Emmanuel Marinho Pao Velho
Visitando o Buda
Fui rever um velho amigo no interior, e quando cheguei lá me disseram que ele não estava mais ali naquele endereço, mas ainda estava na cidade.
Fiquei curioso, intrigado e perguntei, mas onde ele está agora?
E me disseram no mosteiro.
Não posso dizer que não fiquei apreensivo, mas fiquei intrigado. Gabriel no mosteiro? Era quase uma piada de mau gosto. O cara era namorador e meio que volúvel. Enfim fui eu a seu encontro. O encontrei totalmente modificado. Agora era um moço de cabeça raspada, indumentária longa e pés descalços. Cumprimentei e comecei o interrogatório. Ele era meu melhor amigo de escola quantas vezes nos divertimos com brincadeiras muitas vezes de mau gosto, éramos crianças e víamos o mundo azul e cor de rosa, mas enfim era ele agora um Buda! De mãos postas e olhar arregalado, pois tinha olhos negros feito jabuticaba. Abracei-o e cumprimentei, mas com a cabeça cheia de interrogação.
Mas e ai biel, era como chamávamos ele intimamente. Mas e ai qual o idealismo dessa mudança? Não que achei ruim a mudança é que nos parecia que ele seria um pai de muitos filhos, viciado em futebol e ainda mulherengo.
E ele falou! Quando cessou os ideais de criança e a adolescência ficou insossa e sem graça, percebi que eu precisava me encontrar como um todo. Ponderei e falei aos meus pais os quais me apoiaram em tudo – Sem mencionar que sempre fui de família de classe média onde tive tudo oque quis, preferi sair em defesa dos que menos tinha assistência, me identificando por completo com oque mais me tornava alegre porque me dava uma paz infinita. Sem falar do aprendizado fornecido pela meditação. Nada melhor que a paz disse-me ele! Nada melhor que chegar ao fim do dia e perceber que não me faltava nada. Eu levitava de alegria em perceber que até mentalmente ajudava aos meus parentes e amigos.
E me tornei um aprendiz budista. Sim! Porque a meta é imensa e tem muita coisa pra ser consertada, avaliada e gente sofrida precisando de ajuda, principalmente espiritual. Compreendi que quando corrigi minhas faltas a necessidade maior seria ajudar aos outros entender que podem também se praticar o desapego de algo que muitos nem sabem o significado, mas que causa dor.
Ouvi cada palavra em silencio, depois o agradeci pelo aprendizado, desejei muita paz! Sim a paz porque quem há tem, também está saudável. E parti depois de um abraço fraternal dizendo a ele seja feliz. Sabe! Fiquei deveras emocionado em saber que a alma quando alcança seu estado de amor e paz vive realmente no céu.
"Chega desse negócio de que há sempre um sapato velho para um pé doente, chega de menosprezar-se. Há sempre um sapatinho de cristal esperando por uma Cinderela."
Velho, é aquele abjeto ser que sem entende-la, talvez por intuir que nela não chegará, detesta a velhice...
A gente se sente velho demais para jogar tudo pra cima e fugir. A gente se vê jovem demais pra dar o próximo passo sem olhar pra trás. Então a gente fecha os olhos e caminha até cair.
Quanto mais velho fico, mais me pesa tudo o que não fiz, onde fracassei, onde me recusei por preguiça ou dureza de coração, por ambição de poder, por egoísmo. Feliz daquele que acredita num Deus a quem pode pedir humildemente: Senhor, perdoa-me.
A diferença de um velho sacerdote para um sacerdote velho é que o sacerdote velho perde a visão e não sabe discernir quando alguém ora de fato no Espírito como Ana orou, e ainda a tem por embriagada.
