Eu te Amo do Amanhecer ao Anoitecer
O que eu sinto não é possível expressar em palavras.
Tão pouco não sei dar alguma explicação.
É assim que as coisas são.
É assim que as coisas tendem a ser.
Sempre fadado a perder.
Um dia me perguntaram se eu gostaria de mudar alguma coisa que fiz no meu passado. Eu respondi que nunca poderia mudar um passado que já não pertence as minhas memórias.
Quando eu era pequeno sempre me perguntavam o que eu queria ser quando crescer. Na minha inocência de criança, eu sempre respondia quero ser nada. Desconversava e rapidamente voltava a brincar. Agora que sou adulto fico pensado. Que naquele tempo já sábia mesmo sem saber o que eu viria a ser. Pois quando respondia aquela pergunta o nada era a resposta muito mais profunda, expressa em uma única palavra.
Nada de preocupação com o futuro...
Nada de deixar o agora para o amanhã...
Nada é a resposta certa para aquela pergunta errada.
Vejo que naquela época era justamente isso que eu queria e o mais incrível é que ainda contínuo querendo.
Eu queria ser nada. Pois bem, um nada me tornei.
Sendo assim posso voltar a brincar?
As vezes eu tenho um sonho.
Sonho com um lugar, uma cidade, uma casa.
Odiava aquele lugar, aquela casa.
Tinha cheiro de medo e gosto de morte.
Não morei lá por muito tempo.
Só o suficientes para nunca mais querer voltar.
Sinceramente não fui feliz.
Pelo visto isso ainda me atordoa e raramente quando passo na sua rua.
Fito a fachada, o beco e sua escadaria no final oculta pela escuridão.
Não sinto nada além do vazio.
Do lugar, da casa e das pessoas.
Se alguém me perguntasse se está tudo bem. Eu responderia que estou aborrecido com a vida e com a morte dos meus companheiros.
Eu não acho que a vida seja injusta.
A crueldade que rege todos os seus atos...
Ela não é injusta. Porém não posso dizer o mesmo dos homens que a detem.