Era
CAMINHO
Estava a caminho de tua casa
Já era tarde.
As estrelas me acompanhavam.
E o coração batia forte
Gritando para que as distâncias
Não fosse eterna.
Pois quando corrias na estrada da vida,
Rumo aos teus braços.
Levando nas mãos uma flor silvestre,
Que roubei de um jardim sem dono,
Em um sítio vizinho a caminho do paraiso.
E ao longe a vi pela janela de nosso quarto
Ah, enfeitando-se toda para mim.
Eu na porteira de casa como Bem ti vi...
Todo prosa pensando eu enfim...
aqui é São Domingos dos olhos d'água, com um riso passei a porteira beijei o paraíso....
Pôr um estante tudo parou...
No silêncio veio a serenidade a paz,
Eu sinto toda sua energia
Se completando com a minha...
E assim tudo acontece;
Da janela o entardecer,
E as montanhas vestida de breo,
As estrelas no céu tão longe,
As vacas do coral,
Os pés de mangas o escuro do tamarino,
As mechericas e os madiocais,
As fileiras de palmeiras e as bananeiras,
A galinha no ninho,
O galo no poleiro.
As árvores dançando ao vento,
O sogro na rede,
A sogra no quintal,
Os cunhados na cidade.
Eu abraçado com a amada de alma e corpo inteiro.
E na janela se via o vazio lá fora o terreiro,
Um silêncio por inteiro...
E só ouvi o som da saudade,
Destroçando o meu coração,
E sua alma se fez canção,
Tudo ficou lindo, calmo e bom.
As flores a enfeita os pastos,
A riqueza de todo o planeta,
As sombras das árvores dentro da noite,
Os rios que brota da grota,
As constelações do céu,
A abelha fazendo o seu mel,
Os mistério que solidifica,
Nada é mas belo,
Que viver a vida
Onde o amor se abriga.
Dentro da alma e do coração seu.
E tudo benção de Deus!
(Resumindo)
Estava a caminho de tua casa
Já era tarde.
As estrelas me acompanhavam.
E o coração batia forte
Gritando para que as distancias
Não fosse eterna.
Pois quando corrias na estrada da vida
Rumo aos teus braços.
Levando nas mãos uma flor silvestre
Que roubei de um jardim sem dono
E ao longe a vi pela janela de seu quarto
Ah, enfeitando toda para mim.
Pôr um estante tudo parou...
No silêncio gritei!
Os rios claros
As estrelas do céu
As flores que enfeita todo o planeta
Nada é mas belo
Que um segundo de minha vida ao teu lado.
08.09.20221
Era um dia comum, todos na repartição estavam a trabalhar
O vi na sala de trabalho com um olhar de menino
Tentei disfarçar, mas acabei sorrindo
O sorriso teve consequências, pois tal ato o fez me olhar
E com a troca de sorrisos, começamos em silêncio, a nos amar.
Havia um problema, e esse era familiar
Esposa e filhos ele tinha para cuidar
Começamos então um romance escondido
E em relação a nós dois, não fazíamos nada fingido.
O amor era puro e verdadeiro, eu nunca havia sentido algo assim
Ele dizia que me amava e eu correspondia com um sim
Fizemos planos de um dia viajar e uma nova família esperar
E a Cuba Iriamos para por lá militar.
O dia triste chegou, como o dia comum que iniciou
Esposa e filhos ele decidiu priorizar
O entendi, pois ele tinha a verdadeira essência de amar e cuidar
Meu coração se despedaçou e quase não curou
Mas eu resolvi levantar e sorridente voltei a ficar.
Disputa
Em um jogo eletrizante
Um ganhou, outro perdeu.
Uma equipe era meu medo…
A outra equipe era eu.
Flauta doce
Em frente àquele shopping
Aquele homem tocava
A sua antiga flauta doce
E era gente que entrava
E era gente que saía…
E era gente que comprava
E era gente que vendia…
E em frente àquele shopping
Entre aquele vai-e-vem
Parecia que aquele homem
Não se importava com ninguém
Simplesmente ele tocava…
E tocando, encantava
Que bom se esta vida fosse
Como o fascinante som
Daquela antiga flauta doce.
Pipa amarela
Era uma vez um menino
Que era muito sonhador
Trocaria a sua pipa
Seu brinquedo favorito
Por um cargo de doutor
O menino então cresceu
Teve o sonho realizado
Tornou-se executivo
Profissional respeitado
Mas um dia aquele homem
Sentiu no peito uma dor
Ao abrir sua janela
Viu pairando no horizonte
Seu brinquedo favorito
Era uma pipa amarela
Era uma vez um homem
Que era muito sonhador
Trocaria seu destino
Pelos tempos de menino
LIMONADA
Era um azedo limão
Que foi cortado e espremido...
Mas após tal aflição
Tornou-se doce limonada
Deixando uma rica lição.
Era uma pedra bruta
Que após bem lapidada
Transformou-se em escultura
Com tamanha formosura
Por todos admirada
Assim ocorre com a gente.