A ARTE DE SER VELHO
É curioso como, com o avançar dos anos e o aproximar da morte, vão os homens fechando portas atrás de si, numa espécie de pudor de que o vejam enfrentar a velhice que se aproxima. Pelo menos entre nós, latinos da América, e sobretudo, do Brasil. E talvez seja melhor assim; pois se esse sentimento nos subtrai em vida, no sentido de seu aproveitamento no tempo, evita-nos incorrer em desfrutes de que não está isenta, por exemplo, a ancianidade entre alguns povos europeus e de alhures.
Não estou querendo dizer com isso que todos os nossos velhinhos sejam nenhuma flor que se cheire. Temo-los tão pilantras como não importa onde, e com a agravante de praticarem seus malfeitos com menos ingenuidade. Mas, como coletividade, não há dúvida que os velhinhos brasileiros têm mais compostura que a maioria da velhorra internacional (tirante, é claro, a China), embora entreguem mais depressa a rapadura.
Talvez nem seja compostura; talvez seja esse pudor de que falávamos acima, de se mostrarem em sua decadência, misturado ao muito freqüente sentimento de não terem aproveitado os verdes anos como deveriam. Seja como for, aqui no Brasil os velhos se retraem daqueles seus semelhantes que, como se poderia dizer, têm a faca e o queijo nas mãos. Em reuniões e lugares públicos não têm sido poucas as vezes em que já surpreendi olhares de velhos para moços que se poderiam traduzir mais ou menos assim: "Desgraçado! Aproveita enquanto é tempo porque não demora muito vais ficar assim como eu, um velho, e nenhuma dessas boas olhará mais sequer para o teu lado..."
Isso, aqui no Brasil, é fácil sentir nas boates, com exceção de São Paulo, onde alguns cocorocas ainda arriscam seu pezinho na pista, de cara cheia e sem ligar ao enfarte. No Rio é bem menos comum, e no geral, em mesa de velho não senta broto, pois, conforme reza a máxima popular, quem gosta de velho é reumatismo. O que me parece, de certo modo, cruel. Mas, o que se vai fazer?
Assim é a mocidade- ínscia, cruel e gulosa em seus apetites. Como aliás, muito bem diz também a sabedoria do povo: homem velho e mulher nova, ou chifre ou cova.
Na Europa, felizmente para a classe, a cantiga soa diferente. Aliás, nos Estados Unidos dá-se, de certo modo, o mesmo. É verdade que no caso dos Estados Unidos a felicidade dos velhos é conseguida um pouco à base da vigarista; mas na Europa não. Na Europa vêem-se meninas lindas nas boates dançando cheek to cheek com verdadeiros macróbios, e de olhinho fechado e tudo. Enquanto que nos Estados Unidos eu creio que seja mais... cheek to cheek. Lembro-me que em Paris, no Club St. Florentin, onde eu ia bastante, havia na pista um velhinho sempre com meninas diferentes. O "matusa" enfrentava qualquer parada, do rock ao chá-chá-chá e dançava o fino, com todos os extravagantes passinhos com que os gauleses enfeitam as danças do Caribe, sem falar no nosso samba. Um dia, um rapazinho folgado veio convidar a menina do velhinho para dançar e sabem o que ela disse? - isso mesmo que vocês estão pensando e mais toda essa coisa. E enquanto isso, o velhinho de pé, o peito inchado, pronto para sair na física.
Eu achei a cena uma graça só, mas não sei se teria sentido o mesmo aqui no Brasil, se ela se tivesse passado no Sacha's com algum parente meu. Porque, no fundo, nós queremos os nossos velhinhos em casa, em sua cadeira de balanço, lendo Michel Zevaco ou pensando na morte próxima, como fazia meu avô. Velhinho saliente é muito bom, muito bom, mas de avô dos outros. Nosso, não.
As fases mais difíceis são aquelas em que nós tentamos mudar algo que já é um velho hábito. Tentamos novas falas, novos comportamentos; outros ambientes, outras pessoas... Acabamos entrando num caminho já repetido, com dois fins: ou você muda completamente, ou acaba voltando ao que você era e ainda se sente culpado pela tentativa fracassada.
