cidade;
O criminoso condenado à morte;
E muitos outros excluídos da sociedade foram os preferidos de Jesus: as crianças, as mulheres, os samaritanos, etc.
Quando alguém me diz "tá com pena de bandido, leve para casa", eu respondo "mas é isso mesmo que os cristãos devem fazer".
E quem se diz cristão, mas defende o discurso de ódio contra os bandidos, também deve acreditar que Jesus foi condenado, como bandido, justamente.

Inserida por Althielis

Arrancou uma página do livro e a rasgou ao meio. Depois, um capítulo.
Em pouco tempo, não restava nada senão tiras de palavras, derramadas feito lixo entre suas pernas e em toda a sua volta. As palavras. Por que tinham que existir? Sem elas, não haveria nada disso.
(…)
De que adiantavam as palavras?
Nada acolheu os chamados senão o silêncio.

Ela só quer ter paz
É pedir muito?
Ela tem pensado em suicídio dia e noite , não sabendo mais para onde fugir
Ela desistiu do amor, desistiu dos amigos, desistiu da vida porque não quer sofrer.
E tudo que está girando em sua mente é : MORTE MORTE MORTE!
Um copo com de whiskey ,uma faca e calmante é o que está na frente dela
Ela quer gritar , ela quer escapar desta vida que está deixando-a doente.
Ela chora sem parar, ela precisa de paz.

Um amigo é como uma flor, uma rosa para ser mais exato, ou talvez um gosto novíssimo um portão que nunca vem.
O amigo é como a coruja simultaneamente bela.
Ou talvez um amigo seja como um fantasma, cujo espírito nunca morre.
Um amigo é como um coração que vai até o forte final. Onde iríamos estar nesse mundo se não houvesse um amigo.

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