Escuridão
Depois que você conhece o brilho de quem é de verdade, todos que são de mentira ficam visíveis. Como uma luz ao ser acesa revela as faces de tudo que estava oculto pela escuridão, o que é bom só ajuda a realçar o mal que recebíamos e não enxergávamos.
Ah amor,
Se você soubesse o quanto sou
profunda nesse teu amor.
Preciso do seu amor para ser eu.
Você não imagina quantas vezes
ao dia eu mato meu lado
escuro só para te tornar
Minha Luz.
Assim como na vida, depois da noite mais escura e após a tempestade mais forte sempre existirá um raio de sol.
Janelas
Som do amanhã, sondam as noites
Janelas,
Ávidas almas, buscam a brisa quente
O calor, sementes
Colhem as manhãs de verão
Guardam a foice do arrebol
Janelas fechadas,
Refúgio seguro na escuridão úmida.
Janelas abertas, ombros arqueados
Tramas de uma dança
Vestido de Seda, cordão ensolarado
Duas almas se acompanham,
Janelas, cortinas balançam.
O escuro chama a luz
A dor, a solidão,
Chama da transformação.
Desperta!
João de Barro convidou
Que entre a majestade pela janela
Sem toc toc
Flocos de ouro
Suave toque
A pupila dilatou
Amanheceu.
Em cena
No palco... em cena.
Encena.
Vaidade.
Saber de cor o texto.
Improviso, talvez.
Ou escuridão.
Marionete.
Fantoche.
Saltando, brincando...
Divertindo-se livremente na multidão.
No vaivém do elenco.
Rotina contínua.
Indiferente...
A vida de milhões de milhões de gentes.
Presa
Ela se sente presa a tanta hipocrisia.
Solitária pelas ruínas de cimento que a sociedade cria.
Presa
Ela se sente presa com tanta amargura pelas ruas e escuridão das almas perdidas.
Presa
Ela se sente presa pela janela que gela os cotovelos, ao olhar que não enxerga a lua.
Ao silêncio dos olhares e teatros do dia a dia.
Presa
Ela se sente presa por saber voar e não ter ido ainda.
Não estar voando naquele mundo que a cria, não brilhar para aqueles que a vê.
Presa
Ela se sente presa por saber amar, por saber falar, por saber olhar, por saber tocar e não ter você ainda.
Entender que Deus precisa do mal para ser glorificado, prevaleceria na criação em Gênesis, trevas e escuridão em oposição ao dia e a luz.
Deus seria um deus azedo destinado ao tribunal da heresia.
Gata Borralheira
Não há sons.
Sumiram todos os tons.
As noites carregadas de azuis deleites não mais são.
As noites de luas cheias vazias estão.
Noites escuras de breu absoluto
Tudo submerso em densa névoa.
Tudo um imenso deserto.
Não há mais prosa, nem versos.
Tudo está ao inverso.
As batidas do coração aceleram,
a cabeça anda às voltas.
Um mundo fictício.
Nessa corda bamba – um suplício.
Cena de cenários desfeitos...
Nada faz efeito.
Neon.
Intempestiva vida.
Sonhou cinderela.
Acordou gata borralheira...
E como gata do borralho viverá a vida inteira.
À porta de entrada da casa um par de sapatos largados...
Eternamente na mente projetados.
Projeto que deu errado.
Poderei estar errado, quando existe luz que ilumina um caminho estreito e perigoso?
Ou quem estará na escuridão, e jura a pês juntos que o caminho é noutra direção?
A interação que mais me deslumbra é a ciência e a espiritualidade. A ciência é matéria. A espiritualidade é fé. Cada uma possui um olhar diferente, e é por isso que algumas pessoas insistem em ser caolho, no meu caso, acredito que que essa visão binocular seja de fundamental importância para obter êxito em quaisquer circunstâncias.
Sempre existirão dúvidas, e a verdade em quase sua totalidade é relativa. Não é uma briga entre as duas vertentes, mas a união em busca dos mistérios da vida, sem deixar que uma sobreponha a outra. A priori, que a religião não tape nossos olhos para o que é fundamental, e que a ciência não nos cegue a ponto de não enxergar Deus nos detalhes. Se bem que a escuridão é primordial em tudo. “No princípio, tudo era escuridão” Gn 1. Contraditório? Confuso?
Terry Pratchett, um escritor britânico, fez uma citação no seu livro “O senhor da foice” que diz o seguinte:
"A luz pensa que viaja mais rápido do que qualquer coisa, mas está errada. Não importa o quão rápido a luz viaje, ela descobre que a escuridão sempre chegou primeiro, e está esperando por ela."
Quem enxerga além não faz isso somente com os olhos, tampouco no escuro. Quem enxerga além usufrui da luz do conhecimento, da sabedoria e de suas experiências vividas e aprendidas.
Sinto pela minha capacidade de sentir demais
Sinto por todas as vezes que perdi a paz
Sinto por correr desorientado na escuridão
Sinto quando precisei, mas soltei minha mão
Sinto pelas vezes que feri e fui ferido
Sinto quando não deixei que o amor fosse nutrido
E quando sinto dói bastante, não vou mentir
Mas a vida é sentir para viver e viver para sentir
Por vezes, o brilho de uma estrela, tem a capacidade de ofuscar os olhos daqueles que vivem na escuridão!