Fogão de lenha
Ah! O velho fogão de lenha
O fogo estalando o graveto
Panelas empretejada e prenha
Exalando seu tempero secreto
Só saudade, razão quem o tenha
Na fornada os biscoitos de goma
D. Celina. Quem duvidar, que venha
Provar, do pão de queijo, puro aroma
Velho fogão, assim, faz sua resenha
Envolta os causos e mexericos soma
Ao café no bule, que na alma embrenha
Só tu pode e guarda em seu fogo lento
O poetar que meus versos ordenha
Lembranças de um tempo de contento
És tu velho e bravo fogão de lenha!
Luciano Spagnol
Reflexão diária
Única solução meditar orar e refletir
No meu velho modo de vida andava tanto na sombra da escuridão, que não enxergava a violência que acerca os dias de hoje, na verdade aquele mundo em alguns momentos até me fascinava e não via quantos livramentos me foi dado por Deus. Hoje vivendo uma vida nova fico sensível com as noticias que ouço, porém pouco posso fazer a não ser agir de forma pacifica meditando orando e refletindo, tentando transformar os dias de tumulto em dias de paz.
VIDA
Viver é um calvário, uma via sacra
Afinal a vida é um velho cemitério
Uma mortalha de linho sem morada
Onde os que vagueiam sem propósito
Esperam um lugar virado talvez para o céu.
╲\╭┓
╭★ ╯ ★ ♥ ★
┗╯\╲
Hoje sou jovem, mais amanhã serei velho, pois o tratamento que dou hoje, será com o qual serei tratado.
'' Que grande ironia, a cada dia que se passa eu fico mais velho. não me refiro ao tempo, pois sei que ele de fato e o grande senhor do destino. me refiro ao espírito''
não sei quanta dor esse velho coração pode aguentar...tão ferido por amar...não quer aceitar que você seja o remédio para lhe curar
“-Talvez seja isso, posso ser apenas um jovem velho.”
Todos os dias me pego pensando na maneira como as coisas são conduzidas. Parece tudo fácil demais, rápido demais e sinceramente, me sinto assustada quanto a isso. Penso muito sobre tudo e por muitas vezes acabo não fazendo nada. Sou do tipo que procura dar conselhos aos próprios pais, parece loucura, confesso, mas, é isso.
Aquela visão de “para sempre” me comprime o estômago… Meu Deus! Era tudo o que eu queria. Algo que durasse até o fim da minha vida, seja lá o que for.
Me incomoda o que se faz como passageiro, o que se entrega com reservas, que vem pensando em voltar de onde veio. O que está, mas não se faz presente.
Tenho visto meios amores, meios amigos, meios parceiros, sempre tudo pela metade. Nada completo, nada que seja por inteiro. E por que? Seria medo?
E eu confesso, tenho medo. Medo de me entregar e me tornar vulnerável, de me doar e ser apenas considerada mais uma, medo de ser presente ao que se faz ausente.
Mas eu tenho um anseio, e é para ele que minha alma clama! Eu quero tudo e ao mesmo tempo, quero o NADA.
Quero o sempre e ao mesmo tempo, quero o NUNCA MAIS.
Ao que tentei e não deu certo, ao que não entreguei e me foi roubado, ao que chorei, ao que me dediquei e fundiu-se ao vento… Quero que vá embora, para bem longe daqui.
Ao que sonhei todo este tempo, ao que se comprime o meu estômago, ao que amo, ao que minha alma clama… Quero cada dia mais próximo de mim.
E talvez eu não seja um conservador, nem tampouco um liberal.Talvez seja isso. posso ser apenas um jovem velho.
Porque nem tudo se encaixa em preto ou branco e não me sinto tão longe assim de como tudo é. Mas declamo, estou muito longe do que ainda pretendo ser.
Dá-me asas, Senhor! Para que eu possa voar para longe daqui, me encontrar comigo mesma e fazer de mim um alguém completo.