Após serem as dificuldades
Superadas com paciência
Surgem os bons resultados
Esta é a chamada “resiliência”.
Daí nasceu a expressão
Por tantos utilizada:
“Transforme o azedo limão
Numa doce limonada”.
Serenidade
Vi um casal caminhando
Cá em solo brasileiro
Pelo jeito e sotaque
Era gente do estrangeiro
No colo da mãe dormia
Um bebê, despreocupado,
Sem jamais imaginar
O que se passava ao seu lado.
O marido, cabisbaixo reclamava
A esposa, entristecida murmurava…
Nada estava dando certo
Para aquela jovem família
Pois no ar se percebia
Desalento e agonia.
Talvez longe de sua terra,
Sem emprego ou sem dinheiro,
O casal sentisse incerto
Seu futuro e paradeiro
Mas no colo de sua mãe
No final daquele dia
O bebê, bem sossegado,
Serenamente dormia…
E ao olhá-lo mais de perto
Percebi que até sorria.
Quem dera este nosso mundo
Tão antigo e tão moderno
Pudesse ser, tão somente,
Um suave colo materno.
Sou matutu cesci na agricultura Trabalhando no sol de alugado,
A caneta queu tinha era o machado.
A mistura era ovo e tanajura
Sobremesa era agua e rapadura,
Minha unha eu cortava de facão
Meu café foi pisado no pilão,
A batata eu plantava o aceiro.
Sou poeta matuto e sou vaqueiro,
E a história que conto é do sertão .
Um dia o homem
Foi a lua
Era de noite
Levou flores,
Levou taças...
Contou para o mundo
Inteiro....
E a lua completamente
Nua estava minguante
Não cabia tanta gente
O homem era poeta!
Eu gosto mais da noite, quando não tem o barulho das cigarras. Eu lembro quando eu era pequeno e tudo era muito mais silencioso.
(Kensuke Aida)
Luzes
Víamos de longe aquela luzinha,
Vinha a todo vapor, como uma lâmpada ambulante.
Era tão bonita,
Sentavamos fora de casa
e ali perdiamos a noção de tempo,
a graça da noite era contar causos e contar quantas luzinhas brilhantes por ali passavam.
até que pouco a pouco tudo ia acabando.
A noite era apenas eu e minhas distantes companheiras,
De tanto as olhar, meu pescoço quase sempre ficava dolorido,
Mas era necessário lembrar.
A unica forma de recordar
das pequenas luzes, e dos amigos que um dia por ali passaram.
Da vida só resta o que pouco se imagina,
a solidão!
Era sempre com um sorriso simpático que os crocodilos
nos aguardavam para um "papinho amigo". Nunca quis
estreitar os laços de amizade com eles, e é por essa razão
que estou aqui contando a história...
Ósculos e amplexos,
Marcial
NOSSA VIDA EM KINSHASA
Marcial Salaverry
Pode-se dizer que Kinshasa era uma cidade moderna, com tudo que pode ter em uma cidade moderna. Peço não esquecerem que vou dar uma visão da cidade e da vida que levávamos lá, há 50 anos atrás. Como está hoje, não tenho muita idéia, pois as coisas mudaram muito.
Na época, a vida social em Kinshasa era intensa. Como já tive oportunidade de dizer, os diversos núcleos europeus que lá existiam levavam uma vida meio segregacionista, não se misturando muito. Os núcleos maiores eram logicamente os belgas e os portugueses que, aliás, não se afinavam muito.
Havia também um grande número de gregos, paquistaneses, americanos, franceses e, em menor número, italianos, espanhóis, dinamarqueses (maioria eram as enfermeiras dinamarquesas). E em meio a essa Torre de Babel, alguns brasileiros doidos.
O interessante é que quase não havia mistura. As escolas eram separadas (por questão linguística e de afinidades, meus filhos estudaram na Escola Portuguesa).
Até mesmo para diversão, cada colônia tinha suas preferências e se concentravam mais em determinados clubes ou boates. Havia o "Manhattan Club", mais frequentado pelos portugueses, e era o mais movimentado. Já os belgas, preferiam o "Scotch Club". Claro que ambos eram frequentados por pessoas de todas as colônias lá existentes, e apenas os jovens que se discriminavam com um pouco mais de ênfase, principalmente em casos de "paqueras internacionais". Embora surgissem pequenas rusgas, geralmente tudo era levado a bom termo.
A princípio estranhava um pouco essa "separação", acostumado que estava com a mistura que sempre existiu no Brasil, mas logo me acostumei, e por ser brasileiro, circulava entre todas as colônias sem qualquer problema. Mesmo entre os sempre elitistas norte-americanos.
Para o chamado lazer familiar, havia uma grande variedade de locais e recantos, alguns paradisíacos, vamos falar um pouco de cada um deles, pois vale a pena. Afinal, já dizia uma velha música, "Recordar é viver"...