Na alvorada, ao sol nascente, eu medito,
Sobre o amor, que outrora florescia tão bonito,
Mas agora, envolto em sombras, desfeito,
Por uma traição, que no peito, ferido, foi feito.
Gravada em segredo, a nossa voz, lamenta,
Um vínculo outrora forte, agora se arrebenta,
Onde outrora havia confiança e afeto,
Resta agora o vazio, o lamento, o desafeto.
Oh, como as rosas murcham em meu jardim,
E o canto dos pássaros soa triste, sem fim,
Pois a traição obscureceu o céu azul,
E o amor, que outrora brilhava, agora é nulo.
Por isso, ergo-me em meio à escuridão,
Com lágrimas nos olhos, e no coração,
Decido, nesta aurora melancólica e fria,
Encerrar esta história, que um dia foi minha.
Leve consigo as lembranças, os vestígios do que foi,
Pois não há mais lugar para nós dois, aqui, sob este céu,
Que seja livre, que siga seu caminho sem mim,
Pois neste adeus, encontro a paz, enfim.
Mesmo nas situações mais obscuras, nossos sonhos têm o poder de nos guiar e iluminar o caminho adiante, oferecendo uma luz de esperança e direção para seguir em frente.
Ele é também uma figura trágica, cujas falhas pessoais levam à sua própria ruína e sofrimento. Em sua jornada, cada passo errado se entrelaça com sua natureza imperfeita, desenhando um caminho marcado por desafios e desenlaces dolorosos. Esse trágico herói nos lembra que, mesmo na grandeza, há sombras que, se não reconhecidas, podem causar a queda mais profunda.
A ausência de minha mãe, que já se estende por quase dois anos, é como uma sombra que se projeta sobre minha realidade. Às vezes, é como se estivesse preso em um sonho, onde sua presença é tão vívida que mal consigo distinguir entre o mundo dos sonhos e o despertar. Mas então a dura realidade se impõe, e percebo que é na efemeridade da vida que residem nossos mais profundos enigmas.
Neste Dia das Mães, enquanto as redes sociais ecoam homenagens e memórias amorosas, encontro-me mergulhado em um oceano de lembranças e saudades. Para mim, este dia é como uma ilha solitária, onde a única companhia é a lembrança do amor materno que um dia aqueceu meu coração.
Mas mesmo na escuridão da perda, encontro consolo na certeza de que a vida é apenas uma etapa passageira, um sonho fugaz que em breve dará lugar à verdadeira realidade. Um despertar final, onde espero reencontrar minha mãe, abraçando-a como se o tempo nunca tivesse passado. Até então, resta-me navegar pelos mares da existência, carregando comigo as memórias preciosas que ela deixou para trás, até o momento em que finalmente alcançarei a margem do eterno despertar.
Bem, desde que me lembro, essa é a sensação de estar vivo. Não pode haver forma sem espaço. Impossível experimentar a luz sem a escuridão.
DE(EUS) PARA DEUS
O encontro se dá a partir da fagulha ora evocada. Muitas chamas acesas em prol da emissão de luzes que brilhará cada vez mais à medida que forem se conectando à outras chamas. As sombras são os reflexos dessas luzes. Há intensas rajadas de labaredas ateando fogo no interior ainda não habitado. De mansinho, sussurrando como o soprar do vento, consigo vislumbrar o brilho de uma dessas chamas. Não a conhecia ainda, ela se mostrou a mim assim como o nascer do sol: pouco ao pouco foi surgindo e me enlaçando com o seu brilho encantador. Muitas labaredas bailavam no ar, cada uma com o seu jeito de ser, com uma história para contar, com uma situação fortuita, com desejos e vontades, com muitos sonhos de brilhar cada vez mais em cada escuridão que se fizer presente. Cada sombra dizia algo, que carecia de luz. Cada sombra era um eu inexplorado, um eu não habitado, um eu não vivido, um eu que ainda não brilhou, que não foi luz. A sombra vai tomando forma à medida que ela se expõe a luz das chamas. Junta-se os eu(s) e, por conseguinte, a luz maior contempla tudo de longe e em silêncio. O silêncio permite que as chamas aumentem cada vez mais e, com isso, a luz torna-se cada vez mais reluzente. A luz maior é Deus me mostrando cada eu que está ali na penumbra do fogo, da luz. Como fagulha, eu nasci; cresci e fogo me tornei. Como fogo, consigo iluminar outras sombras, consigo produzir o reflexo que brilhará nos escuros que pairam em outros eu(s), nos outros eu(s). Deus não precisa falar nada quando Ele está em silêncio me dando o poder para ser luz, para brilhar. O meu brilho, é o brilho de Deus, é a chama que me foi dada para ser luz por onde eu passar. Pelo escuro, eu trilho e, por fim, eu brilho como nunca!
Acelerado caminho a passos largos
Em alta velocidade seguro a sensatez
Perdi a calma em pensamentos vagos
Parou-se o tempo, rompendo a lucidez
Vivi momentos de caos, na escuridão
Nos meus lamentos me afoguei sozinho
Ganhei desprezo de quem estendi a mão
E vi cavarem covas no meu caminho
A chuva lá dentro encheu minhas cisternas
Acúmulo de águas sem nenhuma saída
Alguns dizem que as dores são eternas
E que a eternidade só dura uma vida
Mas eu só vivo uma vez a cada dia
E toda a vida, por vezes, num só momento
O mundo parece que te afoga em agonia
E a vida mostra a beleza de tal tormento