Lac Ma Valée, trata-se de um lago, situado a alguns quilômetros de Kinshasa. Para chegar-se lá, era necessária uma boa dose de vontade de chegar, pois a estrada tinha um grande trecho "tipicamente congolês". Valia a pena o sacrifício, pois o local era lindo demais. Muito verde, natureza quase intocada. Água clara, limpa, podia-se pescar deliciosos "capitães" (não, claro que não eram do exército. É um peixe chamado "capitão"). Um local adequado para churrascos. Geralmente formávamos um grupo para ir lá. Ruy, Lucy e Stella Hasson, Eneida e Luigi e os Tornero. Na volta, fim da tarde, parada obrigatória na "Boulangerie du Parc N'Binza". Uma confeitaria no meio da estrada, mas onde quase todos se reuniam nos fins de semana, para saborear os melhores doces portugueses que já comi em minha vida. Coisa de louco mesmo. Vidinha difícil e sacrificada...
Les Chuttes, ou seja, "quedas". Um trecho do Rio Congo, que formava umas corredeiras de um visual muito bonito. Era um local mais adequado para passeios curtos, tipo depois da piscina, com o intuito de "esticar" a tarde. A água apesar de convidativa não nos atraia, devido à possível presença de nossos queridos amiguinhos crocodilos. Não tinha qualquer interesse em estreitar os laços de amizade.
Esses os locais que mais marcaram. Havia outros, como os jardins do Palácio do Governo, situado na colina "de l'OUA (Organization de l'Unité Africaine)". Numa de suas muitas crises de megalomania, o Presidente Mobutu resolveu fazer uma réplica dos famosos Jardins de Versalhes. Ficou realmente um jardim muito bonito, de uma manutenção cara demais para os padrões congoleses (onde será que já vi isso?) e que enchia os olhos dos visitantes estrangeiros, mas que deixava o povo se roendo de raiva. Fazer o que? Parece que o poder sempre mexe com a cabeça dos pobres mortais. E Mobutu nunca foi uma exceção, muito pelo contrário.
E, finalmente, os clubes sociais, com suas piscinas e quadras para prática de diversas modalidades esportivas. Enfim, o que não faltava eram opções de lazer. Havia para todos os gostos. Do que sentíamos muita falta, era de cinemas, pois os poucos existentes, além de desconfortáveis ao extremo, ainda tinham um som péssimo. Um dos únicos filmes que consegui assistir, foi o comemorativo da Copa de 70. Valeu a pena o sacrifício.
Outro passatempo muito "praticado", era o passeio aos "Libre Service" (shopping da época). Como sempre havia falta de muita coisa lá, esse era um "passeio" necessário, pois existia a necessidade de ver-se as novidades, comprando o que, e quando surgisse. Geralmente tínhamos o serviço de informações, sempre que surgia alguma coisa interessante, um avisava o outro, e lá ia a procissão...
Havia também o chamado "Mercado do Marfim", onde podia-se comprar lindas peças de marfim entalhado, cujo comércio aliás, era ilegal, mas praticado às claras (continuo achando um quê de familiar...) Nesse "Marché du Ivoire", encontrávamos também magníficos trabalhos em madeira, bem como telas preciosas, e sobre o trabalho dos artistas, sejam os pintores, escultores, há que se dedicar uma atenção especial, o que será feito em capitulo à parte pois, realmente é algo digno de nota. Podem aguardar.
Relembrando as coisas lá vividas, posso asseverar que foi um experiência de vida muito válida, e que me faz procurar ao máximo bem aproveitar a oportunidade e procurar fazer de cada dia, sempre UM LINDO DIA, vivendo "um dia de cada vez", pensamento que sempre tive lá, e me ajudou a viver e sobreviver para poder contar a história...
Vivemos numa era do sem paciência.
Sem paciência para dialogar!
Sem paciência para trabalhar!
Sem paciência para chefe!
Sem paciência para família!
Sem paciência para amizade!
Sem paciência para estudar!
Sem paciência para ler!
Sem paciência para esporte!
Sem paciência para malhar!
Sem paciência para assistir cinema, televisão, vídeos e teatro!
Sem paciência para orar!
Sem paciência para viver a vida, más com muita paciência para o depois e quando chega no fim, tem muita paciência, mas não tem mais tempo.
- O REFLEXO...-
Eu sempre fui muito solitária
meu reflexo no espelho era meu único amigo
mas eu sempre sentia algo estranho sobre ela...,
mas eu nunca esperaria que até mesmo meu próprio reflexo seria capaz de me trair..
O alimento da nossa relação, era fotos chamadas de voz, inúmeras horas na chamada de vídeo .
Nada se comparava com a distância cruel que existia entre nós.
Acordar e alimentar nosso relacionamento era um desafio ,talvez o maior que já existiu. Era um dia após o outro . Enganado a vontade que me consumia por desejar -te tanto. Nada como um dia após o outro.
Distantes porém conectados .
